Mox in the Sky with Diamonds

sexta-feira, janeiro 30, 2009

AS 10 COISAS QUE MAIS ME IRRITAM NO FUTEBOL


UM COLUNISTA DO "The Times" fez um top50 das piores coisas do futebol atuais. Muito bom. Então resolvi fazer o meu top10 das coisas que mais me irritam. Faltaram algumas, por exemplo a Copa Sul-Americana [tem coisa mais ridícula que uma Copa que todo mundo briga para entrar e, uma vez dentro, quer sair logo?], o corporativismo insuportável da imprensa ["a torcida (?) não agüenta mais treino fechado!"], o nacionalismo que acha todo jogador brazuca melhor ou as transferências de jogadores jovens. Mas vamos ao dez!



10. DUNGA

Precisa explicar?













9. "GALÁCTICOS" BRASILEIROS
Tem coisa mais ridículo hoje que Adriano, Robinho e Ronaldo? A máscara gigantesca talvez os impeça de ver que o comportamento totalmente não-profissional não é "cool", e sim patético. Antigamente Renato gostava de um transada ou punheta, Romário saía na night, mas mantinha-se em forma. O que dizer desses aí? Um é um balão que fuma; outro, alcóolatra e maloqueiro em campo; o terceiro, um narcisinho que vai para um timeco porque se acha bom demais para não ser logo o melhor do mundo - sem falar de noitadas e boatos piores. Imaginem uma seleção com esses três em forma... agora imaginem um seleção com esses três juntos, hoje...


8. REAL MADRID.
Como o maior clube do mundo não consegue passar das Oitavas da Champions há três temporadas?


[Ok, coisa de torcedor].


7. ARISTOCRACIA GREMISTA.


Dá vontade de escrever certas coisas aqui, mas não vou. O fato é que o Grêmio é dividido entre uma aristocracia dinossaura, de um lado, e de um grupo político não mui bem afamado, de outro. O Presidente Odone indica Britto como sucessor. É do grupo de Guerreiro. Duda Kroeff é do grupo do Obino. Enfim... Espaço para novas pessoas? Diretas com o associado? "Ah, o Grêmio não pode cair na mão de aventureiros!". Nas eleições, o que mais se ouvia na fila era: "posso votar na Chapa 3?" [Aos desavisados: eram só duas chapas].


6. NÚMEROS DAS CAMISETAS

Essa eu copiei do The Times. Tem coisa mais ridícula que camisa 88? Camisa 77? E a mística da camisa 10? Quem é o camisa 10 do Brasil hoje? Por que Souza é 8 e Magrão 11? Tudo trocado, tudo errado - bons tempos em que sabíamos que era o "camisa 9" do nosso time.




5. FAVORECIMENTO AO CORINTHIANS E FLAMENGO


É insuportável a quantidade de favorecimento da cartolagem e da arbitragem às equipes de maior torcida no Brasil. E nem mesmo a imprensa crítica [ex. Juca Kfouri] é capaz de enfrentar o poder, p. ex., do Flamengo. Por que o Flamengo sempre termina jogando as 10 últimas partidas no RJ? Coincidência? Ah, tá. Engenhão não tem condição de jogo? O pior é ainda ver o forte-beneficiado rindo grotescamente do fraco-roubado, abusando da sua força ["chororô"]. Não bastasse roubar, faz questão de esfregar na cara do derrotado. Sobre isso, remeto àquele post antigo do Idelber.



4. BITOLAÇÃO


Cansei dos maniqueísmos. "Técnico tal é um retranqueiro!". "Jogo só com três volantes". "Que boa era a época dos ponteiros". "Volante só se for pitbull". Hey, mate, wake up! O futebol moderno é equilibrado entre defesa e ataque. Os dois melhores times do mundo - ManUnt e Barça - jogam até ofensivamente. Não da forma tradicional, mas reinventando o futebol ofensivo. Esqueçam essas divergências dogmáticas. Deixem os técnicos experimentarem. O futebol é dinâmico. Como a vida. [Mais aqui].


3. ARBITRAGEM BRASILEIRA

Há quantos anos falo disso! Não dá pra agüentar essa arbitragem que emperra sem parar o jogo. A arbitragem brasileira é a consagração de atacantes que não sabem chutar, cruzar nem driblar. Só sabem cair. Como qualquer coisa é falta, tudo bem.



2. CRONISTAS BURROS OU CASMURROS


Não sei qual é a pior raça: os cronistas burros que não se atualizam e nem pesquisam nada sobre futebol atual ou os casmurros que só sabem reclamar de tudo todo o tempo, fazendo competição entre quem é o mais mal-humorado? É um saco agüentar aqueles programas em que há competição entre quem fala mais mal de tudo. "Só Pelé é 10". Tu tem que ouvir essas. E os caras que nem conseguem mais decorar o nome dos jogadores. Sem falar dos repórteres cujo único "talento" é tirar os treinadores do sério nas entrevistas, com perguntas do tipo: "Tu vais cair?" [ou tu pergunta se o cara vai se demitir, ou não é pra ele que tem que perguntar] ou "E esse desempenho pífio do time"? Como se a falta de educação e o fogo no circo não fizessem diferença.


1. SECADORES DO PRÓPRIO TIME

A pior de todas as coisas de futebol é a quantidade de ressentidos, rancorosos e pessimistas que vai a campo para vaiar o time. Todos os jogadores são merdas. Pega a bola, ele já xinga: "vai, negão de merda" [além de fdp, é racista também]. "Esse goleiro é um merda frangueiro". O secador vai a campo e só sai satisfeito se reclamou o tempo inteiro do time. Sua alegria é descarregar seu pau mole, sua frustração na vida, sua mediocridade e insignificância nos jogadores que estão em campo. Só ele tem razão. Só ele sabe tudo. Quando o time vai bem, é hilário ver a cara ambígua do secador. Quando vai mal, é fácil perceber sua cara raivosa e sorriso perverso. Meu conselho: SECADORES, TOMEM VIAGRA!

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quinta-feira, janeiro 29, 2009

INTERVALO DAS POLÊMICAS

Porque o novo do Franz Ferdinand - que deve ter ouvido bastante Killers e Cut Copy -- tá bem bacana.


Franz Ferdinand, "Ulysses".

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quarta-feira, janeiro 28, 2009

LIMITED INC.




APROVEITEI AS FÉRIAS para ler alguns autores dos quais o compromisso profissional e as soluções imediatas me afastaram um pouquinho. Um deles é Jacques Derrida, de quem sou admirador confesso. Peguei "Limited Inc." para verificar a intensidade da surra dada no maior pitbull da filosofia analítica, John Searle. "Surra?". Não poderia ser diferente, considerando a fragilidade e, sobretudo, a absoluta previsibilidade de todos os ataques que Derrida sofreria da pena de Searle.
A impressão que se tem desde a leitura do livro é de que há mesmo um abismo de paradigmas entre as duas filosofias. Mas, mais que isso, há também uma incrível arrogância acompanhada de boba ingenuidade em Searle. Como ele pode acreditar seriamente que Derrida não pensou em todas as obviedades que ele contrapõe? É isso que chama atenção.
É verdade que a resposta - o próprio Derrida admite - é demasiado violenta. Derrida poderia ter sido mais "cortês" e, "gentilmente", desconstruído pedaço por pedaço do castelo analítico de Searle. Enfim, um pouco de vaidade por ali também. É lastimável a dificuldade das pessoas de separar divergências intelectuais da vaidade pessoal. A academia acaba transformando-se num local de repetições e "partidos", sem que se discuta efetivamente as questões. O debate exige o reconhecimento e a abertura à alteridade.
Duas partes me chamaram muito atenção:

"posto que o desconstrutivista (isto é, não é, o cético-relativista-niilista!) é tido como não-crente na verdade, na estabilidade ou na unidade do sentido, na intenção e no querer-dizer, como pode nos pedir para lê-lo, a ele, com pertinência, justeza, rigor? (...) A resposta é muito simples: essa definição do desconstrutivista é falsa (digo bem, falsa: não-verdadeira) e fraca: supõe uma leitura (digo bem, má: não-boa) e uma leitura fraca de numerosos textos e também dos meus, que é preciso ler, se se quer falar deles. Compreender-se-á, aí, que o valor de verdade (com todos os que lhe são associados) nunca é contestado ou destruído, só reinscrito em contextos mais potentes, mais amplos, mais estratificados". (Negrito meu).

Obrigado Derrida. Obrigado por confirmar o que eu afirmei aqui várias vezes [exemplo: aqui]. Entendeu burro? [Burro que afirma que Derrida "não acredita na verdade" com tom de crítica ou elogio]. [Exemplo da má-fé].

"porque Searle ignora essa tradição [da metafísica ocidental] ou pretende não levá-la absolutamente em conta, que permanence cegamente prisioneiro dela, repete seus gestos mais problemáticos, mantém-se aquém das questões críticas, para não dizer desconstrutoras, mais elementares". [Negrito e interpolação por
mim].
É isso que chama atenção nessa corrente arrogante analítica, que tem nomes como Searle e Nagel [e, por extensão, por exemplo, Sokal e Bricmont]. Seu cartesianismo simplório ignora Nietzsche, Husserl, Heidegger, Adorno, etc. [até Kant, talvez]. É como se tudo se passasse num duelo intra-cartesiano entre os "filósofos" e os "sofistas". A maior prova da arrogância é que virou moda se criticar sem ler [logo eles, os tão "rigorosos"].
Como será que eles resolvem essa "contradição performativa"?

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segunda-feira, janeiro 26, 2009

AS TUMULTUADAS RELAÇÕES ENTRE DIREITO E POLÍTICA

CONSTA QUE EVO MORALES conseguiu aprovar a promulgação de nova Constituição, com a concordância da população obtida mediante plebiscito. Não resta dúvidas que os conservadores irão atacar Evo chamando-o de golpista, autoritário, populista e destruidor das "instituições".
Não vou entrar no mérito da Constituição boliviana propriamente dita. O que vou aproveitar é o gancho para falar de como vejo hoje as relações entre direito e política, a partir do exemplo da Bolívia.
Podemos dizer que, desde o horizonte da Modernidade, mas mais propriamente no Iluminismo, ocorre um processo que poderíamos definir como "juridicização da política". Esse processo é muito mais profundo que outro - constatado por sociólogos como Boaventura de Souza Santos ou até pelo Lula - de uma "judicialização da política". A transformação de questões políticas em judiciais é apenas sintoma de uma estrutura mais profunda, que cuidadosamente foi cavada a partir do Iluminismo. Essa estrutura consiste na idéia de contrato social e império da lei - além de figuras anexas como a separação de poderes, a secularização, a isonomia e os direitos e liberdades civis. O iluminismo tinha como aposta um certo enclausuramento da política dentro do direito, fechando os experimentos políticos em nome da uma estabilidade institucional.
É fácil ver como essa é a forma mais defendida de poder nos nossos dias. O discurso da sacralização da Constituição é o seu produto - a tentativa mais radical de engessar a política no direito. A "Constituição Dirigente" é o projeto final da morte da política e hegemonia do direito - a ponto de se situar como aposta fundamental da esquerda social-democrata até pouco tempo. Há toda uma corrente de juristas brasileiros que apostam na Constituição como a pedra sacrossanta que irá nos guiar à redenção. Ao seu lado, filósofos como Habermas unem-se em torno do "projeto constitucional" como aquilo que livraria o Iluminismo - no qual ainda apostam - do seu "lado sombrio" [que o colonialismo ou a Shoah tão bem mostraram].
Por parte da direita política, trata-se do "império da lei", que vai traduzido, na prática, como "manutenção da ordem". Ao lado de imperativos econômicos de "liberdade de mercado", que conduziriam a uma "mão invisível" salvadora, essa "lei" deveria ser observada no seu sentido estrito e, com isso, preservadas as "instituições".
Essa forma metafísica de ver as relações entre direito e política não me interessa mais nem um pouco. Na verdade, ela apenas encobre as relações de poder que realmente existem. Na prática, por exemplo, a contrato social é apenas mais uma doutrina encobridora das relações entre Poder Soberano [que nada mais é do que a secularização de um conceito teológico] e a vida nua, como tão bem demonstrou Giorgio Agamben no seu já clássico estudo. O estado de exceção que mantém as coisas "no seu devido lugar", tudo de acordo com os arranjos múltiplos que se estabelecem a partir da "microfísica" do poder, é justificado a partir da ameaça hobbesiana do terrível "estado de natureza". Longe de uma mera fábula inocente, o suporte metafísico do contrato social - como não poderia deixar de ser a toda metafísica - é tremendamente violento, uma vez que supõe um mito fundador que legitima a violência injusta com base numa lei sacralizada.
As instituições existem como produto da política, mas jamais podem ser sacralizadas. Sacralizá-las significa reproduzir a violência teológica que a secularização pretensamente teria eliminado. A Constituição existe enquanto experimento político; nada mais que isso. Não deve ser objeto de veneração nem de idolatria. Deve ser, ao contrário, profanada - ou seja, restituída ao uso comum.
Quando os conservadores atacam Evo por destruir as "instituições" estão, na realidade, requerendo a manutenção da estruturas simbólicas absolutamente contingentes, mas que são fundamentais para manter aquilo que é o essencial para esses conservadores: as estruturas de poder. O juristas mais profano de todos, aquele cujo ostracismo é provocado pelo silenciamento do discurso sagrado da Constituição, Ferdinand La Salle, afirmou que a verdadeira Constituição são os fatores reais de poder. É a essas "instituições" que se referem os conservadores quando atacam Evo. Pois, afinal, o que são as instituições senão criações contingentes que podem ser revisadas por não serem fins em si mesmas? E, elaborada uma nova Constituição, não são as instituições que defende Evo? Os conservadores querem que apenas algumas instituições sejam instituições; e outras nem tanto.
Digo isso apenas para fazer um "elogio da profanação" da Bolívia; sem, no entanto, me comprometer com qualquer das idéias concretas postas ali por Evo. O que não aceito é o enclausuramente metafísico que o direito põe a política, sem, na prática, perceber que o próprio direito é guiado pela "microfísica" do poder.

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quinta-feira, janeiro 22, 2009

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (EUA, 2008)
Com David Fincher [Clube da Luta, Seven, Zodíaco] na direção, Brad Pitt e Cate Blanchett no elenco, não tinha como dar errado a adaptação de um conto de S. Fitzgerald em que o personagem vive a vida ao contrário, começando velho. E não deu. Belíssimo filme que, provavelmente, abocanhará com justeza vários estatuetas do Oscar [não que isso importe muito, em todo caso...].
O que chama atenção no filme é que a trama se estabelece num universo fictício em que as relações se dão sobretudo na sua forma ética. Alguns acharão ingênuo o filme. Não se trata disso. Na realidade, Fincher filma um universo em que a alteridade de Benjamin jamais é medida, compreendida ou classificada - permanece sempre intangível [até transcendente] e é rodeada não pela curiosidade do pensamento nem pela destruição da eugenia, mas pela suavidade do cuidado. Ao longo de toda película, os personagens relacionam-se com Benjamin não mediante estranheza, preconceito, medo, mas sobretudo pelo cuidado que alimenta a relação humana. Sua alteridade permanece enigmática e insondável; justamente por isso, Benjamin tem uma vida feliz.
"O Curioso Caso de Benjamin Button", longe de ser um filme ingênuo, é, na realidade, um filme que preza pela relação humana sadia e, infelizmente, rara nos nossos dias. Grande filme.



PERSEPÓLIS (FRANÇA/EUA, 2007)
Persépolis é um filme em formato de animação que, apesar disso, é de conteúdo profundo. Traz as mudanças nos últimos 50 do regime iraniano visto do ângulo de uma menina de família "moderna", que se opunha ao Xá por ser comunista e, com a revolução, se enche de esperança pela "ascensão do proletariado". Não demora muito a vir a decepção. O regime se torna ainda mais violento e censor, a "democracia" islâmica esmaga qualquer alteridade e dissemina ódio e violência. Tudo recrudescido por seguidas guerras com o Iraque e massacres internos que, pouco a pouco, destróem o que restava de oposição no Irã. Uma bela reflexão sobre os regimes autoritários e como os relativistas culturais também podem estar estereotipando - com a boa intenção de proteger a diferença - os "outros", na medida em que também nesses lugares a violência contra alteridade está presente, assim como está entre nós.



ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO (EUA, 2007)
Excelente filme com mais uma soberba atuação de Philippe Seymour Hoffman, esse grande ator que cada vez mais se consolida em Hollywood. A história não tem um grande significado, mas a seqüência de eventos é intrigante e o diretor consegue construir o que poderíamos denominar de tragédia contemporânea, imersa no contexto do drama. A fatalidade cai aqui como um trovão sobre a cabeça dos personagens.



Vi umas bombas (isso que dá convivência com os pais) que nem vou mencionar, mas talvez por isso tenha voltado da praia com estômago meio revirado. É impressionante a capacidade de Hollywood em produzir porcarias. Impressionante.

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EM DOIS TEMPOS

HOJE FINALMENTE me deu vontade de escrever de novo. Então eis uma bomba de posts.
Vou falar um pouquinho dos meus times. Primeiro, o lá do outro lado do Atlântico - Real Madrid.
Era plenamente previsível que o Madrid enfrentaria dificuldades esse ano. Um clube que ostenta a qualidade de ser o maior de todos e não tem nenhuma estrela no elenco evidentemente iria sofrer. Robinho, o único projeto, resolveu ir para o ManCity (HAHAHA). Ficaram apenas jogadores em declínio [Raúl, Guti, Cannavaro, Saviola], razoáveis [Diarra, Heinze, Metzelder] e muitas promessas [Sneijder, Gago, Higuaín, Drenthe, Marcelo, Van der Vaart, Robben]. Apenas dois jogadores em grande fase: Casillas e Sergio Ramos. O problema é que a "hinchada" não tem paciência para o crescimento dos jovens, como tem a do Arsenal, p.ex [aliás, torcidas britânicas e argentinas são exemplos para o mundo inteiro]. E, sem uma estrela para conduzir o meio de campo, estava claro que a equipe de Schuster não iria crescer. Van der Vaart certamente não era esse jogador. É bom jogador, mas do nível de Sneijder. O time do Madrid não era suficientemente competitivo para enfrentar grandes como Chelsea ou ManUnt.
Tudo piorou com o crescimento do Barça. Para os que não acompanham, informo que o futebol espanhol funciona como uma gangorra, exatamente como entre os gaúchos. A ascensão do Madrid havia sido demasiado pequena para segurar o Barça esse ano. Apesar do bicampeonato, a equipe jamais se solidificou. Caiu em desgraça. O bom treinador Juande Ramos foi trazido para o lugar de Schuster, reforços medianos foram contratados [Hunterlaar, Lassana Diarra], sem falar da cagada de Mijatovic que contratou jogadores que não podiam jogar a Champions; não bastasse toda essa crise, ainda o então presidente Ramón Calderón fraudou votos em reunião e acabou tendo que renunciar.
Crise total. Nessas circunstâncias, o normal é que o time se afunde, ainda mais sendo uma equipe jovem. Cogita-se o retorno de Florentino Perez, o presidente dos "galácticos", no fim do ano. É uma saída. Um clube do perfil do Madrid não sossega. As promessas são grandiosas: trazer Arsene Wenger, técnico do Arsenal, junto com Fabregas, Cristiano Ronaldo e Kaká. Parece totalmente impossível. Só que o Madrid é a maior empresa espanhola e os clubes ingleses talvez tenham sido atingidos em maior intensidade pela tal "crise". Uma coisa é certa: só sobrevive com craques. São craques que levantam canecos no atual futebol europeu. O time mais "operário" dos últimos anos -- o Liverpool -- ainda assim tinha Gerrard no elenco.
Quando ao Grêmio, foi bem na estréia. Jadílson, com quinze minutos, jogou mais que Fábio Santos. Jogando no 3-5-2, não tem explicação para o Grêmio não colocar de titular. No resto, vamos deixar seguir. Rafa Marques foi bem, Ruy mediano, mas esforçado, e Alex Mineiro não teve oportunidades. Quem vem caindo há tempos é William Magrão, que arrisca sua titularidade por não ser grande marcador. Com Tcheco de segundo volante, talvez precisamos de mais força na primeira posição.

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O DESASTRE GILMAR MENDES

GILMAR FERREIRA MENDES é, sem dúvida alguma, um dos mais importantes constitucionalistas do país. Escreveu livros que subiram o nível do Direito Constitucional no país - trazendo amplo conhecimento da doutrina e jurisprudência alemã -, para um patamar inédito. É, ao lado de Paulo Bonavides, Eros Grau, Lênio Streck, Ingo Sarlet e alguns outros, parte do all star team da dogmática constitucional [pois não é mero comentarista de legislação, como tantos outros].
Sua posição no STF, hoje, no entanto, é absolutamente questionável. Não vou entrar no mérito de supostos desvios pessoais de conduta, pois disso não há informações seguras e nem é o caso. Vou me restringir a análise do seu papel institucional. E, nesse ponto, Gilmar tropeça feio.
Gilmar Mendes começou sua trajetória na prática jurídica com a defesa da apropriação das poupanças pelo Governo Collor. Por aí se vê que as coisas já começaram mal. O estranho é que, ao longo da sua carreira, não obstante a sólida formação em direitos fundamentais na Alemanha, sempre esteve ao lado de causas polêmicas e companhias indesejáveis. Collor foi apenas uma delas.
Na Presidência do STF, tem tomado posição que muitos garantistas sonhavam há longo tempo, mas, de minha parte, tenho um brutal ceticismo em relação ao seu alcance. O que chama atenção, no entanto, é a ampla participação política de Mendes no cenário nacional. Não é que eu não saiba que o STF é um tribunal político. As contradições e casuísmos da jurisprudência estão aí para provar [recomendo, por exemplo, uma conferida na história do mandado de injunção, da prisão preventiva e dos juros]. No entanto, é forçoso reconhecer que todos os presidentes que lhe antecederam tiveram perfil discreto, conciliador e ponderado, compatível com um último julgador, de quem se espera parcimônia e sobriedade. Até o polêmico Marco Aurélio Mello, por mais que tenha por vezes sobressaído, jamais esteve sob os holofotes tal como Gilmar.
O que se vê no atual Presidente do STF é uma excessiva politização, não no bom sentido, mas no de intromissão nos temas do Executivo e Legislativo ainda que não estejam sob a chancela do STF, figurando, e aqui é meu principal ponto, como A figura da oposição no poder. Desgastada pela alta popularidade de Lula, a insipidez de Serra e a ausência de projeto, a oposição, perdida nas suas linhas-mestras, ganha voz unicamente a partir de Gilmar Mendes. Mas Gilmar Mendes é PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL -- não pode se comportar como um senador ou deputado, que sai atirando como metralhadora giratória. Gilmar hoje faz o papel que o Senador Arthur Vírgilio tinha no primeiro mandato! Isso é totalmente incompatível com o cargo. Presidência do STF não é lugar de palanque de oposição.
Gestão desastrosa, que se aproveita de um fiapo de poder que é entregue com cordialidade pelos colegas de STF e dele Gilmar se lambe e aproveita. Encampa todas as teses da ultra-direita, entre elas a punição dos "terroristas" contra o Regime Militar [que ministro democrata e defensor dos direitos fundamentais qualificaria como "terroristas" quem reage contra um governo ilegítimo?], a demarcação da Raposa/Sol, o ridículo caso do grampo telefônico, a "jurisprudência Dantas", ou a revisão do asilo ao "terrorista" italiano Battisti [porque tanto "engajamento" do ministro, que assumiu a posição contrário imediatamente?]. Tudo pregado sob os holofotes da mídia conservadora. O episódio mais ridículo foi, sem dúvida, o programa Roda Viva, quando teve entre os entrevistadores três "fãs" [um amigo pessoal, do Consultor Jurídico, e dois jornalistas conservadores, um da Veja e outro do Estado de SP] e, para "incomodar", a jornalista da FSP Eliane Cantanhêde - que é simplesmente a PIOR colunista do Brasil e fez o favor de bombardear o ministro com um senso comum do cão [qualquer jurista destruíria com facilidade o que ela coloca em tom de escândalo].
Mendes, hoje, representa o "pensamento-Veja" no poder, ou seja, o neoconservadorismo brasileiro. O problema é que, se quer essa posição, está no lugar errado. O STF não é lugar para plataforma política. Com essa conduta, Gilmar Mendes suja a história da presidência do STF que - se certas vezes foi omissa - pelo menos nunca se excedeu no ridículo de ocupar um lugar de oposição do Governo que não é seu, enquanto Tribunal Constitucional.

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OS MAIS BELOS SETE MINUTOS DA HISTÓRIA DO CINEMA


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quarta-feira, janeiro 21, 2009

AXIOMA DO CONSERVADOR DIREITISTA

Meus ideais não são melhores: meu objetivo é provar que não fazes o que pregas, é provar que tu também é um canalha.




[Inspirado na recepção da imprensa neocon (brasileira inclusive) a Barack Obama].

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domingo, janeiro 18, 2009

VÍDEO INTERESSANTE SOBRE CLAUDE LÉVI-STRAUSS




No próximo post, umas palavras sobre esse grande pensador - que esteve presente na minha dissertação de mestrado - e sua importância para mais um golpe no narcisimo do homem ocidental.

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sábado, janeiro 17, 2009

SUGESTÃO DE TRANSPORTE AÉREO COMPATÍVEL COM YEDA




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sexta-feira, janeiro 16, 2009

SEM VONTADE DE ESCREVER, CITAMOS...


"For this reason — to risk advancing a prophecy here—the coming politics will no longer be a struggle to conquer or to control the state on the part of either new or old social subjects, but rather a struggle between the state and the nonstate (humanity), that is, an irresolvable disjunction between whatever singularities and the state organization."
(GIORGIO AGAMBEN, "Means without ends").

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sexta-feira, janeiro 09, 2009

OS MEUS MELHORES FILMES DO ANO



2008 FOI MAIS UM ANO fraco para o cinema. Houve períodos em que desejava ir ver um filme com a minha namorada, mas, por falta de opções, deixava de ir ao cinema. A prateleira de lançamentos da locadora era tão desinteressante que ia para os antigos. Aliás, esse ano vi como nunca filmes antigos. No entanto, ao contrário de 2007, houve pelo menos um grande filme, que merece menção honrosa [índice ainda baixo]. Vão aí meus dez preferidos [o critério é pelo ano de exibição em Porto Alegre]:



5. ZONA DO CRIME ("LA ZONA" / Rodrigo Plá / MÉXICO / 2007)
Apesar de não ser uma obra-prima, "Zona do Crime" me chamou atenção pela sua fundamental importância e pelo tiro político certeiro: a existência de "mundos paralelos" onde a elite se desloca no Terceiro-Mundo para não conviver com os problemas típicos desses países [violência, insegurança]. É verdade que, como disse o ótimo comentarista Pablo Villaça, o filme é linear e unidimensional. No entanto, a temática é pertinente e bem desenhada, embora levada ao plano absurdo.
Assim como "Hotel Ruanda" [no início do filme], "Zona do Crime" cuida de mostrar os contrastes de locais onde não há o comprometimento com o bem público, mas uma espécie de acumulação pela elite que se isola do entorno e impõe uma espécie de "burgo" pós-moderno.
Um filme que vale pelo impacto problematizante que desencadeia. Foi direto para as locadoras.



4. QUEIME DEPOIS DE LER ("BURN AFTER READING" / Irmãos Cohen / EUA / 2008)
Ao contrário de 99% das pessoas, não foi "Onde os Fracos não têm vez" o filme dos Cohen que mais me impactou, mas esse filme recente. Os diretores, voltando à comédia de humor negro, estão inspiradíssimos nessa trama em que a regra é a estupidez generalizada. O mote do filme é a insensatez absurda de todos. A única frase verdadeira é pronunciada por John Malkovich, que certa hora afirma: "você é mais um de todos os idiotas que cruzo nessa vida". Ou seja: o personagem dele é realmente o único que não é estúpido em toda trama, tendo que suportar indivíduos absolutamente medíocres e burros durante o tempo inteiro, inclusive entre os colegas da CIA [como bem mostram os Cohen].
O absurdo desencadeado é o absurdo da vida real, que é governada e dominada pela mediocridade, estupidez e incapacidade de reflexão sensata pela maioria das pessoas.



3. ERA DA INOCÊNCIA ("L'ÀGE DES TÉNÈBRES" / Dennis Arcand / CANADÁ / 2008)
Terceira parte da trilogia que inicia em "O Declínio do Império Americano" e segue com "Invasões Bárbaras", essa película ridiculamente traduzida por "Era da Inocência" [o título original é "Idade das Trevas", que dá uma seqüência histórica lógica à trilogia] chamou atenção de poucos. Para mim, no entanto, foi dos melhores do ano, embora especialmente inferior às "Invasões Bárbaras".
Com alguma influência de "Beleza Americana", o filme cultiva a velocidade, o fanatismo tecnológico, o desligamento do mundo concreto, a indiferença e burocracia da vida contemporânea. O personagem - atravessado por sonhos ridículos de grandeza - é retrato do sujeito desolado dos nossos dias, esmagado entre exigências de consumo, burocracia ultrapassado e inútil e carreirismo workaholics. A personagem feminina consegue ser tão poderosa quanto a de "Beleza Americana", trazendo uma das melhores frases do cinema de 2008: "eu faço yoga, shyatsu, sou bem sucedida, ganho prêmios, faço academia, etc - o que mais você quer?" - típico delírio narcísico dos nossos dias.


2. LINHA DE PASSE (Walter Salles/Daniela Thomaz / BRASIL / 2008)
Um retrato original do Brasil. Walter Salles traz à tona personagens que ficam obscurecidos mas, como disse Jurandir Freire Costa, "carregam o Brasil nas costas". Empregadas domésticas, aspirantes a futebolistas, crentes evangélicos, motoboys. A originalidade do diretor é tratar tudo com acidez, mas sem qualquer ironia ou caricatura, com uma delicadeza e sensibilidade capaz de enfrentar a concretude desses indivíduos sem apelar a estereótipos.
Um belo retrato dessa população que vive no "fio na navalha", em permanente estado de exceção, onde cada narrativa traz enorme riqueza e os personagens são desenvolvidos em admirável complexidade.


1. A VIDA DOS OUTROS ("DAS LEBEN DER ANDEREN" / Florian Henckel von Donnersmarck / ALEMANHA / 2006)
Eis, finalmente, um grande filme - filme que ficará para a posteridade. Película que exibe a formação da ideologia/totalidade que se fecha em si mesma e delira contra toda e qualquer alteridade, reprimindo-a com violência, e a formação de um poder opaco, medíocre, sem brilho, que ofusca tudo aquilo que a ele se opõe [caso Eichmann]. Por outro lado, é também a possibilidade da HESITAÇÃO, do instante que refuga, rompe, interrompe a violência e desafia a totalidade.
"A Vida dos Outros", além de um tremendo filme político, é também um majestoso filme ético. Um filme que implica o homem naquilo que ele tem de próprio: a possibilidade da transcendência. O ato gratuito, em nome da justiça, delineada na beleza de páginas literárias [Brecht] que detonam qualquer tentativa de engessamento e opacidade de sonhos em estruturas burocráticas autofágicas e assassinas.
Certa vez Contardo Calligaris escreveu que, na sua tese de doutorado, dedicara-se a entender por que razões o homem se entrega ao fascismo, deixando-se levar pela massa e pela mediocridade ressentida. Calligaris, no entanto, afirma que ainda não consegue explicar o inverso: ou seja, por que um homem sacrifica-se pelo outro, na mais pura gratuidade. Tudo isso é "A Vida dos Outros", esse espetacular filme alemão.

...


Além desses cinco, que foram meus preferidos, alguns destaques para o melhor Batman de todos, a ótima filmagem de "Desejo e Reparação" e o vencedor do Oscar "Onde os Fracos não têm vez". As decepções ficaram com as adaptações: o médio "Ensaio sobre a Cegueira", o pastelão "O Caçador de Pipas" e os frustrantes trabalhos [que prometiam] de Woody Allen, "O Sonho de Cassandra" e "Vicky Cristina Barcelona".

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A COERÊNCIA DOS FORTES

UMA DAS DISTINÇÕES MAIS problemáticas da atualidade é entre direita e esquerda na área política. Seja porque, no campo programático, o socialismo ruiu; seja porque, no campo prático, as políticas de direita e esquerda têm poucas diferenças [economia, crime, área social]. No entanto, eu mesmo já escrevi sobre o tema e vejo dois campos plenamente opostos, jamais podendo ser igualados.
O que chama atenção é que, a cada grande questão, a distinção - que os tecnocratas gostariam de apagar com o "Fim da História" - aparece veementemente. O caso da Reserva Raposa/Sol, as cotas raciais, os crimes de colarinho branco ou, hoje, o conflito Israel/Palestina. Em todos os momentos que surge uma questão nova aparece novamente a distinção entre direita e esquerda. E fica muito claro que a direita se posiciona a favor dos fortes [brancos, israelenses, colarinho branco] e a esquerda dos mais fracos [índios, negros, palestinos]. Quem está acompanhando os debates pela mídia pode constatar que todos os articulistas do campo conservador apóiam Israel, e vice-versa [basta dar um giro pelos blogs mais lidos da Internet para constatar isso].
É verdade que a questão tem vários nuances importantes. O discurso esquerdista é muitas vezes equivocado [caso do colarinho branco, onde há erros e acertos] e ressentido. Um certo afastamento dos fatos, uma certa ponderação, um pouco de sensatez é bom para moderar o ímpeto de certos esquerdistas mais fervorosos e indignados.
No entanto, quanto mais leio a mídia e as colunas de convidados, mais me confirmo de esquerda. É impossível não enxergar que, enquanto o esquerdista quer derrubar a ordem e confirmar a justiça para as vozes vencidas que ficaram emudecidas pela lança do estado de exceção da história, o conservador tem medo e quer manter tudo como está, de preferência silenciando todo aquele que se levanta contra a hegemonia do forte.

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quinta-feira, janeiro 08, 2009

É DURO SER A BANDA MAIS FANTÁSTICA DO MUNDO

DE REPENTE, muito tempo depois de o show começar, com a platéia já emocionada pela perfeição técnica e o intimismo frio da dupla Yorke-Greenwood, que rearranjara uma série de experiências eletrônicas em versões violão/voz/piano, o apresentador francês do programa se vira para a platéia entre uma canção e outra e diz: "senhoras e senhores, Air, Pet Shop Boys, Archive, Dreadzone".
Eram as quatro bandas -- as duas primeiras altamente conhecidas e respeitadas -- apertadas, discretas e em pé em meio à platéia, ouvindo timidamente a maior banda do mundo e constante inspiração tocar como nunca, num dos mais memoráveis shows da banda: o "Le Reservoir", quando se apresentaram representando a banda apenas Johnny e Thom.
Dessa apresentação saiu essa magnífica versão de "Fog" (intitulada "Fog (again)"), tocada em piano solo por Thom Yorke e depois fazendo-se integrar no EP "Com Lag". Baixei o show (que pode ser visto inteiro no youtube) e posso afirmar: é fantástico. O Air na platéia é apenas um pedaço do tamanho dessa banda gigantesca que é hoje é Radiohead.


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quarta-feira, janeiro 07, 2009

TERRORISMO, A PALAVRA MÁGICA

JÁ FUI POTENCIAL VÍTIMA de terrorismo. Quando a Al-Qaeda explodiu bombas na estação de Atocha, em Madrid, em 11/03/2004, por coincidência estava em viagem na cidade e embarcaria na dia seguinte para Amsterdã. A sensação é indescritível: a pessoa se sente absolutamente vulnerável - em todo e qualquer lugar - sabendo que é absolutamente irrelevante sua inocência ou ausência de envolvimento.
Digo isso para mostrar que, apesar dessa consciência, não é possível deixar de ver que, quando a discussão engrossa, a estratégia do conceito de terrorista e da disseminação do medo é a mais utilizada pelos poderosos. Quando o conflito aperta e o poderoso não tem razão, imediatamente cai na abstração de acusar o outro de "terrorista" e, com isso, se põe em posição de superioridade moral. Adquire uma posição privilegiada na discussão. A armadilha é isolar as circunstâncias concretas e mergulhar no vocabulário abstrato e genérico.
Se formos, no entanto, analisar as razões do terrorista, vamos ver que geralmente vêm de raízes complexas (ex. ETA, Al-Qaeda, palestinos, PCC) e não podem ser engessadas no maniqueísmo bobo do bem contra o mal.
Soam ridículas, por isso, as acusações dos judeus brasileiros contra o PT (que poderiam ser miradas em 1001 direções) de que estaria "apoiando o terrorismo". Ridículas diante da carnicifina vergonhosa, assassina e horrenda que vem promovendo Israel na Faixa de Gaza. É tempo de se envergonhar.

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terça-feira, janeiro 06, 2009

O PRINCÍPIO DA VIOLÊNCIA É SEMPRE O MESMO

TRATEI EM BREVES POSTS [ver aqui, aqui, aqui e aqui] por aqui do conflito espinhoso entre Israel e Palestina. Aderi até a uma posição contra-corrente, no sentido de que muito do que se fala acerca de Israel tem um quê de anti-semitismo de esquerda [a esquerda, aliás, também foi anti-semita]. Não conheço o problema a fundo e nem pretendo enfrentá-lo nas suas circunstâncias históricas.
O que me chama atenção é que a estrutura da violência é sempre a mesma: uma população é oprimida em certo momento histórico, cobre-se de ressentimento e aí a justiça tarda em demasia, gerando a vontade de vigança, a violência generalizada e o horror. É assim que os palestinos, povo oprimido durante séculos pelo colonizador europeu, encheram-se de ódio e acabaram criando terrorismo e pregando a destruição de Israel [ou, mais radicalmente, do Ocidente "infiel"]. Israel, por outro lado, parece desesperado para dar uma tranqüilidade ao seu povo que foi massacrado, discriminado e também odiado ao longo da história, permanecendo em diáspora por longos séculos, e agora não hesita em usar de técnicas extremas para proteger seus cidadãos.
É impossível não enxergar o óbvio paralelo com, por exemplo, a violência urbana no Brasil. O crime "organizado" representa hoje o pólo infernal que catalizou a reatividade do povo negro e pobre no Brasil, tendo sido massacrado por séculos de escravidão, exploração econômica, violência policial, desprezo, racismo, indiferença e tratamento sem dignidade. Do outro lado, há uma classe média apavorada que se vê vítima de crimes violentos, homicídios banais, seqüestros, extorsões, latrocínios, permanentemente ameaçada por armas de fogo. A reação é tão desproporcional quanto a israelense: usa práticas de extermínio, ocupação violenta, tortura, desapropriação forçada, seqüestro de pessoas e outras "técnicas" de guerra para conter a população pobre. Assim como na Palestina, milhares de inocentes caem todos os dias no Brasil sem nada ter a ver com o conflito. Como os palestinos, são "vida nua", irrelevante para as notícias de jornal e plenamente descartáveis. Em ambos os casos, a violência institucional é injusta, desproporcional, assassina e deve ser interrompida imediatamente [e isso poderíamos chamar, talvez, de justiça].
Fiz o paralelo para tentar contrapôr o anti-semitismo que começa a crescer na esquerda [também excessivamente reativa]. O "inimigo" externo do Israel é o mesmo "inimigo" interno do Brasil. São os reativos, os que ficaram para trás na história da injustiça. Agora não lutam mais por justiça, são vingativos e apenas colaboram para pôr fogo no círculo vicioso da violência. Assim como a maioria dos israelenses apóia a política externa, também por aqui a maioria da classe média e elite apóiam nossa política de extermínio policial. Não somos nem um pouco diferentes.
Trata-se, a meu ver [venho desenvolvendo um artigo sobre isso; parei, apesar de tê-lo escrito inteiro, para pesquisar mais] da questão mais importante dos nossos dias: como estancar a reatividade, RESTAURAR os cacos das relações corrompidas, e viver, dali em diante, a felicidade da relação sadia. Em suma: como romper o círculo vicioso da violência?
O mais triste é que são justamente pensadores judeus - Levinas e Derrida - que me inspiram na solução. Por que os israelenses não lêem seus próprios "conterrâneos"? [Aliás, o próprio Levinas se contradisse no tema.] É isso que talvez seja imperdoável - ou incompreensível - vindo de um povo que sentiu na pele o horror do racismo e do extermínio.

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segunda-feira, janeiro 05, 2009

ÉPOCA DE CONTRATAÇÕES

SE O GRÊMIO confirmar Herrera e Jadílson, dá para dizer que começamos o ano bem melhores que na temporada passada. Herrera está looooooonge de ser um atacante dos sonhos, mas talvez amadureça um dia e melhore as finalizações. Em todo caso, é raçudo, veloz, incomoda os zagueiros. Jadílson é outro departamento: é um belo lateral, com ótimo cruzamento, marca gols e está acostumado a jogar no 3-5-2. É possível que finalmente estejamos contratando um lateral-esquerdo decente - o primeiro desde Gilberto. Com isso, o time pode ter alas poderosos, justificando a manutenção do esquema.
Sem falar de Alex Mineiro - que não comentei por aqui, mas é um centroavante eficiente e perigoso.
Com a contratação desses dois, ficamos aguardando a chegada de um grande volante [minha sugestão: Emerson] e, se possível, de mais um zagueiro e um atacante. Rafael Marques é bom defensor, cabeceia bem e tem bom chute de fora da área. Por enquanto, o Grêmio é competitivo, mas está abaixo de equipes rivais como São Paulo e Boca Juniors. Vamos ter que ter aquele espírito imortal de sempre para vencê-los.
Meu time provisório é: Victor; Léo, Rafa Marques (hehe) e Réver; Souza, Magrão, Makelele, Tcheco e Jadílson; Herrera e Alex Mineiro.

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