Mox in the Sky with Diamonds

quarta-feira, abril 29, 2009

A SECULARIZAÇÃO NÃO ELIMINA O SAGRADO




Para pensar porque o liberalismo (garantismo) não vai longe o suficiente.

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Da Folha Online.


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UMA RETIFICAÇÃO

CONHEÇO ANDREI SCHMIDT e posso dizer que é uma pessoa que admiro. Não concordo com todas as suas posições e nem almejo posição semelhante à que ocupa atualmente. Mas sei que é um advogado de caráter, pessoa íntegra e extremamente preparada.
Ontem (segunda), Luis Nassif comparou Andrei com Nélio Machado, primeiro advogado de Dantas, o ofendendo. Fiz questão de deixar -- um pouco tardiamente - meu registro de discordância da comparação. O post já estava lá embaixo, no fim da página. Quando respondi a um comentário que me critica, o post já estava na segunda página (que lida com blogs sabe o que isso significa).
Para minha surpresa (satisfeita), Nassif "ressuscitou" o post o fez ele constar novamente no topo da primeira página, para constar uma retificação sobre a comparação e pedir desculpas pelo equívoco. Fico feliz por ter contribuído para isso (que eu tenha visto, fui o único comentarista que contestou o articulista). E faz com que o jornalista ganhe credibilidade.
Eis o post.

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terça-feira, abril 28, 2009

ZERO A ZERO

E A BOLA RODOU, rodou, rodou, mas o Barça não conseguiu marcar contra o Chelsea. Não via um time inglês tão encolhido há tempos. Com só Drogba na frente (Malouda era só um assessor do lateral Bosingwa contra a dupla mortífera Alves/Messi), o Chelsea resistiu. Ainda está tudo em aberto, mas os londrinos devem comemorar o bom resultado. Vão precisar vencer, pois é provável que o Barcelona ataque e faça gol. Será um belo jogo.
Mais uma exibição fascinante desse meia completo que é Xavi e seu companheiro Iniesta. Vi os dois começando, Xavi ainda instável, Iniesta um meia frágil, e hoje são jogadores verticais, que mesclam habilidade, técnica, visão de jogo e chute de longa distância. São ingredientes fundamentais no jogo do Barcelona. Além deles, Daniel Alves foi muito bem e, logo a seguir, Abidal, Henry, Eto'o e Messi (muito marcado). Aliás, para esse último é fundamental a conquista da Champions para levar o número 1 do mundo; mas, em todo caso, é normal que os maiores craques não apareçam especificamente nas finais, pois são muito marcados e abrem espaço para outros que chamam menos atenção.

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segunda-feira, abril 27, 2009

DIREÇÃO AFUNDANDO O GRÊMIO


É INACREDITÁVEL a indecisão da Diretoria do Grêmio acerca do técnico. Se a escolha é Paulo Autuori, que André Krieger VÁ LOGO até o oriente médio, verifique a possibilidade de contratação, salários e data, e decida logo. Se não der, que passe ao próximo da lista. Como é que esse imbróglio pode estar durando tanto tempo sem decisão? O que Krieger está fazendo enquanto decide isso? Está esperando o quê? O Grêmio está perdendo tempo!
Efetivar Marcelo Rospide parece o atestado máximo da incompetência dessa Direção amadora e que já nos faz ter saudade do discutível, mas competente, Paulo Odone. Ter um técnico sem nenhuma experiência na Libertadores é dose para mamute.
Uma vergonha. O Grêmio se encaminha para o náufrago.
PS: É vergonhoso o silêncio obsequioso da grande mídia acerca dos ETERNOS favorecimentos ao Flamengo na arbitragem. Ontem, o primeiro gol não foi pênalti e o Botafogo teve pênalti sonegado. É SEMPRE assim. O velho argumento de que "as arbitragens no final se compensam", que tem sua razão de ser e é freqüentemente invocado pela mídia crítica, NÃO se aplica ao caso, uma vez que SEMPRE se repete NAS FINAIS do campeonato carioca o favorecimento ao time rubro-negro. A imprensa crítica (da marrom nada se espera), inclusive gente de peso como Tostão, PVC e Juca Kfouri, parece não querer se queimar com a maior torcida do Brasil. Está na hora de falar a verdade.

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sábado, abril 25, 2009

HELLO!



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quinta-feira, abril 23, 2009

AS ERVAS-DANINHAS DO JARDIM DE MENDES



ANTES DE COMEÇAR A COMENTAR, lá vamos: não sou fã do Ministro Joaquim Barbosa, acho-o por vezes populista e, do ponto de vista estritamente jurídico, me sinto mais próximo do constitucionalista Gilmar Mendes que dele.
O episódio do STF, no entanto, aponta uma série de distorções no mandato de Gilmar Ferreira Mendes sobre as quais eu já vinha comentando por aqui. É óbvio que não sou apegado à "liturgia do cargo" (o imperdoável no comportamento de Barbosa, para seus pares, foi justamente ter profanado a sagrada cerimônia do voto no STF), mas é impossível não ver a reação como algo totalmente provável diante da conduta espetaculosa de Mendes. Paradoxal (Freud explica), vindo de quem justamente critica a "espetacularização".
Gilmar Mendes vem cavando a antipatia da população e já há uma militância organizada contra ele. Hoje, blogues de esquerda vibram com os xingamentos. Por quê? Ora, simplesmente porque ele reivindicou para si a tarefa de ser a "oposição" de hoje (já que PSDB e DEM são tão covardes que sequer posam como oposição). E isso, diga-se o que quiser, não é conduta de Presidente do Supremo Tribunal Federal.
Podem dizer que eu sou conservador, que a função de um STF "moderno", da "Constituição dirigente", é mais pró-ativa, e que sobre isso se vem escrevendo há um punhado de anos na dogmática constitucional. Pode ser. Mas a "militância constitucional" tem pouco a ver com o que Mendes vem falando nas suas declarações. O que ele está fazendo é militância de direita, mesmo. E, fazendo isso, extrapola suas funções.
Por que o Presidente do STF tem que ser discreto? Simples: porque ele não é um "Presidente" no mesmo sentido que o Presidente da República. Ele é um simples representante administrativo e institucional de um poder. Mas os seus pares no Tribunal não são subordinados, como os Ministros de Estado em relação ao Presidente. São juízes, como ele. A eleição do STF sequer tem um caráter político como, por exemplo, aquelas que se referem às Casas Legislativas. Ela é feita pela simples tradição da antigüidade alternada. Ou seja: o mandato de Gilmar Mendes não tem nada de especial e deveria ser usado com extrema parcimônia. Nada além disso. A instituição é o STF, não seu presidente.
Ao ser interpelado por Barbosa, Mendes está simplesmente começando a vislumbrar a quantidade de ervas-daninhas que ele próprio plantou no seu jardim jurídico. Agindo como chefe da oposição (pergunta: quem seria, se não ele?), ele perde credibilidade enquanto jurista e passa a ser alvo das tribos fanáticas de esquerda que adoram bodes expiatórios. Por culpa própria. Por não conseguir se manter em um nível razoável, não necessariamente tão frio e burocrático quanto de Ellen Gracie, mas ainda assim dentro de parâmetros condizentes com o cargo que ocupa (reitero: cargo transitório, não-representativo e de função muito mais administrativa que institucional).
Por fim, é absurdo ver que Barbosa é acusado de "falta de ética" pelos colegas. Falta de ética? Os Ministros do STF não sabem a diferença entre ética e etiqueta? Não vejo porque se indignar e por vezes verbalizar a indignação não possa ser algo presente nessas cerimônias sagradas. Outros juízes já fizeram isso. Daí à "falta de ética" é um passo e tanto.
Enfim, nem Barbosa, nem Mendes. Nem esquerda punitiva fanática, nem garantismo de direita. Das escolhas, fico com nenhuma. Não vou demonizar Mendes, mas também não vou absolvê-lo pelo erro indesculpável da vaidade e da arrogância.

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quarta-feira, abril 22, 2009

PINCELADAS FILOSÓFICAS LIVRES


Nascemos dos triângulos, coincidências que naturalizamos, gestos que se convertem em linguagem, até enrijecerem-se no sistema.
O sistema é a Totalidade, o que sufoca a alteridade (que nada mais é que nós mesmos -- não existe "conceito" de alteridade).
O comum é o espaço que transita entre a alteridade e o sistema, e nos permite compartilhar o sentido.
Sem linguagem, seríamos apenas aquilo que arrogantemente descrevemos como homo sapiens sapiens. Mas, com a linguagem, nasceu a culpa.
O que compartilhamos entre nós (e não é violência) é o místico, o divino, é Deus -- sua verdade não é demonstração, mas emunah, fé, crença.
A universalidade da crença no divino não é a prova da existência do sobrenatural, mas do comum -- desse espaço compartilhado da linguagem que abre o mundo.
Nosso impulso original é transformar o divino em sagrado; com isso, elegemos o bode expiatório (homo sacer) sobre o qual recai toda nossa violência originária. Quando o sagrado toma tudo, é sistema total -- torna-se inumano, o mal.
O desafio "civilizatório" não é o retorno nostálgico, mas a desativação do sagrado (do sistema). Profanar não é restituir o sagrado a um sentido original mais pleno, mas estabelecer um novo uso a partir dele.
A felicidade humana não vem de um antes ("Paraíso Perdido"), mas num depois onde o humano possa a viver no divino sem sacralizá-lo.
A Modernidade foi herética e secular, jamais profanatória.
Pensar a "pós-"Modernidade é pensar a humanidade sem culpa, vivendo no divino (na linguagem pura), interrompendo a violência que põe e institui o Direito pelo fio da violência divina.
O nexo que corta a violência jurídica e instaura o estado de exceção real é precisamente a política -- local dos gestos, dos meios puros.
Quando desativado o sistema, nos restará a vida.

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DECLÍNIO DA ITÁLIA

A VISIBILIDADE DO FASCISMO parece aguçar o pensamento de esquerda. Não é à-toa que a Itália tem hoje pensadores como Toni Negri, Giorgio Agamben e Gianni Vattimo -- três dos grandes pensadores da política na contemporaneidade. Digo isso lastimando a repetição de racismo em jogos de futebol na Itália, desta vez no clássico Inter X Juve.
Infelizmente, na minha breve estada na Itália (duas semanas) e pouca convivência com italianos, tudo foi uma tremenda decepção. Os italianos se mostraram o povo mais autoritário, xenófobo e explorador de todos os que conheci. Não raro eram racistas e fascistas. Uma pena. Para um país que tem na sua história gente como Norberto Bobbio, ver um mafioso fascista assumir o poder deve ser uma decepção completa. Porque Berlusconi só não é fascista explicitamente -- em outros tempos, talvez antes da União Européia, certamente teria se assumido como tal e a recente fusão com a ala explicitamente fascista da direita é sintoma disso. Infelizmente, a Itália, um dos eixos da União Européia, é um país de povo autoritário e racista.
Só para quebrar os estereótipos, me chamou atenção que justamente os dois italianos mais bacanas que conheci eram do Sul -- da Sicília. Tocavam violino e se mostraram muito mais cultos e tolerantes que seus vizinhos arrogantes. Tudo ao contrário dos estereótipos dos nórdicos idiotas que vivem no seu mundo boçal dos carros e da moda, enquanto são saqueados pela máfia que os governa e não hesitam em mostrar seu racismo imundo.
Não é à-toa também que a Espanha caminha a passos largos para ultrapassar a Itália. Questão de tempo.

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terça-feira, abril 21, 2009



A ASTÚCIA DOS VENCEDORES

DESDE O FIM DO ESTADO DE BEM-ESTAR, as palavras que estão na moda para contrariar políticas que beneficiam os pobres e marginalizados são "paternalismo", "assistencialismo", "vitimização" e outras (no vocabulário mais ou menos culto). A estratégia é culpar os próprios pobres pela pobreza (são vagabundos), afirmar que os negros não sofrem preconceito (ao contrário: eles são os preconceituosos por quererem cotas), que os índios são aliados dos EUA (em projetos imperialistas de conquista da Amazônia) ou são também vadios que não querem se integrar à "civilização". Esses marginalizados -- os "vencidos" na história -- nada tem de vítimas; são, na verdade, os agentes da própria desgraça. Por que, então, alguma generosidade? Melhor é apostar na nossa sociedade justa, na qual os melhores se dão bem e, com isso, "progredimos".
Essa discussão volta quando vejo resenhas detonado "As Veias Abertas da América Latina", que recentemente foi dado como presente por Chavez para Barack Obama na última cúpula das Américas. O livro é sempre tratado como "defasado", "ultrapassado para alguns", "excessivamente paternalista com os latino-americanos", etc. Interessante observar que essa estratégia discursiva não costuma estar presente nas resenhas de outros livros. Será que um dia a Veja irá colocar ao lado do livro de Fukuyama a pecha de "ultrapassado"? Ou irá grampear sobre os empresários que defendem a liberdade irrestrita de mercado o estigma de "dinossauros", como fez com o último FSM? Deixa para lá.
O fato é que algumas análises do livro de Eduardo Galeano estão exagerando na dose. É claro que é possível que existam muitos erros históricos e que Galeano tenha passado a mão em alguns aspectos. Perfeitamente possível. Por outro lado, a vítima segue sendo vítima. A América Latina é - SIM - vítima do imperialismo colonial europeu (como não seria!?) e foi saqueada sim pelos portugueses, espanhóis, holandeses, franceses e ingleses. Vão visitar esses países (e outros) e ver a quantidade de Igrejas construídas com NOSSO ouro... Os latino-americanos têm responsabilidade sobre isso? Alguma, sem dúvida. Poderiam ter se rebelado mais fortemente, talvez (e muito sangue seria derramado, pois violência é especialidade do "civilizado" europeu). A estratégia européia foi levada a cabo por meio de elites cretinas (latinas) que até hoje nos governam (a Bolívia é o exemplo mais claro) e baseiam seu papel de elite no saqueamento criminoso e na exploração econômica.
Ah, mas que papinho ultrapassado! Muito mais legal são os livros dos europeus ou norte-americanos contratualistas que eu leio e jogam fora todo esse blá-blá-blá "paternalista". Com todo o respeito, mas isso é mentalidade de colonizado. Não enxergar a violência por trás desse movimento que marginalizou a maioria da população da América Latina é, no mínimo, cegueira (e, daí para diante, má-fé). É tão espúrio quanto responsabilizar os judeus pela Shoah (holocausto), porque seriam "ricos" ou outros motivos tão nojentos que nem vale a pena tentar lembrar. Se extermínio e escravidão viraram coisas "light", é hora de fechar os livros e repensar seus conceitos.
É verdade que existem perspectivas que, ressentidas, ultrapassam o razoável. Acho que de certa forma é como leio Dussel -- algumas vezes as coisas que escreve são absurdas. No entanto, deixar de considerar a vítima o que ela é -- vítima -- é tão criminoso quanto o ato em si (por isso sempre detestei, apesar de ser liberal em matéria penal, a tal "vitimologia"). Índios que viviam pacificamente na América foram massacrados por conquistadores que saquearam nossas riquezas. Negros foram escravizados e depois jogados na precariedade social. Movimentos que tentaram emancipação (Canudos, Palmares) foram dizimados. A América Latina foi saqueada SIM, ainda que com a colaboração da sua própria elite podre.
Repito: retirar o caráter de vítima de quem está nessa condição é tão espúrio quanto dizer que os judeus são responsáveis pela Shoah. Dizer que é "paternalismo" ou "assistencialismo" alguém reconhecer que um índio desnutrido e dizimado precisa de ajuda (não dá tempo de entrar na "esfera pública" e argumentar com os demais) é algo inumano. Hoje, no entanto, a razão cínica orgulha-se do seu cinismo e ri de si mesma. Galeano pode até não ser o melhor livro sobre América Latina, pode ter ultrapassado da justiça para a vingança e, com isso, caído no ressentimento, mas cuidado com a retórica dos vencedores. Eles não venceram pelo mérito, e sim pela violência. E são astutos -- do contrário, não teriam vencido.

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segunda-feira, abril 20, 2009

BLOGS ADICIONADOS

Novos links ao lado. A rede se estende.

ACONTECIMENTO - Blog do poeta e filósofo Antonio Cícero, excelente (embora discorde de muitas coisas que escreve, impossível não reconhecer invejável erudição);
CONSENSO, SÓ NO PAREDÃO - O autor é do Direito mas a aproximação com o pensamento de Agamben é frutífera e instigante;
HELIO PAZ - Mais voltado para a comunicação, mas com comentários inteligentes sobre o Grêmio;
QUESTÃO CRIMINAL - questões jurídico-penais;
BLOG DO KAYSER - charges bacanas do (des)governo Yeda;
MARCELO COELHO - colunista da FSP com alguns belos ensaios;
WORSE THAN HITLER - divertido blog que gosta de espancar analogias absurdas com o nazismo;
OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA - ótimo trabalho.

Links ao lado.

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A DIFERENÇA ENTRE O GRÊMIO E O INTER É FERNANDO CARVALHO

PRONTO. Não tenho mais nada a dizer, a rigor. Clube vitorioso começa de cima, e o Inter está melhor que o Grêmio por lá. MUITO melhor. Daí uma hegemonia que vem se consolidando para minha raiva infinita.
Alguns podem dizer: mas o Inter tem o Nilmar, o D'Alessandro, Taison e Guiñazu? É verdade. Os dois primeiros são craques que o Grêmio não tem. Jogadores muito acima do nível no Brasil. Guiñazu é fundamental, mas é um jogador que se encontra, se bem procurado. Taison vamos ver ainda quando enfrentar equipes mais fortes. De qualquer forma, eles estavam aí ano passado, e ainda Alex. O que mudou? O Inter só engrenou quando Carvalho reassumiu o futebol. Aí o grupo estabilizou, as coisas retomaram os eixos e a baderna se organizou. Alguém já viu algum jogador do Inter referir o Piffero? É sempre a Fernando Carvalho, suas brincadeiras, apostas, discursos, que eles referem. Assim que Tite, que é um bom treinador, tenha retornado à boa fase. Tite, aliás, que era injustiçado até o momento, uma vez que foi para a "geladeira" após um bom trabalho no Corinthians, quando gente como Geninho, Paulo César Gusmão, Joel Santana, Vadão, Jair Picerni e outros ficaram dançando com as cadeiras e são bem inferiores.
Mas Tite, Nilmar, D'Alessandro, Taison e outros só trabalham bem porque têm segurança que vem de cima. Isso o Grêmio não tem. André Krieger não é um dirigente ruim -- fez inclusive bom trabalho ano passado --, mas a bagunça da gestão Kroeff é muito visível. Técnico dando informação desencontrada com a Direção, dirigente assumindo que interfere na escalação do time, jogador desafiando os superiores, declarações ridículas do alto comando, "planejamento" ininteligível, falhas na organização das viagens, panfletos patéticos, demora nas contratações (do técnico e dos jogadores). Atualmente, perdemos duas semanas de treinamento e ajuste da equipe pela indecisão da Direção. Autuori é bom técnico, mas, se não pode vir, não venha. Mais um episódio desastrado.
No futebol, uma Direção desastrada destrói até bons times. O Grêmio de 2003, por exemplo, era um belíssimo time. Falhou pela falta de qualidade dos dirigentes, que foram os campeões de declarações desastradas. O contraste com o marketing do Inter esse ano -- por sinal, DUDA KROEFF era o responsável pelo marketing no centenário -- foi avassalador. Acorda Duda! Ninguém agüenta mais essa "velha guarda" afundando o Grêmio. Tenho severas restrições a Paulo Odone. Mas era um dirigente de fibra, como Carvalho, capaz de mandar o time correr sem precisar dizer em público que interfere no trabalho do treinador. Kroeff é um lenga-lenga.

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sábado, abril 18, 2009

ENQUANTO O SHOW NÃO VEM...



(Andei ouvindo novamente esse que é o disco mais fraco do Oasis - 'Standing on the shoulder of giants' - e, apesar de não se comparar aos antecessores, não é nada ruim.)

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terça-feira, abril 14, 2009

DOIS EVENTOS BACANAS E RECOMENDADÍSSIMOS




It's only rock'n'roll, baby. But I like it. A LOT. O aguardado lançamento do segundo álbum da banda, "Antes do Céu", finalmente se aproxima. Já posso ir adiantando que é um petardo certeiro na mente. Vale a pena conferir o show dessa banda gaúcha matadora.

Mais informações da banda por aqui.

Nosso evento que envolve café, discussão e cinema entra no seu segundo ano. Os cafés do ano passado foram ótimos, na minha opinião. Contamos com gente como Ricardo Timm de Souza, Giovanni Saavedra, Neuza Guareschi, Alexandre Pandolfo e outros (eu incluso) participando e contribuindo para a excelência dos debates, sem falar das ótimas películas "Estranho no Ninho", "Estamira", "Amores Brutos", "Z" e "O discreto charme da burguesia". Contaremos com a presença, dessa vez, do Prof. Rodrigo Azevedo, que é excelente, comentando "Edukators".

Todos estão convidados!

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POR QUE NÃO O LIBERALISMO?

NOS ÚLTIMOS POSTS sobre filosofia política, tenho criticado insistentemente a filosofia política de viés liberal-moderno, que confere primazia ao contrato social e à Constituição como sua versão normativa. De outro lado, seguidamente o Fabs me retruca que o que falta é uma coerência sistemática, que a idéia moderna não está errada, apenas precisa se constituir. Da mesma forma, ele argumenta que precisamos de algo que sirva a todos naquilo que é necessidade básica independente da constituição de um sujeito ético, que, para ele, é (até) uma idéia conservadora. Quer dizer: independente do idiota racista que acha que índios não devem ter acesso ao sistema de saúde, é preciso ter um sistema de saúde garantido pelo Estado que atenda o índio. Isso não pode depender de um nível ético-individual, deve passar para um nível político-sistêmico. Se bem entendi.
Por que eu discordo dessa construção elogiável? Porque creio que está foi exatamente a aposta do Iluminismo. Deixar o indivíduo livre nas suas crenças éticas e passar tudo para um nível político-formal [jurídico, portanto], no qual estarão assegurados direitos a todos independente da simpatia do vizinho. E por que discordar disso?
Uma das minhas discordâncias consiste na idéia de que a noção de direito subjetivo, que é uma das bases de apoio de todo esse raciocínio, é perniciosa e corrosiva. A expressão "direitos humanos" não é apenas problemática do ponto de vista da sua facticidade [quem são os "humanos" no mundo atual?], mas também pela primeira parte: "direitos". A idéia de direito como faculdade subjetiva do indivíduo-mônada da Modernidade tende a se tornar uma espécie de liberdade arbitrária, na qual muitas vezes o meu direito se sobrepõe a qualquer noção básica de justiça. Mas, como é meu direito, peço sem qualquer vergonha em relação ao Outro. [Vejam o caso do casal que adotou uma criança furando a fila da adoção (está no Correio do Povo de hoje); eles alegam, em reportagens sentimentalóides como sói acontecer no assunto, ter "direito" a isso, apesar de sequer o terem. Podemos começar a contar quantas demandas arbitrárias correm na nossa sociedade a título de "direito".]
O conceito de "direito subjetivo", portanto, está diretamente associado à idéia de "interesse" e funciona como espécie de forma jurídica do indivíduo-mônada moderno. Provoca, por isso, uma corrosão moral, à medida que gradualmente mesmo aquilo que é emancipatório [o reconhecimento do "direito"] acaba se desvinculando de qualquer princípio de justiça e, com isso, muitas vezes distorce-se para o viés repressivo [ex. as demandas feministas] e opressor [o "direito de propriedade"]. Pois - como acredito - se a justiça é uma relação de eleidade, em que estão em jogo Outro(s), ela não pode ficar restrita ao cálculo de um indivíduo-mônada como o moderno. Ela precisa sempre se referir ao Outro. Mas a noção de direito subjetivo, base jurídica dos direitos humanos, não carrega nada disso.
Justamente por essa razão considero o francês Gilles Lipovetsky o mais acurado leitor da nossa época. Lipovetsky define nossa época como "hipermoderna" e traça uma série de características: narcisismo, indiferença, vazio, esteticismo. A tudo ele tenta associar características positivas, mas essa parte não me convence nada. De qualquer forma, sua prosa nos permite enxergar o que para mim era o destino da política moderna: o sujeito narcísico contemporâneo. Não vivemos a "pós", mas a "hipermodernidade". A "era do vazio" é só conseqüência do "vazio" que os próprios iluministas colocaram como parâmetro ético, à medida que ética, direito e política passam a ser pensados de forma estritamente formal, como vigência sem significado.
As conseqüências negativas disso tudo? Já falei por aqui várias vezes. Os que estão do lado de fora disso tudo são reduzidos à vida nua e jogados, muitas vezes, em estruturas similares a campos de concentração [das prisões dos EUA aos muros no RJ]. O formalismo jurídico não consegue dar uma resposta suficiente aqueles que estão aquém do direito. Por quê? Porque a teoria do contrato social só seria possível se partíssemos do ponto zero da história. A meu ver, essa é a única chance dela funcionar. Do contrário, aqueles que estão fora lá permanecerão, ela continuará produzindo seus resíduos e abrindo suas frestas nas quais o formalismo será preenchido com decisões de exceção. É preciso acelerar esse processo para interromper a violência que vivemos.
Não vejo como a idéia de "direito subjetivo" possa corrigir isso. A meu ver, ela é apenas parte dessa estrutura. Não vejo como o sistema possa chegar na vida nua. Ela é o resíduo que sobra como destino, não acidente, desse modelo formal. Por isso -- posso estar muito errado, admito --, mas penso que é necessário começar tudo de novo, reconstruir a ontologia da política.

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sexta-feira, abril 10, 2009

"COM BASE NA EMOÇÃO"
CELSO ROTH afirma que o Grêmio o demitiu "com base na emoção", apenas porque perdeu 4 grenais, quando o planejamento para a Libertadores estava correto.
Nos últimos 20 anos, parece que o positivismo invadiu também o futebol. Ninguém mais quer falar de "emoção"; tudo deve ser racional, mecânico (palavra preferida de Roth), planejado, "científico".
Por óbvio nada tenho contra o estudo do futebol, como aliás nada tenho contra a ciência. O problema é reduzir uma coisa à outra. O lado "emocional" ou "místico" do futebol permanece, apesar de todas as robotizações que alguns técnicos tendem a imprimir. Talvez essa recusa da "emocionalidade" de Roth seja justamente seu maior erro: suas entrevistas eram sempre brutalmente frias, indiferentes, perfeitamente racionais. Mas o futebol não é. Ele depende de uma série de coisas que não são nem um pouco racionais, dentre elas (e vejam aqui o erro do Roth) a relação com a torcida. Ou alguém tem dúvida que a paixão pelo clube não tem nada a ver com a razão?
Os administradores do clube devem ser predominantemente racionais; como, aliás, acho que todos deveriam ser. No entanto, há momentos em que o "emocional" corta a razão e se impõe de forma avassaladora, sem que possamos fazer nada a não ser negociar com ele. São justamente os momentos da paixão, como quando nos apaixonamos por alguém, mesmo que a nossa razão nos diga que não é a pessoa certa. Nesse momento, o máximo que podemos fazer é negociar com a paixão. O mesmo se dá no futebol: o racional deve imperar, mas há momentos em que a "mística" é essencial. O racionalismo frio de Roth talvez o tenha impedido de ver isso (e possivelmente de enxergar a si próprio, Roth-emocional-depressivo).
Futebol não é só razão. A tática, organização da equipe, é fundamental. Sem ela, só equipes geniais vencem. Mas só ela também não basta. É preciso o gesto da equipe, a plasticidade, aquilo que escapa da mecânica básica de jogo. Esse lado místico está presente em qualquer relação humana e faz parte tanto quanto o racional. Não dá para o ignorar (sem errar).
O gesto não é apenas a plasticidade do drible. Na cultura brasileira, geralmente é. Na tradição gremista, o gesto pode ser a raça, a dedicação, até a violência em campo. Mas é preciso o gesto para acender a mística, numa celebração festiva de sublimação ou catarse como é o futebol. Não é à-toa que Felipão gesticula tanto à beira do gramado, apesar de sabermos que os jogadores não compreendem grande parte do que ele quer dizer. Quem ignora esses aspectos não é racional, é racionalista, e por isso mesmo comete erros básicos de compreensão da esfera humana da qual o futebol faz parte.

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POR QUE EVO NÃO CONSEGUE GOVERNAR?
A/C "DEFENSORES DA 'CONSTITUIÇÃO DIRIGENTE'"

PERGUNTA AOS NOSSOS sábios constitucionalistas: se Evo Morales se elegeu dentro das regras democráticas, foi referendado pelo povo sem que hajam impugnações ao processo, convocou nova Assembléia Constituinte e fez passar nova Constituição, tudo dentro das regras, por que não consegue governar a Bolívia, a ponto de ter de fazer greve de fome? Por que não consegue governar mesmo tendo se submetido, sem necessidade jurídica, a novo referendo, em acordo que não foi cumprido pela oposição porque o resultado não foi o desejado?
Não era a Constituição "soberana"? Não era ela a "fonte de todo poder"? A soberania não emana "somente do povo"? A democracia não é um jogo que se dá com o cumprimento das suas regras? O "Direito" não se impõe sobre o "poder"? Um povo não pode eleger o governante que bem entender e elaborar seu próprio formato de democracia, apesar de não corresponder ao clássico? O "Poder Constituinte" não é ilimitado, uma vez que representa o momento de elaboração do "contrato social"?
"Não consigo entender nada".

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quarta-feira, abril 08, 2009


"El niño Torres" - jogando cada vez melhor
CHELSEA SURPREENDE

OS CINCO MELHORES TÉCNICOS do mundo são José Mourinho, Luiz Felipe Scolari, Gus Hiddink, Alex Ferguson e Rafa Benitez. Cada um no seu estilo. Mourinho pela compactação das equipes e capacidade de vitória, Scolari pela superação e energia, Ferguson pela criatividade e habilidade em montar grandes equipes e Benitez pela solidez defensiva e marcação-pressão.
O trabalho de Hiddink é impressionante. Com Rússia ou Coréia, Chelsea ou PSV, ele está sempre próximo do título, por mais improvável que isso possa parecer. Seus times tocam a bola, agridem, intimidam o adversário. Não têm medo do desafio. O Chelsea já tem sua cara.
É verdade que o Chelsea tem um dos melhores plantéis do mundo, e não é surpresa estar nas cabeças. No entanto, pelo momento que vivia o Liverpool, tinha certeza que o time de Benitez iria amassar os blues. Errei. O Chelsea, após sofrer um gol de grande categoria de Torres, se posicionou bem, fez a bola girar e foi buscar a vitória. Virou o placar e está muito próximo da classificação.
Resta minha aposta no Barcelona, que simplesmente atropelou o Bayern e cada vez mais parece aquela equipe campeã de poucos anos atrás, com Messi jogando o que jogou Ronaldinho aquele ano. [Minhas apostas eram Barcelona ou Liverpool. Agora só resta o Barça. O ManUnt caiu de rendimento e não parece apto ao bi; Arsenal, Porto ou Villareal não têm bala da agulha para vencer].

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PODER ECONÔMICO E DEMOCRACIA

PRESIDENTES DAS MAIORES potências do mundo se reuniram no G-20 para debater o que fazer em relação à "crise econômica". Todos receavam a reação do "mercado" às suas declarações e decisões e trataram de, ao final, realizar os desejos desse infantil-perverso que, em pouco tempo, já respondeu (subiram as bolsas). Ao mesmo tempo, a Polícia Federal deflagra investigação de gigantesco caixa 2 de empresa em relação a todos os partidos políticos, envolvendo, inclusive, a poderosa FIESP.
O que isso tudo nos diz?
Parece relativamente óbvio que o poder econômico mina a democracia. O Estado atualmente é refém do mercado. Mesmo o político mais poderoso do planeta, Barack Obama, não consegue implementar sua plataforma sem o aval do mercado. Mas o que é o "mercado"? Será algo invisível e neutro, como quer o pessoal do "Fórum da Liberdade"? Defitivamente não. O "mercado" nada mais é do que um conjunto de ultra-ricos que tem o poder de desestabilizar qualquer governo. Capazes de transformar algo muito claro -- a quebradeira de fundos podres que EVIDENTEMENTE iriam quebrar, e eram negócios de risco -- em "crise", impessoal, neutra, universal. Quando os mais ricos quebram, é preciso socorrê-los, do contrário seu poder é tão grande que podem destruir todo resto da pirâmide social.
É por essas e outras que os marxistas jamais acreditaram na democracia. Seu método materialista os levava a constatar que é o poder econômico, e não o político, que nos governa. Eu não chegaria a tanto. No entanto, me espanta a proximidade do materialismo e da faticidade.
O problema capital da filosofia política de tradição liberal do século XXI deve ser, necessariamente, como pode a democracia se afirmar sobre o mercado. Não estou falando de propostas mais ousadas, como as de Agamben ou Badiou. Mas, dentro da perspetiva de gente como Rawls, Habermas, Honneth, Taylor, Dworkin -- dentro desse quadro "reformista" da democracia -- é a tarefa fundamental pensar como pode a democracia não ser refém do mercado. Porque, se poucos são os ricos, e se eles têm o poder que têm, o poder democrático está comprometido. A democracia rigorosa, que dá a legitimidade ao seu representante pelo voto, perde esse caráter quando há uma bolsa de valores que pode -- sem a maioria - desestabilizar um representante legítimo. É uma lástima ver Obama, que foi eleito grandiosamente enfrentando o discurso conservador, refém do sistema financeiro -- dos humores da criança-perversa.
"Crise"? É uma nomenclatura bastante discutível. Os defensores do que estava aí dizem que os países "se aproveitaram" desse ciclo de crescimento e por isso é melhor não procurar culpados. Sonegam o fato de que esse modelo produziu também desemprego, pobreza e desigualdade em níveis escandalosos. Que tende a bipartir o mundo em vencedores e perdedores. Que, se o mundo "cresceu" (e houve avanços sociais), tudo poderia ser muito mais. A pergunta que esses economistas têm que responder é: "o que fazer com os perdedores?". Porque eles só pensam nos que vencem. Os que perdem eles delegam para nós, criminólogos.

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terça-feira, abril 07, 2009



MURRAY EM PORTO ALEGRE

SOBRE O RIDÍCULO "Fórum da Liberdade", que concentra o conceito de liberdade na idéia de consumir e negociar, vou apenas remeter ao artigo "Davos e Davinhos" de Juremir Machado da Silva hoje no Correio do Povo [que, inexplicavelmente, não disponibiliza o conteúdo no site]. Segue em trecho:

Porto Alegre é demais. Não vive sem um bom anacronismo. Já teve o seu tempo de Fórum Social Mundial. Quem não se lembra de todos aqueles bichos-grilos dizendo que outro mundo era possível? Quem não se lembra, sobretudo, do sarcasmo dos modernos neoliberais? Como riam aqueles homens. Como tinham certezas. Como eram pragmáticos e seguros. Mas até os seguros se revelaram maus investimentos. Porto Alegre é demais. Mantém-se fiel ao mais ideológico dos fóruns, o da liberdade, cujo mundo idealizado se tornou repentinamente impossível. Pena que não pude acompanhar de dentro. Eu adoraria estar presente no Fórum da Liberdade para escutar as sessões de mea culpa. Imagino que todos tenham aproveitado para chicotear as costas em público e reconhecer os erros dos últimos 30 anos. A ideologia, sabemos, é cheia de astúcias. Tem mais astúcias do que a razão. Uma delas é considerar ideologia exclusivamente o pensamento dos outros. Essa é a grande astúcia da direita, que nem se chama de direita. As astúcias ideológicas, repito, estão por toda parte. Os adversários das cotas, por exemplo, em defesa de interesses particulares e de privilégios mantidos ao longo do tempo, recorrem a um universalismo abstrato como forma de tentar barrar uma necessidade muito concreta de reconhecimento das singularidades. Todo argumento é bom quando se trata de converter o particular em universal por conveniência.

O Fórum da Liberdade deu-se a liberdade de preconizar o Estado mínimo com o máximo de pretensão e uma gigantesca dose de minimalismo teórico. Deve ter acontecido uma sessão inteira apenas para explicar em bom português os bônus pagos, nos Estados Unidos, com dinheiro público, para executivos que fracassaram em iniciativas privadas de pouco risco para eles e de muita vertigem para contribuintes e governos. Como diz o outro, aqui se faz, aqui se paga. Com o dinheiro dos impostos. Haja impostos para pagar tudo o que foi feito e não pode ser desfeito para não romper contratos malfeitos. Eu perdi o melhor da festa. Queria tanto ter ouvido os ideólogos do neoliberalismo explicando o 'risco-Estados Unidos', a oferta de dinheiro do Luiz Inácio atrevido da Silva para o FMI, os bilhões saídos dos cofres públicos para salvar a lavoura neoliberal, as críticas de neoliberais de ontem à falta de regulamentação de hoje e, principalmente, teria amado ouvi-los comentar o retorno de Keynes, o economista desprezado na alta e suportado na baixa. É mais ou menos como a volta do Zorro e do Tonto. Que fazer sem eles? Sucumbir? O Zorro é o herói mascarado que evita a tragédia. Tem um preço. Tonto é o contribuinte.

Não tenho nada contra que os liberais [econômicos] se encontrem e falem o que quiserem. Mas me irrita o despudor e a cara-de-pau de alguns. Me irrita o viés teológico que repete "a solução é acreditar na nossa religião. Se está uma desgraça, é porque Deus assim quis, só nos resta obedecer, dias melhores virão". O mito do mercado é uma secularização desse princípio religioso.
O que me irrita MAIS, no entanto, é ver que Charles Murray está palestrando aqui no RS. Nossos empresários -- os idiotas que criticam a "tolerância" no jornal e acham Giuliani o melhor político do mundo -- vão lá escutar o cidadão que escreveu "The Bell Curve", um livro que pretendeu "provar", com base em teses de QI, que os negros são menos inteligentes e por isso ocupam as classes inferiores. A desigualdade social seria explicável pelo déficit cognitivo dos pobres. Uma repristinação do nosso velho Nina Rodrigues, diga-se de passagem. [Como já afirmei por aqui, poderíamos ter ensinado aos norte-americanos o "a questão social é de polícia", que é bem antigo aqui no Brasil.]
Esse é o teórico da "liberdade"? Um pensador neocon racista e belicista? Esse é o nosso belo fórum gaúcho, cheio de empresários-papagaios-de-"pensadores"-dos-EUA e dos seus jornalistas puxa-sacos.

[Como se bem notou, para o gaúcho (Busatto é só caricatura) é "Bush aqui, Obama lá".]

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segunda-feira, abril 06, 2009


CAIU ROTH, MAS NÃO É SÓ ISSO QUE IMPORTA

NÃO ME INTERESSA apenas a queda de Roth. Com ele, vai um espírito depressivo e derrotista que o impede de ganhar títulos, apesar de ser bom treinador. Seu temperamento e arrogância impedem de revisar certas situações; como Felipão, por exemplo, já faz com tranqüilidade. Com Roth, tenho certeza que não venceríamos nenhuma competição, porque o Gauchão já se encerrou [e são dois sem chegar à final] e a Libertadores não viria. A perda de Gre-Nais é muito mais importante que o Gauchão e ele não percebeu isso. Roth vai com o mesmo número de títulos importantes que venceu antes de chegar: nenhum. Mais de dez anos de carreira já deveriam tê-lo feito repensar certas atitudes que se repetem enfadonhamente.
O problema é o que vem aí. Pode ser pior. Como Roth, ao menos tinhamos organização, uma equipe-base, a garantia de que o time tinha ao menos espinha dorsal [apesar da insistência do treinador em desmanchar sua própria obra]. Com Geninho e outros ruins, podemos não ter nem isso.
E o pior não pára por aí. A coisa parece apontar mais acima: o Grêmio está parecendo sem rumo com essa direção. Sabemos que uma direção ruim é suficiente para afundar o clube. Com Obino, tínhamos excelente equipe e quase caímos no primeiro ano. No segundo, ele terminou o serviço. O efeito-Kroeff já se faz sentir.
Odone - com todas as restrições que merece - sabia administrar o clube. Era um Presidente de personalidade, fibra, responsabilidade. Kroeff só mostra indecisão e amadorismo. O clube está uma bagunça: sem hierarquia, comunicação e organização. Suas boas intenções de investir [com a contratação de bons atacantes] está sendo soterrada por uma postura confusa e perdida. As desavenças públicas com jogadores e treinador, o planejamento estranho e incompreensível, as frases ridículas e as contradições já estão se avolumando. É preciso tomar o leme já.
Já está na hora de Fábio Koff e Cacalo, os cabos eleitorais que fizeram questão de derrubar Odone, assumirem a responsabilidade pela sua decisão. No time do Beira-Lago, houve gesto semelhante e funcionou. Espero que, dessa vez, não vejamos nosso time afundar novamente como aconteceu em 2003.

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domingo, abril 05, 2009

E LÁ FORA...

MEU TIME EUROPEU, o Madrid, está na mesma, seguindo atrás do Barça (6 pontos). Mas se há algo a ser aprendido e mantido para a próxima temporada é a presença de Juande Ramos no banco. Apesar de Mourinho e Ancelotti já terem sido cogitados, a substituição parece desnecessária, uma vez que o técnico acumula a excepcional marca de 13 vitórias e 1 empate na Liga.
Podem dizer: mas perdeu a Champions. É, mas o caso da Champions era bem mais simples: o Madrid era a equipe mais fraca e perdeu. Só isso. Enfrentou um Liverpool mais encorpado e cheio de energia que acabou atropelando. Não foi culpa do técnico.
O planejamento deve passar, isso sim, por um melhor comando na direção e sobretudo um reforço na "plantilla", que é fraca para nível europeu.

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MAIS UM GRE-NAL PERDIDO. INSUPORTÁVEL!

NÃO IA FAZER grandes comentários. Agora assisto à TVCOM e vejo 90% dos comentaristas colocarem a necessidade de saída de Roth.
Roth é parcialmente culpado pela derrota. Taticamente, errou pouco no clássico [embora, NOVAMENTE tenha inventado -- isso é insuportável]. Seu erro foi, novamente, ter depreciado o jogo e continuar tripudiando com a Libertadores. Tudo isso mostra uma situação caótica no comando do Grêmio, onde as mensagens se confundem, os conflitos aparecem, tudo fica meio fora do lugar. O problema, como falei num post lá atrás, começa de cima.
Nosso destino com Roth é o seguinte: vamos vencer os dois próximos jogos e classificar. Depois, numa das fases seguintes vamos cair. E aí Celso cai.
Por outro lado, se for para trazer Geninho, é melhor deixar o Roth. Geninho, Mário Sérgio, Joel Santana, Jair Picerni ou Nelsinho são MUITO piores que Roth. Não dá para trazer treinador que não dá mais certo em time algum. Repito: Roth, apesar de ser um técnico médio, é muito melhor que esses aí.
Sobre a derrota: é uma maldição. Parece que os anos 90 estão se repetindo ao inverso. O Inter venceu o Grêmio com a facilidade e a segurança que o Grêmio amassava na década passada. Parecia que era inevitável a vitória. Venceu porque tem dois craques que decidiram nas únicas vezes que tocaram na bola.

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sábado, abril 04, 2009

SOBRE O SHOW DO RADIOHEAD

Amigos e amigas, eis o SUBLIME.
A experiência do show foi, para mim, indescritível em palavras. Sequer tentei enjaulá-la. Fica apenas no coração.
Eu vi Deus.












(cala a boca fdp da água)

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quinta-feira, abril 02, 2009



ROTH, GROSSERIAS, DOUGLAS COSTA, ROBINHO
CELSO ROTH, apesar dos pesares, ainda se mostra a melhor opção para o Grêmio. Mais, na realidade, pela escassez de alternativas do que por grandes méritos. É impressionante, no entanto, a capacidade que o técnico tem de cavocar seus próprios problemas.
Todo técnico erra e acerta, isso faz parte do futebol (e da vida). Substituições ousadas podem ser genialidade ou ridículo, dependendo da situação. Roth, no entanto, abusa da sorte, geralmente fazendo suas escolhas fora do "timing" ideal. Foi assim com Diogo quando, diante de um adversário sem dois armadores (Alex, saído, e D'Alessandro) e com um time pronto, Roth resolve colocar mais um volante, desarmar seu esquema e abdicar da vitória, como se a situação do primeiro jogo se repetisse (e era substancialmente distinta). Razoavelmente perdoado pela torcida, ele agora compra nova briga desnecessária: Douglas Costa.
Douglas ainda não fez NADA pelo Grêmio. Inclusive se mostrou instável nas suas atuações. Tem habilidade, mas também estilo excessivo de peladeiro (conduz demais a bola, chama o jogo como se pudesse resolver sozinho). Entretanto, é uma promessa e vale alguns milhões. Que custava colocar para jogar com os reservas? Orteman - o indolente e quase inútil Orteman - é melhor? E por que não - depois do erro crasso do Gre-Nal, colocar Douglas para "fazer média" com a torcida em jogos vencidos ou fáceis? Roth não faz nada disso. Parece que trabalha contra si mesmo.
Que espécie de transtorno deve sofrer esse cara para se sabotar dessa forma? Por que faz tanta questão de ser odiado? Por que, quando está prestes a agarrar a vitória, parece se entregar depressivamente, reagindo como se não tivesse sentimentos e fibra? Deixo essas perguntas a um psicólogo qualquer.
O episódio dos xingamentos contra Douglas Costa é preocupante. Roth pode dizer (como diz): "lancei Ronaldinho, Diego e Robinho". É verdade, mas parcialmente verdade. Ronaldinho amargou um tempo até conquistar, na marra, a titularidade. Diego e Robinho podem ter começado com Roth, mas se consagraram mesmo com Leão. E ok, mesmo que tenha lançado, isso não invalida meus comentários que seguem.
SE por acaso Roth acha que xingar de burro e humilhar perante os colegas um jogador é uma forma correta de aperfeiçoá-lo, está REDONDAMENTE enganado. Não existe pessoa que resista ou responda bem a esse tipo de tratamento. E se é uma prática comum no futebol (portanto, não exclusiva de Roth), estamos desperdiçando talentos. Jogadores precisam de disciplina (são atletas), cuidado e instrução. É assim que se constrói uma relação saudável de confiança e respeito, não mediante humilhação, escracho, arrogância. Se Roth queria "ser durão" com Douglas, por que não sem a imprensa, de preferência no vestiário? Ninguém suporta ser humilhado, jogador de futebol ou não.
Quem é Douglas Costa? Não sei. Não o conheço. Mas sei que ele deve vir da periferia e é negro e pobre. Sabemos que os indivíduos com esse perfil no Brasil sofrem preconceito, violência, desconfiança, até brutalidade policial. Ajuda alguma coisa Roth dizer que ele "não sabe merda nenhuma"? Vejam: eles partem da auto-estima baixa, que só aumenta com a performance nos gramados e a posterior rasgação de seda da mídia. Isso não começa imediatamente e é só para alguns. Será que Roth (e outros técnicos que fazem igual) estão usando a melhor psicologia, ou são simplesmente despreparados que têm sorte vez que outra? Diante da situação, estou prestes a marcar a segunda opção. [Felipão, aliás, ensinou há muito tempo que a presença de psicólogo é fundamental para técnico e jogadores; leiam o livro "A Alma do Penta".]
O que me leva ao terceiro e último ponto. Os jogadores, diante dessa brutalidade cotidiana que começa na vida e se estende aos gramados, acabam, se conquistam o sucesso, por ignorar completamente os "professores". Ronaldo, Robinho, Adriano - todos são narcisistas claros que, tão mimados pela mídia como são, acabam por se posicionar acima das equipes que jogam e são incapazes de reconhecer várias críticas corretas (por exemplo: Adriano reclamava que "era perseguido" em 2006; mentira, todos pediam sua saída por razões táticas, não técnicas, não era nada pessoal). Uma das razões deve ser essa falta de respeito dos técnicos na base ou nos primeiros anos. Ou embotam -- e fracassam -- ou se fecham narcisisticamente e seguem tocando a vida (e a bola).
É por isso que eu leio hoje o comentário desastrado de Robinho que trocou o Madrid pelo ManCity "para ser o melhor do mundo". Robinho é obcecado por isso. Precisa preencher o seu narcisismo. Nessa história, desrespeita a própria torcida do ManCity, que só vê ali um individualista correndo para si mesmo. Ele nem se preocupa em dizer que "quer ganhar títulos". E pior: o que fez Robinho até agora? 11 gols? Isso não dá o título de melhor do mundo para ninguém; nem dribles fantásticos.
Que geração é essa de jogadores que estamos formando? Ególatras, sem auto-crítica, indiferentes a qualquer sensibilidade da torcida? São os narcisos que se defendem dos técnicos brucutus e, mais tarde, mostram seu comportamento infantil ao não saber assumir a disciplina de atleta (que determina seu comportamento em campo e longevidade) e desprezar conselhos úteis que poderiam ajudar na sua carreira. Esses negros ex-pobres que, inseguros num país em que destrata sua população carente (estigmatizando, matando, torturando, discriminando), não sabem lidar com o sucesso, pois não têm estrutura psicológica suficiente para isso. No início, não receberam; depois, ignoraram a necessidade. Alguém duvida que Ronaldo agiria diferente se ouvisse um bom conselheiro?
Mais uma vez reitero: a presença do psicólogo no futebol, pela pressão, tensão, inconstâncias, relação próxima e outras razões é fundamental. Quem despreza só pode ser burro.

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quarta-feira, abril 01, 2009

O CIRCO DO SISTEMA PENAL BRASILEIRO

Um dia, um grupo de palhaços do circo resolveu se rebelar. Perceberam que tudo aquilo que eles imaginavam bom era, na verdade, ruim, e que era necessário começar a mudar o panorama do circo. Botaram fogo no palco, engaiolaram o chefe dos palhaços e até o empresário que mandava em tudo. Após pouco tempo, o grupo de palhaços tradicionais passou a reagir: reivindicava as tradições do circo e como aquilo tudo estava correto. Não hesitava em usar as piadas que mais repudiava para defender o "old style". E assim ficaram os dois grupos: brigando entre si, enquanto a platéia assistia abismada a palhaçada.


NADA PODE SER MAIS ridículo do que a abordagem que a mídia vem concedendo às operações da Polícia Federal. De repente, a Revista Veja, Folha, Estadão e Globo viraram paladinos do Estado de Direito e passaram a defender com veemência as "garantias do indivíduo". Elas, que sempre repudiaram com veemência a "impunidade", os advogados proteladores e os juízes liberais. Nunca tinha visto essa mesma imprensa repudiar "práticas abusivas" quando se tratava dos subcidadãos que caem nas malhas do sistema penal apenas porque são agentes da "criminalidade tosca" [como diz ensina o mestre Zaffaroni].

Esses jornais e revistas bradam com indignação contra os abusos, desde que sejam contra indivíduos de "colarinho branco" -- no resto, segue tudo igual. Seu público, por sua vez, vem com algumas cartas cômicas, por exemplo uma que li esses dias: "então um cidadão pode ir preso apenas sendo suspeito de um delito?". Certamente a frase diz mais que apenas um erro; indica uma concepção de mundo. Esse mesmo indivíduo deve reclamar da "impunidade" quando o chinelão não vai preso imediatamente. O que acontece, então? É que o subcidadão não é cidadão. Leiamos novamente a pergunta: "então um cidadão pode ir preso apenas sendo suspeito de um delito?".

O cômico não pára por aí. Os ultra-conservadores da Veja que mordiam a jugular dos Nardoni e queriam a imediata prisão da pichadora do MASP, agora resolveram até analisar sentenças. Reclamaram do "excesso de verbos no condicional" na prisão cautelar. Tanta generosidade está ausente quando se tratar de decretação de prisão cautelar do traficante ou da prostituta que estão "incomodando os cidadãos de bem" na esquina. Pior: embora seja tecnicamente correto usar o condicional [presunção de inocência], o Tribunal parece que, lendo a argumentação do energúmeno, copiou-a para a decisão de soltura. Claro, os juízes também se identificam mais com empresários e banqueiros que com traficantes. Aqueles são "empreendedores", "dão empregos"; estes, são "monstros", "pervertidos".

A Veja brada desesperada: "não vamos levar a ruína dos pobres aos ricos!". Só que não parece nem um pouco interessada em evitar a ruína dos pobres. Ainda estou esperando uma reportagem sobre ladrões, traficantes e estelionatários cuja prisão preventiva foi decretada em violação ao "Estado de Direito". No fundo, ela apenas quer manter o sistema funcionando tal como estava programado: estado de exceção na vida nua, garantismo para o cidadão. Um dia as garantias chegam lá! -- Mas, até esse dia, é bom que "a Lei" valha para os ricos, que até ganham reportagens piedosas sobre as péssimas condições prisionais.

No STF, a coisa é mais complicada. A maioria ou a totalidade dos ministros, creio eu, segue uma visão garantista por convicção. O STF já provou isso ao conceder medidas como a progressão de regime para os hediondos. São juristas liberais. Como todos os liberais, no entanto, são caricatas engrenagens de um sistema formal que esconde suas funções ocultas, exercidas no mundo fático. Enquanto o STF e os garantistas comemoram a vedação do uso de algemas, o estado de exceção continua atuando inclemente - e alheio a qualquer norma, no vazio jurídico - sobre os corpos sem direitos. Essa é a tarefa trágica desses ministros que não podem ter outro papel que o de coadjuvantes do circo, auxiliares dos palhaços.

Completa a cena o outro lado do circo, os palhaços que resolveram jogar lenha na fogueira. São os idealistas da esquerda punitiva, muitos dos quais bem intencionados e preocupados com questões de justiça, mas sem perceber que trabalham para legitimar o sistema que é o maior reprodutor dessa injustiça. Eles tentam fazer uma jogada de mestre, jogando contra a mesma elite suja que utiliza as estratégias da exceção [violência policial, extermínio, campo de concentração] essas mesmas estratégias. Se superestimam. Superestimam o papel que pode desempenhar o Direito - e especialmente o penal! - no circo. O sistema penal é uma máquina genocida que trabalha para conter - mediante violência extrema - a parcela subcidadã que sai dos parâmetros de disciplina impostos pelo controle social.

O caos que vemos é apenas uma grande peça circense em que alguns palhaços botam fogo no circo, tentando fazer construir outro, e outros palhaços-bombeiros ficam tentando apagar o fogo -- não se importando em contar as piadas que tanto desprezavam antigamente. Enquanto isso, alheios às gargalhadas, milhares morrem do lado de fora.

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