Mox in the Sky with Diamonds

quinta-feira, janeiro 22, 2009

O CURIOSO CASO DE BENJAMIN BUTTON (EUA, 2008)
Com David Fincher [Clube da Luta, Seven, Zodíaco] na direção, Brad Pitt e Cate Blanchett no elenco, não tinha como dar errado a adaptação de um conto de S. Fitzgerald em que o personagem vive a vida ao contrário, começando velho. E não deu. Belíssimo filme que, provavelmente, abocanhará com justeza vários estatuetas do Oscar [não que isso importe muito, em todo caso...].
O que chama atenção no filme é que a trama se estabelece num universo fictício em que as relações se dão sobretudo na sua forma ética. Alguns acharão ingênuo o filme. Não se trata disso. Na realidade, Fincher filma um universo em que a alteridade de Benjamin jamais é medida, compreendida ou classificada - permanece sempre intangível [até transcendente] e é rodeada não pela curiosidade do pensamento nem pela destruição da eugenia, mas pela suavidade do cuidado. Ao longo de toda película, os personagens relacionam-se com Benjamin não mediante estranheza, preconceito, medo, mas sobretudo pelo cuidado que alimenta a relação humana. Sua alteridade permanece enigmática e insondável; justamente por isso, Benjamin tem uma vida feliz.
"O Curioso Caso de Benjamin Button", longe de ser um filme ingênuo, é, na realidade, um filme que preza pela relação humana sadia e, infelizmente, rara nos nossos dias. Grande filme.



PERSEPÓLIS (FRANÇA/EUA, 2007)
Persépolis é um filme em formato de animação que, apesar disso, é de conteúdo profundo. Traz as mudanças nos últimos 50 do regime iraniano visto do ângulo de uma menina de família "moderna", que se opunha ao Xá por ser comunista e, com a revolução, se enche de esperança pela "ascensão do proletariado". Não demora muito a vir a decepção. O regime se torna ainda mais violento e censor, a "democracia" islâmica esmaga qualquer alteridade e dissemina ódio e violência. Tudo recrudescido por seguidas guerras com o Iraque e massacres internos que, pouco a pouco, destróem o que restava de oposição no Irã. Uma bela reflexão sobre os regimes autoritários e como os relativistas culturais também podem estar estereotipando - com a boa intenção de proteger a diferença - os "outros", na medida em que também nesses lugares a violência contra alteridade está presente, assim como está entre nós.



ANTES QUE O DIABO SAIBA QUE VOCÊ ESTÁ MORTO (EUA, 2007)
Excelente filme com mais uma soberba atuação de Philippe Seymour Hoffman, esse grande ator que cada vez mais se consolida em Hollywood. A história não tem um grande significado, mas a seqüência de eventos é intrigante e o diretor consegue construir o que poderíamos denominar de tragédia contemporânea, imersa no contexto do drama. A fatalidade cai aqui como um trovão sobre a cabeça dos personagens.



Vi umas bombas (isso que dá convivência com os pais) que nem vou mencionar, mas talvez por isso tenha voltado da praia com estômago meio revirado. É impressionante a capacidade de Hollywood em produzir porcarias. Impressionante.

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