Mox in the Sky with Diamonds

sábado, setembro 30, 2006

Kasabian
A banda queridinha do Mr. Noel Gallagher, que tem um vocalista com visual Richard Ashcroft, soltou seu "Empire" esse ano, em seguimento a "Kasabian", de 2004. A pegada continua a mesma, um mix das diversas bandas da primeira metade da década de 90 (Stone Roses, p. ex.), inundado em elementos eletrônicos.
Até agora, no entanto, "Empire" não desceu redondo. Não há dúvida que o Kasabian é meio contra a corrente, nesse mar de anos 80 que estamos, mas o som não me convenceu. "Sun/Rise/Light/Files" é um plágio claro de "Setting Sun", dos Chemical Brothers, com o próprio Noel Gallagher nos vocais. Mais um tempo de chance.
Killers
Controvertido esse segundo disco, "Sam's town". Acabei de baixar. Vamos ver.
MTVBosta
CPM-22, Marcelo D2 e Pitty. Não é de chorar?
Guillemots
Quanto mais ouço, melhor fica. Sinceramente, essa pode ser A banda da década de 00-10. Se "Seven Nation Army" é a "Smells like a teen spirit" dessa década, "Sao Paolo" é a "Paranoid Android". Complexa, com movimentos distintos, porém, ao contrário da frieza perfeita da cantiga do Radiohead, temos uma explosão de sentimentos -- "sometimes I can cry/for miles/sometimes I can cry/for miles/but I don't".
Yeda
Eu não tenho bosta de orgulho nenhum de ser gaúcho. Aos poucos, esse Estado vai se tornando o mais conservador do país, inclusive na sua esquerda. Tudo aqui é anacrônico, da "tradição". A ida de Yeda ao segundo turno, como é provável, é uma terrível guinada à direita, uma guinada que pode até terminar com tragédia.
Livro Recomendado
O livro "Segurança Pública tem solução sim", de Luiz Eduardo Soares, escrito em linguagem leve, jornalística, é uma obra de fôlego e sinceridade, que demonstra a capacidade de Luiz Eduardo colocar a criminologia dentro da discussão sobre o delito no Brasil, para muito além de todos esses retóricos de merda que só pensam em aumentar penas e piorar o processo penal. Para quem quer conhecer o assunto com sinceridade.
Trilha sonora do post: The Killers, "Uncle Johnny".

segunda-feira, setembro 25, 2006

Sem entrega

Indefeso.
Ele um dia matou.
E fracassou.

No espelho
não viu a imagem de poder
mas a infinita impotência
diante da intangibilidade do Rosto.



Sobre o fim da metafísica

Ele achava que poderia saber
mais do que um poema grego.
E então procurou
procurou, procurou
até chegar
no Nada.

E, ao contemplá-lo
na clareira que se abriu
viu, pela primeira vez,
o Ser.

E então abandonou a procura.


Fracasso da dominação

Nos revelamos, na origem, crianças nuas.
Frágeis, pequeninas, fracas.
Longe da agressividade do predador.
Do triturador da realidade.
Somos muito mais aquele pedaço de nós mesmos.
Vulneráveis no estrito sentido do cuidado.

Antes do Verbo
O cuidado e a fragilidade
E, portanto, o Encontro.


domingo, setembro 24, 2006

Que é metafísica? e a angústia

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Ler "Que é Metafísica", de Martin Heidegger, e entender o que está dito já é um grande passo. Meu final de semana foi permeado por interessantes leituras filosóficas, monumentais, que regridem ao ponto mais "antigo", do pensamento, em claro espírito meditativo. Mas o convite para o texto é Heidegger é o convite para a angústia. No caso do alemão, não a angústia enquanto sentimento, mas a angústia enquanto condição transcendental, estado em que vivenciamos o Nada.
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A angústia de Heidegger, no entanto, apenas aumentou a minha própria. A minha -- menor -- não a angústia do espírito filosófico, nem mesmo a angústia enquanto "temor" ou "receio", mas a angústia de ser possuído pelo desprazer absoluto, a incapacidade de sentir a intensidade das coisas, uma certa sensação de impotência generalizada. Um sentimento que, aos poucos, vai permeando meus dias, que agora parecem transcorrer como pura eventualidade, sem destino ou objetivo.
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Tudo parece extremamente insosso e sem apetite. Talvez a minha libertinagem habitual tenha colocado padrões demasiado exigentes de prazer, de forma que é preciso de muita "felicidade" para quebrar a "infelicidade" habitual, que é nossa condição, como bem apanhou Freud.
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Não é Freud ou Heidegger que me interessam: é o calor da vida que se torna ameno, o colorido se torna opaco, tudo parece bastante desprovido de sentido -- não sentido como "significado", mas como "sentimento", forma de "contato".
As palavras, realmente, são demasiado fracas para expressar certas coisas. Talvez, como fala Heidegger, melhor seja a suspensão no nada.
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Trilha sonora do post: Grandaddy, "Levitz".

sábado, setembro 23, 2006

BRMC

Mas olhem só que bacana! Black Rebel Motorcycle Club tocando White Stripes!

quinta-feira, setembro 21, 2006

O (mau) legado do Muro de Berlim


Marx, conquanto haja vozes que digam que ele admirava os EUA, era, de modo geral, um refratário em relação à democracia. Seus discípulos, então, como em toda religiosidade burra, levaram ao extremo suas convicções, como dogmas, rejeitando qualquer reformismo social como mero "paliativo". Por isso, para parte da esquerda, o bom virou contrário do ótimo, como diz Richard Rorty.

Nossa esquerda, e me refiro especialmente ao PT, foi construída nas bordas do marxismo. Esse legado fez com que nos comportássemos (os petistas) de modo um tanto quanto messiânico e fanático, tratando nossos adversários como inimigos. Eu mesmo me penitencio por certa intransigência na minha adolescência, quando ajudei a fortalecer a idéia do PT como grande salvação do mundo.

É exatamente essa a tendência que faz com que surjam casos com o do "Dossiê". Há pessoas dentro do partido que ainda o tem como salvação da humanidade, e recorrem a quaisquer meios para implementar sua "revolução" (leia-se: um projeto de poder). Essas pessoas, fascistas que não sabem que são fascistas (ou sabem), ainda vivem sob o espectro do bem e do mal, e, por isso, para destruir a oposição, recorrem a esses expedientes sórdidos.

É óbvio que, se o caso fosse invertido [Dossiê contra Lula comprado pelo PSDB], a cobertura estaria muito mais focada na conteúdo que na compra. Mas isso é secundário.

É preciso que nos demos conta de que o PT não é salvação de nada; é apenas mais um partido na democracia. Com essa dimensão, podemos reconstruir a esquerda brasileira, a partir de um liberalismo reformista que valoriza instituições acima de pessoas e privilegia o acordo político com pessoas decentes -- como José Serra. Embora eu tenha severas discordâncias com o tucano, que tem propostas bastante conservadoras, para quem não sabe, não é um corrupto e é alguém que toparia fazer acordos em prol do Brasil.

No entanto, os protofascistas do interior do PT prefiriram optar pela sabotagem política. Com isso, inviabilizaram um diálogo que seria produtivo ao país, provavelmente, com base na sua visão salvacionista.

Exatamente por coerência a tudo que estou dizendo, e também por acreditar que o Muro de Berlim derrubou a Revolução, mas não a diferença entre Esquerda e Direita, é que mantenho meu apoio ao Governo Lula.
Queira ou não, cabeças estão caindo, e aos poucos o PT vai se "limpando" da influência desses grupos. Exatamente por ser apenas um partido -- e só -- é que não posso condenar como se fosse um pecado mortal, pois não é composto de anjos: há picaretas, corruptos e fascistas, também. Ou seja: é por ser "demasiado humano" que o PT também erra, e o erro não pode ser mais razão para o abandono, mas sim a desconstrução da palavra "esperança". A esperança, que antes era uma esperança bolchevique, da construção do Reino dos Anjos, agora é uma esperança "fraca", institucional, equivalente ao voto dos americanos no Partido Democrata ou dos franceses no Partido Socialista. Uma esperança menos messiânica e mais pragmática. Com isso, quero dizer que não vou fazer parte da comunidade: "Eu achava que o PT era perfeito", e por isso votar, por exemplo, na Heloísa Helena, atrás dos puros.

Ainda por coerência, não posso deixar de votar no Lula exatamente pelo seu Governo representar o reformismo, em contraposição ao radicalismo de setores do PT. Se não acredita mais em utopias salvacionistas, se quero tratar o PT apenas como mais um -- entre outros -- partidos, o Governo Lula representa um caminho razoável a ser seguido, um caminho de reformismo social com realismo econômico. É a minha "esperança fraca" que faz com que vote em Lula, apesar do protofascismo de parcelas do PT, que vão perdendo força. Pode ser que, no final, não sobre ninguém. Isso será ruim?

Aos poucos, creio eu, o legado do Muro de Berlim vai sendo abandonado, e daqui a algumas gerações teremos uma nova esquerda, sem Revolução e fascismo, mas institucional e reformista. O "esvaziamento" do PT pode ser, nesse sentido, a sua refundação. Para melhor.

sábado, setembro 16, 2006

Seria....
Seria necessário que as palavras tivessem mais força.
Que recolocassem os corpos, que transcendessem o sentido. Seria necessário uma palavra verdadeiramente explosiva.
Seria preciso que cada pequeno movimento no texto, cada brecha de modificação, destruísse a unidade do texto, profundamente enraizado enquanto corporalidade.
Seria desejável que também fluísse sangue no interior das palavras, que elas fossem sustentadas por ossos.
Seria imperativo que o vocabulário fosse mais que uma contingência; ele precisaria existir, enquanto Outro. Sem transparência; repleto de gordura, massa encefálica e coração.
Mas, como nada disso é verdade, fico com o silêncio, que é mais sábio e antigo.

quarta-feira, setembro 13, 2006

Guillemots
Diz aí: será que, em plena consciência ou fora dela, é possível que alguém não goste de "Trains to Brazil"?

Trains To Brazil - Guillemots

Futebol em Bloco
Acompanho com interesse a carreira de José Mourinho, o segundo melhor técnico do mundo em atividade. É um pragmático, seu sonho nunca foi futebol bonito, mas sim a compactação total do time. Quando chegou ao Chelsea, deu-se conta que a Premierleague é decidida numa quantidade incrível de vitórias, pois o desequilíbrio técnico é enorme. Assim, não adiantava nada criar um time que não fosse agressivo, e ganhasse todos os jogos. Montou um poderoso 4-3-3, com o veloz Duff e o arisco Robben nas pontas, e deu liberdade para Cole e Lampard irem à frente. Era o time de contra-ataque mortal.
Ano passado, o time passou por uma transformação: Duff foi sacado e, em seu lugar, entrou Essien, passando Cole para a ponta direita. A idéia de Mourinho era fazer um bloco sólido no meio campo, arrastando o adversário para o seu campo, com duas muralhas -- Makelele e Essien.
Esse ano, o time se transforma novamente: uma linha de 4 meio-campistas, em linha, que sobem e marcam simultaneamente, em bloco: [da direita p/ esquerda] Essien, Lampard, Makelele e Ballack. Sacou os pontas e apostou em um ataque com Shevchenko e Drogba. No jogo contra o Werder Bremen, vi o poderio de um time que tem uma muralha quase inultrapassável no meio campo, bloqueando as jogadas do adversários e chegando com vários jogadores. Vamos ver onde vai dar o sonho da compactação de Mourinho.
Ainda sobre o post anterior
Quem acompanha a política nacional tem dúvida que FHC quis atingir Aécio, fortalecendo Serra, com a carta "contra" Alckmin? O incrível pode de fato acontecer: a criação de um novo bloco político no país, dependendo de como Lula se posicionar após a eleição.
Yeda
Além de incompetente, Yeda confirma sua fama de maluca e autoritária no primeiro revés da sua campanha: ao não pagar sua equipe de publicidade, ela se indignou com a imprensa e disse que "isso não é notícia".
Depois é o PT que quer controlar os jornalistas...
Delícia
Não conhecia o Slowdive, banda absurdamente sensacional dos "shoegazers", e sua espetacular "Alison". Que música, meus caros. Que música. Ouçam, ouçam, ouçam.


Trilha sonora do post: Slowdive, "Alison".

sábado, setembro 09, 2006

Terceira Via ou Golpismo?


A Agência Reuters anuncia que Lula planeja criar um novo partido, alinhavando forças políticas do PT, PSDB e PMDB. Seu principal aliado seria Aécio Neves, candidato com 70% de aprovação em MG que dificilmente conseguirá bater José Serra como sucessor à Presidência em 2010.

A interpretação disso pode passar por dois matizes. O primeiro é uma leitura de golpismo getulista por parte de Lula, que, não tendo base congressual, organiza um pseudopartido para ganhar força no Parlamento.

Mas também é possível outra interpretação. Há uma forte dissonância, na realidade, entre o "lulismo" e o "petismo", na atualidade. Enquanto o PT continua com o discurso "socialista democrático", Lula se encaminha muito mais para a via social-democrata, com claro ímpeto reformista. Figuras como Miguel Rosseto, Tarso Genro e Olívio Dutra representam muito mais a "cara" do PT do que quem verdadeiramente manda -- José Dirceu, Palocci, Pimentel e Lula, do "Campo Majoritário".

A cisão é muito mais profunda do que, propriamente, parece. Não há apenas uma briga interna do partido, em que campos distintos -- de Raul Pont a Aloisio Mercadante -- disputariam a hegemonia. Na realidade, é a própria feição do partido que está em jogo. De um lado, temos uma tendência de esquerda mais "radical", com viés marxista; de outro, uma esquerda "liberal", com viés mais reformista. A fatia marxista já deixou em parte o PT, inclusive, para criar o PSOL.

A criação de um partido novo, na realidade, estaria a refletir uma tendência de centro com inclinação para a esquerda, tendência que inclui setores do PSDB, PMDB, PT e até alguns do PDT (Jefferson Peres e Cristovam Buarque são exemplos). Essas forças congregadas formariam um aglomerado ideológico visando à "concertação", um acordo com acento político-econômico moderado e reformas estruturais, especialmente na área social.

Isso é bom? Pode até ser. Realmente, está faltando uma base clara para apoiar o reformismo atual do Governo, que não encontrou sequer na base petista apoio incondicional, exatamente pela cisão que falei. Foi "preciso", por isso, comprar votos do Congresso, sustentando uma base fisiológica sem ideologia alguma, composta por simples aproveitadores, especialmente do PL, PP e PTB. Essa aglutinação de setores do PSDB, PT e PMDB pode até dar bons resultados, sustentando a idéia de defendi, desde que explodiu o escândalo dos mensaleiros, de que a melhor solução para o Brasil, embora seja a mais distante dos fatos, é a coligação PT-PSDB, jogando o "atraso" para o escanteio. Essa idéia pode se concretizar nessa terceira força alternativa, criada a partir do fato político real de que Lula é diferente do PT e Aécio dificilmente teria respaldo no PSDB.

No entanto, é preciso ter cautela. A iniciativa pode, muito bem, ser um mero golpe getulista de Lula, sim, e congregar as forças podres do PMDB, como Jader Barbalho e Ney Suassuna, formando mais um aparelho fisiológico de controle do Congresso.

Lula precisa desfazer a imagem que formou no eleitorado político esclarecido: a de um político que, por meio de José Dirceu, buscou comprar o Congresso Nacional mediante adesão de Deputados fisiologistas [ainda que eu não tenha me convencido de que houve mais do que "caixa 02", o que, por si só, já é grave suficiente], tentando implodir as bases da democracia em nome de um projeto de poder.

O "novo Partido", assim, pode até ser uma boa idéia, se realmente tiver a intenção de agregar setores de uma "esquerda liberal", reformista, que atua fora dos princípios marxistas e lida com a globalização como fato consumado, congregando gente como Cristovam Buarque, Jefferson Peres, Pedro Simon, Aécio Neves, Rigotto, Luiz Eduardo Soares, Mangabeira Unger e outros. No entanto, deve-se ter um pé atrás: podemos estar simplesmente diante de golpismo escancarado.

Antes do PT e de Lula, estou com a democracia.




Trilha sonora do post: The Stills, "Lola Stars and Stripes".

domingo, setembro 03, 2006

SÓ NO SAPATINHO

2006, até agora, é o ano dos "segundos discos". Bandas esperadíssimas como Yeah Yeah Yeahs, Kasabian, The Stills e Keane já largaram seu novo na praça. E ainda vêm aí The Killers e Jet, outros de sensacional debut.
Mas, de todas as bandas dos anos 2000, nenhuma é superior, em embalo e pista, ao The Rapture. "Echoes" foi o melhor disco de combinação de rock, electro e podreira de garagem, basta conferir as pauladas na mente "Syster Saviour" e "House of Jealous Lovers". Nem mesmo Franz, LCD Soundsystem, Ladytron ou Arctic Monkeys batem, no quesito dança, o Rapture.
A novidade é que, nesse exato instante, a janela do Rapidshare indica que estou baixando o segundo álbum dos caras, e a expectativa é grande.
De aperitivo, o clipe retrô do primeiro single.

The Rapture-Get Myself Into It