Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Coisas que vêm ocorrendo na minha vida recente

Porcos fosforescentes para ricos imortais.
Andróides rosas para pittbulls dourados.
Macacos marrons para leões tristes.
Violência verde-limão para sucos sem açúcar.
Leite moloko da leiteria Korova para coalas adolescentes.
Andróginos repelentes fazendo barulhinhos múltiplos.
Choradeira de um mar sem sal.
A disputa de poder entre o tigre e o leão. Ambos tigres.
A formiga chuta a borboleta.
Os ratos continuam sujos.
Aderência insofismável de tudo que é mais patético.
Patrulhas softs e hards.
Cu sem orifício.
Drogas milenares.
A vanguarda morreu. Nós somos a vanguarda.
Um dia caímos. Outro caíamos. Outro cairemos.
Bombas de nitrogênio em tecidos nervosos.
Colares magnéticos.
Sujagem cerebral.
Morticínio.
Genocídio.
Cara de bode feio e guri da Mad.
Células adiposas ultrapassando os limites do cinto.
Mcshit.
Conversas fedorentas.
Pessoas modorrentas.
Bichos incolores.
Bichos inodoros.
Selvageria. Palavras que são tão úteis quanto a língua do tamanduá.
Google.
Ornitorrincos chineses tomando xá de ópio.
Pandas mal-humorados.
Cigarras mal-comidas. Mal-formigas. Mal-criadas.
Pensando bem, talvez não fossem cigarras.
Formigas mal-formigas, mal-fornicadas e mal-queridas.
Chinelinhos de dedo no serviço público.
Carinhas fascinantes de imbecilóides arecebradas.
Doenças mal-tratadas, repetição de vícios imbatíveis, dor-de-cabença-que-não-pensa.
Um peido.



FALTAM SÓ TRÊS DIAS PARA AS MINHAS FÉRIAS!


Trilha sonora do post: The Rapture, "Sister Saviour".

terça-feira, janeiro 24, 2006

E da podridão só coisa podre pode vir
Pra quem já perdeu esperanças no Governo Lula, resta lembrar que José Serra, o tucano que quer a Presidência, deixa na Prefeitura de São Paulo Gilberto Kassab, político fisiologista do PFL com envolvimento na gestão Pitta e suspeita de enriquecimento ilícito.
Para lembrar realmente qual é a pior das corjas nacionais.

Equívoco esquerdista
Aqueles que desenham alternativas macroeconômicas para o Brasil com desenvolvimento produtivo, trabalhismo, etc., como Mangabeira Unger, estão se negando a enxergar um palmo a sua frente. O capitalismo industrial morreu há algum tempo: vivemos o capitalismo financeiro e é com ele que temos que lidar. Não enxergar os efeitos da globalização irá levar todos os governos de esquerda a fracassarem.
Por isso, mais do que crescimento com empregos, o que precisamos é educação, integração comercial e transferência de renda. Nesse ponto, o Governo vem acertando, embora a área da educação ainda seja precária.

América vs. Brasil
Acho engraçado esses comunistas que falam mal dos EUA como se fossem a própria imagem do Satã.
Comparando a cultura liberal, democrática, plural e integracionista dos EUA com a clientelista, burocrática, neofascista, paternalista, corporativa e autoritária do Brasil, eles poderiam ver que estamos bem atrás dos caras da América do Norte. É verdade que existem conservadores terríveis, puritanismo ridículo, governantes sangüinários e corporações ladras nos EUA: no entanto, não cometeríamos o erro de dizer que todo brasileiro é como Severino Cavalcanti, Mão Santa, Paulo Maluf, o carinha da ENCOL ou Carlos Sperotto.

Porto Alegre é um Ovo
Porto Alegre é uma província. E, no entanto, os gaúchos acham que é a melhor coisa do mundo. Normal. Quando falamos com alguém do interiorzão, essa pessoa normalmente manifesta vontade de voltar para a "tranqüilidade" da sua cidade natal. É a mesma coisa.
Por outro lado, acho lamentável o estado atual da cultura gaúcha: um rancho neoconservador, repressivo, podre, egoísta e moralista-de-calça-curta. Quem lê o mínimo de Zero Hora, nossa principal jornal, conhece os médicos, jornalistas, juristas e outros que alimentam esse senso comum classe média lastimável, que nos fez ter a vergonha de ostentar a maior votação contra o desarmamento no país. E com orgulho. Argh.

Emergência fabricada
É lastimável que Lula esteja apelando para esquemas eleitoreiros de quinta categoria, como essa tal "operação tapa-buraco". É evidente que a "emergência" para tapar os buracos nas estradas é apenas "emergência fabricada", pois eles estão aí há horas e nada se fez. Desse saldo de burla à Lei de Licitações devem sair novos Marcos Valérios e Dudas Mendonças.

Ninguém tem o olho de Deus
Não me considero mais um defensor unilateral do PT, embora minha tendência seja votar em todos os seus candidatos, ressalvada alguma figura espetacular que possa surgir, o que, no quadro atual, é bastante improvável. O que eu não aceito é se colocar em uma posição quase-anarquista, alheia à política como se ela não fosse necessária para se construir esse país. É preciso se posicionar em algum lugar, porque ninguém tem o olho de Deus para enxergar acima das perspectivas. O que existe é, tão-somente, um choque de perspectivas. Até porque nem o anarquismo é uma boa alternativa.
Da minha parte, tenho sustentado que, apesar dos pesares, a melhor alternativa para a política brasileira seria uma aliança estilo "Concertação" do PT com PSDB, construindo um programa de centro-esquerda liberal que, inevitavelmente, iria cooptar o PMDB e, com isso, seriam isolados os partidos de extrema direita (PP, PFL) e fisiológicos (PTB, PL) - vulgo "atraso". As próprias bandeiras defendidas por esses governos, como austeridade fiscal, equilíbrio econômico, políticas sociais compensatórias e de transferência de renda, com um reforço nas áreas de educação e saúde, combinadas com a política internacional agressiva que vem sendo feita, poderiam desenhar um quadro político mais alentador no nosso país.
No entanto, estamos submetidos aos humores das "damas" de São Paulo.

Quando as máscaras caem
Delúbio, Marcos Valério, Duda Mendonça e Silvinho Pereira trouxeram uma boa lição a nós, petistas. Devemos parar de encarar a política como se fosse futebol e a defender nosso "time" de tudo e todos. Existem certas condutas que são injustificáveis e defendê-las não irá contribuir em nada para o PT crescer, mas exatamente o oposto. Fundos de pensão, fraude em licitações, superfaturamento de contas, uso de verbas públicas do BB, "mensalão" - tudo isso é indefensável e os petistas fazem bem em fazer mea culpa. Quando a questão desborda para o fanatismo, o que temos não é democracia, mas fascismo.
A filósofa política Chantal Mouffe, belga, definiu que a essência da democracia é a relação institucionalizada de conflito com o "adversário", transformando a noção de "inimigo" do nazista Carl Schmitt. A democracia é um constante embate, mas é preciso que estejamos sempre cientes que não lidamos com "inimigos", mas com "adversários", sob pena de desemborcamos no fanatismo, onde tudo é justificável. Quando os fins justificam os meios, as piores tragédias da humanidade costumam aparecer.

By the way
A alternativa "PT-PSDB" não foi inventada por mim. O ministro Palocci e alguns outros defendiam essa alternativa, que foi imediatamente rechaçada pelo stalinista Dirceu, certamente na esperança de que o PT enterraria todos os seus adversários e governaria o país por muito tempo, nos moldes do PRI (México).

PT-Rolim, PT-Rolim
Se eu pudesse escolher um político para servir de modelo ao PT, escolheria Marcos Rolim. Ninguém está tão por dentro dos assuntos fundamentais para o país, entre eles o respeito aos direitos humanos, que, ao final, abrange tudo.
O idealismo de Rolim, as bandeiras corretas que defende, o seu desprendimento do Pensamento (coisa que Tarso Genro ainda não conseguiu se livrar, que o diga seu último texto sobre socialismo e democracia), sua honestidade, tudo isso faz com que ele me pareça o verdadeiro e bom PT. Mais Rolims, menos Genoínos, Delúbios e Rossetos.

A primeira reforma
Se um dia essa aliança for concretizada, poderemos ter a primeira medida necessária para que o Brasil efetivamente saiba usar o dinheiro dos nossos impostos: reforma administrativa. Eu não quero dizer, com isso, que tenhamos que mudar a Constituição ou coisa do gênero: o Governo precisa, simplesmente, fazer a máquina funcionar. Demitir aspones, extinguir órgãos desnecessários, diminuir o seu tamanho e remunerar melhor quem ficar. Além de investir em fiscalização.
Sem uma máquina pública que funcione mais azeitada, sem tantos vagabundos-veteranos e figurinhas do partido empregados em cargos sem função alguma, poderíamos ver a cor do nosso dinheiro que paga impostos. O Ministério Público daqui do RS, por sinal, teve uma idéia interessante: fazer avaliações anuais da eficiência do servidor. Nada mais justo. Entretanto, é provável que o lobby corporativo prevaleça e a iniciativa seja afundada, em prol da uma estabilidade que mascara a proteção de vagabundos, ao contrário do seu verdadeiro teor, que é o de garantir ao servidor que não será demitido por pressão política ou redução de despesas.
Sem isso, nada vai funcionar.

Cotas
Existe um argumento muito relevante contra as cotas. Ele é de Paulo Ghiraldelli Jr. Diz Paulo que precisamos de mais liberalismo na nossa cultura, que o Brasil é formado por malhas corporativas neofascistas e somente uma liberalização nos tiraria dessa situação. As cotas, como tal, se apresentam como mais uma malha corporativa que só tende a recrudescer a situação atual do país. Concordo com quase tudo.
Mas devemos nos atentar - quando falei de Manderlay, escrevi sobre isso - que as cotas são uma forma de correção inventada pelo próprio liberalismo, ao perceber que tão-somente trabalho e liberdade não são suficientes para libertar o indivíduo das estruturas em que vive. Temos, então, Foucault contra Rorty e, aqui, fico com Foucault.

Inclusão dos gays
Faço várias piadas sobre viadagem e tal por aqui. No entanto, uma coisa tem que ficar clara: sou contra toda e qualquer restrição, jurídica ou moral, que se possa fazer contra um homossexual. Para mim, eles deveriam ter exatamente os mesmos direitos dos hetero, inclusive casar, adotar filhos e receber respaldo nos livros escolares como um união normal.
É com uma certa felicidade, por isso, que vejo o western gay de Ang Lee vencer o Globo de Ouro esse ano. Não sei se verei, reconheço minha limitação e meu preconceito. No entanto, fico feliz porque, aos poucos, vamos rompendo as barreiras dos nossos próprios preconceitos e ignorância, ampliando as fronteiras para os diferentes. Meu único princípio moral é evitar o sofrimento, de quem quer que seja. O acolhimento, a hospitalidade de que fala Jacques Derrida ou o Rosto de Lévinas, é o princípio fundamental da moral, muito além de regras específicas inventadas por paspalhos recalcados. O filme de Ang Lee é um tiro no pé dos machões americanos, visto que é do gênero mais conservador de todos, o western. Aos poucos, eles (gays) vão ganhando a batalha. Ainda bem.

E, claro, sobre música
Enquanto escrevo essas linhas, ouço os discos "The Software Slump", do magnífico Grandaddy, e "Out of Season", da linda-linda-linda Beth Gibbons. A beleza dela, é claro, emana de dentro, do seu estado de espírito, do seu talento, da sua espontaneidade.
O Grandaddy, até "Sumday" (2003), usava micro-efeitos robotizados que serviam de pano de fundo para baladões acústicos, parecendo, mesmo, uma espécie de encontro homem-máquina semelhante ao Radiohead. Beth Gibbons, a lendária vocalista do Portishead [entrem no site, bacana], deixou um grande disco solo em 2003, sem as pirotecnias jazz-triphop-clássico-rock-músicadecabaré da banda de origem, mas cheio da sua magia vocal, da sua emoção ao cantar, da sua voz incrível, do seu ar depressivo e definitivo. "Funny time of year", por si só, já vale o disco. Até deu vontade de acender um cigarro.

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Quando o negócio se torna inexplicável
Como é que eu vou explicar para as pessoas por que gosto das microfonias do Sonic Youth, das paredes de guitarras do My Bloody Valentine, das aventuras rítmicas do Mogwai ou dos riffs estridentes do Raveonettes, se o negócio exige uma "adaptação" do ouvido? Só muito treino permite apreciar essas belezas quase "proibidas". Como um ilha deserta escondida, acessível para poucos.
Nos últimos tempos, as duas bandas mais esquisitas que escutei foram o Wolf Eyes, uma espécie de mostruosidade barulhística, muito mais pesada que Trash Metal sem usar qualquer um dos seus recursos (guitarras pesadas, uivos, solos, bateria alta); e o Liars, uma versão mais suja, livre e pesada do The Rapture, mezzo dançante, mezzo pauleira-suja-garageira.
Trilha sonora do post: Flaming Lips, "Placebo headwound".

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Poetas

Peço licença aos meus leitores para reproduzir algumas músicas afudê que tem a ver com o meu momento atual.

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Bright Eyes, "We are nowhere and it's now".

If you hate the taste of wine
Why do you drink it till you're blind?
And if you swear that there's no truth and who cares
How come you say it like you're right?
Why are you scared to dream of God
When it's salvation that you want?
You see stars that clear have been dead for years
But the idea just lives on...

In our wheels that roll around
As we move over the ground
And all day it seems we've been in between
A past and future town

We are nowhere and it's now
We are nowhere and it's now

In like a ten minute dream in the passenger's seat
While the world was flying by
I haven't been gone very long
But it feels like a life time

I've been sleeping so strange at night
Side effects they don't advertise
I've been sleeping so strange
With a head full of pesticide

I've got no plans in too much time
I feel too restless to unwind
I'm always lost in thought as I walk a block
To my favorite neon sign

Where the waitress looks concerned
But she never says a word
Just turns the juke box on and we hum along
And I smile back at her

And my friend comes after work
When the features start to blur
She says these bars are filled with things that kill
By now you probably should have learned

Did you forget that yellow bird?
How could you forget your yellow bird?
She took a small silver wreath and pinned it onto me
She said this one will bring you love
And I don't know if it's true
But I keep it for good luck

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Wolf Parade, "This heart is on fire".

Sometimes they rock and roll
Sometimes they stay at home and it's just fine
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire

I am my mother's hen
and left the body in the bed all day
We don't know what to do
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire

A thousand made-up loves
What makes the sound of surf once you know you're alive?
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire

It's getting better all the time
It's getting better all the time
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire

And you're my favourite thing
tell it everywhere I go
I don't know what to do
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire

Sometimes they rock and roll
I'd rather stay at home in real life
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire

It's getting better all the time
It's getting better all the time
It's getting better all the time
It's getting better all the time
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire
This heart's on fire

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The Walkmen, "The Rat".

You've got a nerve to be asking a favor
You've got a nerve to be calling my number
I know we've been through this before
Can't you hear me, I'm calling out your name?
Can't you see me, I'm pounding on your door?

You've got a nerve to be asking a favor
You've got a nerve to be calling my number
Can't you hear me, I'm bleeding on the wall?
Can't you see me, I'm pounding on your door?

Can't you hear me when I'm calling out your name?

When I used to go out, I would know everyone that I saw
Now I go out alone if I go out at all

When I used to go out I'd know everyone I saw
Now I go out alone if I go out at all

When I used to go out I'd know everyone I saw
Now I go out alone if I go out at all

You've got a nerve to be asking a favor
You've got a nerve to be calling my number
I'm sure we've been through this before
Can't you hear me, I'm beating on your wall?
Cant you see me, I'm pounding on your door?

domingo, janeiro 15, 2006

Cicatrizes espirituais


Eu leio a crônica de Nick Hornby sobre o Teenage Fanclub e sua intensa felicidade e penso: Hornby fala que nos tornamos amargos no fim da vida. Como me tornar mais amargo ainda?
Minha amargura, na verdade, é o espelho da desilusão absoluta com o mundo. Tudo perdeu sentido. É insosso, anódino, impotente.
O que podemos buscar nessa vida?
Sucesso profissional? Um monte de baba-ovos repetindo tuas frases, puxação de saco e seda rasgada por pessoas falsas que, no fundo, querem apenas progredir na própria carreira? Entrar em grupelhos de narcisistas e escrever o que eles querem ler para poder entrar no seu clubinho? Se entupir até o cu de poder e depois virar um palhaço arrogante desconectado do mundo?
Não.
Amor? Ficar esperando a vida inteira por uma pessoa que corresponda ao que tu quer e depois achar que perdeu todo tempo? Sair à cata de patricinhas com implantes de silicone para ouvir um hip hop e ir no shopping Iguatemi? Queira ou não, um dia você enjoará da cara dela e vocês não transarão mais. E então o círculo vicioso começa a funcionar.
Não.
Família? Já falei aqui sobre como nos impõem a necessidade de reproduzir? Por que reproduzir? "Presentear" uma criança com esse mundo cão, repleto de gente egoísta, miserável e burra? Presente de grego.
Amigos? São um alívio, mas não justificam o peso da existência.
Política? Olha o PT.
Música? Não justifica.
Hedonismo? Um monte de drogas espalhadas pela casa, garrafas de whisky vazia, camisinhas no lixo do baheiro e rock'n'roll tocando na vitrola? Ilusão. Uma espécie de anestésico contra o mundo real, que não funciona. Carros novos? Pfff. Prostitutas ambulantes? Fake.
A realidade é isso - fake plastic trees.


A pergunta é: por que existir? De novo eu me pergunto isso. Acho o suicídio uma coisa tanto quanto desprezível, mas poderia simplesmente não ter nascido e compartilhado da decepção. Preferia assim.
Não tenho vontade de prosseguir, e ainda por cima agora eu ganhei uma nova cicatriz.
Não aquela que tenho no lado direito da face, mas uma bem mais profunda e dolorida. Um buraco existe na minha existência.
Que sensação desagradável! A tristeza parece corroer aos poucos o meu corpo, como se estivesse adentrando aos poucos na corrente sanguínea. Estou parecendo aqueles discos como "4" ou "A Ghost is born" ou "Ok Computer". Esses universos de constante melancolia.

Sinto falta Dela. Muita falta.
Esse vão não é um buraco negro. Na verdade, é uma britadeira corrosiva.

Trilha sonora do post: My Morning Jacket, "Anytime".

sexta-feira, janeiro 13, 2006

Viver a 40ºC
Viver o inferno como estamos vivendo? Inferno LITERAL, com esse calor que está nos fritando.
Odeio calor, embora goste de bundinhas femininas em shortinhos minúsculos e barriguinha de fora [de preferência, com piercing no umbiguinho]. Mas odeio calor. E calor em Porto Alegre é a pior coisa que pode existir. Um forno.
A Corja again
Alckmim quer aliança com o Pefelê. Que novidade! Será que essa imprensa não tem nada melhor para noticiar? Essa gente podre quer voltar para o poder logo.

Golpismo sim
Curioso. Quando FHC nomeava os ministros, inclusive Nelson Jobim, de carreira política, ninguém falava nada. Agora, porque é o PT, se trata de "aparelhamento". Essas coisas são mesmo patéticas na política brasileira. Os pefelês reclamam e a imprensa ainda dá respaldo! Enquanto existir essa pessoalização, dizem que agora a emenda vai tramitar, nunca cresceremos enquanto democracia, porque nunca teremos vigor institucional.
Mas será que é democracia que o PFL quer? Democracia quando convém, eles querem é continuar donos do poder, roubando e exercendo seus mandatos putrefatos. Nojo.

Eu odeio
EU ODEIO EU ODEIO EU ODEIO EU ODEIO EU ODEIO EU ODEIO. Ultimamente essa é a frase que eu mais repito.

Um craque nascendo
Depois de ler sobre a estréia do Grêmio, começo a apostar que teremos o nosso próprio Mascherano no Olímpico. Lucas, quando o vi jogar, parece um volante completo e dos clássicos: marcação leal, ocupação de espaços e bom passe. Talvez, sem nem esperarmos muito, estejamos diante de um craque se formando no Grêmio. Sobre Ramon eu não falo, pois ainda não o vi atuar.

A surpresa
A contratação de Lothar Matthäus, um grande craque do meio campo, pelo Atlético-PR é a surpresa dessa temporada. Mas a vejo com pessimismo. É provável que o ritmo no Brasil, os costumes, temperatura, o estilo do futebol, o fluxo dos treinamentos, tudo isso vá contra o alemão. Afinal, nenhum povo difere tanto do brasileiro quanto o alemão. Consistência tática, disciplina, espírito de equipe, raça e perseverança são características do sereno futebol germânico, bem distintas da técnica, habilidade, individualidade, criatividade e lentidão do futebol brasileiro. Até torço para Matthäus, que foi um ídolo durante a infância. Mas tenho muito ceticismo em relação ao seu sucesso por aqui.

Por sinal, Matthäus, só por curiosidade, fez um excelente trabalho no Partizan Belgrado, equipe sem nenhuma tradição que, derrubando um time tradicional do futebol europeu (não me lembro qual), se qualificou para a Copa dos Campeões, onde fez campanha até razoável (quase empatou com o Madrid, p. ex.). Promissor.

Lentidão
Vocês já notaram como são incrivelmente LENTOS os jogos no Brasil? Quem gosta de futebol europeu, como eu, nota muita diferença.

As verdadeiras amigas
Sex and the City é daqueles seriados que dão raiva. Como é que algo tão voltado para as idiossincrasias femininas pode ser tão legal? Os homens, na série, são meros objetos, tramas em que as personagens vão se metendo. O universo é totalmente feminino. O Multishow chegou a colocar um contraponto: programa em que dois magrões só falavam bobagem, tomavam cerveja e peitos havia por todo lado. Quantas diferenças para as angústias, dificuldades, manias, perfeccionismo, romantismo, excentricidades que possui o ser feminino. Um bicho distinto, cheio de coisas próprias.
Pois esses dias eu via o tal Sex and The City e Carrie - uma mina chata, feia, cheia de manias e dúvidas -, tinha um "amigo" para quem ela ligava quando precisava transar. Era simples. Ela ligava, dizia que queria jantar. Ele chegava, cumprimentava e, em segundos, já estavam no rala-e-rola. A pergunta é: por que eu não tenho uma amiga dessas?

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Trilha sonora do post: Sigur Rós, "Glósóli".

segunda-feira, janeiro 09, 2006

Influências
É impressionante como certas pessoas entram na nossa vida e nos mudam. Não vou citar nomes, mas estava fazendo uma retrospectiva dos últimos tempos e vendo como cada amigo meu mudou meus costumes, hábitos, gostos. Hoje em dia sou uma pessoa bem distinta do que era há seis, sete anos atrás. Minha histórias sobre a adolescência, por isso, são descontínuas: começam, tropeçam, ficam estagnadas e depois, já na convivência com os malucos que eu convivo, explodem.
Um pouco de humildade nos faria melhor. Que tal admitir a influência das pessoas sobre nós mesmos? Que tal admitirmos que a nossa "personalidade" ou o nosso "eu" não se faz como um conjunto de decisões racionais que vão se somando em linha reta, mas sim como um zigue-zague que vai sugando o ambiente e se moldando a ele? Eu estou numa boa, com meus amigos loucos.

Mais indie ainda
Confesso que ainda estou me adaptando ao Wolf Parade, mas a audição vai melhorando aos poucos. Realmente, existe um certo parentesco com o Arcade Fire - a complexidade instrumental e um certo caráter épico-nostálgico - vai levando as músicas. Pode até ser mesmo a tal cruza entre Modest Mouse e Arcade. Ou, simplesmente, um Arcade mais indie.

Elas
Eu tenho amores novos e antigos. Tem certas mulheres que, na real, me devastam, desequilibram. Como câncers que vão tomando conta do meu organismo, basta ouvir suas vozes, ou coisas bem mais sutis para sentir meu precário equilíbrio naufragar. Sou fraco, admito. Tão fraco quanto sou para a bebida, sou para agüentar o feminino. Me embriago fácil.
Eu só queria mesmo ser menos intenso.

Terceira via
Rigotto quer Serra e Lula candidatos e tem razão. Uma disputa como essa tendo a ser uma carnicifina sem fim. Os dois irão definhar. Nesse cenário, cresce a probabilidade de se desenhar uma terceira via. Rigotto já fez isso aqui no RS e quer fazer de novo. Antes ele que Garotinho, mas com pêsames, porque seria quatro anos de Governo Federal engessado, vaselina, sem rumo. Daqueles que não dá para bater por não fazer nada. Por isso, eu bato na omissão.

Madrid de Lopez Caro
Quantos enganos! O Madrid de Lopez Caro, que vi jogar contra o Villareal de domingo, está um pouco mais compacto, mas é questão de tempo até desandar. Sem consistência, com Júlio Baptista e Robinho inseguros, dificilmente o Madrid progredirá. A saída de Ronaldo para entrada de Cicinho foi um sintoma de desorientação tática, deixando Cicinho preso na ponta, como se fosse um Figo - o que ele não é -, e o time sem referência. Entretanto, Cicinho já mostrou capacidade e habilidade e, salvo lobbys espanhóis, deverá conquistar naturalmente a posição de Salgado. Roberto Carlos, por outro lado, é pura decepção: parece que a idade finalmente pesou e, agora, perdeu totalmente a embocadura (seu forte, afinal).
A essas alturas, o melhor a fazer é recolocar Gravesen no time, Cicinho na lateral, manter a dupla Ramos-Woodgate, Roberto na esquerda (com todos os seus problemas), Beckham na meia direita e Baptista na esquerda, Zidane encostado nos atacantes e Robinho, na esquerda, com Soldado ou Cassano na frente.
Aliás, um dos grandes problemas do Madrid nessa temporada foi que Luxa quis montar o mesmo esquema que foi vitorioso no Cruzeiro, com um losango no meio, e Baptista não correspondeu no lado esquerdo. Acabou alternando a posição com Zizou. Acho que isso deveria ser tentado um pouco mais. Do contrário, deve ceder lugar a Guti. Imperioso, contudo, que Zidane jogue encostado nos atacantes, e não como meia esquerda, para o qual não tem mais preparo.

Goldfrapp, "Supernature" (2005).
Quando eu ouvi pela primeira vez o GOLDFRAPP, foi fruto de uma pesquisa intensa em torno de bandas que tocassem trip hop - o gênero inventado na década de 90 por bandas impecáveis como Massive Attack e Portishead. O som era denso, difícil, experimental e triste [tá aqui o link para conferires]. Mais difícil, inclusive, que as duas bandas citadas.
As sucessivas ouvidas de "Supernature", álbum lançado em 2005, me colocam sempre em estado de estupefação. O que aconteceu? Aquela banda de repente começou a tocar uma proto-dance-music, certas vezes até aproximando-se de coisas como Madonna, Daft Punk ou New Order. Muito estranho! A transmutação do som, inchando de teclados eletrônicos e transformando o antes vocal estilo Beth Gibbons em pop dançante fez com que os mp3 tenham sido dirigidos ao local devido: lixo.
Jonny Greenwood
Impressionante o trabalho solo de Jonny, que eu não conhecia. Na verdade, o disco é de um experimentalismo exacerbado, passeando por vários estilos musicais dentro de uma atmosfera instrumental tensa, agonizante, triste e cinzenta. O mestre da guitarra do Radiohead prova que Kid A não foi obra exclusiva de Thom Yorke. Na verdade, esse multi-instrumentalista deixa claro que compartilhou da mesma loucura do tipo "fazemos músicas para robôs" ou algo do gênero. Flerta com eletrônico, free jazz, trip hop, Björk, percussões descontroladas e Mogwai [pós-rock].
Simplesmente belo.


Image Hosted by ImageShack.us Muito além dos riff mais plagiados da música atual

Pitty

Vi o clipe na Pitty novo e, não bastasse a idiotice das imagens, a música ainda é ruim. É verdade que emular Queens of the Stone Age - como é EVIDENTE que acontece --- é uma coisa bacana. O que realmente incomoda é o vocal da baiana, que é ruim que dói. Olha que eu até gostava de algumas músicas do primeiro disco: esse single, no entanto, é pra matar. Vale pelo instrumental. Mas... tipo... não é exatamente ela a banda?

Trilha sonora do post: Tortoise, "TNT".

Política: esse enigma
Quando achamos que todas as cartas estão dadas e o jogo está claro, sempre aparece alguma coisa que, de certa forma, desmonta o nosso castelo de cartas. A política é muito mais que uma questão de certo e errado: é um constante equilíbrio e reequilíbrio de forças, especialmente em uma democracia, quando ela realmente tem espaço para funcionar. Radicalizar de um lado, por exemplo, pode gerar tanto a radicalização oposta quanto uma aproximação, por meio de concessões.
Nesse contexto, é paradoxal a provável morte de Ariel Sharon, que se aproxima. Sharon é um dos políticos mais abomináveis da atualidade, um militar sangüinário que foi eleito pelos judeus ortodoxos para fazer o "serviço sujo" na Palestina. Compartilhou dos piores ideais, foi aliado fiel de Bush e patrocinou inúmeras chacinas de "retaliação".
Curiosamente, como nada na política é definitivo, as forças hoje estão balanceadas de forma que Sharon, inacreditavelmente, ocupa o centro da política israelense. Forçando a retirada da Faixa de Gaza e com mais planos de desocupação, parecia trazer um certo alento. Hoje, a morte de um dos políticos mais terríveis dos últimos tempos significa, a rigor, um perigo de que piores assumam em seu lugar.

Grêmio
Começo a ficar preocupado. O tempo vai passando e os reforços tardam. Na lateral direita, ficou Alessandro, que não tinha correspondido na temporada passada. Uma espécie de aposta, já que ele, na verdade, jogou pouco. Precisamos de um novo lateral esquerdo. Marcão, ex-Atlético-PR, era o ideal, mas parece mais próximo do Flu. Fabiano, do Palmeiras, deixou de ser contatado. Errado. Falta um meia e um centroavante. Paulo Ramos e Pedro Junior devem ser, sim, apostas, mas apostas, não titulares com quem se conta em todos os jogos. Devem ir entrando aos poucos. Illan seria ótimo reforço; Gilberto, sem palavras. Marcão, Illan e Gilberto, os alvos mais freqüentes no noticiário, são exatamente o que o tricolor precisa. Ou seja, há esperança: até agora, a Direção parece estar se pautando por trazer reforços qualificados.

Polêmica no MinC
Ferreira Gullar reclama da política levada a cabo pelo Ministério da Cultura, que prejudica cineastas mais antigos. O Secretário de Gil responde que o poeta é estalinista. Caetano reclama do MinC: diz que um Ministério não deve reagir assim a críticas. Gil responde: tudo isso é prova do esforço democrático do Governo, ao tentar levar as verbas da cultura para além dos seus clientes freqüentes.
Uma discussão precede isso tudo. Que papel tem um Ministério da Cultura no Brasil? É ridículo ficarmos achando que ele deve ter grande preponderância. Num país em que ainda há inúmeros bolsões de pobreza, dar dinheiro para o Walter Salles parece algo meio distorcido em termos de prioridade. O único Ministério da Cultura que o Brasil deveria sustentar seria algo vinculado ao Ministério da Educação, como parte das políticas públicas de inclusão social. O restante é lobby corporativo (como sempre!) dos cineastas, que não hesitam em sempre culpar "o governo". O "governo" abandonou o cinema e o teatro.
É tudo culpa do governo, seja que governo for. Como se tivesse sido Jefferson, Roosevelt ou Kennedy que fizeram crescer Hollywood ao ponto que chegou. Vão correr atrás da iniciativa privada! Filmes como Cidade de Deus, Cidade Baixa, Central do Brasil, O Homem que copiava e Casa de Areia são credenciais suficientes para um bom patrocínio.
Menos malha corporativa, mais acesso universal (poliarquia), democratização e direcionamento a quem realmente necessita é o que precisa o Brasil.

Democracia - outro paradoxo
Os pontos fortes da democracia são exatamente os mesmos que os seus pontos fracos. A ausência de uniformidade, constância, segurança, planejamento, a constante "desordem", tensão, negociação, desequilíbrio e reequilíbrio de forças são exatamente os mecanismos que fazem ela funcionar bem e mal.
Mal, no sentido de que impede que tenhamos planos a longo prazo, consensos sobre questões importantes, medidas definitivas de solução. Muitas vezes há interesses em jogo. Bem, porque é o melhor regime de governo - limita o poder, evita autoritarismo, permite a fiscalização, a pluralidade, a poliarquia (acesso de todos aos bens públicos) e a tolerância.

A aliança do Diabo --- necessária
Eu já disse aqui várias vezes e vou ter que repetir. PSDB e PT devem parar com esse Gre-Nal. Apenas reunindo os políticos dos dois partidos, com uma base de sustentação consistente no Congresso, poderíamos traçar um projeto de dez, quinze anos para o país. Ambos concordam, na prática, com duas matrizes básicas: política econômica enxuta e responsável combinada com políticas sociais de diminuição da pobreza. É o que dá pra fazer atualmente. Somaria a isso apenas uma política consistente de segurança (no que, aliás, também os dois partidos concordam), de saúde (idem) e educação (há discordâncias, mas podem ser superadas).
Além disso, seriam os únicos que poderiam - JUNTOS - derrubar grande parte do "atraso" que governo o país, aí entendidos especialmente PFL, pelo menos metade do PMDB, o PP fisiológico e o PTB. Com isso, conseguiríamos alavancar um processo de reconstrução da política nacional, com ênfase no senso republicano (acesso universal aos bens públicos) e democrático (participação de todos no processo de elaboração das leis).
São os únicos partidos capazes de enfrentar o "atraso" e o corporativismo: sua união, em aliança, é imperiosa.



Trilha sonora do post: Idlewild, "The space between all things".

quinta-feira, janeiro 05, 2006

Posicione-se ("A 'pedido'")


Balança a bundinha e faz feliz os animais carnívoros que gostam de ver tuas formas.
É uma ordem!, te vimos na capa da revista. E no programa de fofoca.
Escravos --- todos enredados no coquetel de bichos com fome. Puro instinto.
Bonequinhas prontas para se arrumar e se exibir para trogloditas prontos para o abate.

Bonequinhas que gostam de se mostrar. Corpos dominados. A--D--E--S--T--R--A--M--E--N--T--O.
Pequenos bichinhos ingênuos, com formas privilegiadas, nos critérios do que é melhor e pior que hoje é um espinafre sem ovo.
Um corda bamba entre tesão e exibicionismo. A corda balança --- corda do instinto.

Sangue e músculos. Gorduras proibidas. Anabolizantes.
Sorrisos. Convencionite. Balança os peitos. Empina a bunda. Abre as pernas.
Teu corpo nos pertence.

Não acredito em uma linha que nos separe dos outros.
Não temos nada de especial.
Retiremos nossas palavras bonitas para coisas que podem ser descritas mais simplesmente e tudo que resta são bichos preparados para o abate.
Bichos saltitantes --- bundas durinhas com saltos altos. Bichos toscos que querem abocanhar as bundinhas. Bundas enfiadas em shorts minúsculos; olhos sedentos de curvas. Primitivismo.
Não digo nada. Tudo é muito engraçado, especialmente quando procuramos explicações para descrever o que é simplesmente o básico.
Bichos com linguagem para descrever o esmagamento da existência. Existência pesada como um mastodonte.
Nada resta --- nada mesmo. Apenas sons. A floresta está aí.
Posicione-se na cadeia alimentar.

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Trilha sonora do post: Wolf Eyes, "Stabbed in the face" (ouve, depois tu entende).

terça-feira, janeiro 03, 2006

Desconstruindo - eu, tu e ele(a)

Um ano novo que entra.
Não importa. Na verdade, tudo apenas se repete, mesmo que precise se destruir e reconstruir constantemente, como o rio de Heráclito.
Não é o estômago inflado pela cerveja, nem certa gastrite, nem ilusões momentâneas com o poder de diversão.
Tudo isso é insosso, inválido, insuficiente.
A desilusão já atingiu todos os pontos - e agora viver tem o mesmo sentido que nada. Não é dramatismo - apenas consciência da banalidade.
Simples tocar adiante. Qualquer projeto terá a única força de aliviar a tensão da desilusão absoluta do mundo sem sentido.
Divertir? Sim. Mas isso é apenas anestesia. Ashcroft já dizia - aquela música.
Querem mais opiniões idiossincráticas?
Por sinal, diz o Aurélio:

1. Disposição do temperamento do indivíduo, que o faz reagir de maneira muito pessoal à ação dos agentes externos.

2. Maneira de ver, sentir, reagir, própria de cada pessoa.

Foi isso em excesso.
E sonhar? Sonhar com estridentes guitarras do Raveonettes cantando "Love can destroy"? Ou com a Paula Toller? Sonhar com traição, desespero, camaradagem, sexo, sucesso, dinheiro?
Fodam-se.
By the way, enfiem no cu seus "data venias" e "com o devido respeito". Eu já perdi o meu - e faz bastante tempo. Daquela merda para esta aqui.
Tudo é excesso, na verdade. Excesso para aparar a insuficiência do cotidiano, o putrefação afundada na mesmice do dia-a-dia. Que usemos nossas drogas - sejam elas quais forem - para aparar a angústia que, no fim das contas, os existencialistas tinham razões de apontar.
No fundo, não tenho mais argumentos.
Foi tudo demasiado e agora tudo caiu.
Ficou isso - NADA.

Quero aprender novas palavras.
Mais duras, mais ácidas, mais terríveis.
Dessas que fazem a pessoa querer dar soco na cara.
Dessas que dão enjôo no estômago.
Queria aprender a descrever a sensação de nojo que certas vezes vem.
PUTAMERDABOSTAFILHADAPUTACARALHOSEFODA são básicas demais.
Acho que vou aprender árabe.

E, no meio do nada, confabulávamos sobre o futuro.
Imaginamos teletransporte e gordos. Depois descobrimos o segredo: para as pessoas não ficarem gordas que tal enxertar em saladas e outros pratos horríveis o sabor de outros?
E depois os caras falam de Matrix como se fosse sobre a caverna de Platão.

Talvez o problema é que abandonei o cigarro.
Desde então, tenho me sentido mais quadrado. Aliás, já pensaram por que quadrado?
Arestas muito aparadas significam, em outros termos, um recorte do nosso eu.
NÃO VOU MAIS vociferar contra os homens-médios.
Convivam vocês com eles. Eu não tenho mais nenhum interesse.

Nem em mil anos aparecerá outra banda capaz de compor uma música como "Exit Music (for a film)".


NA VITROLA:
The Raveonettes, "Little Animals".