Mox in the Sky with Diamonds

domingo, março 25, 2007

Guillemots, Live at Brixton Academy - 16.02.07. London - UK.


Não é segredo para ninguém que considero o Guillemots a melhor banda saída da Inglaterra nos últimos anos -- inclusive elegi seu debut como o melhor álbum de 2006 --, de forma que meu sorriso de felicidade quando constatei que haveria show da banda durante a minha estada em Londres era visível.

Depois de dois shows medianos de abertura, a banda finalmente entra, trajada de um branco hospitalar, e já manda diretamente a psicodélica e quase pós-rock "Come away with me" [também nomeada "A samba in the snowy rain"], com seus arranjos climáticos e vocal espetacular.

Em seguida, "Through the windowpane" e "Made up love song # 43" já levantavam a platéia, com sua dominância pop. Revezando as músicas do álbum com b-sides constantes em EP's e temas novos, a banda tocava o show maravilhosamente, alternando instrumentos e posições dos músicos, tudo com controle total sobre o que vinha sendo tocado.



"Annie, let's not wait", o novo single da banda, funciona perfeitamente com energia pop, causando a sensação de que a indústria musical, por mais que tente, não vai conseguir nos entupir de pastiches eternamente. Não. O que passa o show do Guillemots, até esse momento, é simplesmente uma banda com alma, que faz o que quer como quer e bem.


Dangerfield, o vocalista, merece um comentário específico. Imagine se Jeff Buckley estivesse vivo. Ele está. O cara É simplesmente Jeff Buckley, puxando entonações inacreditáveis de vocal e NUNCA errando. É algo tão intenso, tão capaz de provocar variações da músicas e tonalidades diferentes, recheando de novas cores as saborosas melodias, que a imprensa tabloidiana britânica chamou a banda de "indie-soul" [o que não tem nada a ver, mas apenas prova o quanto o cara canta].

Mas a equação não é apenas essa. A questão é imaginar: Jeff Buckley + UMA GRANDE BANDA. Mc Lord Magrão, o guitarrista brazuca da banda, toca vários instrumentos e tem boa presença de palco. E a baixista, Aristizabal [!] Hawkes, me perdoem o comentário, é uma belezura. E, além disso, sabe tocar, com seu baixo clássico e performance comedida, mas competente.

O momento crucial do show foi a partir da belíssima "Redwings", cantada em uníssono pela platéia, ao que se seguiu um irretocável solo de Fyfe Dangerfield da poderosa "We're here", uma das melhores canções do álbum, executada com maestria em voz e violão com novas tonalidades vocais emocionantes. Finalmente, o grande sucesso da banda, "Trains do Brazil", cantado em uníssono inclusive nos seus "barulhinhos" [conhecidos, todos, pela platéia, e o que torna o Guillemots tão especial é a superação da antinomia pop vs. experimental] e a orquestral "Sao Paolo", tocada visceralmente, cuja performance lembrou um pouco o Arcade Fire, a despeito das diferenças no som das bandas.



Faltaram apenas "Little Bear" e "If the world ends", clássicos imprescindíveis do álbum.

Trains to Brazil, cantada junto pela platéia

"We're here", na versão solo acústica do show

Um show magnífico de uma banda que tende a crescer muito mais e fazer shows ainda melhores, especialmente quando a platéia estiver mais familiarizada com alguns dos temas [perdeu-se um pouco da energia na seqüência de b-sides e novas], como estava com os do álbum.

segunda-feira, março 19, 2007


O PARADOXO DO MARXISMO


O maior filósofo do século XX, Emmanuel Lévinas, afirmou certa vez que "o humano só se mostra onde não há poder". Indaguemos sobre como costumamos ver o mundo. Lévinas propõe que a primeira das relações -- antes mesmo do pensamento e da compreensão -- é a relação com o Outro, rosto-a-rosto. É a partir dessa relação com o Outro que constituo todas as formas de pensamento.

É a racionalidade da relação ética, portanto, que deve preponderar. A ética é a primeira das coisas, vem antes mesmo do pensamento, da reflexão, da verdade. Olhar para o Outro já é falar-lhe, invocar-lhe. Mesmo que eu não diga uma palavra, já estou me comunicando.

Quando Lévinas fala do humano, ele está a referir essa relação de retidão ética. Uma inflexão de respeito ao Outro, na sua infinitude. Infinitude? Sim, o Outro é sempre infinito em relação à minha percepção. Pense em você mesmo. Existirá alguém capaz de contemplar a infinitude dos seus pensamentos, sentimentos, lembranças? O Outro, por isso, sempre será infinito.

Estranha digressão, essa que começa esse post. Porque eu tinha em mente apenas falar do poder: o "humano", ou seja, essa relação rosto-a-rosto, reta, ética, desaparece quando surge o poder e, por isso, a submissão.

Bom Dia, Noite (2003) é um longa italiano dirigido por Marco Bellocchio que traz o paradoxo do marxismo. Belíssimo filme, que relata o seqüestro do deputado Aldo Moro pela Brigada Vermelha, discorre com sensibilidade imperdível sobre o episódio. Paradoxo do marxismo que, libertário nas suas intenções, não atentou para a primazia da ética nas relações humanas.

O poder sempre submete e, a partir dessa submissão, não emancipa. Narrativas totalizantes, doutrinas, somente induzem à cegueira e à desumanidade. A caridade e a justiça se dão pela paz, no vínculo ético que reconhece o Outro e assume a responsabilidade por ele. A desfaçatez do marxismo não é o reconhecimento da pobreza e da injustiça, mas o desejo de impor um novo projeto de poder por meio da violência.

Chiara, a belíssima Maya Sansa, se dá conta disso por meio do mais simples: a morte. Ao impor a pena de morte ao ministro, exsurgiu, da forma mais brutal e evidente, que o simples Rosto do político era suficiente para tornar pó toda uma ideologia, na sua pretensão de esgotar a totalidade dos fatos.

O humano, repita-se, só se manifesta onde não há poder.

Excelente filme, com a graça de "Shine on your crazy diamond", do Pink Floyd.
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Playlist de início de ano!!! [dêem uma chance e assistam os vídeos...]
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The Fratellis, "Chelsea Dagger".



The Good, The Bad & The Queen, "Herculean" [vídeo não-oficial].




Arcade Fire, "Intervention".



LCD Soundsystem,. "North American Scum".




The Shins, "Phantom Limb".

sexta-feira, março 16, 2007

Delícias de lançamentos



Novo do Wilco? Que maravilha. A banda de Jeff Tweedy deixou vazar seu novo álbum, "Sky Blue Sky", com lançamento previsto apenas para maio, acrescentando à sua discografia impecável que começa no alt-country de "A.M." e "Being There", passa pelo pop "Summerteeth" e ganha ainda mais força no aclamado "Yankee Hotel Foxtrot" e no meu favorito, "A Ghost is Born" (2004), certamente um dos discos da década.

Uma primeira ouvida, totalmente superficial e com a qual não me comprometo, revela um pouco menos de experimentalismo e um ligeiro foco nas melodias, doces e melancólicas, como é usual na banda norte-americana. A influência da dobradinha "Harvest"/"Harvest Moon", de Neil Young, parece inevitável. A guitarra chorosa de Tweedy, contudo, continua lá, com a beleza dos riffs que deixam os temas ainda mais marcantes. "Impossible Germany" é isso e muito mais.




O melhor, até agora. DAMON ALBARN dificilmente brinca em serviço. Goste-se ou não dele, o fato é que Blur e Gorillaz são dois projetos bem sucedidos, e a superbanda montada junto com Simon Tong [guitarrista, ex-Verve], Paul Simonon [baixo, ex-Clash] e Tony Allen [baterista de Fela Kuti, especialista em afrobeat] dá conta do recado, com sobras.

O disco do The Good, The Bad & The Queen é bom do início ao fim, funcionando perfeitamente a combinação do pop de Albarn com riffs espectrais de Tong [dica: conferir "A Storm in Heaven", álbum de estréia do Verve], em tom de spaghetti western. "History Song" e "Herculean", por exemplo, são maravilha.
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Para dançar
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TRÊS são os lançamentos importantes para as pistas indies nesse começo do ano.
O primeiro é o hiper-hypado disco dos Klaxons, "Myths of the near future", que é bem legalzinho, mas também nada demais. "Golden Skans" é bacana, assim como "Magik" e as já conhecidas "Gravity's rainbow" [inspirada no livro do outsider Thomas Pynchon] e "Atlantis to Interzone". O engraçado é esse som, que apenas repete tudo que explodiu em Nova York nos idos de 2002 e 2003, ser tratado como novidade -- "new rave".
Aliás, a maioria dessas bandas da "new rave" é lixo, como o brasileiro CCS e a palhosca The Gossip. Exceções são Hot Chip, boa banda da Inglaterra, e The Presets, menos conhecida, mas bem melhor que as hypadas.
Outro lançamento é do !!!, que vem da cena nova-iorquina, mas não ouvi ainda. O SR. JAMES MURPHY, com seu LCD Soundsystem, bota pra rolar um techno minimalista com vários temperos no energético "A Sound of Silver", que vale a pena ser escutado e, de preferência, dançado até a morte.



Lamento.


Acabo de ler que Benjamin Curtis, um dos irmãos que compõem conjuntamente com o baterista Garza o Secret Machines, irá abandonar a banda e se dedicar a outro projeto, nomeado School of Seven Bells. Uma pena para o Secret Machines, que era apenas um power trio, com um EP de estréia preciso ["September 000"] e dois álbuns fantásticos ["Now here is Nowhere" e "Ten Silver Drops"] -- dos favoritos da Casa.

Esperemos que os componentes restantes, que já prometem voltar ao estúdio para novo álbum, dêem conta do recado.
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Ceticismo.
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Embora a Pitchfork tenha noticiado que o Portishead já tocou um novo tema e planeja lançar novo álbum, coisa admitida pela banda que inclusive tocou uma faixa na coletânea motelesca "Monsieur Gainsbourg Revisited", encaro com ceticismo.
Desde que esse blog existe escrevo que aguardo esse retorno, e uma nova decepção vai ser foda.


terça-feira, março 13, 2007

O tempo traz serenidade
Quando leio hoje na Folha de São Paulo o Prof. Roberto Mangabeira Unger, da Universidade de Harvard, declarar que devemos realizar um "crescimento sem dogmas", de forma que já começa a admitir o esquema assumido pelo Governo [política econômica conservadora + aprimoramento da infra-estrutura + choque social (aí incluída educação)], tudo começa a parecer melhor.
Finalmente a minha defesa do Governo começa a ser pensada por outras cabeças: nesse momento mundial do capitalismo, em que o mercado goza de onipotência e os Estados extrema vulnerabilidade, é melhor optar por uma via mais conservadora na economia e azeitar o restante. Esse é o caminho seguido por Lula, e creio que seja um caminho certo.
Por outro lado, o PT, lamentavelmente, continua se definindo como "socialista", sem conseguir se desvencilhar de parte da sua herança marxista. O melhor é admitir logo um viés social-democrata com fortes iniciativas sociais, democracia deliberativa, defesa dos direitos humanos, desenvolvimento sustentável e programas de renda mínima, como vem fazendo o Governo.
Ou seja, por incrível que pareça, os intelectuais estão atrasados.
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The Fratellis
Não bastasse ser uma delícia esse clipe do The Fratellis -- banda que se propõe imaginar como seria o rock se os Beatles não tivessem existido -- ainda me lembro das danceterias roqueiras -- especialmente Roxy e Metro -- em Londres, em que as minas pulavam faceirícimas cantando essa melodia pra lá de boa.
tararãtararãtarararãtararãtarã...
Cliquem aí e vejam o clipe, enquanto eu espero o youtube colocar o vídeo no blog.
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Lojas de CDS
Passei MUITO tempo da minha viagem contemplando as paisagens das prateleiras da HMV, Virgin Megastore e Fopi, as maiores lojas de cds de Londres. E é tão simples!
O que os consumidores querem? Simples: MUITOS cds e BARATOS. E é isso que elas oferecem. Não precisa de cafezinho, sala de leitura, atendentes cults, marketing e o diabo a quatro. O que o consumidor quer é esse binômio: MUITOS cds e BARATOS. Dificilmente se paga mais que 5 pounds por um álbum.
Claro, ainda dei a sorte de, um dia, ver a banda The Apartment [em princípio, mais uma estilinho Libertines, Monkeys, etc.] na Fopi, mas o essencial é simplesmente o esquema básico.
E as revistas? São boas, com todos os lançamentos e boas reportagens, além de também serem baratas, mais ou menos 3,50 pounds. As melhores são a Q e a Uncut, mais densas e encorpadas. A Mojo é destinada ao público mais velho, com reportagens sobre bandas mais antigas. E a NME é realmente lixo, com matérias superficiais e hypes furados [por todos, o maldito The Gossip, com aquela gorda maldita que não sabe cantar se esganiçando]. E é incrível: o Lúcio Ribeiro copia até o estilo das chamadas. Mas não vou perder meu tempo e do leitor com isso.
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Babel
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Alexandro Iñarritu e Paul Haggis são diretores que têm algo a dizer sobre o nosso mundo. Um mundo em que o Outro passou a ser desumanizado, coisificado, em que a comunicação se exauriu e passamos a viver em bolhas isoladas, numa espécie de Babel do individualismo.
Nesse ponto, Crash e Babel têm muitas semelhanças. Entretanto, para variar, estou por concordar com o Pablo Villaça, do www.cinemaemcena.com.br, que analisou com precisão o filme.
Babel se mostra convincente e poderoso em certos momentos, mas acaba se perdendo em algo que nunca havia preocupado Iñarritu antes: o desfecho. 21 Gramas, outro grande filme, termina catastroficamente, e aí talvez resida sua grandeza. Babel se perde um pouco nesse ponto.
Além disso, a grandiloqüência do projeto -- um diálogo entre pelo menos quatro culturas bastante distintas [mexicana, marroquina, estadunidense e japonesa] -- acaba tornando um pouco forçado o eixo que liga uma narrativa a outra, qualidade indiscutível dos já citados Crash e 21 Gramas.
Dito isso, apesar das críticas, Babel é um ótimo filme, que talvez tenha sido, realmente, a melhor película de 2006, certamente o ano mais fraco da década para o cinema.
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Física Quântica ou Esoterismo?
Depois do sucesso de Quem somos nós?, começam a saltitar por aí filmes "baseados" na física quântica. Eles visam a atingir o mesmo público do citado: pessoas com tendência ao esoterismo focadas na idéia de "pensamento positivo" e coisas do gênero, provavelmente ministrantes de palestras motivacionais na área da administração [diga-se de passagem, uma das mais fracas áreas do conhecimento atual].
Vi uns 15 minutos de "O Segredo", que trata de tema semelhante, e pouco ou nada se falou de física quântica. Fala-se simplesmente de lei da atração e teorias conspiratórias, tudo totalmente fora do foco científico.
É preciso sinalar: a ciência não é relativa e tem seus próprios critérios. O que nós precisamos não é "relativizar" a ciência ao sujeito, não é conceber o mundo como uma criação da minha própria mente, nem nada do gênero desse "pós-modernismo de almanaque". O que nós precisamos é colocar a ciência no seu respectivo lugar, ou seja, continuaremos pesquisando cientificamente remédios para o câncer, mas quando falamos de clonagem, p. ex., usar argumentos puramente científicos é recortar o fenômeno e eliminar parcela da realidade -- as implicações éticas. Nesse caso, a ciência não é a única resposta e é isso significam posições de filósofos como Martin Heidegger, Theodor Adorno ou Jacques Derrida.
Física quântica não é carnaval.
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Política e Polícia
No contexto atual de violência no Brasil, ninguém em juízo normal seria capaz de se manifestar contrário ao policiamento ostensivo.
É óbvio que precisamos de mais polícia, mais vigilância e sensação de segurança.
Agora, é preciso uma vírgula especial nessa relação: o que o Secretário Ennio Bacci está fazendo não é simplesmente colocando mais policiais nas ruas. Ele está, isso sim, dando um alvará para as polícias definirem seus alvos e metódos.
Isso é particularmente perigoso levando em consideração que o Brasil, inacreditavelmente, ainda mantém uma polícia MILITAR, como se fosse necessário os milicos fiscalizarem, em caráter ostensivo, os cidadãos. Notem que em 99% dos países tal polícia é CIVIL, o que a aproxima mais da comunidade e proporciona diálogo, treinamento adequado e comportamento compatível com as situações que exigem tolerância e serenidade. Esse resquício do regime militar é difícil de agüentar, e a Governadora eleita por vocês já disse, respondendo pergunta sobre eventual ação sobre inocentes: "o importante é que os criminosos não fiquem soltos".
Cada Governo sabe da sua prioridade, e cada um vota no Governo que acha melhor.
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Trilha sonora do post: The Cinematics, "Break".

sábado, março 10, 2007

De que lado você está?




GEORGE WALKER BUSH é, sem sombra de dúvidas, uma das figuras mais desprezíveis do cenário mundial. Provavelmente o pior Presidente da história dos EUA, já começou seu primeiro mandato, há uns sete anos atrás, falando em "guerra" e "inimigo", quando não se ouvia tal retórica desde a época da Guerra Fria. Causou estranheza. Bush representa tudo que há de pior nos EUA: puritanismo, conservadorismo, militarismo, indústria bélica e plutocracia. Governa para os ricos e ainda defende campanhas militares -- certamente o que mais me oponho.

Isso significa que vou vestir nariz de palhaço e ir para a esquina democrática protestar contra Bush?
Até poderia ser, mas não da forma como alguns esquerdistas fazem. O Brasil e os EUA começam negociações importantíssimas para fazer circular o etanol -- biocombustível que pode ajudar a redução dos danos ao clima global --, algo que é do interesse não apenas dos dois países, mas da humanidade em geral. É preciso investir nisso.

Os esquerdistas que gritam contra Bush, no entanto, só sabem repetir chavões como "neoliberalismo" e "globalização", como se fossem "diabo" e "bruxa". É o pessoal que decorou trinta linhas de Chomsky e repete como se fosse um mantra, atirando contra os EUA como se fossem a causa de toda injustiça no mundo. São os marxóides doutrinados por meia dúzia de jesuítas de universidade ou cursinho, que aprenderam Marx por tabela. Jamais refletiram sobre o que estão falando.

Esses mesmos burros são os que apóiam um quase-Ditador na Venezuela, que aos poucos vai minando a democracia liberal por lá e deteriorando as instituições em prol de um personalismo financiado por petrodólares. Não por acaso, se opõe ao Etanol. E aos burricos esquerdetes, ingenuamente, o seguem.

Há espaço, contudo, para uma esquerda inteligente. Aqueles que apostam nas transformações sociais, que defendem temas como a reforma agrária, a justiça social, a igualdade de direitos, o respeito aos direitos humanos, a preservação do meio ambiente, a erradicação do racismo e dos conservadorismos sociais -- todos aqueles que se opõe ao status quo quando colocados numa balança ordem e justiça, esses ainda podem pensar além de Marx, Chomsky ou o "pensador" da moda.

É conhecendo filósofos como Richard Rorty, Jürgen Habermas ou John Rawls que aprendemos a valorizar as instituições e a democracia como ela é. Bush é um escroto, mas foi eleito dentro das regras democráticas [eventuais fraudes são problemas dos americanos; a nós, estrangeiros, basta que eles o reconheçam como legítimo dentro do quadro institucional] e deve ser tratado dessa forma. Lula se revela um estadista inteligente e pragmático com negocia com um antípoda ideológico, porque é assim que se constrói as coisas.
Então, de que lado você está? Da esquerda liberal e democrática, como Lula, em que se aposta nas soluções consensuais, numa ampla negociação e na estabilização político-econômica [manutenção de política econômica rígida e governo de coalizão], buscando um choque social, ou na esquerda que vai protestar contra o "neoliberalismo" e a "globalização" de Hugo Chavez?


Você gostaria que Lula recebesse Bush com vaias e tomates, apesar de achar o último um cretino?


Trilha sonora do post: LCD Soundsystem, "North American Scum".

segunda-feira, março 05, 2007

INGLATERRA É ROCK'N'ROLL

É difícil escrever sobre a Inglaterra, no presente momento. Estou passando por um período de depressão, depois de sair da terra do rock e da liberdade individual e voltar para a Província, com suas mesmas coisas de sempre.
Londres é simplesmente fenomenal. Uma cidade perfeita para se viver, repleta de fantásticas lojas de cds [a preço barato, anote-se], livrarias [idem], museus com todos os temas, parques limpos, vigiados e bem tratados, pessoas que te tratam com a mesma severa educação e polidez, cervejas deliciosas, liberdade para fazer o que se quiser, desde que não prejudique outra pessoa, além de, é claro, MUITO ROCK'N'ROLL. Tu entra na loja de roupas, no café da esquina, no pub ao lado, no supermercado ou no night club mais perto e, via de regra, as bandas que eu costumo comentar por aqui estão tocando. Ouvir Flaming Lips no pub? The Shins na loja de cds? Franz Ferdinand na noite? Não é sonho, meus amigos, é Londres.
Nota: A foto é de Liverpool, em frente ao Cavern Club, onde os Beatles tocaram quase 300 vezes. Quer mais?