SELEÇÃO BRASILEIRA: POSSIBILIDADES E DELÍRIOS NARCÍSICOSOS COMENTARISTAS estão sempre insatisfeitos com o desempenho da seleção. O público vaia. Os mauricinhos e patricinhas que nunca pisaram em um campo de futebol pagam a fortuna que a CBF cobra (mais de R$ 100,00) e vão lá chamar de "pipoqueiros" os jogadores. Enfim, é sempre a mesma lenga-lenga.
Enquanto os brasileiros sempre dizem que a seleção joga mal, para os argentinos seu time é sempre "estelar" e está em ponto de bala. Enquanto isso, o Brasil leva quase todas as competições e nossos "hermanos" ficam a ver navios.
O que falta na Argentina sobra no Brasil. Nossa auto-crítica é demasiada, um tanto quanto catastrofista e saudosista de um tempo que não volta mais. É o que falta nos hermanos, muitas vezes pouco dados à humildade (como reza o folclore). Ou simplesmente, e eu prefiro talvez essa perspectiva, capazes de ter uma relação mais leve e saudável com sua equipe, sem depositar frustações e projetar defeitos, capaz de "amá-la" pelo que ela é. Por isso nós vaiamos e eles aplaudem, mesmo na derrota. A relação do torcedor brasileiro com a seleção é vampiresca, desapaixonada, aproveitadora. A do torcedor argentino é gratuita, apaixonada e sincera. Por isso quando vencemos sempre é pouco e quando perdemos é terra arrasada; e por isso o argentino acostuma-se com uma certa adoração "trágica" da sua seleção, quase acostumada com uma grande promessa seguida de grande frustação.
A crônica esportiva brasileira é saudosista em demasia. Não pelo apologia ao "futebol-arte" ou pela crítica ao estilo defensivo. Mas por achar que é possível, nos dias de hoje, montar uma seleção (qualquer) compactada o suficiente, com o calendário inchado que temos em competições. Não é. Claro, é bem possível que os técnicos aproveitem mal o tempo, mas isso não retira o fato de quem não se monta uma equipe em três dias. Para um time jogar "bonito" e ofensivamente na atualidade, como desejam esses cronistas, é preciso tempo e entrosamento. Não há.
Reclama-se que o Brasil joga mal, joga feio, não convence. Concordo. Mas a maioria dos jogos de seleção é assim. Paraguai e Argentina não vêm jogando mais que o Brasil. A Itália foi campeã do mundo em jogos sonolentos. França, Inglaterra, Portugal e Alemanha jogam um futebol chatíssimo. Os times que chamam mais atenção atualmente são Holanda e Espanha. Os dois jogam ofensivamente. A Holanda, no entanto, não venceu nada até agora e entrou para a Copa de 2006 para montar um time para 2010. Será que o Brasil toparia? A Espanha, por outro lado, contou com sorte em ter jogadores de características parecidas (Xavi, Iniesta, Fabregas, Silva) que se entrosaram rapidamente.
Portanto, não há nada de estranho na situação do Brasil. Vem jogando mal como, de resto, a maioria das seleções. Deveria ser criada uma brecha no calendário exclusivamente para as seleções, talvez um mês por ano, quando se dariam os jogos eliminatórios e os treinadores teriam tempo para formar equipes. No restante, os jogadores seriam exclusivamente dos clubes. Sem isso, os jogos continuarão sonolentos e as equipes dependentes de talentos individuais.
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Falo um pouco especificamente da escalação. Esse nosso hábito de fazer terra arrasada em cada derrota acabou nos cegando quanto a coisas óbvias. Por exemplo, que, mesmo com a derrota em 2006, o Brasil tinha uma equipe quase pronta. Faltava substituir os laterais (emergencialmente), encontrar volantes e o centroavante estava na cara desde o início, era Adriano. Então, na realidade, eram quatro posições.
Lateral-direito o Brasil tem dois, Maicon e Daniel Alves. Nenhum dos dois é Jorginho ou Carlos Alberto Torres, mas, dentro do contexto mundial, está ótimo. Aliás, são titulares da Inter de Milão e Barcelona. Como podemos ter dúvidas? Lateral-esquerdo, por outro lado, não se encontrou. Kléber, Gilberto, Juan e Marcelo não são o artigo.
Pior são os volantes. Realmente não surgiu um camisa 5 convincente desde o Emerson. Gilberto Silva, dono natural da posição, deixa a desejar na marcação e pouco contribui com o ataque. Josué, nem se fala. Mineiro está em fim de carreira. Em todo caso, de todos esses eu ficaria com Gilberto Silva, pela experiência, e colocaria Lucas na segunda função. Está há horas chovendo no molhado essa solução. Hernanes é boa opção no banco, o mudado Anderson ou até Julio Baptista (se duvidar, a melhor solução). O que nós temos? Julio Cesar, Maicon, Lucio, Juan e Kléber; Gilberto Silva, Lucas, Kaká, Ronaldinho e Robinho; Adriano. Uma equipe que escalo por aqui há quantos anos? Nem sei, mas era óbvio que seria essa, assim como era óbvio que Luis Fabiano, assim como Fred, Ricardo Oliveira e Pato, são os únicos com condição de integrar o ataque, e não Sobis, Jô, Wagner Love, Afonso e outras nabas de Dunga. Tudo isso está claro desde a Copa passada, era pura invencionite o contrário (para não dizer que estou mentindo, fui procurar meu primeiro comentário sobre a gestão do Dunga - ei-lo). Ronaldinho vem mal? Vem. Acho que, se não se tornar novamente um jogador disciplinado e dedicado, deve cair fora do time. Acho que Anderson, Mancini ou Julio Baptista (todos superiores a Elano) seriam opções para sua vaga. Em todo caso, num time titular ideal, creio que ninguém deixaria de escalá-lo.
A pergunta é: diante de tão pouco tempo e todos os problemas, por que Dunga inventa tanto? Resposta: porque é ruim.
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