ÉTICA E JORNALISMO
HOJE ESTAVA conversando com minhas alunas do jornalismo sobre ética da profissão. Afora todas as considerações que vocês imaginam que eu tenha feito (problema da alteridade, da atuação investida, neutralidade e assim por diante), comentei com elas que, como admirador da profissão (a maioria dos meus amigos e mesmo da esquerda detesta jornalistas) e leitor assíduo de jornais e blogs, confiro se o jornalismo é honesto a partir da coerência do jornalista.
Blogs e jornais que nunca trazem informação contra certos setores políticos (de esquerda ou direita), que são demasiado maniqueístas (de esquerda ou direita), que não ouvem o lado oposto (de esquerda ou direita), que nunca reconhecem seu erro (de esquerda ou direita) para mim tem muito pouca ou nenhuma credibilidade. Claro, aqueles que deixam à mostra sua posição são pelo menos mais honestos e, por isso, um pouco melhores do ponto de vista ético. Mas assim como um soco no rosto é melhor que um assassinato, sem que isso torne o soco legítimo, o jornalismo deveria tentar ser mais imparcial. Os "anti" qualquer coisa para mim não têm qualquer credibilidade, pois não têm compromisso com o leitor.
Acompanhem um bom jornalista a partir da sua capacidade de criticar os dois lados, enxergar defeitos em ambos os lados - o que só se verifica com tempo. Isso só se faz quando se é coerente com seus próprios princípios. Claro, isso, por si só, muitas vezes não nos faz concordar com os jornalistas (meu caso com o Nova Corja, que aliás ultimamente vem falando pouquinho dos "países aonde aquele Modelo Econômico O Qual Não se Deve Falar O Nome funciona"), mas certamente confere credibilidade a eles. Os bons jornalistas que leio sempre trazem análises que superam o maniqueísmo.
Jornalistas demasiado alinhados à direita ou à esquerda na leitura dos fatos não têm ética com o leitor, pois não respeitam a confiança deste, e sim um projeto político que justifica os meios adotados.
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