Mox in the Sky with Diamonds

quinta-feira, abril 02, 2009



ROTH, GROSSERIAS, DOUGLAS COSTA, ROBINHO
CELSO ROTH, apesar dos pesares, ainda se mostra a melhor opção para o Grêmio. Mais, na realidade, pela escassez de alternativas do que por grandes méritos. É impressionante, no entanto, a capacidade que o técnico tem de cavocar seus próprios problemas.
Todo técnico erra e acerta, isso faz parte do futebol (e da vida). Substituições ousadas podem ser genialidade ou ridículo, dependendo da situação. Roth, no entanto, abusa da sorte, geralmente fazendo suas escolhas fora do "timing" ideal. Foi assim com Diogo quando, diante de um adversário sem dois armadores (Alex, saído, e D'Alessandro) e com um time pronto, Roth resolve colocar mais um volante, desarmar seu esquema e abdicar da vitória, como se a situação do primeiro jogo se repetisse (e era substancialmente distinta). Razoavelmente perdoado pela torcida, ele agora compra nova briga desnecessária: Douglas Costa.
Douglas ainda não fez NADA pelo Grêmio. Inclusive se mostrou instável nas suas atuações. Tem habilidade, mas também estilo excessivo de peladeiro (conduz demais a bola, chama o jogo como se pudesse resolver sozinho). Entretanto, é uma promessa e vale alguns milhões. Que custava colocar para jogar com os reservas? Orteman - o indolente e quase inútil Orteman - é melhor? E por que não - depois do erro crasso do Gre-Nal, colocar Douglas para "fazer média" com a torcida em jogos vencidos ou fáceis? Roth não faz nada disso. Parece que trabalha contra si mesmo.
Que espécie de transtorno deve sofrer esse cara para se sabotar dessa forma? Por que faz tanta questão de ser odiado? Por que, quando está prestes a agarrar a vitória, parece se entregar depressivamente, reagindo como se não tivesse sentimentos e fibra? Deixo essas perguntas a um psicólogo qualquer.
O episódio dos xingamentos contra Douglas Costa é preocupante. Roth pode dizer (como diz): "lancei Ronaldinho, Diego e Robinho". É verdade, mas parcialmente verdade. Ronaldinho amargou um tempo até conquistar, na marra, a titularidade. Diego e Robinho podem ter começado com Roth, mas se consagraram mesmo com Leão. E ok, mesmo que tenha lançado, isso não invalida meus comentários que seguem.
SE por acaso Roth acha que xingar de burro e humilhar perante os colegas um jogador é uma forma correta de aperfeiçoá-lo, está REDONDAMENTE enganado. Não existe pessoa que resista ou responda bem a esse tipo de tratamento. E se é uma prática comum no futebol (portanto, não exclusiva de Roth), estamos desperdiçando talentos. Jogadores precisam de disciplina (são atletas), cuidado e instrução. É assim que se constrói uma relação saudável de confiança e respeito, não mediante humilhação, escracho, arrogância. Se Roth queria "ser durão" com Douglas, por que não sem a imprensa, de preferência no vestiário? Ninguém suporta ser humilhado, jogador de futebol ou não.
Quem é Douglas Costa? Não sei. Não o conheço. Mas sei que ele deve vir da periferia e é negro e pobre. Sabemos que os indivíduos com esse perfil no Brasil sofrem preconceito, violência, desconfiança, até brutalidade policial. Ajuda alguma coisa Roth dizer que ele "não sabe merda nenhuma"? Vejam: eles partem da auto-estima baixa, que só aumenta com a performance nos gramados e a posterior rasgação de seda da mídia. Isso não começa imediatamente e é só para alguns. Será que Roth (e outros técnicos que fazem igual) estão usando a melhor psicologia, ou são simplesmente despreparados que têm sorte vez que outra? Diante da situação, estou prestes a marcar a segunda opção. [Felipão, aliás, ensinou há muito tempo que a presença de psicólogo é fundamental para técnico e jogadores; leiam o livro "A Alma do Penta".]
O que me leva ao terceiro e último ponto. Os jogadores, diante dessa brutalidade cotidiana que começa na vida e se estende aos gramados, acabam, se conquistam o sucesso, por ignorar completamente os "professores". Ronaldo, Robinho, Adriano - todos são narcisistas claros que, tão mimados pela mídia como são, acabam por se posicionar acima das equipes que jogam e são incapazes de reconhecer várias críticas corretas (por exemplo: Adriano reclamava que "era perseguido" em 2006; mentira, todos pediam sua saída por razões táticas, não técnicas, não era nada pessoal). Uma das razões deve ser essa falta de respeito dos técnicos na base ou nos primeiros anos. Ou embotam -- e fracassam -- ou se fecham narcisisticamente e seguem tocando a vida (e a bola).
É por isso que eu leio hoje o comentário desastrado de Robinho que trocou o Madrid pelo ManCity "para ser o melhor do mundo". Robinho é obcecado por isso. Precisa preencher o seu narcisismo. Nessa história, desrespeita a própria torcida do ManCity, que só vê ali um individualista correndo para si mesmo. Ele nem se preocupa em dizer que "quer ganhar títulos". E pior: o que fez Robinho até agora? 11 gols? Isso não dá o título de melhor do mundo para ninguém; nem dribles fantásticos.
Que geração é essa de jogadores que estamos formando? Ególatras, sem auto-crítica, indiferentes a qualquer sensibilidade da torcida? São os narcisos que se defendem dos técnicos brucutus e, mais tarde, mostram seu comportamento infantil ao não saber assumir a disciplina de atleta (que determina seu comportamento em campo e longevidade) e desprezar conselhos úteis que poderiam ajudar na sua carreira. Esses negros ex-pobres que, inseguros num país em que destrata sua população carente (estigmatizando, matando, torturando, discriminando), não sabem lidar com o sucesso, pois não têm estrutura psicológica suficiente para isso. No início, não receberam; depois, ignoraram a necessidade. Alguém duvida que Ronaldo agiria diferente se ouvisse um bom conselheiro?
Mais uma vez reitero: a presença do psicólogo no futebol, pela pressão, tensão, inconstâncias, relação próxima e outras razões é fundamental. Quem despreza só pode ser burro.

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