Mox in the Sky with Diamonds

quinta-feira, dezembro 25, 2008


SOMEPILLS ELEGE

OS DEZ MELHORES DISCOS DO ANO



2008 talvez tenha sido um dos anos dessa década em que mais bandas tradicionais movimentaram o mundo do rock. Gente que não lançava discos há anos - Portishead e Verve - e outras bandas que sempre chamam atenção - Oasis, Coldplay, Primal Scream. Além deles, bandas de vulto dos 2000 como Kings of Leon, Killers, TV on the Radio. Não foi tão difícil escolher dez. Talvez eu tivesse uns 15 melhores. O importante é que o rock continua sendo combustível de vida. Dias e noites dedicadas a ouvir esse gênero delicioso de transgressão, profanação e ousadia. Eis os dez melhores:


[para quem nunca teve contato com as bandas, coloquei vídeos do youtube, mas o site não permite a incorporação de alguns - então o negócio é clicar no link]:




10. BON IVER, "FOR EMMA, FOREVER AGO"
O melhor disco folk do ano representa o estilo - que é tão caro a este escriba - nesse topten. Algumas outras bandas beliscaram a posição - MGMT, Eagles of Death Metal [além de outros caros do mesmo estilo: Neva Dinova e Connor Oberst] -, mas Bon Iver ficou para ocupar a cadeira voz/violão. Com melodias preciosas e nada óbvias, além de uma voz comovente de Justin Vernon [que não é a única], a banda lembra o muito o Grizzly Bear numa espécie de folk denso, que congrega psicodelia e suavidade, experimentalismo e emoção. As canções parecem dançar entre o claro e o escuro com habilidade ímpar. Um disco poderoso na sua sinceridade e autenticidade.



"For Emma" (clip não-oficial).




9. COLDPLAY, "VIVA LA VIDA OR DEATH AND ALL HIS FRIENDS"
O Coldplay me surpreendeu com esse álbum. Era uma banda da qual esperava trabalhos cada vez piores. Depois dos ótimos "Parachutes" (2000) e "A Rush of Blood to the Head" (2002), a banda perdeu o prumo em "X&Y" (2005), enredando-se por um novelo pop que parecia se encaminhar a um ponto de pastiche do U2, pronto a ocupar a cadeira de nº 1 do mundo pop/rock após a aposentadoria de Bono Vox. No entanto, Chris Martin e cia capricharam nesse álbum, produzido por Brian Eno, e cheio de novidades melódicas, tendo guitarras mais presentes e se desfocando de um certo deslumbramento rockstar. O álbum perdeu um pouco da força que teve quando ouvi no primeiro mês, mas merece homenagens estando entre os dez. Canções como "Strawberry swing", "Death and all his friends", "42" e "Lost!" valem a pena.



"Viva la vida" (não é das melhores do álbum).




8. KINGS OF LEON, "ONLY BY THE NIGHT"
A gurizada dos Kings of Leon cada vez mais se assenhora do próprio som, deixando de lado o kit que os levou ao sucesso - The Strokes + tempero sulista - e desenhando, aos poucos, uma sonoridade própria, bastante marcada pelos vocais, porém rica em combinações e cheia de letras divertidas. "17", "Use somebody", "Sex on fire" e "Be somebody" são canções de deixar qualquer roqueiro pilhado, pronto para envergar o copo de cerveja ou whisky que espera o chamado. Não bastasse isso, os Kings ainda têm vocação nata para as pistas e soam que é um doce para a mulherada. Banda que tende a crescer mais e, hoje, já está entre as mais relevantes dos anos 2000.




Clique aqui para ver o clipe de "Use somebody" (vale a pena).




7. MERCURY REV, "SNOWFLAKE MIDNIGHT"
O Mercury Rev, como já escrevi certa vez, é a banda que nos convida a viajar nas costas dos anjos. Cada álbum é uma passagem para um ambiente onírico, psicodélico, totalmente desviado do nosso dia-a-dia. É como deixar-se entrar no etéreo, numa espécie de universo paralelo delirante cheio de portas que levam a ambientes cada vez mais diferentes, num jogo infinito de passagens e espelhos. "Snowflake midnight" trabalha mais com eletrônica que os outros álbuns e desenha um quadro do início ao fim (muito próximo do conceitual), convidando-nos a embarcar na viagem. O ápice é "The Dream of a Girl as a Flower", mas "Senses on Fire" é também um momento vibrante demais, no qual nos sentimos pulando sobre as labaredas que incendeiam a canção.


"Butterflys wing".






6. OASIS, "DIG OUT YOUR SOUL"
O Oasis lançou um disco abaixo das suas possibilidades, mas as possibilidades do Oasis, para um fã como eu, são altíssimas, o que os coloca acima de quase todos os demais. "Dig out your soul" é espécie de "Magical Mistery Tour" dos Gallaghers. Parece, no entanto, aquém da inspiração que nos brindou, há bem pouco tempo, um discaço do nível de "Don't believe the truth" (2005). A favor desse álbum, o fato de finalmente a banda ter abandonado as baladas a la "Be here now" (1997). Além disso, rocks como "The Shock of Lightning", "Bag it up" e "The Nature of Reality" são a alegria para qualquer pessoa que goste de cerveja e guitarras. O Oasis continua ocupando o lugar natural de uma das maiores - acima de todos os hypes - e se mostra seguro na sua trajetória já consolidada.






5. SPIRITUALIZED, "SONGS IN A&E"
Álbum que demorei a perceber a qualidade, é um verdadeiro catálogo com agradáveis hinos de "dream pop". Depois de quase morrer e passar um tempo respirando em aparelhos [isso explica a faixa "Death take you fiddle"], o Jason Pierce retoma com qualidade impressionante seus temas preferidos - Deus, alma, amor, drogas, morte, sofrimento, lisergia. Voltando à qualidade do clássico "Ladies and Gentlemen we're floating on the space" (1997), o Spiritualized traz aquilo que faz melhor: melodias em crescendo, backing vocals gospels espetaculares e poderosos refrões. Não há como escapar da violência desse álbum de 18 faixas (boas) depois de escutar "Soul on Fire". O universo do Spiritualized, é, como faz pensar seu nome, algo espacial, transcendente, compartilhado, mas ao mesmo tempo os temas terrenos trazem a banda para o nosso chão carnal.

Clique aqui para ver "Soul on fire" (recomendadíssimo, clipe belíssimo).




4. THE SECRET MACHINES, "THE SECRET MACHINES"
A ousadia de gravar um álbum de rock progressivo depois de todo achincalhamento que passou o estilo é algo que merece aplausos. Claro, se o projeto é bem sucedido. Colar o Yes ou Pink Floyd, simplesmente, é apenas falta de criatividade. Os Secret Machines certamente não são isso. São, ao contrário, o produto de uma fusão entre a grandiosidade e ambição do rock progressivo com a velocidade, limpeza e agressividade do punk. Espécie de "síntese" de ambos, mantidos na sua integralidade em uma nova combinação, como na dialética hegeliana. Ouvi-los é como sentir uma manada de elefantes passar diante dos olhos, tal é o peso de cada pegada que pode consistir em um riff de guitarra, uma nota no sintetizador ou furiosos golpes de bateria. O som dos Secret Machines é o único literalmente de arena, feito não para agradar massas, mas para povoar cada centímetro do espaço com sua potência, em um nível quase ensurdecedor (seria se não fosse melódico). Atualizando o Pink Floyd para os nossos dias, a incompreendida banda de Garza e Curtis nos brinda mais um trabalho brilhante.


"Atomic Heels" (a mais acessível do disco).





3. THE KILLERS, "DAY & AGE"
Essa banda maldita sempre gera o mesmo fluxo: expectativa baixa dos novos trabalhos, primeira audição com estranheza, influências bizarras. No entanto, esse fluxo é seguido por: grude de alguma melodia, empolgação incontrolável, cantoria infindável dos refrões, paixão de uma por uma das canções do álbum. É verdade que, como os outros trabalhos, "Day and Age" tem seus momentos fracos (dois, exatamente, "Joy Ride" e "Goodnight, travel well", nos quais a influência do Queen se exacerba). No entanto, no restante o disco é uma usina de singles poderosos. Com o som mais limpo de certos exageros de "Sam's town" (2006), aqui o Killers está na medida certa para estourar todas as pistas de rock sem deixar de fascinar pela pegada das melodias. Brandon Flowers canta cada vez melhor e, apesar das letras risíveis, nos faz cantalorar cada refrão com uma energia estúpida. "Losing touch" abre o disco e já mostra as garras; "Spaceman", "Neon Tiger" e "Dustland fairytale" fazem qualquer um bater o pé no chão e se empolgar. Outra banda que se assenhorou da posição de das mais relevantes da década presente.


"Human" (legalzinha, mas tb não está entre as melhores do álbum).





2. DEERHUNTER, "MICROCASTLE"
Bradford Cox era apenas um compositor alternativo para mim até bem pouco tempo. "Cryptograms" (2007), aplaudido por toda crítica musical, era para mim apenas um álbum ousado, mas um pouco perdido nos tiros, meio sem foco - coisa que crítico adora, para discordar da massa que quer tudo bem mastigadinho [esses críticos chatos que acham o Animal Colective a melhor banda do mundo]. Até ouvir "Microcastle". O disco bateu imediatamente. Perfeito na sinergia entre a melodia agradável, doce, contagiante, de um lado, e o experimentalismo, a lisergia, a viagem aos pólos distantes da existência, de outro. "Microcastle", usando todos os recursos possíveis, é a perfeita síntese de como pode o pop experimental virar acessível. É pop, mas ousado; é contagiante, mas complexo. As músicas parecem pedaços de delírios que vão se construindo peça-a-peça, como um quebra-cabeças que mostra a imagem mais improvável e linda ao final da montagem. Gostaria de dar um passeio pelas nuvens? Bradford Cox apresenta um álbum em que as canções - inicialmente viajantes e inseguras - vão ganhando corpo e densidade, até fazerem o ouvinte cantar e sentir-se empolgado em terreno surpreendente. Se um dia Brian Eno afirmou que "Soon", do My Bloody Valentine, abrira novos caminhos para o pop, o álbum do Deerhunter ouviu bem o conselho e por ali fez sua trilha.
Eis, meus amigos, o futuro do pop.



"Microcastle" (clip não oficial).







1. PORTISHEAD, "THIRD"
Tinha tudo para dar errado. TEN-FUCKIN'-YEARS sem gravar uma porra de disco. Pressão nas alturas, pois "Dummy" (1994) e "Portishead" (1997) eram obras-primas. O eterno dilema da banda que volta: toca novamente como antes, soando saudosista, ou arrisca um fiasco, se reinventando? Resposta: somos grandes demais para fazermos mais um disco de "trip hop" básico. Só vale a pena se for pra ser diferente. O que temos aqui é um processo de filtragem de toda evolução do rock desde o próprio Portishead - abocanhando desde Radiohead até Klaxons - e elaboração de um disco PERFEITO, em que todo álbum tem sua razão de ser e tudo fica fechado na sua abertura. Paradoxal? Talvez, mas ouça o álbum e entenda. Tudo parece no exato lugar - que é exatamente fora-do-lugar. Não há qualquer uniformidade, o disco é quebradiço e arisco, usualmente foge entre os dedos, vai-e-vem, dói o ouvido e depois amacia, é a elaboração que mostra o que significa uma banda ser perfeccionista ao extremo, caso indiscutível do Portishead. Alvejado em "Machine Gun", estressado em "We carry on", inseguro e angustiado em "Silence", sereno e perigoso em "Hunter", depressivo em "Magic Doors", nostálgico, desequilibrado e apaixonado em "Plastic". Sem falar da melhor canção do ano - a emocionante "The Rip" - para a qual dispenso adjetivos (lembra o disco solo da Beth Gibbons). Enfim, é oscilando como nossa própria existência, revezando nos humores, mergulhando nas profundidades do nosso tenso e indomável Eu - assim o Portishead constrói "Third". A cada momento um novo elemento pode entrar e quebrar toda harmonia antes cuidadosamente estabelecida. A disciplina é algo severamente esculachado e destruído. Aqui tudo é caos, desordem, mas dançando com a ordem, pronta a se deixar domesticar para que a mordida seja mais forte e precisa. Como uma espécie de louco que disfarça estar são - e faz melhor que os próprios sãos - apenas para poder cravar uma faca na garganta do supervisor. "Third" está em um lugar entre as nuvens do Céu e as chamas do inferno - esse entre-lugar onde tudo é dito e sentido na sua plena intensidade.



Pelo amor de Deus, clique aqui ("The Rip") e aqui ("Machine Gun").

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terça-feira, dezembro 23, 2008

HÁ ESPERANÇA

RESOLVI ABDICAR DE ESCREVER sobre outras coisas e escrever, nesses dias natalinos, sobre a esperança.
Contrasta com meu modo crítico de ver o mundo uma espécie de esperança invencível na possibilidade de nos renovarmos, de vivermos futuramente uma vida feliz. Se hoje em dia enxergo violência, poder e indiferença como molas propulsoras de dispositivos que se apropriam da vida humana, é certo que mudar isso está ao alcance da nossa mão. Um segundo, um instante, uma pequena piscada de olhos é suficiente para que ousemos mudar a rota.
O sonho da totalidade - essa "ideologia" que encobre a vida real nas suas representações que se materializam - é paralizar o tempo e, assim, paralizar a esperança. Colocar tudo em "ordem" e deixar tudo como está. Infelizmente para eles, o tempo é imparável e segue correndo. Com ele, a vida se renova permanentemente e caminha em direção à felicidade.
A esperança renasce a cada dia e é a possibilidade que temos de hesitar, de abrir uma fresta no horror do mundo, de sorrir naturalmente, voltar à ingenuidade infantil como a descrita pelo Gabriel. Cinismo e conformismo são posturas que nos fazem perder a inocência. É bom lembrar que o super-homem de Nietzsche não é o "leão", um super-poderoso narciso que sobrepuja os "camelos", mas a "criança", que é capaz de viver a vida na inocência do brinquedo. O Natal parece uma oportunidade sincera de retomada dessa inocência, inocência que sempre contrasta com a culpa, e é ela que nos dá a possibilidade de renovarmos constantemente nossos laços e criar efetivamente vida humana. Vida humana que é vida de relações: para as pessoas, na sua alteridade.
Cada vez mais me convenço que, ao contrário do que o horror cotidiano tenta nos convencer, a relação sadia é a raiz do humano - a raiz da linguagem e do mundo - e, portanto, é o nosso estado normal, não o anormal. Enquanto os cínicos fazem questão de dizer: "Viu? Todo mundo é canalha!", eu prefiro enxergar isso como a corrupção de algo sadio que é o normal, que abastece desde o início nossa humanidade, que abre a possibilidade, inclusive, da sua deturpação. A esperança, por isso, está mais próxima de nós do que imaginamos, pois já vivemos normalmente na relação sadia, cada vez mais interrompida por um massacre de imagens e instituições que se interpõem entre nós. Pensar a esperança é, então, pensar a raiz do pensamento, a própria possibilidade de pensar, ou seja, pensar o cuidado que me permite pensar. E se hoje penso, é porque fui cuidado para pensar. A esperança da vida feliz é a esperança do cuidado irrestrito entre nós.
Feliz natal a todos, com muita esperança!

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segunda-feira, dezembro 22, 2008

POEMAS VELHOS

Dois poemas encontrados em um caderno antigo que completa uma década.

(Sem título)

Vocês que me perdoem
mas eu me respeito.
Adoro ser
esse psicótico
banhado em sangue
e lágrimas.

Me perdoem
mas meu sangue jovem
transpira rebeldia
Não consigo abraçar a podridão.

O que dizem que é fase
o que dizem que é idade
p'ra mim é sangue, carne e ossos.

6-7-1999.

A Marca da Destruição

Todos os dias abro o jornal
e leio informações sobre o Chiqueiro.
Sorrio para a reunião de porcos
que sujos na lama da corrupção sorriem
como se os alucinógenos que eles carinhosamente chamam
instituições
não fossem apenas pó p'ra se esquecer
que nossa existência é deletéria.
Que a cada passo que damos
vermes são aniquilados
e trabalhos eternos são destruídos.
Como se eles não soubessem
que somos animais selvagens
que vêm p'ra Terra por tragédia
e a sofrer estamos todos condenados.
Eu apenas grito:
assassinos!

14-6-1999.

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PROFANAÇÕES (sobre as coisas que estamos discutindo)

"Todo dispositivo de poder sempre é duplo: por um lado, isso resulta de um comportamento individual de subjetivação e, por outro, da sua captura numa esfera separada. Em si mesmo, o comportamento individual não traz, muitas vezes, nada de reprovável e até pode expressar uma intenção liberatória; reprovável é eventualmente - quando não foi obrigado pelas circunstâncias ou pela força - apenas o fato de se ter deixado capturar no dispositivo. Não é o gesto impudente da pornostar nem o rosto impassível da manequim, como tais, que devem ser questionados; infamos são, isso sim - política e moralmente - o dispositivo da pornografia, o dispositivo do desfilo de moda, que os desviaram do seu uso possível.
O Improfanável da pornografia - qualquer improfanável - baseia-se no aprisionamento e na distração de qualquer intenção autenticamente profanatória. Por isso é importante toda vez arrancar dos dispositivos - de todo dispositivo - a possibilidade de uso que os mesmos capturaram. A profanação do improfanável é a tarefa política da geração que vem."

(Giorgio Agamben, "Profanações").

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sexta-feira, dezembro 19, 2008

MEDICINA PRECISA DE UM "BANHO DE NIETZSCHE"

NIETZSCHE FOI UM AUTOR absolutamente decisivo na história da filosofia. Como a filosofia dá os alicerces para o pensamento, todas as áreas do conhecimento deveriam passar por um processo de problematização a partir do filósofo da Basiléia. O Direito - como área extremamente conservadora que é - resistiu muito, mas hoje, passo-a-passo, Nietzsche vai entrando lentamente. A psicologia é toda Nietzsche; a filosofia é dividida entre nietzschianos e não-niezschianos (embora alguns "nietzschianos" não sejam adeptos de Nietzsche); sociologia e antropologia também são áreas que se fizeram sentir o impacto do escritor de "Humano, Demasiado Humano". A medicina, no entanto, área de maior envergadura conservadora [mais que a teologia], pouco sentiu a pedrada que Nietzsche disparou na Modernidade.
Serena, tranqüila, cheia de certezas e fórmulas, a medicina ainda se acredita espécie de área da "verdade" e da "bondade", sendo por isso explicável o extremo conservadorismo da maioria dos médicos, geralmente identificados com a direita política. Os médicos acreditam, de um lado, que sua "ciência" só lhes traz a "verdade", sendo por isso inquestionável pelos profanos. De outro, que só querem o "bem" do indivíduo, sendo todas as outras forças que são a eles opostas "irracionais" e "atrasadas".
Não lhes consta perguntar, por exemplo, sobre o conceito de "saúde". O que é saúde? Certamente um médico dará um conceito biológico de saúde, extraído da verdade da sua ciência. Será, no entanto, que "saúde" é um conceito biológico?
Se sabemos que a saúde não foi a mesma na história para os mais diversos povos, e que se a medicina está imbricada com a biologia, deveríamos saber também que "vida" não teve o mesmo sentido ao longo da história. Os gregos distinguiam bíos e zoé; os romanos, o corpo soberano e a vida nua, etc. O que predomina no nosso tempo é uma visão "higienista" de vida, derivada, como bem apontou Jurandir Freire Costa na melhor palestra que assisti no ano, da cisão cartesiana entre "res cogitans" e "res extensae". Desse o corte cartesiano o cientificismo produziu outro corte (em nome do "empirismo"), reduzindo tudo ao corpo biológico. Nossa relação com a vida se daria a partir da nossa relação com o corpo físico.
Esse dispositivo de poder começa a era que chamamos de "biopolítica", em que o poder se interessa pelo corpo do vivente enquanto corpo biológico e não está mais unicamente presente na burocracia estatal - mas também nos peritos médicos, nos assistentes sociais, etc. Se, no seu início, esse dispositivo era tosco e vinha em livros de Criminologia a partir de indivíduos feios e delinqüentes (Lombroso e sua "antropometria"), hoje ele se sofisticou e não apenas se fundiu com as áreas mais tecnológicas da medicina (neurobiologia, farmacologia e genética), como também com outros dispositivos de poder que até então estavam separados (ideologia de bem-estar, trabalho, arte, estética corporal, educação física). O "narcisismo" contemporâneo mesclado com new age e consumismo/espetáculo hoje compõe o principal dispositivo em atuação na nossa sociedade, que cada vez mais se especializa na captação dos seus meios profanatórios (sexo, rock, drogas, etc.). Assim, facilmente um chá do Santo Daime profanatório da "saúde" é transformado em droga industrial receitada "limpamente" pelos mais gabaritados consultórios psiquiátricos.
Falta Nietzsche na medicina para que a noção de "saúde" comece a ganhar um sentido mais humano. Nietzsche nos ensina que não somos "limpos", "bons", nem nada disso. Precisamos tanto do apolíneo quanto do dionisíaco. A medicina contemporânea higienista, no entanto, cada vez mais caminha como um dispositivo de controle que reprime o dionisíaco em nome da "saúde" do vivente, entendida como uma vida plenamente apolínea, cheia de salada, sucos naturais, caminhadas tediosas, doppings lícitos e aparelhos de musculação.
O pior é que o serviço já está pronto: Foucault já deu esse "banho de Nietzsche" na medicina. Falta os médicos começarem a lê-lo para descobrirem que saúde não é um conceito natural.
Conta-se uma piada em que um indivíduo chega ao médico e afirma: "doutor, não fumo, não bebo, não estou na vida boêmia, não como carne, evito gorduras, não faço sexo. Quantos anos ainda tenho de vida?". E o médico nietzschiano responde: "Vida? Que vida?".

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NUNCA OUÇA QUIETO

QUANDO VOCÊ TIVER A OUSADIA de criticar o capitalismo e ouvir como resposta "Então por que não se muda para Cuba?" - responda sempre que o seu interlocutor revive o tempo de Emílio Garrastazu Médice, o mais terrível Presidente do Regime Militar, e que a frase "Brasil: Ame-o ou deixe-o" perdeu seu vagão na história.

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quinta-feira, dezembro 18, 2008

A DIREITA HISTÉRICA

NÃO GOSTO DE ESCREVER o nome dele para não dar audiência no Google, mas - para quem tem bom estômago - é interessante conferir o que anda escrevendo o Reinaldo Azevedo no seu blog da Veja. Criticado pelo Ombudsman da TV Cultura, ele passou a disparar com sua metralhadora giratória em nível baixíssimo, mostrando sua hidrofobia contumaz. Sua estratégia é clara: gritar, gritar, gritar, cada vez mais alto, escrevendo sem parar, de forma a cansar o oponente.
Reinaldo é o retrato de uma revista neocon que, desesperada pela popularidade de Lula, agora desfila o ridículo da sua histeria preconceituosa e fascista. Show de decadência e desespero. Uma experiência parecida com a visão dos fascistas de Pasolini e seu espetáculo grotesco.

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quarta-feira, dezembro 17, 2008

POR QUE O RADIOHEAD É A BANDA MAIS GENIAL DA ATUALIDADE? (1)





"LET DOWN" é uma das melhores músicas de todos os tempos e é integrante do lendário "Ok Computer" (1997) - sem dúvida a obra de rock que disseca com maior perfeição a sociedade contemporânea.
A canção nos conduz à apatia do movimento opaco das grandes cidades, do cinza sufocante da rotina, do abafamento da fumaça, da bebida que anima a noite após um trabalho massacrante, da impotência diante da Totalidade. Como um inseto sendo esmagado, o ouvinte é conduzido nas linhas delicadas de guitarras que, finalmente, nos conduzem a um final redentor. Um pequena fresta parece se abrir mediante um grito desesperado que nos traz esperança em meio ao desespero do movimento ininterrupto e absurdo.

Prestem atenção na letra genial (uma tradução ruinzinha aqui). Se quiserem entrar intensamente na aventura, recomendo colocar fones de ouvidos e embarcarem numa viagem sem volta.




E, ao vivo, porque a banda ao vivo mata a pau.

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RIDICULAMENTE BOM

=================DADOS DA COMPRA =================
Numero de Ingressos: 2 ( Pista Inteira RJ RadioHead 2 )
Evento: RadioHead
Local do Evento: Praca da Apoteose
Data da Sessao: 20/03/2009
Horario da Sessao: 22:30

=================DADOS DA COMPRA =================
Numero de Ingressos: 2 ( Pista Inteira SP RadioHead 2 )
Evento: RadioHead
Local do Evento: Chacara do Jockey
Data da Sessao: 22/03/2009
Horario da Sessao: 21:30


É provável que isso desencadeie uma sucessão interminável de posts sobre a genialidade do Radiohead e o fato de ser, hoje, a banda mais importante do mundo. Vamos ver.



"House of Cards"


"Just" (o clipe mais genial de todos os tempos)


"2 + 2 = 5" (talvez esse seja o mais genial - vale a pena assistir).

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terça-feira, dezembro 16, 2008

ONDE FOI QUE ERRAMOS?

ELE FICOU OBSERVANDO o belo carro flamante que tomava um pedaço da sua garagem e do qual sequer sabia o nome [não era grande conhecedor de carros]. Preto, grande, imponente, design poderoso, estilo irretocável. Tão novo que nem emplacado estava. Ele pairava ali, enfeitando a fachada da sua casa, chamando atenção do pedestre, brilhando como uma espécie de diamante negro.
Ao lado do carro, uma bárbara magricela, negra, desdentada, queixo saliente, pernas longas e cabelo sujo, vestindo roupas rasgadas e segurando sua flanelinha.
Pôde retroceder no tempo e imaginar o ocupado senhor saindo com sua pasta envergada em couro preto, falando ao celular, ligeiramente desconfortável com o choque térmico entre o confortável ar condicionado e certo abafo do ambiente, pisando seus sapatos escuros sobre os paralelepípedos irregulares da rua. Saído da sua espaçonave vinda de um futuro próximo, o motorista contempla, com o canto dos olhos, aquela bárbara que se aproxima e murmura algo quase inaudível devido à conversa do celular. Simplesmente gesticula em retorno.
Entre a nave do futuro pousada em frente à minha casa e a bárbara desdentada está a raiz de todos os nossos erros.

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segunda-feira, dezembro 15, 2008

NOS DEDOS

NÃO É UM POST, SÓ UM COMENTARIOZINHO: uma das coisas mais canhestras e reacionárias que existiam há algum tempo atrás -- e se mantém para alguns -- é o preconceito de classe, um certo esnobismo com o "pobre", que é estereotipado e ridicularizado. Não que ser pobre seja a melhor coisa, não é; e não que muitos pobres não possam ser familiarizados com coisas que não têm acesso (música, livros, filmes, idiomas), nada disso; é que há uma subestimação e sobretudo subalternização do papel do pobre para alguns.
A eleição de Lula, para esses, era um tabu. Como poderia um Presidente de tão pouca cultura fazer um bom mandato? Como conversaria com os norte-americanos sem falar inglês? Adoravam fazer uma piadinha em cima da pronúncia errada das palavras de quem saiu da aridez do Nordeste, passou pela metalurgia e subiu a rampa do Planalto. Esse pensamento pequenino, na sua imensa arrogância, era auto-contraditório: orgulhava-se de ser "grandioso" ao se submeter aos outros.
Pois bem: não há um jornal ou revista que estabelece projeções político-econômicos para o próximo milênio que não cite o Brasil. Graças à política externa agressiva e faladora de Lula, estamos onipresentes como jamais estivemos, ao lado da China e Índia (aqui é só exemplo). Como pode o "ignorante" Lula ter feito um papel MUITO mais importante na política internacional que o "culto" FHC?
"Não dá para entender".

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sexta-feira, dezembro 12, 2008

MINHAS CINCO PREFERIDAS DA HISTÓRIA DO CINEMA


SOU APENAS UM MÉDIO apreciador do cinema, mas já vi algumas coisinhas e andei pensando quem seriam minhas cinco musas preferidas. Ei-las:



5. AUDREY HEPBURN

Seus magníficos traços pontiagudos, uma beleza infantil e serena, diferente, um tanto exótica na sua perfeição. Frágil e linda como o cristal, seu olhar parece uma espada que penetra no íntimo e dilacera a solidez de quem olha. Hepburn é a própria fraqueza que desmonta a brutalidade na sua invencível fragilidade.




4. MARILYN MONROE

Quem não sonhou em dar uma espiada por baixo daquela saia que levanta e é contida por aquelas mãozinhas delicadas acompanhada de um sorriso ingênuo e fatal? Marilyn, além de linda, esbanja erotismo e capacidade de despertar o desejo. Corpo perfeito e rosto inesquecível, delicada e suave, absolutamente sensual.


3. BRIGITTE BARDOT

A atriz mais sexy de todos os tempos, francesinha infernal, parece a própria imagem encarnada de Afrodite, a deusa do amor. Não há como não a olhar e sentir o peito trepidar, as veias incharem de sangue, não há como não pensar em "carne" quando olhamos para Brigitte Bardot. Ela parece uma bomba de sexo pronta para explodir.




2. SCARLETT JOHANSSON

Suave e perversa, doce e fatal, infantil e sedutora, Scarlett é capaz de metamorfosear-se em poucos segundos. Seus olhos vibrantes e lábios carnudos, combinados com a perfeição de formas de rosto faz dela a número 1 do cinema atual - sensualidade extrema combinada com beleza arrebatadora. Não há palavras para descrever sua perfeição.





1. SHARON STONE

A extrema chama do inferno, femme fatale mais potente da história do cinema, uma espécie de rainha do mal do mundo feminino. Sharon Stone é a prova da perversidade divina ou da existência do Diabo, como queiram - zombando dos homens na suas formas perfeitas que sustentam a maior das forças. Uma espécie de topo da cadeia alimentar, devoradora na sua fatalidade, visão do Absoluto feito em mulher. Sua beleza é o terrível do sexo encarnado. Sharon Stone é o poder do feminino.



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NÓS somos um monte de bosta empilhada. Nem mais, nem menos.

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DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS

CADA VEZ QUE LEIO reportagens sobre as convenções e encontros petistas me sinto mais distante do que pensa o establishment do PT. A meu ver, muita coisa está mal diagnosticada e outras coisas importantes nem são tocadas. Sem falar do defeito de todo partido e todo político -- o projeto de poder passa à frente do projeto de Estado. Quando se vê o PT falando, por exemplo, da necessidade de implementar-se [reforço: IMPLEMENTAR-SE, não ficar apenas legislando, como usualmente se faz] uma reforma administrativa que faça a máquina pública parecer menos uma estrutura burocrática kafkaniana e mais uma prestadora de serviços eficiente e democrática? Nada disso é tocado porque poderia melindrar os servidores públicos. Enfim, não era disso que eu queria falar. É só para mostrar que as minhas divergências com o PT vão longe.
Entretanto, é impossível não se indignar com o tratamento que a mídia dá ao PT. É injusto, estigmatizador e caricato.
Por exemplo: a partir do "mensalão", começou-se a criar a idéia da "turma do Lula". As mesmas bocas que destilam ódio contra o MST ou as cotas ganham um discurso associando Lula e o PT a Delúbio, Silvinho, Freud Godoy [este TOTALMENTE inocente, sendo que apenas Elio Gaspari pediu desculpas, apesar do festival de colunas "Freud Explica" quando estourou o "escândalo" do dossiê], etc. A mídia adora usar expressões como os "aloprados de Lula", reforçando o discurso desses que atacam o PT porque odeiam mudanças a partir da idéia de corrupção epidêmica.
Esse festival de palhaços que encenam um espetáculo atroz - como se não soubéssemos que a corrupção é endêmica no Brasil - é de dar náusea. Aliás, o eleitor é inteligente e não caiu nessa.
Vamos comparar com o nosso Governo Estadual e a cobertura que é dada. Por que não existe a "turma da Yeda"? A "companheirada do PSDB"? Yeda perdeu quase todos os seus auxiliares mais próximos. Martini, Busatto, Zachia, Germano, até o Coronel Mendes - todos estão envolvidos em algum imbróglio [não sei se são inocentes ou não] - e, no entanto, a cobertura jamais associa uma imagem estigmatizadora sobre Yeda. Há um pouco de preconceito de classe também [há SIM] contra Lula -- uma parcela de "escolarizados" jamais aceitou que ele presidisse o Brasil [e, pior, fizesse bom governo]. Se a quantidade de escândalos que estouraram no RS tivesse sido em governo do PT, podem anotar que a cobertura da Zero Hora seria totalmente diversa. Haveria a "turma do ...".
Essas coisas é que fazem com que os petistas fiquem "reativos" contra a mídia. Tratamentos totalmente iníquos com o PSDB fazem com que a imagem petista fique associada a sindicalismo e corrupção, enquanto o PSDB fica com "republicanismo" e "gestão".
Seria uma piada, se o mau-gosto não fosse tanto.

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quinta-feira, dezembro 11, 2008

FARDADOS

O ESPETÁCULO DANTESCO era aquele conjunto de palhaços fantasiados com uma espécie de rabo no meio do peito, vestindo pesados casados em pleno verão, calçando sapatos duros que machucam o tornozelo, meias finas que não protegem os calos e gel no cabelo (talvez talco no cu, não sei).
Enquanto os idiotas se aplaudiam na plena mediocridade, vangloriando-se por não fazer nada e vomitando por cima das suas barrigas grotescas um palavratório sem qualquer consistência, eu ia sentindo um embrulho no estômago. Palavras soltas corriam no ar e auto-elogios indecentes nos rodeavam, enquanto sorrisos cínicos e puxa-sacos aspiravam o mesmo poder sujo e ridículo que os palhaços ostentavam grotescamente. Suas fantasias não eram criativas e a maquiagem era a própria pele do rosto, que sustentava a máscara da hipocrisia e canalhice.
Um palhaço subiu ao palanque e começou a contar piadas, mas a platéia ria apenas por reflexo condicionado. Como cãezinhos de Pavlov, mimetizando uns aos outros faziam o espetáculo iluminar-se, colorindo a podridão com palmas e tapinhas na bunda (digo: nas costas). Piscadelas de olho, vez que outra, traduziam a certeza que, atrás das cortinas da palhaçada, uma suruba de perversos estava prestes a acontecer.
A coisa apenas aliviou-se quando alguém peidou.

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quarta-feira, dezembro 10, 2008

SUGESTÕES DE CONTRATAÇÕES PARA O GRÊMIO

DEFESA
Para o lugar de Léo: John Terry (Chelsea) ou Alessandro Nesta (Milan);
Para as laterais: Maicon (Inter-Milão) e Ashley Cole (Chelsea).

MEIO-CAMPO
Para o lugar do Carioca: Pirlo (Milan), Fabregas (Arsenal) ou Xavi (Barcelona).

ATAQUE
Cristiano Ronaldo (ManUnt)
Adriano (Inter-Milão)
Drogba (Chelsea)
Luis Fabiano (Sevilha)
Lionel Messi (Barcelona).

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terça-feira, dezembro 09, 2008

O MAIOR HORROR DO MUNDO

ELE TEVE A MAIS apavorante visão da sua vida, daquelas que nos jogam na mais absoluta condição de surpresa e parecem dissecar o nosso interior: tudo era árido e corrosivo, o estômago remexia e os pêlos do corpo estavam em pé.
O choque de realidade era tão brutal que parecia arremessá-lo a quilômetros e quilômetros de distância, espécie de espasmo do infinito na sua face terrível.
Era um espelho, absolutamente perfeito e sinistro. Um espelho mais profundo do real que permitia olhar a si mesmo da sua forma mais estranha possível. Não era uma imagem reflexa, mas a pura corporalidade que se apresentava à sua frente. Experiência de horror. Seus mais íntimos defeitos, os trejeitos, as palavras desimportantes, aquilo que lhe escapava a cada minuto no diálogo. Encontrar a si mesmo foi o maior pesadelo.
Pois, afinal, o espelho era o olho do outro.

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segunda-feira, dezembro 08, 2008

MINHA SELEÇÃO DO CAMPEONATO

TENHO LIDO seleções do campeonato por aí (nas colunas do Kfouri e Tostão, por exemplo) e discordado pouco pelo que vi no campeonato. Minha grande discórdia, no entanto, é do esquema: se São Paulo e Grêmio, campeão e vice, jogam no 3-5-2, a seleção deve ser feita no 3-5-2 (Palmeiras e Flamengo também jogaram muitas partidas com a formação).
Meu goleiro é Victor, do Grêmio, que começou o campeonato esplendorosamente e se manteve em bom nível ao longo da competição. Foi decisivo para o Grêmio, embora tenha oscilado um pouco. No banco, Rogério Ceni, claro.
Na defesa, coloco Miranda, do São Paulo, Thiago Silva, do Fluminense, e Rever, do Grêmio. Três zagueiros fortes, nenhum lentos, os três bastante seguros nas suas posições. Rever se mostrou cada vez mais confiante e melhor, e pode aprimorar ainda mais a saída de bola. No banco estariam André Dias, do São Paulo, e o ótimo (e líder) Fábio Luciano, do Flamengo.
Meu meio-campo começaria pela ala direita com Léo Moura, do Flamengo, rápido e perigoso sempre, além de bastante regular. Em seguida, Hernanes, do São Paulo, Ramirez, do Cruzeiro, e Tcheco, do Grêmio. Hernanes e Ramirez são volantes modernos, que armam, ultrapassam, chutam e passam, esperanças para um futuro melhor na posição na seleção. Tcheco é o armador nato, movimenta e comanda o time. No banco, estariam os dois volantes do Grêmio, Magrão e Carioca, que começaram muito bem o campeonato e, no final, caíram de rendimento, além de Wagner, do Cruzeiro. Na ala esquerda colocaria, sem a mínima sombra de dúvida, Jorge Wagner, do São Paulo, que é absolutamente decisivo nos seus cruzamentos mortíferos que decidiram uma pilha de jogos. No banco, Juan, do Flamengo.
No ataque, ficariam Kléber Pereira, do Santos, e Kléber, do Palmeiras. Kléber Pereira é matador, embora um tanto caseiro, e merece por ter levado o Santos nas costas no torneio. Kléber é tinhoso e perigoso, usando o corpo para se colocar à frente e causando horror à toda defesa do que o enfrenta. No banco, o garoto Keirrison (Coritiba) e Guilherme (Cruzeiro).
Bem, pode-se perguntar por Alex, Guiñazu e Nilmar. Minha resposta é que, pela campanha pífia que fez o Inter, não merecem a seleção. São grandes jogadores, mas não mostraram a que vieram no torneio nacional. Como a seleção é do campeonato, e não dos melhores, ficam de fora.
Técnico é o nosso Celso Roth, pois, apesar dos equívocos cometidos que foram apontados na sua maioria por aqui, fez uma bela campanha e conseguiu fazer uma equipe desacreditada disputar o título até a última rodada.
Victor; Miranda, Thiago Silva e Réver; Léo Moura, Hernanes, Ramirez, Tcheco e Jorge Wagner; Kléber Pereira e Kléber. Técnico: Celso Roth.

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segunda-feira, dezembro 01, 2008

25 LANÇAMENTOS RESENHADOS (OU: "SOMEPILLS MOSTRA O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA")







1. BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB, "THE EFFECTS OF 333". - WHAT THE FUCK??? Essa talvez seja a única pergunta que pode aparecer depois de ouvir esse álbum. O Black Rebel, agora em selo independente, agora resolveu se implodir e gravar um disco em que apenas apertam de vez em quando em botõezinhos e abdicam de qualquer canção com uma estrutura mínima. O disco é totalmente instrumental e não faz nenhum sentido. Sinceramente, não entendi. Conferir: qualquer uma.





2. DEATH CAB FOR CUTIE, "NARROW STAIRS". - Mais um disco dessa banda amada por uns, odiada por outros. O Death Cab botou na praça no início do ano o seu disco mais difícil, bem menos "pop" que os demais. As coisas não mudaram tanto, mas por exemplo "I will possess you heart" tem um longo instrumental até se transformar em uma canção mais acessível. E "Grapevine Fires" é daquelas típicas baladinhas do DCfC, bonita pra cacete. O álbum, enfim, mantém o estilo da banda e o desenvolve de uma forma ligeiramente mais experimental, porém sem abrir mão da acessibilidade que caracteriza o trabalho do Death Cab. Conferir: "I will possess your heart", "Cath...", "Grapevine Fires".


3. DEERHOOF, "OFFEND MAGGIE". - Os leitores fiéis desse blog podem confirmar que nada tenho contra vocais nipônicos. Asobi Seksu e Blonde Redhead, por exemplo, são bandas que gosto bastante. No entanto, e apesar de ter ouvido com muito boa vontade esse álbum, não pude deixar de caracterizar como bobão e pueril o vocal, que é destaque, e algumas melodias que não extrapolam um pop comum. Acredito que "Basket Ball get you groove back" é uma das mais chatas do ano. Apesar de alguns riffzinhos bem sacados e de uma acolhida impressionante pela crítica, o disco é mediano para baixo. Conferir: "The Tears and Music of Love", "Offend Maggie" e "Fresh Born".


4. DESTROYER, "TROUBLE IN DREAM". - Integrante dos canadenses The New Pornographers, Dan Bejar mais uma vez lança álbum solo onde prevalece o esquema violão-voz, ainda que um pouco menos acústico. Seu tom anasalado e todo particular de cantar é agradável e admirável, porém o álbum não chega a conduzir a uma espécie de situação de êxtase capaz de chamar atenção. Enfim, é um disco folk de boas canções, e só. Conferir: "Blue Flower/Blue Flame" e "Introducing angels".


5. FUCK BUTTONS, ""STREET HORRRSING". - Esse seria o disco mais estranho do ano se não fosse o do BRMC. Caminham, entretanto, na mesma praia. O Fuck Buttons é uma mistura do pós-rock do Mogwai, Explosions in the Sky [e até Tortoise] com um industrial pesadíssimo, coisa de fazer o NIN corar [portanto, mais para Ministry]. A fusão é apetitosa, mas bem difícil. É um disco para poucas, pouquíssimas horas. Mas, se quiseres ouvir ruídos de florestas, vozes do apocalipse, batuques, distorções e outras loucuras, o lugar é por aqui. Vale pena idéia. Conferir: "Sweet love for planet earth".


6. FUCKED UP, "THE CHEMISTR Y OF COMMON LIFE". - Diz aí: tu curte The Hold Steady? Tipo, sem dúvida The Hold Steady é um som para um churrasco de homens, com muita cerveja e coisas do gênero. No entanto, aquele tom meio Springsteen - confesso - é meio CHATO para cacete. Aqui a coisa é mais ou menos similar: tipo, tu gosta daquele hardcore clássico, meio Motörhead e artífices do gênero? É mais veloz, mas o vocal é parecido, o espírito é parecido. A mim, não convence. Conferir: "Son the father".


7. GOLDFRAPP, "SEVENTH TREE". - Allison Goldfrapp é criativa. Não dá para dizer que não. Começando sua carreira num trip hop de cortar pulsos, pulou surpreendentemente para um electro-cabaré que a jogou na calçada da fama e, agora, volta com um disco folk que remete à sonoridade do brilhante primeiro trabalho ("Felt Montain"). O disco oscila bastante, tem momentos bem xaropes, mas algumas músicas valem pelo todo, especialmente a belíssima "Clowns", que é das minhas preferidas do ano. Conferir: "Clowns", "A&E".



8. JOAN AS POLICEWOMAN, "TO SURVIVE". - Esse álbum tem todos os defeitos e qualidades típicos de um singer/songwritter. É lúcido em alguns momentos, derramando emoções e fazendo o ouvinte deslizar na intimidade de Joan, porém logo em seguida tropeça em tentativas de canções mais acessíveis, que acabam descambando a um pop de elevador ou consultório de dentista. Lembra um pouco a irregularidade da Feist. Apesar disso, tem algumas das mais belas canções do ano, e Joan é uma grande voz. Conferir: "Start of my heart", "To America".








9. KINGS OF LEON, "ONLY BY THE NIGHT". - Os Kings mostram que estão em pleno processo de amadurecimento e cunhando, aos poucos, seu próprio estilo. O álbum não tem mais quase nenhum rock fácil, desses de pista que lembravam a primeira fase da banda, e a banda parece agora ter embarcado definitivamente na aventura que iniciou em "Because of the Times" (2007). Aqui o leque é variado e o disco não tem unidade melódica, passando por várias estruturas distintas e consistentes. Tem a música mais malvada do ano (começa assim: "oh, she's only seventeen..."). Ligeiramente inferior ao anterior, mostra, entretanto, que os Kings of Leon vão ganhando cada vez mais sua identidade e estão a um nível superior a outras bandinhas que só conseguem gravar um single e nada mais decente. Conferir: "Sex on Fire", "17", "Use somebody".








10. LITTLE JOY, "LITTLE JOY". - O disco era exatamente o que se esperava de Rodrigo Amarante. Sem Camelo, fica a aura mais leve e roqueira, fica o lado descompromissado e blasé dos Los Hermanos. A parceria com Fabrizio Moretti nos traz um disco ensolarado, leve, roqueiro e despretensioso. As influências vão de Beach Boys e Beatles aos próprios Strokes e Hermanos. O clima sessentista é evidente e algumas músicas soam retrôs como reuniões dançantes daquela época. Inferior, na minha modesta opinião, a tudo [talvez com exceção do primeiro] que a banda do RJ gravou, porém ainda assim vale a ouvida. Conferir: "The next time around", "Shoulder to shoulder", "Keep me in mind".






11. THE MAGNETIC FIELDS, "DISTORTION". - Franca e descaradamente inspirado em Jesus and Mary Chain, esse álbum seria mais ou menos uma espécie de "Psychocandy" dos nossos dias. Não chega a tanto, mas algumas vezes atinge a meta. O clima é a combinação entre o rock anos 50/60 [Beach Boys again...] com distorção (ah!) e microfonia a dar com pau. Algumas músicas são ensurdecedoras, outras bem calminhas e [quase] pops. Um disco bem barulhento e divertido. Conferir: "Xavier Says", "California Girls".





12. MARCELO CAMELO, "SOU". - Camelo é o meu "hermano" favorito. Já escrevi pilhas de elogios para ele por aqui. No entanto, confesso que achei CHATÍSSIMO esse álbum. Com pinta de Dorival Caymmi e extremamente preguiçoso, Camelo envereda definitivamente pela MPB que tinha sido pano de fundo de "4", enfiando-se num saco de melancolia que, sem o rock, ficou entendiante. A participação de Mallu Magalhães [vão me odiar por isso, lá vai:] é ridícula. Canta desafinadamente e mal. O que deu em ti Marcelo? Tu faz melhor que isso. Talvez seja a hora de - aprendida a lição de Levinas - voltar a ler um pouco Nietzsche ou Bataille para ficar mais malvadão, ok? Abraço! Conferir: "Téo e a Gaivota", "Janta".





13. MERCURY REV, "SNOWFLAKE MIDNIGHT". - O Mercury Rev é uma banda muito querida para mim. "Deserter's songs" é um disco fabuloso. Nesse retorno, o Mercury Rev não me decepcionou. Ao contrário. Reiventando-se com um uso menor de cordas e pianos e mais da eletrônica, os reis do "dream pop" nos brindam com uma viagem lisérgica que se inicia na primeira canção e só termina na última, formando um álbum fechado que chega muito próximo do "conceitual". Rico em efeitos, com seu vocal particular e sonhador, não hesitando em mergulhar em aventuras melódicas, esse álbum é o álbum lisérgico do ano. Conferir: "Snowflake in a hot world", "Senses on fire" e "Dream of a young girl as a flower".




14. MGMT, "ORACULAR SPETACULAR". - Outro álbum lisérgico, mas que não tem a mesma potência do anterior. Em favor do MGMT está o fato de que pelo menos arriscam em um cenário totalmente estagnado como o britânico. Enquanto seus conterrâneos dividem-se em cópias de Libertines e Arctic Monkeys, de um lado, e de Rapture e Klaxons, de outro, o MGMT arrisca-se na psicodelia extrema sessentista, bebendo em fontes extremamente loucas e misturando batuques, teclados barrocos, sons árabes, sintetizadores, riffs e vocais pirados. Vai do rock progressivo [limpo de todo virtuosismo - até parecem o Yes-sem-punheta certas vezes...] ao punk e ao pop com facilidade -- e lembra em muitos momentos os nossos Mutantes. Um bom disco de estréia de uma banda que pode crescer bastante. Conferir: "Time to pretend", "Weekend wars" e "4th dimensional transition".




15. MOSCOW OLYMPICS, "CUT THE WORLD". - Nada de novo no front. O Moscow Olympics caminha na linha shoegaze clássica, na linha de My Bloody Valentine e Ride. Os vocais misturam-se com o resto da banda, as guitarras são velozes e em paredes, as climatizações explodem e são super bonitas. O mérito do EP dessa banda das Filipinas e justamente fazer tudo isso com muita competência e perícia, não apresentando sequer uma musiquinha ruim. Conferir: "Carolyn", "Ocean sign".






16. MY MORNING JACKET, "EVIL URGES". - Banda muito querida da crítica, os norte-americanos do My Morning Jacket cada vez menos se ligam à sua raiz, algo próximo do country-rock do Wilco, e enveredam pelos rumos mais estranhos. Aqui, o mosaico é tão variado que é difícil definir por que praia caminha o som, oscilando de um tom mais profundo até o bobalhão-pop. Confesso, no entanto, que nunca vi nada no MMJ, sequer na sua pretensa obra-prima "Z", idolatrada por muita gente, mas que a mim diz bem pouco. Por isso, apesar de admitir que é bem tocado e tal, achei o disco, na real, chato. Conferir: "Evil urges", "Sec walkin'", "Touch me I'm going to scream pt. 1".





17. OASIS, "DIG OUT YOUR SOUL". - Aparentemente, Mr. Noel e Mr. Liam Gallagher resolveram ir ao estúdio e gravar o "Magical Mistery Tour" do Oasis. O projeto gráfico do álbum não esconde isso. Escrever sobre o Oasis demandaria algumas linhas a mais. Afinal, é a banda que divide atenções com o Radiohead em se tratando do rock, cada uma situada em um extremo do que hoje definimos como estritamente rock [U2 e Coldplay são bandas pop]. "Dig out your soul" é um belo disco, provavelmente não irá trazer muitos novos fãs ao Oasis [é praticamente mais do mesmo], mas revela uma banda que, como já indicava o álbum anterior, está segura de si e não desperdiça o tempo do ouvinte. Uma banda que está confortável no seu patamar e agora trata apenas de agradar ao seu público fiel e encantado, como eu. Conferir: "Bag it up", "The shock of lightning", "The nature of reality".




18. PRIMAL SCREAM, "BEAUTIFUL FUTURE". - Mas que pôrra de disquinho fraco, hein, Primal Scream? Fazendo uma espécie de mix da sua última fase, o Primal Scream oscila entre momentos mais próximos da eletrônica [especialmente do electro] e outros mais "Stones", roqueiros. O que falta é, basicamente, inspiração. "The Glory of Love", "Uptown" ou "Beautiful future" são apenas caricaturas do que pode ser um bom single vindo dessa banda que marcou época na Grã-Bretanha. Conferir: "The Glory of Love", "Uptown".





19. SPIRITUALIZED, "SONGS IN A & E". - Demorei para receber o belíssimo disco dessa banda bacana que é o Spiritualized. A inspiração é clara em "Ladies and Gentlemen we're floating on the space" - o que não é absolutamente um defeito. Climas etéreos-lisérgicos-psicodélicos-espaciais-oníricos, como manda tal bem o Spiritualized, letras provocativas e interessantes, backing vocals lindos. Experimentação e melodias bem balanceadas, na exata medida. O disco não tem músicas fracas e acerta no poder de síntese e segurança de uma banda já consolidada na seu talento. Discaço. Conferir: "Sweet talk", "Soul on fire", "Baby I'm just a fool".


20. THE DODOS, "VISITER". - Pois é. Uma parte da crítica musical e dos internautas que vivem de música receberam com entusiasmo esse álbum. Para mim nada mais é do que um disco comum de folk, tipo José Gonzales e outros, e que por isso merece apenas uma menção sem grandes empolgações. Conferir: "Fools".








21. THE FLAMING LIPS, "CHRISTMAS ON MARS". [DVD] - Não faz nenhum sentido sem o DVD. Por isso, vou me abster de comentar, pois ser injusto com os Flaming Lips é um pecado mortal.















22. THE KILLERS, "DAY AND AGE". - O Killers voltou com força total. "Day and Age" é um discaço, que atravessa com perfeição "Hot Fuss" e "Sam's town" e avança no rastro dos dois álbuns, fazendo a mescla típica da banda entre sintetizadores e riffs poderosos. Brandon Flowers canta cada vez melhor e mais à vontade. A quase totalidade das canções são potenciais singles. O álbum passa incólume sem quase nenhum tropeço [salvo "Goonight, travel well", quando o Killers fica muito Queen - tipo "My List"]. Sem falar que "Losing touch" é a melhor abertura do ano. Outro petardo sensacional dessa banda de Vegas que arrisca e acerta sempre. Conferir: "Losing Touch", "Human" e "The world that we live in".



23. THE STILLS, "OCEANS WILL RISE". - Terceiro álbum dessa boa banda canadense, "Oceans will rise" parece uma combinação entre seus dois antecessores, o ótimo "Logic will break your heart" e o bom "Without feathers". Se não retoma em toda intensidade as guitarras entrelaçadas que ficavam tão bem com o colorido do excepcional vocal, ao menos é capaz de fazer reviver momentos parecidos. The Stills, contam por aí, é veneno certo para mulheres. Eu não sei de nada disso. Mas dizem que nenhuma resiste à doçura do vocal de Tim Fletcher, e ainda tem a vantagem de não ser um som bundão. Conferir: "Snow in California", "Being here", "Don't talk down".



24. THE WALKMEN, "YOU & ME". - Banda queridinha da crítica, traz consigo um rock envergado em folk, apoiado sobre o vocal sui generis de Hamilton Leithauser, em uma sonoridade que às vezes lembra até coisas lendárias como Bob Dylan. Não dá para negar que o Walkmen traz uma sinceridade e autenticidade raras no cenário atual, fazendo todas as suas canções cheirar emoções. Riffs cortantes e gritos doloridos povoam o universo desse álbum interessante. Conferir: "Donde está la playa", "In the new year".



25. TV ON THE RADIO, "DEAR SCIENCE,". - Elevados ao patamar de grande banda no último trabalho - Return to the cookie montain -, que não gostei, aqui o TV on the Radio vem bem mais acessível e quiçá pop em alguns momentos, brilhando em arranjos eletrônicos que farão as pistas tremularem. Banda mais "artê" desse safra, conseguiu até cativar ouvintes menos afeitos como eu, embora ainda ponha minhas reticências à suposta "genialidade" dos seus membros. Conferir: "Halfway home", "Dancing choose".

Tá bom? Agora pega aquele teu disco do Tribalistas e bota no lugar devido.

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