Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, dezembro 01, 2008

25 LANÇAMENTOS RESENHADOS (OU: "SOMEPILLS MOSTRA O CAMINHO, A VERDADE E A VIDA")







1. BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB, "THE EFFECTS OF 333". - WHAT THE FUCK??? Essa talvez seja a única pergunta que pode aparecer depois de ouvir esse álbum. O Black Rebel, agora em selo independente, agora resolveu se implodir e gravar um disco em que apenas apertam de vez em quando em botõezinhos e abdicam de qualquer canção com uma estrutura mínima. O disco é totalmente instrumental e não faz nenhum sentido. Sinceramente, não entendi. Conferir: qualquer uma.





2. DEATH CAB FOR CUTIE, "NARROW STAIRS". - Mais um disco dessa banda amada por uns, odiada por outros. O Death Cab botou na praça no início do ano o seu disco mais difícil, bem menos "pop" que os demais. As coisas não mudaram tanto, mas por exemplo "I will possess you heart" tem um longo instrumental até se transformar em uma canção mais acessível. E "Grapevine Fires" é daquelas típicas baladinhas do DCfC, bonita pra cacete. O álbum, enfim, mantém o estilo da banda e o desenvolve de uma forma ligeiramente mais experimental, porém sem abrir mão da acessibilidade que caracteriza o trabalho do Death Cab. Conferir: "I will possess your heart", "Cath...", "Grapevine Fires".


3. DEERHOOF, "OFFEND MAGGIE". - Os leitores fiéis desse blog podem confirmar que nada tenho contra vocais nipônicos. Asobi Seksu e Blonde Redhead, por exemplo, são bandas que gosto bastante. No entanto, e apesar de ter ouvido com muito boa vontade esse álbum, não pude deixar de caracterizar como bobão e pueril o vocal, que é destaque, e algumas melodias que não extrapolam um pop comum. Acredito que "Basket Ball get you groove back" é uma das mais chatas do ano. Apesar de alguns riffzinhos bem sacados e de uma acolhida impressionante pela crítica, o disco é mediano para baixo. Conferir: "The Tears and Music of Love", "Offend Maggie" e "Fresh Born".


4. DESTROYER, "TROUBLE IN DREAM". - Integrante dos canadenses The New Pornographers, Dan Bejar mais uma vez lança álbum solo onde prevalece o esquema violão-voz, ainda que um pouco menos acústico. Seu tom anasalado e todo particular de cantar é agradável e admirável, porém o álbum não chega a conduzir a uma espécie de situação de êxtase capaz de chamar atenção. Enfim, é um disco folk de boas canções, e só. Conferir: "Blue Flower/Blue Flame" e "Introducing angels".


5. FUCK BUTTONS, ""STREET HORRRSING". - Esse seria o disco mais estranho do ano se não fosse o do BRMC. Caminham, entretanto, na mesma praia. O Fuck Buttons é uma mistura do pós-rock do Mogwai, Explosions in the Sky [e até Tortoise] com um industrial pesadíssimo, coisa de fazer o NIN corar [portanto, mais para Ministry]. A fusão é apetitosa, mas bem difícil. É um disco para poucas, pouquíssimas horas. Mas, se quiseres ouvir ruídos de florestas, vozes do apocalipse, batuques, distorções e outras loucuras, o lugar é por aqui. Vale pena idéia. Conferir: "Sweet love for planet earth".


6. FUCKED UP, "THE CHEMISTR Y OF COMMON LIFE". - Diz aí: tu curte The Hold Steady? Tipo, sem dúvida The Hold Steady é um som para um churrasco de homens, com muita cerveja e coisas do gênero. No entanto, aquele tom meio Springsteen - confesso - é meio CHATO para cacete. Aqui a coisa é mais ou menos similar: tipo, tu gosta daquele hardcore clássico, meio Motörhead e artífices do gênero? É mais veloz, mas o vocal é parecido, o espírito é parecido. A mim, não convence. Conferir: "Son the father".


7. GOLDFRAPP, "SEVENTH TREE". - Allison Goldfrapp é criativa. Não dá para dizer que não. Começando sua carreira num trip hop de cortar pulsos, pulou surpreendentemente para um electro-cabaré que a jogou na calçada da fama e, agora, volta com um disco folk que remete à sonoridade do brilhante primeiro trabalho ("Felt Montain"). O disco oscila bastante, tem momentos bem xaropes, mas algumas músicas valem pelo todo, especialmente a belíssima "Clowns", que é das minhas preferidas do ano. Conferir: "Clowns", "A&E".



8. JOAN AS POLICEWOMAN, "TO SURVIVE". - Esse álbum tem todos os defeitos e qualidades típicos de um singer/songwritter. É lúcido em alguns momentos, derramando emoções e fazendo o ouvinte deslizar na intimidade de Joan, porém logo em seguida tropeça em tentativas de canções mais acessíveis, que acabam descambando a um pop de elevador ou consultório de dentista. Lembra um pouco a irregularidade da Feist. Apesar disso, tem algumas das mais belas canções do ano, e Joan é uma grande voz. Conferir: "Start of my heart", "To America".








9. KINGS OF LEON, "ONLY BY THE NIGHT". - Os Kings mostram que estão em pleno processo de amadurecimento e cunhando, aos poucos, seu próprio estilo. O álbum não tem mais quase nenhum rock fácil, desses de pista que lembravam a primeira fase da banda, e a banda parece agora ter embarcado definitivamente na aventura que iniciou em "Because of the Times" (2007). Aqui o leque é variado e o disco não tem unidade melódica, passando por várias estruturas distintas e consistentes. Tem a música mais malvada do ano (começa assim: "oh, she's only seventeen..."). Ligeiramente inferior ao anterior, mostra, entretanto, que os Kings of Leon vão ganhando cada vez mais sua identidade e estão a um nível superior a outras bandinhas que só conseguem gravar um single e nada mais decente. Conferir: "Sex on Fire", "17", "Use somebody".








10. LITTLE JOY, "LITTLE JOY". - O disco era exatamente o que se esperava de Rodrigo Amarante. Sem Camelo, fica a aura mais leve e roqueira, fica o lado descompromissado e blasé dos Los Hermanos. A parceria com Fabrizio Moretti nos traz um disco ensolarado, leve, roqueiro e despretensioso. As influências vão de Beach Boys e Beatles aos próprios Strokes e Hermanos. O clima sessentista é evidente e algumas músicas soam retrôs como reuniões dançantes daquela época. Inferior, na minha modesta opinião, a tudo [talvez com exceção do primeiro] que a banda do RJ gravou, porém ainda assim vale a ouvida. Conferir: "The next time around", "Shoulder to shoulder", "Keep me in mind".






11. THE MAGNETIC FIELDS, "DISTORTION". - Franca e descaradamente inspirado em Jesus and Mary Chain, esse álbum seria mais ou menos uma espécie de "Psychocandy" dos nossos dias. Não chega a tanto, mas algumas vezes atinge a meta. O clima é a combinação entre o rock anos 50/60 [Beach Boys again...] com distorção (ah!) e microfonia a dar com pau. Algumas músicas são ensurdecedoras, outras bem calminhas e [quase] pops. Um disco bem barulhento e divertido. Conferir: "Xavier Says", "California Girls".





12. MARCELO CAMELO, "SOU". - Camelo é o meu "hermano" favorito. Já escrevi pilhas de elogios para ele por aqui. No entanto, confesso que achei CHATÍSSIMO esse álbum. Com pinta de Dorival Caymmi e extremamente preguiçoso, Camelo envereda definitivamente pela MPB que tinha sido pano de fundo de "4", enfiando-se num saco de melancolia que, sem o rock, ficou entendiante. A participação de Mallu Magalhães [vão me odiar por isso, lá vai:] é ridícula. Canta desafinadamente e mal. O que deu em ti Marcelo? Tu faz melhor que isso. Talvez seja a hora de - aprendida a lição de Levinas - voltar a ler um pouco Nietzsche ou Bataille para ficar mais malvadão, ok? Abraço! Conferir: "Téo e a Gaivota", "Janta".





13. MERCURY REV, "SNOWFLAKE MIDNIGHT". - O Mercury Rev é uma banda muito querida para mim. "Deserter's songs" é um disco fabuloso. Nesse retorno, o Mercury Rev não me decepcionou. Ao contrário. Reiventando-se com um uso menor de cordas e pianos e mais da eletrônica, os reis do "dream pop" nos brindam com uma viagem lisérgica que se inicia na primeira canção e só termina na última, formando um álbum fechado que chega muito próximo do "conceitual". Rico em efeitos, com seu vocal particular e sonhador, não hesitando em mergulhar em aventuras melódicas, esse álbum é o álbum lisérgico do ano. Conferir: "Snowflake in a hot world", "Senses on fire" e "Dream of a young girl as a flower".




14. MGMT, "ORACULAR SPETACULAR". - Outro álbum lisérgico, mas que não tem a mesma potência do anterior. Em favor do MGMT está o fato de que pelo menos arriscam em um cenário totalmente estagnado como o britânico. Enquanto seus conterrâneos dividem-se em cópias de Libertines e Arctic Monkeys, de um lado, e de Rapture e Klaxons, de outro, o MGMT arrisca-se na psicodelia extrema sessentista, bebendo em fontes extremamente loucas e misturando batuques, teclados barrocos, sons árabes, sintetizadores, riffs e vocais pirados. Vai do rock progressivo [limpo de todo virtuosismo - até parecem o Yes-sem-punheta certas vezes...] ao punk e ao pop com facilidade -- e lembra em muitos momentos os nossos Mutantes. Um bom disco de estréia de uma banda que pode crescer bastante. Conferir: "Time to pretend", "Weekend wars" e "4th dimensional transition".




15. MOSCOW OLYMPICS, "CUT THE WORLD". - Nada de novo no front. O Moscow Olympics caminha na linha shoegaze clássica, na linha de My Bloody Valentine e Ride. Os vocais misturam-se com o resto da banda, as guitarras são velozes e em paredes, as climatizações explodem e são super bonitas. O mérito do EP dessa banda das Filipinas e justamente fazer tudo isso com muita competência e perícia, não apresentando sequer uma musiquinha ruim. Conferir: "Carolyn", "Ocean sign".






16. MY MORNING JACKET, "EVIL URGES". - Banda muito querida da crítica, os norte-americanos do My Morning Jacket cada vez menos se ligam à sua raiz, algo próximo do country-rock do Wilco, e enveredam pelos rumos mais estranhos. Aqui, o mosaico é tão variado que é difícil definir por que praia caminha o som, oscilando de um tom mais profundo até o bobalhão-pop. Confesso, no entanto, que nunca vi nada no MMJ, sequer na sua pretensa obra-prima "Z", idolatrada por muita gente, mas que a mim diz bem pouco. Por isso, apesar de admitir que é bem tocado e tal, achei o disco, na real, chato. Conferir: "Evil urges", "Sec walkin'", "Touch me I'm going to scream pt. 1".





17. OASIS, "DIG OUT YOUR SOUL". - Aparentemente, Mr. Noel e Mr. Liam Gallagher resolveram ir ao estúdio e gravar o "Magical Mistery Tour" do Oasis. O projeto gráfico do álbum não esconde isso. Escrever sobre o Oasis demandaria algumas linhas a mais. Afinal, é a banda que divide atenções com o Radiohead em se tratando do rock, cada uma situada em um extremo do que hoje definimos como estritamente rock [U2 e Coldplay são bandas pop]. "Dig out your soul" é um belo disco, provavelmente não irá trazer muitos novos fãs ao Oasis [é praticamente mais do mesmo], mas revela uma banda que, como já indicava o álbum anterior, está segura de si e não desperdiça o tempo do ouvinte. Uma banda que está confortável no seu patamar e agora trata apenas de agradar ao seu público fiel e encantado, como eu. Conferir: "Bag it up", "The shock of lightning", "The nature of reality".




18. PRIMAL SCREAM, "BEAUTIFUL FUTURE". - Mas que pôrra de disquinho fraco, hein, Primal Scream? Fazendo uma espécie de mix da sua última fase, o Primal Scream oscila entre momentos mais próximos da eletrônica [especialmente do electro] e outros mais "Stones", roqueiros. O que falta é, basicamente, inspiração. "The Glory of Love", "Uptown" ou "Beautiful future" são apenas caricaturas do que pode ser um bom single vindo dessa banda que marcou época na Grã-Bretanha. Conferir: "The Glory of Love", "Uptown".





19. SPIRITUALIZED, "SONGS IN A & E". - Demorei para receber o belíssimo disco dessa banda bacana que é o Spiritualized. A inspiração é clara em "Ladies and Gentlemen we're floating on the space" - o que não é absolutamente um defeito. Climas etéreos-lisérgicos-psicodélicos-espaciais-oníricos, como manda tal bem o Spiritualized, letras provocativas e interessantes, backing vocals lindos. Experimentação e melodias bem balanceadas, na exata medida. O disco não tem músicas fracas e acerta no poder de síntese e segurança de uma banda já consolidada na seu talento. Discaço. Conferir: "Sweet talk", "Soul on fire", "Baby I'm just a fool".


20. THE DODOS, "VISITER". - Pois é. Uma parte da crítica musical e dos internautas que vivem de música receberam com entusiasmo esse álbum. Para mim nada mais é do que um disco comum de folk, tipo José Gonzales e outros, e que por isso merece apenas uma menção sem grandes empolgações. Conferir: "Fools".








21. THE FLAMING LIPS, "CHRISTMAS ON MARS". [DVD] - Não faz nenhum sentido sem o DVD. Por isso, vou me abster de comentar, pois ser injusto com os Flaming Lips é um pecado mortal.















22. THE KILLERS, "DAY AND AGE". - O Killers voltou com força total. "Day and Age" é um discaço, que atravessa com perfeição "Hot Fuss" e "Sam's town" e avança no rastro dos dois álbuns, fazendo a mescla típica da banda entre sintetizadores e riffs poderosos. Brandon Flowers canta cada vez melhor e mais à vontade. A quase totalidade das canções são potenciais singles. O álbum passa incólume sem quase nenhum tropeço [salvo "Goonight, travel well", quando o Killers fica muito Queen - tipo "My List"]. Sem falar que "Losing touch" é a melhor abertura do ano. Outro petardo sensacional dessa banda de Vegas que arrisca e acerta sempre. Conferir: "Losing Touch", "Human" e "The world that we live in".



23. THE STILLS, "OCEANS WILL RISE". - Terceiro álbum dessa boa banda canadense, "Oceans will rise" parece uma combinação entre seus dois antecessores, o ótimo "Logic will break your heart" e o bom "Without feathers". Se não retoma em toda intensidade as guitarras entrelaçadas que ficavam tão bem com o colorido do excepcional vocal, ao menos é capaz de fazer reviver momentos parecidos. The Stills, contam por aí, é veneno certo para mulheres. Eu não sei de nada disso. Mas dizem que nenhuma resiste à doçura do vocal de Tim Fletcher, e ainda tem a vantagem de não ser um som bundão. Conferir: "Snow in California", "Being here", "Don't talk down".



24. THE WALKMEN, "YOU & ME". - Banda queridinha da crítica, traz consigo um rock envergado em folk, apoiado sobre o vocal sui generis de Hamilton Leithauser, em uma sonoridade que às vezes lembra até coisas lendárias como Bob Dylan. Não dá para negar que o Walkmen traz uma sinceridade e autenticidade raras no cenário atual, fazendo todas as suas canções cheirar emoções. Riffs cortantes e gritos doloridos povoam o universo desse álbum interessante. Conferir: "Donde está la playa", "In the new year".



25. TV ON THE RADIO, "DEAR SCIENCE,". - Elevados ao patamar de grande banda no último trabalho - Return to the cookie montain -, que não gostei, aqui o TV on the Radio vem bem mais acessível e quiçá pop em alguns momentos, brilhando em arranjos eletrônicos que farão as pistas tremularem. Banda mais "artê" desse safra, conseguiu até cativar ouvintes menos afeitos como eu, embora ainda ponha minhas reticências à suposta "genialidade" dos seus membros. Conferir: "Halfway home", "Dancing choose".

Tá bom? Agora pega aquele teu disco do Tribalistas e bota no lugar devido.

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