(Giorgio Agamben, "Profanações")."Todo dispositivo de poder sempre é duplo: por um lado, isso resulta de um comportamento individual de subjetivação e, por outro, da sua captura numa esfera separada. Em si mesmo, o comportamento individual não traz, muitas vezes, nada de reprovável e até pode expressar uma intenção liberatória; reprovável é eventualmente - quando não foi obrigado pelas circunstâncias ou pela força - apenas o fato de se ter deixado capturar no dispositivo. Não é o gesto impudente da pornostar nem o rosto impassível da manequim, como tais, que devem ser questionados; infamos são, isso sim - política e moralmente - o dispositivo da pornografia, o dispositivo do desfilo de moda, que os desviaram do seu uso possível.
O Improfanável da pornografia - qualquer improfanável - baseia-se no aprisionamento e na distração de qualquer intenção autenticamente profanatória. Por isso é importante toda vez arrancar dos dispositivos - de todo dispositivo - a possibilidade de uso que os mesmos capturaram. A profanação do improfanável é a tarefa política da geração que vem."
segunda-feira, dezembro 22, 2008
PROFANAÇÕES (sobre as coisas que estamos discutindo)
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