O MAIOR HORROR DO MUNDO
ELE TEVE A MAIS apavorante visão da sua vida, daquelas que nos jogam na mais absoluta condição de surpresa e parecem dissecar o nosso interior: tudo era árido e corrosivo, o estômago remexia e os pêlos do corpo estavam em pé.
O choque de realidade era tão brutal que parecia arremessá-lo a quilômetros e quilômetros de distância, espécie de espasmo do infinito na sua face terrível.
Era um espelho, absolutamente perfeito e sinistro. Um espelho mais profundo do real que permitia olhar a si mesmo da sua forma mais estranha possível. Não era uma imagem reflexa, mas a pura corporalidade que se apresentava à sua frente. Experiência de horror. Seus mais íntimos defeitos, os trejeitos, as palavras desimportantes, aquilo que lhe escapava a cada minuto no diálogo. Encontrar a si mesmo foi o maior pesadelo.
Pois, afinal, o espelho era o olho do outro.
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