OS MELHORES DISCOS DO ANO!!!
Ladies and gentlemen, we're floating on the space...
10º. PJ HARVEY - WHITE CHALK
Certamente o disco mais introspecto de PJ Harvey, distante das suas constantes guitarras abrasivas, desta vez focada no vocal e pianos. O tom intimista e depressivo encontra paralelo nos últimos tempos apenas na também talentosa Cat Power, no seu "You are free", e desbancou o belo disco dos Low, "Drums and Guns", que permaneceu ao longo de todo ano no meu topten, porque só tem espaço para um desses discos suicidas por aqui. Polly Jean foi assim, chegando aos poucos, no seu minimalismo e tom melancólico, e temas como "To talk to you", "Grow Grow Grow" e "White Chalk" se apoderaram a ponto de se tornarem irresistíveis.
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9º. KINGS OF LEON - BECAUSE OF THE TIMES
Depois de dois álbuns que não haviam me chamado atenção, os Kings of Leon despejaram esse petardo musical que experimenta variações ao longo da audição, alternando peso e estilo de forma súbita e surpreendente. Combinando seu estilo básico de rock'n'roll sulista com um toque de arena, mantém um registro coeso que se sustenta sem sucumbir à mesmice e conformismo do gênero, empolgando o ouvinte. Além disso, tem "Fans", que é provavelmente uma das músicas mais legais do ano.
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8º. THE GOOD, THE BAD & THE QUEEN - THE GOOD, THE BAD & THE QUEEN
Imagine o Blur em que, ao invés de Graham Coxon, tocasse um dos guitarristas do Verve pré-Urban Hymns e, juntos, se reunissem para tomar LSD e ver todos os filmes do Sergio Leone em seqüência. É basicamente esse o som da super-banda The Good, The Bad & The Queen, composta por Damon Albarn [Blur, Gorillaz], Simon Tong [Verve] e Paul Simonon [Clash]. Apostando em uma psicodelia que acessa até o som do Pink Floyd, passando por riffs típicos de spaghetti western que adquirem uma aura espectral, belos violões e melodias [algo típico de Albarn], esse álbum convence mesmo. "King of doom", "Herculean" e "Green Fields" são canções que vieram para ficar.
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7º. THE CLIENTELE - GOD SAVE THE CLIENTELE
Os The Clientele gravaram o álbum mais beatle desde que os próprios Beatles nos deixaram. Com momentos que lembram álbuns como "Abbey Road", "Let it be" e "Rubber Soul", investem em harmonias vocais, melodias doces, tudo ao estilo sessentista que também poderíamos remeter a Beach Boys e Byrds. Tudo suave e macio. Assim como a PJ estava para os Low, os The Clientele estão para os Shins. Apesar de muito bom, o álbum do The Shins não consegue ter a coesão que "God Save the Clientele" tem, mantendo-se consistente [e delicioso] ao longo de toda audição. Com essa semelhança com a voz de John, dá até nostalgia de um tempo não vivido... Para escutar "From Brighton Beach to Santa Monica" e viajar do Reino Unido até as praias ensolaradas norte-americanas.
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6º. SPOON - GA GA GA GA GA
Recheado de melodias chicletudas, dessas que grudam na cabeça, o álbum dos Spoon demonstra uma maturidade fantástica da banda, que está em estilo bem distinto do lo-fi de onde se origina. Aqui, a produção é caprichadinha e a especialidade da casa é mesmo melodias, batidas dançantes levadas pelo baixo, ritmo, descontração; tudo aquilo que é difícil de expressar em palavras, mas o ouvido agradece. "Rthm and soul", "The Underdog" e "Don't you evah" não são recusadas por ninguém, não. Garanto.
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5º. BLONDE REDHEAD - 23
Se algum dia os Blonde Redhead tiveram inspiração no Sonic Youth, hoje a praia é definitivamente outra. A especialidade, por aqui, reside claramente em um dream pop dos mais etéreos, bebendo na fonte dos Cocteau Twins e, se quisermos lembrar de outras, dos Slowdive e Asobi Seksu, só que sem as gigantescas paredes de guitarras shoegazers. O clima é absolutamente celestial: a voz oriental de Kazu Makino, a climatização etérea mergulhada em guitarras e elementos eletrônicos e a psicodelia combinada com uma suavidade pop. "Silently", "Heroin" e "My Impure Hair" são três caminhos para o céu. Disco poderosíssimo.
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4º. INTERPOL - OUR LOVE TO ADMIRE
Seria interessante observar o processo pelo qual algumas bandas, depois de aclamadas e encontrando respaldo no público, acabam se tornando "uncools" pelo processo inverso que um dia as levou ao estrelato. É o caso dos Strokes e do Interpol. Como eu não dou a mínima importância para isso, deliciei-me com esse excelente álbum, furioso do início ao fim, que faz a banda retornar à melhor forma, de "Turn on the bright lights", baseada no que faz de melhor: climas sombrios, baixos pesados, guitarras rasgantes atmosféricas e em longos devaneios. As canções vão se construindo de forma lenta e gradual, fazendo-nos navegar sobre elas como se fossem ondas a nos transportar para um universo sombrio. Não é apenas o toque de Joy Division nem the Echo & The Bunnymen; é pós-rock também e é Interpol, uma banda que já se consolida como das maiores das surgidas na atualidade. Confiram "Pionner to the falls", "Rest my Chemistry", "Scale", "Lighthouse".
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3º. LCD SOUNDSYSTEM - SOUND OF SILVER
Aclamado pela crítica, público, pelos próprios músicos [o EP de "All my friends" contou com versões de Franz Ferdinand e de John Cale, do Velvet Underground] e até pela Scarlett Johansson, dono de um dos selos vanguardistas que lançou, entre outros, o The Rapture, James Murphy nem iria ficar bravo se não constasse no topten do Somepills. Mas não teria como não constar. Seu álbum -- transitando entre o rock e a eletrônica [com toques de minimal techno e electro] -- é epicamente bom. Entre as pop "North american scum", "Time to get away" e "Watch the tapes", há também os hinos "All my friends" e a ótima experimental "Someone great", apoiada em sintetizadores absolutamente fantásticos. Um álbum memorável, que oscila pelo pop de forma sempre segura, com contagiantes apoios eletrônicos.
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2º. THE NATIONAL - BOXER
Imagine-se dentro de um bar de Nova York, em plena madrugada, com dois ou três vagabundos bebendo e cheiro de mofo no ar. Você empunha seu copo de whisky on the rocks e dá um longo gole, sentindo aquele gosto forte queimar sua garganta enquanto sente o cheiro da fumaça do cigarro, que nubla o ambiente, deixando tudo ainda mais escuro e solitário. É nesse cenário que parece se passar o álbum do The National, marcado profundamente pela diferente voz de barítono de Matt Berninger, rodeado de tons intimistas tocados serenamente ao acompanhamento de pianos, violões e baixo. Não há como não se deixar levar pela grave e aveludada voz de Berninger em canções como "Apartment Story", "Racing like a pro", "Fake Empire" ou "Green Gloves". Tudo é delicioso e sutil, desprovido de qualquer experimentalismo a não ser o experimentalismo de deixar o coração exposto, na sua banalidade e intensidade que toca qualquer sensibilidade que aprecie música. Um álbum maiúsculo, do início ao fim.
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1º. RADIOHEAD - IN RAINBOWS
Apenas os mais otimistas esperavam um retorno tão triunfante do Radiohead. Depois de desafiar a indústria musical pondo à disposição seu álbum para download pelo preço que o internauta desejasse pagar, esperava-se um álbum na linha de "Hail to the Thief", ou seja, recheado de experimentalismos gradualmente desenvolvidos e temas competentes. "In Rainbows" é muito mais que isso. "In Rainbows" é, provavelmente, o terceiro melhor álbum da banda, perdendo apenas para os seminais "Ok Computer" e "Kid A". Para deixar um disco como "The Bends" pra trás é preciso muito bala na agulha. Que "In Rainbows" tem. Depois de sete anos de invenções diversas, flertes com a IDM, ritmos jazzísticos, músicas robóticas e/ou extraterrestres, etc., o Radiohead resolveu voltar para a Terra. Mas, pergunto a você, depois de viajar para um ambiente totalmente diferente da sua casa você é o mesmo? Claro que não. "In Rainbows" tem a aura pop de "The Bends", mas depois de atravessar todas as fases da carreira da banda, com um experiência conquistada e segurança incontestável. Varia entre temas de puro rock'n'roll como "Jigsaw falling into place" e "Bodysnatchers", flertes com eletrônica e trip hop como "All I need" e "15 steps", baladas como "Faust Arp" e "Videotape", revivals de Kid A como "Nude" e "Weird Fishes/Arpeggi" e, sobretudo, a dobradinha "Reckoner" e "House of Cards" -- a primeira uma nova "Let Down", com seu poder viciante de emoção intensa, e a segunda uma fusão de Slowdive com batida de reggae, absolutamente celestial. "In Rainbows" é tudo que o Radiohead tem de melhor, um álbum inspirado de uma banda que já integra os anais do rock. Não poderia ocupar outro lugar senão esse.
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