"A ACADEMIA QUE BOMBA"
ZERO HORA19 de dezembro de 2007 N° 15453
Universidade
Show de monografia
Preste atençãoSofá branco, mesa de vidro, rosas colombianas e figurino completo. Assim, Lara Lindenmeyer apresentou na semana passada o seu trabalho de conclusão do curso de Jornalismo, que teve Hebe Camargo como tema central. Ao caprichar na performance que marcou a trajetória de um dos ícones da TV brasileira, a estudante emocionou a banca de professores da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) formada por Luiza Carravetta e Leo Nunes. Orientada por Adriana Duval, a pesquisa revisou os 62 anos da carreira de Hebe e buscou uma explicação sobre o sucesso da apresentadora que se mantém no ar em plena era digital. Depois do "show", Lara foi aprovada com distinção, recebendo nota 10. Conforme a professora orientadora, além da abrangência da pesquisa biográfica, o forte cruzamento com a história do Brasil e o estudo da indústria cultural, o trabalho foi valorizado pela memória afetiva da estudante que a ajudou na composição do estudo.Caderno Vestibular - O que você descobriu com a análise?Lara Lindenmeyer - Em uma retrospectiva do trabalho da Hebe desde os anos 1940, vi que o formato do programa dela é atemporal. Ela soube entender as necessidades e os gostos do público, sem nunca perder a identidade. Tenho grande admiração pela Hebe e isso ajudou na minha pesquisa. Ela é uma camaleoa, perfeitamente ajustada às dinâmicas da indústria cultural e dos meios de comunicação.Vestibular - Você falou com ela?Lara Lindenmeyer - Ainda não. Durante os meus estudos falei como a produção dela e fui bem atendida.Vestibular - Quais foram as tuas fontes?Lara Lindenmeyer - Livros, revistas antigas e publicações. Há pouco material sobre a Hebe. Não achei nenhum trabalho em universidades brasileiras com a Hebe como tema central, mas reuni um bom acervo sobre ela para pesquisa.Vestibular - Qual é o segredo da Hebe para se manter no ar por tantos anos?Lara Lindenmeyer - A perspicácia, a naturalidade, o olho no olho com a câmera. Ela usa códigos de linguagem, como as expressões "gracinha", "meu público", "pessoinhas de casa", que cativam. A Hebe apresenta suas convicções no ar e divide isso com o público. Tem muita gratidão pelo telespectador e demostra isso em todas as oportunidades.Vestibular - O que te surpreendeu?Lara Lindenmeyer - Quando comecei a ler e a pesquisar, constatei que minha percepção de adolescente era verdadeira. Eu tinha 15 anos no dia 4 de março de 1986, quando ela estreou no SBT. Minha mãe e minha avó se prepararam como se fossem receber uma visita em casa. Aquilo me intrigou. Jantamos mais cedo e nos preparamos para a chegada dela. Eu me surpreendi ao constatar cientificamente que ela entra nas casas das pessoas.Vestibular - De onde surgiu a idéia da apresentação?Lara Lindenmeyer - No momento em que resolvi pesquisar sobre ela. Foram dois anos de trabalho. Aproveitei minha experiência de apresentadora e produtora cultural. Usei uma roupa feita por minha avó. As rosas colombianas, exatamente como Hebe usa, eu encomendei de São Paulo. Pensei em todos os detalhes. Além de móveis e figurinos, o material tinha a logomarca dela. Queria transportar a banca para o universo da Hebe. E consegui. Foi emocionante.Vestibular - Quais são teus planos?Lara Lindenmeyer - Quero assistir a um programa da Hebe ao vivo e entregar o trabalho pessoalmente a ela. E pretendo transformar a monografia em um livro.
Porque Adorno era "gracinha".
Marcadores: Dose pra mamute