quarta-feira, dezembro 28, 2005
terça-feira, dezembro 27, 2005
Pouco restou.
Amigos, insolência, desobediência. Loucuras eventuais, alucinações e desvairio musical.
Tudo se perdeu em meio a um pessimismo sem fim.
Mônadas fechadas. Não suporto mais o narcisismo e o egoísmo.
Inteligências não se impõem pela força. Apenas a força se impõe pela força.
Caíram os ideais, a admiração. Sobrou a podridão que me revolta.
Nenhuma estrutura presta. Emaranhados de ganância, exibicionismo e falsidade.
E eu - ingênuo - um dia acreditei em tudo isso. Fui eu-mesmo demais.
Acordei assim - pura decepção. Salvaram-se os bons amigos e alguns doces momentos.
O restante foi para lata do lixo.
Lixo - uma palavra perfeita para definir o mundo-cão que nos rodeia.
Escolha: hipocrisia ou derrota. Os fracos são maiores que nós.
Escolha: farsa ou mediocridade. O mundo não deixou espaço para os sinceros.
Deixe pra lá. Esqueça o que realmente pensa. Isso não importa.
Reproduza. É para isso que existe o ser humano, afinal.
Reproduzir! Em todas as instâncias: família, profissão, estudo, amor. Reproduzir.
Ser mais-um o tempo inteiro.
Conforme-se. Cresça. Amadureça. Acorde.
Não tenta amar. Querer. Ser. Não tente mudar.
O mundo-cão está ao seu redor.
Louco para te abocanhar.
Trilha sonora do post: The Constantines, "Love in fear".
sábado, dezembro 24, 2005
segunda-feira, dezembro 19, 2005
9. A Queda! As Últimas Horas de Hitler ("Der Untergang", Dir. Oliver Hirschbiegel)
7. Mar Adentro ("Mar Adentro", Dir. Alejandro Amenábar).
"Eu não estou dizendo que os paraplégicos devem morrer, estou dizendo que eu quero morrer". Mar Adentro toca numa das feridas da racionalidade, a eutanásia, que irá opor para sempre conservadores e liberais. Com interpretação fantástica do protagonista, coloca o tema sem apelação a clichês e, a todo momento, vocifera contra posições que pretendam extrair uma regra universal sobre o tema. De uma tristeza categórica, que persegue toda película espanhola.
6. Cidade Baixa (Dir. Sérgio Machado)
O amor na sua fatalidade. Amor inesperado, indesejado e incontrolável. Amor que transcende a vontade, amor que se manifesta fora dos quadrantes da escolha. Amor que destrói, ao invés de construir. Amor inconciliável, inaceitável e inevitável. "Cidade Baixa" é um filme sobre o pior amor, aquele que não deveria existir, mas teima em permanecer perene, intocado e furioso.
5. Manderlay ("Manderlay", Dir. Lars von Trier)
4. O Jardineiro Fiel ("The Constant Gardener", Dir. Fernando Meirelles)
Os dramas da África encenados com precisão milimétrica, sem eufemismos ou disfarces. Os interesses da indústria farmacêutica que apenas refletem um individualismo exacerbado, onde os mais fracos sofrem os efeitos da ganância incontrolável do ocidente. Fotografia perfeita, atuação impecável dos atores.
Trilha sonora do post: Spiritualized, "Stay with me".
sexta-feira, dezembro 16, 2005
- Roberto Carlos declarou que Luxemburgo "não se adaptou" à Europa. Nunca gostei do Luxemburgo como pessoa, aliás, isso é bem comum, mas é incontestável que ele é grande treinador. Um dos fatos que me decepcionaram foi que ele, que sempre ambicionou ir à Europa, não sabia falar uma palavra de espanhol quando desembarcou em Madrid. Será que isso não conta? Isso não é falta de preparo? É sim. O idioma deve ter interferido bastante nos problemas de Luxa e, convenha-se, isso é pura incompetência, já que não estamos falando nem de time grego nem alemão.
- As razões do fracasso do Madrid nas últimas temporadas só não enxerga quem não quer, basta ler o noticiário semanal. Técnico demitido, interino assumindo "sem previsão" de final, Keane assinando com o Celtic e o principal interesse é... Cassano. Exatamente como ocorreu no início da temporada passada, com Camacho, Owen, Vieira e Mariano Remón. Troque os nomes e a equação dá o mesmo resultado.
Duelo de gigantes
Incrível o azar de dois dos três times mais fortes na presente temporada, Chelsea e Barcelona, que vão se matar já nas oitavas-de-final da Championsleague. Bom para a Juventus, que pegou o fraco Werder Bremen, e já um dos seus maiores inimigos sendo eliminado.
Dois lados da mesma moeda
Os Estados Unidos são uma nação paradoxal. Ao mesmo tempo que são a maior e mais sólida democracia do mundo, vivem sob as farpas com um complexo industrial-militar com projeto de dominação mundial e expansão ilimitada dos lucros dos magnatas. Ao mesmo tempo que são o país com maior tradição de proteção aos direitos civis, hoje em dia são o local do medo.
Essa duplicidade não é enxergada por grande parte da população brasileira, que é a segunda colocada em anti-americanismo no mundo (atrás apenas de Coréia do Norte), e, com isso, somos incapazes de enxergar os méritos dos Estados Unidos.
Sim, os EUA são a terra de Bush, de Rice e de Nixon. Mas também é o país de Rorty, de Chaplin, James Dean e Eddie Vedder. Prefiro acreditar que, na disputa entre o medo e a democracia, os EUA acabem aceitando a segunda via, como aliás sempre ocorreu na história. Que sobreviva a América de Kubrick, de Jeff Tweedy, Michael Moore, John Dewey, Martin Luther King, Ray Charles, Larry Flynt e outros.
É verdade que os falcons lutam contra os direitos civis com manobras espúrias, como a propaganda nacionalista que, na verdade, alimenta a máquina de guerra, ou com a tortura em território estrangeiro. Mas, aos poucos, a sólida democracia americana vai reagindo, depois do choque de 11/09: leio notícias de reações do Congresso contra a tortura, regulamentando as atividades da CIA, e a provável derrubada do Patriot Act, o maior exemplo de avanço do medo naquele país. Gostem ou não os marxistas brasileiros, a democracia americana avança, e nós, se seguíssemos os liberais [liberais de esquerda, já expliquei por aqui a diferença] de lá, poderíamos estar bem melhor representados do que estamos.
Por que não "Veja"?
A questão andou pulando de outro blog pra cá, nos comentários, e eu vou dizer minha opinião.
O problema da "Veja" não é ser a "Veja": é ser o retrato do que há de mais podre e mais comum na nossa sociedade. O invidualismo exacerbado, o elogio do capitalismo selvagem, direitismo incontido, autoritarismo, maniqueísmo, preconceito e estímulo à burrice que integram nosso dia-a-dia, a cada lugar que vamos, está em "Veja". Veja é o espelho do nosso senso comum tosco e irreflexivo, egoísta e simplista. Não é preciso ler a Veja para saber o que está escrito ali: basta ir até a esquina e conversar com qualquer cretino para "lê-la" de cabo a rabo.
No meio de um noticiário político extremamente populista e conservador, ainda sobra espaço para a futilidade absoluta, através de matérias patéticas de comportamento que estimula as classes média e alta a permanecerem dentro de suas bolhas de segurança, prontas para disparar nos excluídos que vivem ao nosso redor.
O problema não é o PT, Chavez, ou a Veja: é a indiferença do Brasil e do mundo atual, com seus Homers Simpsons, perante milhares de pessoas que não têm opção, tratadas como excrescência ou problema pelo nosso senso comum que só está preocupado com o eu, aqui e agora.
Louis XIV, "The best little secrets are kept" (2005).
Ponto 1: o Louis XIV tem o hábito de colocar gostosas na capa dos seus discos, o que, embora já feito pelo Strokes recentemente, é algo extremamente saudável, cool e recomendado, podendo ser repetido indefinidamente. Muito melhor olhar gostosas do que roqueiros sebosos e seqüelados na capa de um disco. Mais ainda quando é uma mina com peitos de fora fumando baseado.
(Isso é legal, mas só vale pela capa o tal single)
Ponto 2: os carinhas, entretanto, não têm jeito de quem gosta do bagulho. Como várias bandas gays, os caras parecem apelar para a putaria sem realmente apreciar o produto. Porque quem usa maquiagem - sem exceção - só pode ser viado, no passado, presente, ou pelo menos reserva um futuro "penetrante" para o seu fiofó.
Ponto 3: o importante não é ser gay ou não. Que o digam os monstros do rock'n'roll que já deram a buzanfa e, contudo, matam a pau. Sem falar de filósofos, romancistas, poetas, pintores e o escambau. O importante é que isso é sintoma de um mal artístico maior: falta de autenticidade. Por mais que eu odeie aquela banda com nome real, o cara pelo menos tinha a originalidade de se vestir de empregadinha. E, tá, é foda ver um bigodudo com roupa de empregadinha, mas pelo menos o cara não se fingia de comedor.
Ponto 4: toda essa ironia "homofóbica" é apenas sarcasmo para dizer que o som dos caras não tem nada que se pretende. A pretensão de misturar hard rock tradicional com tosqueira ao bom estilo White Stripes patina, patina, até despencar definitivamente em "Hey Teacher", uma prova inequívoca da ruindade da banda. No final das contas, a banda não é melhor que um Darkness metido a comedor sonhando-com-Jack-White. "Contraditio in adjecto". Ou, se preferirem, aqui os "pequenos segredos" da banda não serão guardados.
quarta-feira, dezembro 14, 2005
O filósofo Michel Foucault foi o primeiro a tomar a sério o poder como algo constituinte da maioria dos nossos conceitos. Nietzsche e Heidegger já haviam tido antecipações geniais sobre o tema: mas somente Foucault enovelou todos esses insights até chegar ao poder como categoria central do pensamento.
A principal inimiga de Foucault é a chamada "filosofia do sujeito", uma tradição que se estendeu desde René Descartes e encontrou seu ápice no pensamento iluminista, que consistia na idéia do ser humano como um ser racional, com um centro de crenças imutáveis que constituiria seu "eu", do qual o restante, desejos, pulsões, crenças seriam apenas periferia contingente. Esse "centro" seria a-histórico e a-social, composto por um núcleo racional que todo ser humano possuiria.
O que Foucault pretendeu mostrar, atacando o iluminismo, a psicanálise e outras construções modernas foi, basicamente, que o "sujeito" como "centro racional" era um conceito que ignorava o fato de que, basicamente, somos esmagados pelas estruturas de poder que nos governam. A escola, o trabalho, as diversas instituições que temos que passar ao longo da nossa vida nos impõem uma estrutura disciplinar que a todo momento nos "adestra", tornando-nos "sujeitos dóceis" moldados pelo poder. Esse "centro", por isso, não só não existiria, porque somos uma seqüência de contingências, como ainda seria basicamente um "molde" que o poder tenta nos enxertar, com seus rituais disciplinares (rituais que Foucault identificou nas escolas, prisões, conventos, manicômios, tribunais, consultório psiquiátrico, na filosofia, etc.). Esse "poder disciplinar" que forma o sujeito foi muitas vezes chamado de "poder panóptico", com referência à construção de presídio pretendida pelo filósofo inglês Jeremy Bentham, uma obra em que todos os presos poderiam ser vistos simultaneamente sem enxergar quem os espionava, numa estrutura circular totalizante.
Foucault, ao trazer o "poder panóptico" para o centro da filosofia, substituiu, com uma certa ironia, a idéia de "sujeito" pelo "assujeitamento". Em vez do sujeito livre e racional do iluminismo, o confinamento a estruturas de poder serializantes - assujeitamento.
Mas Grace subestima o "assujeitamento". Não vou dar mais detalhes do filme, que se passa nos mesmos moldes de Dogville, com a estrutura de capítulos e cenários vazios. O que Grace não sabia, e as formas da democracia americana, construídas com base iluminista, também ignoravam, é que o "sujeito livre e racional" do iluminismo não existia, mas sim um complexo de estruturas que nos transformam no que nós somos. E, a todo momento, Grace irá se chocar não com o "sujeito negro"; mas com o "assujeitado" negro. A estrutura escravagista, Grace ignora, é maior do que uma mera decisão racional dos participantes naquele momento, é mais do que uma imposição com uma "espingarda" e uma "arma de brinquedo" (únicas armas dos fazendeiros). A estrutura escravagista já havia "assujeitado" todos os negros daquela fazenda.
É justamente nesse ponto que a "esquerda cultural americana", uma corrente política formada a partir da universidade, do movimento negro, gay e das feministas, apoiados em Foucault (cuja influência nos EUA foi maior que na própria França), insiste, desde o final da década de 60, ao propor privilégios especiais "compensatórios", como as cotas para negros e mulheres. Segundo essa tendência, a mera ampliação do Estado Liberal não é suficiente para liberar esses oprimidos das estruturas em que estavam presos. É necessário algo mais.
A "esquerda cultural" americana pode estar certa ou não. Richard Rorty, por exemplo, acha que essas disputas "transversais" acabaram enfraquecendo a verdadeira esquerda norte-americana, aquela que lutava por melhores salários, condições dignas de vida, etc. O filme "Crash", que andei comentando aqui, também mostra um lado triste dessas políticas, um certo esquecimento, preso a essas identidades engessadas (negro, mulher, judeu, árabe, gay, etc.), do Rosto original, de que fala Emmanuel Lévinas, uma consciência que, ao se defrontarem com momentos críticos os protagonistas, readquiriam, restituindo o sentido humano nas relações sociais. De qualquer forma, Manderley problematiza a viabilidade de estendermos as instituições liberais, pura e simplesmente, ignorando as estruturas de poder que formam, inconscientemente, nossa visão de mundo.
terça-feira, dezembro 13, 2005
Início do Ano
Até a primeira capa da Revista Veja sobre o "escândalo" dos correios, Lula era tido como certo para a reeleição. O Brasil tinha índices de crescimento bem superiores aos anteriores, o PIB subia, assim como superávit comercial, e desemprego e inadimplência caíam.
O Governo ia bem, incorporando o PMDB para duas pastas, mas uma disputa entre José Dirceu e Aldo Rebelo ia, todos os dias, para a imprensa, que batia muitas vezes injustamente no Governo. Somente vimos o reflexo do "desastre político", que os jornalistas advertiam lá de Brasília, com o início da crise.
Não vou ficar rememorando os fatos.
Fato número 1 - não houve "mensalão", da forma que Bob Jefferson propôs [esquema de "mesadas" para a base aliada votar com o governo]. O que houve foi sim, uma forma velada de comprar os parlamentares por um acerto discreto de custeamento de campanhas eleitorais. Nada além disso foi provado, e essa é realmente a versão mais plausível.
Fato número 2 - isso é CORRUPÇÃO, sem meias palavras. Não me venham com justificativas estalinistas de que isso se seria para o bem do país, blá-blá-blá. Está na cara que houve favorecimento de Marcos Valério e outros em licitações, que dirigentes insignificantes do PT (v.g., Silvinho Pereira) recebiam propina e que a intenção era aprovar tudo que o Governo queria com dinheiro. Também é evidente que José Dirceu sabia sim, do esquema, e que Lula "preferiu" não saber.
Fato número 3 - Sim, o PT se mostrou corrupto e capaz de sustentar uma burocracia gananciosa, personalista e imoral. Silvio Pereira e Delúbio Soares são prova dessa ostentação. Sim, o PT usou recursos públicos, do Banco do Brasil, para interesses partidários. Sim, tudo isso foi confundido e jogou o meu partido, no qual eu depositava inestimável confiança ética, na vala comum.
Fato número 4 - Apesar disso, CERTAMENTE a roubalheira no Governo do PT foi menor que os anteriores. Ninguém seria ingênuo a ponto de achar que o PFL não rouba MUITO há MUITO tempo. Mas isso realmente não importa. O que importa é que o PT, agora, se nivelou por baixo.
Fato número 5 - Idealistas como Heloísa Helena e Luciana Genro não servem para nada na democracia. Suas concepções foram sugadas pelo tempo e seu ideal de "pureza" vai ser constante frustração, como foi com a URSS, com Cuba e assim por diante.
Fato número 6 - O Presidente Lula, ao se omitir nesse contexto, mostrou fraqueza e incapacidade de reagir de forma republicana. Preferiu continuar o seu projeto político. Com isso, nivelou-se pelos demais, como o próprio FHC, e virou farinha do mesmo saco. A única saída que o tornaria superior seria abrir mão da reeleição e destrinchar, até as últimas conseqüências, o que ocorreu no seu governo. Com isso, teria moral para atacar os outros partidos, inclusive quanto ao financiamento de campanha [hoje já é notícia o "caixa 2" na campanha do Serra], e veríamos vísceras e sangue espalhados por Brasília, na maior limpa ética da história do país.
Conclusões sobre a Crise
1 - O meio político é completamente podre. Quem quer poder tem que se juntar à podridão, ou não consegue nada. Fisiologia e corrupção são mais do que freqüentes episódios, são rotina.
2 - O PT virou um partido, no plano ético, sujeito aos mesmos defeitos que os demais, sem mais ou menos. Sequer a "revolução" de Dirceu se mantém, depois que Silvinho recebeu sua Land Rover.
3 - Só há três opções para as pessoas de esquerda: radicalismo mofado, com o PSOL, niilismo político ou opção consciente e deliberada pela aceitação de certa margem de corrupção, com o PT. Infelizmente, não há outra via.
4 - O PT SEGUE SENDO, para quem não quer desistir da política, a melhor opção. É o único partido de centro-esquerda capaz de garantir uma certa melhoria dos indicadores sociais sem cair no populismo chavista. A solução é insistir na bandeira ética, mas com autocrítica, o que ainda é uma incógnita.
5 - Desistir da política significa desistir dos oprimidos que tiveram o azar de nascer assim e NADA, NADA MESMO, justifica que assim continuem.
6 - Mais do que o PT, o importante é a manutenção das instituições constitucionais. Ninguém está ou deve estar acima da lei. Não devemos defender ninguém "acima de qualquer suspeita". O meio político é podre, qualquer um pode, a qualquer minuto, ir para a lata do lixo. E assim caminha a democracia.
Outros fatos
- O fome zero mostrou que funciona. 70 reais é pouco para um jornalista de classe média, mas é substancial para quem come farinha três vezes por semana. Queiram ou não, é um começo, funcionou.
- A política de ensino superior do Governo foi correta, mas falta investir mais em educação de base e saúde.
- O Banco Central e o Ministério da Fazenda erraram feio com seu ultraconservadorismo. Brincaram com os números, ao verem que o país cresceu mesmo com o arrocho, e quiseram mostrar tico duro ao aumentar o arrocho, achando que iria crescer mesmo assim. Acabaram tomando um tufo e hoje temos mais um ano perdido. Os tais "ajustes" foram equivocados e exagerados.
- A política internacional foi, de regra, acertada. Insistir quanto aos subsídios europeus é realmente pensar para frente, com a globalização como algo inevitável, que temos que conviver e precisamos "domar". Negociar com mercados emergentes foi correto. Trazer o MERCOSUL de volta para a agenda, esquecido que estava no pífio Governo do "Príncipe" FHC, foi totalmente correto. O que precisamos agora é abdicar dessa megalomania de "liderança" sul-americana e fazer realmente avançar a integração regional, com concessões mútuas.
Sobre o Governo Estadual
Como desde o seu início, não fedeu nem cheirou. Rigotto fez o melhor que podia fazer, politicamente falando, administrou a massa falida que é o nosso Estado. O que isso significa? Que o seu projeto político de "agradar a todos" esteve acima de realmente buscar uma solução para os nossos problemas. Não houve nenhum avanço, e alguns retrocessos.
Governo Municipal
Fora a contratação de mais CCs, não vimos nada de novo. Apenas deu seguimento aos projetos da administração petista e, seguindo o modelo Rigotto, vai na linha nem-fede-nem-cheira.
sábado, dezembro 10, 2005
Então agora o certo é ser cínico?
Acho muito estranho esse lugar-comum que virou criticar os artistas que fazem show com intenções beneficientes. Então agora o certo virou errado e o errado certo? Ah, sim, eu sei que "Still haven't found what I'm looking for" ou "Clocks" não vão mudar a história do mundo, nem convencer George W. Bush a parar com a sua carnicifina. Mas fico louco quando a hipocrisia vira regra e o certo parece hipocrisia. Então virou "hipocrisia" lutar por um mundo mais justo? Não ser hipócrita, então, é permitir que pessoas morram de fome, vivam sem dignidade, sofram de doenças tratáveis ou sejam assassinadas pelas armas que fabricamos? Acho muito estranho. Hipócrita, para mim, é quem finge que não enxerga.
Mais sobre hipocrisia
Durante as discussões sobre o Estatuto do Desarmamento, aprendi que para muita gente ser "hipócrita" significa não admitir que as coisas ruins existem e devem ficar assim. Ora, isso não tem nada a ver com ser hipócrita.
Perspectivas animadoras
Depois de um boato de que viriam Kleber, Preto Casagrande e Tuta, todos do Flu, além de Capixaba, do Coritiba, agora falam de Baiano e Fabiano, do Palmeiras. Todos, com exceção do goleiro Kleber, que acho bem mediano, seriam reforços de peso e cairiam bem no Tricolor. Especialmente Tuta, é claro. Fabiano eu venho sugerindo há pelo menos dois anos ao Grêmio. Passou pelo Atlético-PR e São Paulo, é habilidoso e veloz e, na época que foi defenestrado do SP, foi por pura injustiça da torcida. Também se falou de Washington, e aí eu acho que estaríamos feitos da vida. Como eu disse, dois laterais, um zagueirão, dois meias e um centroavante tornam o Grêmio aspirante a, pelo menos, a Libertadores. Vale a pena investir.
Trilha sonora do post: Coldplay, "X and Y".
quinta-feira, dezembro 08, 2005
terça-feira, dezembro 06, 2005
Primeiro ponto: Marcelo Camelo é superior a Rodrigo Amarante. Discretamente situado ao lado da bateria enquanto Rodrigo cantava suas ótimas canções, Camelo tem total noção de que, se não é o xodó, certamente dele são as melhores músicas da banda. Pode choramingar que não é isso que a doutrininha indie ensina, mas se tu fosse indie dificilmente perderia tempo lendo esse blog.
Segundo ponto: mas por que então Amarante é o preferido de mais da metade dos fãs? Resposta, só percebida ontem: porque ele nos lembra um cara que marcou nossa adolescência, um compositor ímpar na história do Brasil, um neopunk que se tornou romântico, um carinha que todos nós conhecemos e que se chamava Renato Russo. As músicas de Amarante, densas de romantismo, nostalgia e tristeza pungente, lembram muito o Legião da segunda fase. Essa simpatia é inconsciente. Algo que podes perceber na simplicidade prostrada de "O Vento", em um arranjo que eu diria mediano, mas compensado por uma interpretação fantástica do vocalista, ao seu estilo blasé.
Com Camelo, o furo é ainda mais embaixo. Suas composições parecem uma fusão entre a trinca dos melhores da MPB - Tom Jobim, Caetano Veloso e Chico Buarque - com um tempero roqueiro, conciliando o espírito poético da nossa música tradicional com a eletricidade do rock, em riffs discretos e harmônicos. Uma espécie de fusão de samba triste com Radiohead.
Riffs. Coisa imperceptível em "4", mas notória ao vivo. Os Hermanos lascam, em uma música que não tinha dado muito atenção, "Pois é", um discreto riff que o Interpol e o Editors, especialmente o último, vêm tentando desde as suas estréias. Aquele clima oitocentista por baixo de uma melodia básica, brasileira, buarqueana. Mas com um ingrediente secreto e discreto presente em vários músicas dos Hermanos: um elemento radioheadiano escondido, subterrâneo, aquela guitarra rasgada que destrói a linearidade da música como se fosse uma britadeira. Duvida? Ouça então "Os Pássaros", "Condicional" e "É de lágrima". A primeira lembra o espaço sônico frio e sombrio de Kid A; as últimas carregam um riff que parece aquele solo de "Just", onde a guitarra entra "furando" a melodia, transformando a música em que um espaço multifacetado de rock puro.
Amarante é o nerd querido dos fãs, um bobão [no bom sentido] neoromântico; Camelo é a segurança do talento, da malandragem genial. Amarante é um roqueiro inspirado; Camelo é um gênio ímpar da música nacional. Essa dupla, que conjuga canções protoexperimentais com melodias semi-pops, tem tudo para explodir os limites das fronteiras nacionais, se o mundo um dia for justo. O Los Hermanos não é mais ouvido e idolatrado no Brasil pela burrice nacional, porque hoje não teríamos mais Chico, Caetano e Renato Russo. Temos o Chorão [o nome diz tudo].
Os Hermanos conservam a estrutura de poesia da MPB, cuja raiz bossanovista está nos versos de Vinícius, nas parcerias de Ipanema, no romantismo do brasileiro malandro, nas belas letras do Chico. Tudo isso, com rock, é o fruto do inesperado. De rock, tivemos as ainda atuais e presentes "Cara Estranho" e "O Vencedor", dois hinos sobre como cantar boas canções com guitarras em português [e nem tocaram a minha preferida - "Os Pássaros"]. Algo que os rivais do mainstream, como o Detonautas ou CPM-22, nunca irão conseguir.
Enfim, uma grande banda. Um híbrido. E viva a mestiçagem.
Trilha sonora do post: Los Hermanos, "Condicional".
segunda-feira, dezembro 05, 2005
"Fix You", do Coldplay, é certamente uma das músicas do ano. Com riffs inspirados no U2-oitocentista, combinando com uma inspiração vocal-falseateada e o apogeu épico, parece um retrato do que há de mais perfeito no formato pop. Algo que o Coldplay sempre fez e agora levou ao extremo, para bem e para mal. Pop, para este blogueiro, significa apenas produção "redonda", instrumentos limpos, melodia constante e anti-experimental, vocais trabalhados. Pop, portanto, não é sinônimo de sucesso, embora no caso de "Fix You" seja.
Mas mais perfeita do que "Fix You" é "Transatlanticism", faixa-título do disco anterior (2003) do Death Cab for Cutie. Digo isso porque em todas as músicas pop, quando boas, ficamos com a sensação de que desejaríamos um minuto a mais de música, mas talvez aquele minuto seria uma extravagância que estragaria a canção. Em "Transatlanticism", o DCFC consegue a síntese perfeita entre um e outro: em oito minutos nada arrastados, a melodia perfeita, no estilo de "Fix You", ganha um crescente permanente, te jogando num constante estado de estupefação. É um negócio muito complicado de explicar, mas dá vontade de gritar, chorar, tocar junto, socar a parede, chutar tudo ao redor. A música já começa, no seu teor épico-magistral, segundos antes, emendada por percussões com "Tiny Vessels". Depois, desembocando em riffs limpíssimos e teclados sutis e elegantes, vai seguindo um vocal aveludado, semi-perfeito, porém que carrega consigo a essência do desespero: a saudade, em virtude da distância. A música parece composta nos seus micro-detalhes, com cotonetes tirando excessos e marcando o contorno da perfeição.
Tentei descrever brevemente as sensações que essa música causa em mim: um misto de agonia, angústia, desespero, gozo e embriaguez sonora. Melhor ainda é ouvir logo isso aí. Oito, eu disse OITO, minutos de pop perfeito.
Totalmente diferente
Fazer uma lista significa, necessariamente, cometer injustiças. Vejam, por exemplo, o ano passado. Hoje em dia, se fosse fazer uma lista dos melhores, estaria totalmente diferente, especialmente por causa dos discos que ouvi durante esse ano.
Colocaria, mais ou menos, assim: 10. The Libertines, "The Libertines"; 9. Keane, "Hopes and Fears"; 8. Interpol, "Antics"; 7. Franz Ferdinand, "Franz Ferdinand"; 6. Arcade Fire, "Funeral"; 5 - Secret Machines, "Now Here is Nowhere"; 4. Manic Street Preachers, "Lifeblood"; 3. The Killers, "Hot Fuss"; 2. Wilco, "A Ghost is Born"; 1. Snow Patrol, "Final Straw". Apenas o primeiro lugar segue o mesmo.
Notem, 05 estreantes em dez. Esse ano, se tiver um é muito.
Mas o ponto é: daqui a seis meses, pode ser que faça uma lista completamente diferente.
Wolf Parade e The Kills
Os tais canadenses do Wolf Parade, hypadíssimos entre os indies de plantão, não têm nada a ver com o Arcade Fire: pra mim, o som lembra muuuuuuuito o Modest Mouse. Mas não é uma opinião definitiva.
O The Kills, que esteve aqui no Brasil esse ano, é uma duplinha mista que toca um som garageiro pra burro, com guitarras secas e cruas e vocal sexy. Lembrou do Raveonettes e do White Stripes? Sim, parece um pouco cada um. Raveonettes pela garagem e pelo vocal sexy, mas o som é mais cru e indie ainda. E a banda sofre de um defeito que os Stripes não têm: falta instrumento. Ao contrário da eletricidade que faz Jack White preencher a música, ali parece que, o tempo todo, a harmonia é vitimada pela ausência de um instrumental mais poderoso [leia-se, pelo menos o básico: baixo, bateria e guitarra]. Todavia, por mais que falte harmonia, há boas melodias que fazem o disco valer a pena ("Rodeo Town", "I hate the way you love me" (1 e 2), "The Good Ones*"). Vai, mas sem se empolgar.
* Cuja entradinha emula "Only happy when it rains", do Garbage. Assim como "Good Feeling Inc.", do Gorillaz, emula "Starring at the sun", do U2. Ninguém prestou atenção nisso?
Luxa é o culpado?
Mais uma vez o Madrid se engana ao demitir Luxemburgo. LONGE dele ser o problema do time. Na verdade, ficou muito claro o que eu já havia advirtido: faltou plantel. Lesionados Raúl, Zidane, Júlio Baptista e Ronaldo, acabou o time. Alguns voltaram meio fora de forma contra o Barça, e deu no que deu. O Madrid precisa contratar urgentemente jogadores de médio porte, capazes de substituirem os titulares e darem conta do recado, como já fizeram Chelsea, Juventus e o próprio Barcelona, por exemplo.
O holandês Rafael van der Vaart, por exemplo, seria um ótimo reforço.
Recalque colorado
Os colorados são o retrato do patético. Sinto TANTA pena de quem torce para o Inter. Pra mim, a diferença entre Grêmio e Inter é mais ou menos como Manchester United e Manchester City. É uma diferença que faz o Grêmio crescer e o Inter encolher nas decisões. A comemoração, por óbvio, foi puro recalque: chateados com a festa gremista, os colorados precisaram comemorar o segundo lugar. O que, convenhamos, para eles é uma façanha.
Esse promete (primeiras fotos de X-Men 03)
Dr. Hank McCoy
Trilha sonora do post: The Stills, "Changes are no good".
sexta-feira, dezembro 02, 2005
Estou realmente chateado pelo Presidente Lula. Ninguém mais que eu torceu pelo sucesso desse governo, que seria uma alternativa de centro-esquerda capaz de formar um certo consenso em torno da melhoria dos nossos indicadores sociais com estabilidade econômica e sem a Doutrina.
Hoje, no entanto, Lula está com cobertor curto. Quando pesquisa da FGV indica aquilo que venho dizendo há horas: o fome zero funciona, é um programa bem elaborado e, nos seus efeitos limitados, já dá resultado, vem o resultado do PIB contra a política econômica. E, logo depois, a cassação de Dirceu.
Efetivamente, o governo está encurralado. Isso se deve, sem dúvida alguma, ao péssimo desempenho político (stricto sensu). De todas as áreas, a política foi a pior administrada durante todo mandato lulista. Mais que a área econômica ou social. É uma culpa compartilhada por Dirceu (o "superministro" da política) e do próprio Lula, que foi omisso em muitas circunstâncias e demorou muito para abrir um espaço definitivo para o PMDB. Quem lê os meus posts antigos, lá do início do Governo, sabe que eu defendia essa aliança (com o "nada" ideológico) desde sempre, a fim de garantir governabilidade. Que o PT seria alvo de linchamento pela imprensa e pela oposição, todo mundo sabia. O que me admira é que ninguém estava preparado para isso. Do três pilares - o político, o econômico e o social - o primeiro foi a pior área de todas.
Mais ou menos como aqui no Sul, só que por razões diferentes.
Eles tomam veneno achando que é medicinal
Se sentimos algum mal-estar que possa ser doença, procuramos um médico. Esperamos dele que nos dê um diagnóstico e uma solução para o problema. Sabemos que, se fossemos a outro médico, talvez a solução ou até o diagnóstico fosse diverso, mas certamente a qualificação técnica adquirida nos garante uma dose de confiança na sua solução.
Curiosamente, quando o problema é a criminalidade, a solução é diversa. Mesmo que sociólogos e estudiosos da criminologia em geral insistam que a repressão, por si só, não representa qualquer melhoria na questão do crime, preferimos ficar batendo nas mesmas teclas, apostando em leis penais cada vez mais brutais.
Ao contrário do que ocorre com a nossa saúde, deixamos de ouvir aqueles que se dedicam a estudar o fenômeno e as suas soluções. Preferimos ouvir a voz do senso comum, que exige prisão perpétua, pena de morte, colônias penais oceânicas, até violência policial.
Não ouvimos o diagnóstico que, desde a década de 70, com a escola norte-americana do labeling aproach, vem fazendo da repressão penal: ao invés de combater a criminalidade, a recrudesce; ao invés de servir como estancamento do problema, reforça os estereótipos, estigmatiza as partes envolvidas e retroalimenta o ciclo da violência. Não. Preferimos deixar de lado os conselhos, porque são só "teoria".
Na prática, gostaríamos de deixar de lado os tais "direitos humanos". Não adianta argumentar que a divisão da sociedade em cidadãos e inimigos foi o alimento que engordou o totalitarismo na Alemanha de Hitler ou na União Soviética de Stálin. Não adianta dizer que a lógica do inimigo é a que guarnece as maiores atrocidades da história da humanidade. Não, o que vale é o nosso senso comum, pau neles.
Continuamos surdos para os estudos sérios sobre criminalidade, que identificam serem o policiamento comunitário, voltado para a garantia dos direitos humanos, a adoção de programas de desarmamento, a utilização de penas alternativas e iniciativas de caráter social que realmente reduzem o índice de delitos praticados. Não. Preferimos "tolerância zero": prisão preventiva, repressão brutal, penas altíssimas.
Mesmo que praticamente todos os estudiosos da Criminologia demonstrem que essas iniciativas são apenas iniciativas de segregação social, deixando uma população inteira (de negros e pobres, claro) atrás das grades, sem tendência de diminuição, está tudo bem. Afinal, são os outros. Não importa que seja universal o conhecimento de que a pena de prisão gera um ciclo de profecias que tornam aquele que comete delitos apenas mais preparado para novos delitos. Não importa: prisão é bom, deve ser aplicado e logo.
Enfim, não importa o que esses "teóricos" falam; o que importa mesmo é o chazinho da vovó. Só que esse chazinho é de veneno.
Hard-Fi, "Stars of CCTV" (2005).
O disco de estréia do Hard-Fi, mais uma banda britânica do "novo rock", tem até uma história legal: stars of CCTV seriam as bandas que tocam nos metrôs londrinos e aparecem naquelas milhares de câmaras espalhadas. E o lançamento do álbum ocorreu poucos dias antes do atentado no metrô. Mas isso tu já leste lá naquela coluna. Vamos ao que não foi dito.
Hard-Fi é mais uma banda influenciada pelos anos 80. Isso ainda vai virar artigo, mas, no momento, me impressiona a falta de criatividade na era mp3 da turma da Rainha. Todo mundo fala mal dos americanos, mas é impressionante a redundância nas bandas novas da Ilha. Todas soam como as bandas dos anos 80, que já virou até chatice arrolar.
O que eu posso dizer é o seguinte: a banda é um synth-pop com guitarras. Terrível? Sim. A repugnância do estilo faz com que devemos deixar a banda lá no fundo do poço, na turma dos esquecidos. A pretexto de ser alegrinha, a banda recupera os piores momentos dos anos 80, parecendo aquelas músicas de academia de ginástica antigas ou de filme da sessão da tarde. De vez em quando acertam um riff, por sinal limpíssimo, mas isso não justifica o todo. Imagina como deve estar uma gostosa daquela época agora, 20 anos depois. É a mesma coisa. Nem calça apertada segura, meu.
Aliás, ao lado de tantos rótulos, é incrível como ainda não inventaram o de "rock descartável", desses que tu baixa e deleta na hora. Seria uma boa classificação.
Tu pode conferir já na faixa de abertura, "Cash Machine", a influência de bandas oitocentistas horrorosas tipo Tears for Fears, com vocais ultra-clichês e, sobretudo, absurdamente ultrapassados (confere "Feltham is singing out", cópia evidente). E assim é em TODAS as músicas. Chego a imaginar um vocalista gay [estilo Justin Hawkins] e sua banda com calça fusô, permanente e polainas rosas cantando em clipes dançantes do pior estilo (bota pra tocar "Living for the weekend"). Imagina um New Order BEM ruim. Quer dizer, pra emular Tears for Fears tem que ser muito ruim. "Unnecessary Trouble", quando parecem um pouco um Blur com teclados sinth-pop, é até constrangedora. "Hard to beat" é animada? É. Soltar a franga também. Nem por isso vamos começar a gostar disso.
Maricas enrustidos
É incrível. Hal, Magic Numbers, Babyshambles, Kaiser Chiefs, Hard-Fi, The Bravery ? a proliferação de merdas esse ano foi algo. Comparando com os consistentes Killers, Franz Ferdinand e Kasabian, do ano passado, o negócio é interpretar esse ano como rescaldo de lixos que tentaram entrar na boa maré de 2004. Esqueça.
Hard-Fi: um retrato do horror. Alguma hora esse negócio de emular os 80 tinha de dar MUITO errado.
Imagina
Imagina a calmaria da praia ou do mar. Silêncio absoluto, tranqüilidade absurda. De repente, em menos de um minuto, irrompem tsunamis ou uma tempestade de areia. É mais ou menos como a pop "Via Chicago" na versão do álbum "Kicking Television", Wilco ao vivo, quando a bateria e a guitarra estraçalham o dedilhado de violão que Tweddy fazia. A platéia, abismada, só pôde aplaudir.
Lista quase fechada
Há apenas duas posições em aberto na minha lista de melhores dez discos do ano. O fato de NME, Q, Uncut e outras revistas terem colocado o Arcade Fire, cujo disco é da finaleeeeira de 2004, nas listas de 2005, até facilita as coisas. Aí fica um lugar só. Vou pensar como resolver isso.
A de merdas do ano também está disputadíssima.
Trilha sonora do post: Wilco, "Muzzle of bees" (ao vivo, fantástico como no estúdio). ]