Mox in the Sky with Diamonds

sexta-feira, dezembro 16, 2005

A mesma equação
- Roberto Carlos declarou que Luxemburgo "não se adaptou" à Europa. Nunca gostei do Luxemburgo como pessoa, aliás, isso é bem comum, mas é incontestável que ele é grande treinador. Um dos fatos que me decepcionaram foi que ele, que sempre ambicionou ir à Europa, não sabia falar uma palavra de espanhol quando desembarcou em Madrid. Será que isso não conta? Isso não é falta de preparo? É sim. O idioma deve ter interferido bastante nos problemas de Luxa e, convenha-se, isso é pura incompetência, já que não estamos falando nem de time grego nem alemão.
- As razões do fracasso do Madrid nas últimas temporadas só não enxerga quem não quer, basta ler o noticiário semanal. Técnico demitido, interino assumindo "sem previsão" de final, Keane assinando com o Celtic e o principal interesse é... Cassano. Exatamente como ocorreu no início da temporada passada, com Camacho, Owen, Vieira e Mariano Remón. Troque os nomes e a equação dá o mesmo resultado.


Duelo de gigantes
Incrível o azar de dois dos três times mais fortes na presente temporada, Chelsea e Barcelona, que vão se matar já nas oitavas-de-final da Championsleague. Bom para a Juventus, que pegou o fraco Werder Bremen, e já um dos seus maiores inimigos sendo eliminado.

Dois lados da mesma moeda
Os Estados Unidos são uma nação paradoxal. Ao mesmo tempo que são a maior e mais sólida democracia do mundo, vivem sob as farpas com um complexo industrial-militar com projeto de dominação mundial e expansão ilimitada dos lucros dos magnatas. Ao mesmo tempo que são o país com maior tradição de proteção aos direitos civis, hoje em dia são o local do medo.
Essa duplicidade não é enxergada por grande parte da população brasileira, que é a segunda colocada em anti-americanismo no mundo (atrás apenas de Coréia do Norte), e, com isso, somos incapazes de enxergar os méritos dos Estados Unidos.
Sim, os EUA são a terra de Bush, de Rice e de Nixon. Mas também é o país de Rorty, de Chaplin, James Dean e Eddie Vedder. Prefiro acreditar que, na disputa entre o medo e a democracia, os EUA acabem aceitando a segunda via, como aliás sempre ocorreu na história. Que sobreviva a América de Kubrick, de Jeff Tweedy, Michael Moore, John Dewey, Martin Luther King, Ray Charles, Larry Flynt e outros.
É verdade que os falcons lutam contra os direitos civis com manobras espúrias, como a propaganda nacionalista que, na verdade, alimenta a máquina de guerra, ou com a tortura em território estrangeiro. Mas, aos poucos, a sólida democracia americana vai reagindo, depois do choque de 11/09: leio notícias de reações do Congresso contra a tortura, regulamentando as atividades da CIA, e a provável derrubada do Patriot Act, o maior exemplo de avanço do medo naquele país. Gostem ou não os marxistas brasileiros, a democracia americana avança, e nós, se seguíssemos os liberais [liberais de esquerda, já expliquei por aqui a diferença] de lá, poderíamos estar bem melhor representados do que estamos.


Por que não "Veja"?
A questão andou pulando de outro blog pra cá, nos comentários, e eu vou dizer minha opinião.
O problema da "Veja" não é ser a "Veja": é ser o retrato do que há de mais podre e mais comum na nossa sociedade. O invidualismo exacerbado, o elogio do capitalismo selvagem, direitismo incontido, autoritarismo, maniqueísmo, preconceito e estímulo à burrice que integram nosso dia-a-dia, a cada lugar que vamos, está em "Veja". Veja é o espelho do nosso senso comum tosco e irreflexivo, egoísta e simplista. Não é preciso ler a Veja para saber o que está escrito ali: basta ir até a esquina e conversar com qualquer cretino para "lê-la" de cabo a rabo.
No meio de um noticiário político extremamente populista e conservador, ainda sobra espaço para a futilidade absoluta, através de matérias patéticas de comportamento que estimula as classes média e alta a permanecerem dentro de suas bolhas de segurança, prontas para disparar nos excluídos que vivem ao nosso redor.
O problema não é o PT, Chavez, ou a Veja: é a indiferença do Brasil e do mundo atual, com seus Homers Simpsons, perante milhares de pessoas que não têm opção, tratadas como excrescência ou problema pelo nosso senso comum que só está preocupado com o eu, aqui e agora.

Louis XIV, "The best little secrets are kept" (2005).

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Ponto 1: o Louis XIV tem o hábito de colocar gostosas na capa dos seus discos, o que, embora já feito pelo Strokes recentemente, é algo extremamente saudável, cool e recomendado, podendo ser repetido indefinidamente. Muito melhor olhar gostosas do que roqueiros sebosos e seqüelados na capa de um disco. Mais ainda quando é uma mina com peitos de fora fumando baseado.

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Ponto 2: os carinhas, entretanto, não têm jeito de quem gosta do bagulho. Como várias bandas gays, os caras parecem apelar para a putaria sem realmente apreciar o produto. Porque quem usa maquiagem - sem exceção - só pode ser viado, no passado, presente, ou pelo menos reserva um futuro "penetrante" para o seu fiofó.

Image Hosted by ImageShack.us eles não me enganam...

Ponto 3: o importante não é ser gay ou não. Que o digam os monstros do rock'n'roll que já deram a buzanfa e, contudo, matam a pau. Sem falar de filósofos, romancistas, poetas, pintores e o escambau. O importante é que isso é sintoma de um mal artístico maior: falta de autenticidade. Por mais que eu odeie aquela banda com nome real, o cara pelo menos tinha a originalidade de se vestir de empregadinha. E, tá, é foda ver um bigodudo com roupa de empregadinha, mas pelo menos o cara não se fingia de comedor.

Ponto 4: toda essa ironia "homofóbica" é apenas sarcasmo para dizer que o som dos caras não tem nada que se pretende. A pretensão de misturar hard rock tradicional com tosqueira ao bom estilo White Stripes patina, patina, até despencar definitivamente em "Hey Teacher", uma prova inequívoca da ruindade da banda. No final das contas, a banda não é melhor que um Darkness metido a comedor sonhando-com-Jack-White. "Contraditio in adjecto". Ou, se preferirem, aqui os "pequenos segredos" da banda não serão guardados.

Vale a pena ler a resenha da Pitchfork sobre o disco.




Trilha sonora do post: Louis XIV, "Louis XIV".