RETROSPECTIVA FUTEBOLÍSTICA
O fato do ano
O retorno do Tricolor à série A foi o fato mais glorioso desse ano futebolístico. Tão glorioso quanto o 3 a 3 do Liverpool no ano passado. Foi uma coisa nunca vista. Com essa base podemos ter um plantel razoavelmente consistente para a série A, mas precisamos de reforços para as posições titulares, especialmente um centroavante, dois meias e dois laterais. A defesa está montada mais ou menos consistentemente, talvez um xerifão castelhado caísse bem. Pereirão é titular. A dupla Jeovânio/Sandro não é a mais fantástica da história, mas dá conta do recado, com os bons Lucas e Nunes no banco. Ricardinho pode ocupar uma das posições do ataque. Escalona e Patrício podem ser ótimos reservas, assim como Domingos e Marcelo Oliveira, Marcell e Marcelo e os garotos Pedro e Paulo, que não jogaram muito, mas se tem que ter paciência. Samuel também. O restante pode ser dispensado. Já é uma base e tanto.
O rival pequeno
E, no final das contas, a despeito do investimento brutal, o time da Beira-Lago continua se cagando nos jogos decisivos. Foi assim com o Boca, uma alegria chapante, e com o timequinho Coritiba.
Seleção da Série A
Na boa, minha seleção da série A é bem suspeita. Acompanhei poucos jogos, por razões bem óbvias. Por isso, é mais uma seleção de lances e repercussão. Vai: Harley (Goiás); Gabriel (Flu), Lugano (São Paulo), Gamarra (Palmeiras) e G. Nery (Corinthians); Marcelo Mattos (Corinthians), Tinga (argh), Roger (Corinthians) e Petkovic (Flu); Tevez (Corinthians) e Nilmar (Corinthians). Técnico: Leão (Palmeiras). Viu? Seleção hype essa. hehehe.
Os Europeus
Nunca vi uma temporada tão pouco emocionante nos campeonatos europeus. Os líderes estão absolutamente consolidados, com quilos de distância dos segundos colocados, e tudo indica que irão papar o título com facilidade. Assim, Lyon, Juventus, Barcelona, Chelsea e Bayern de Munique parecem bem próximos de repetirem o feito do ano passado. Uma incrível série de bicampeões [ou mais]?
Alguns comentários pontuais
As forças na Inglaterra parecem estar definitivamente se alterando. A renovação do plantel promovida por Sir. Ferguson, que aposta em Rooney e Ronaldo, vem decepcionando. Arsene Wenger, depois da venda de Vieira, não encontrou uma formação consistente para o seu time e vem dependendo totalmente de Henry. Arsenal e Manchester parecem se distanciar do centro do poder na Inglaterra. A polaridade agora parece se deslocar para o rico Chelsea, de Mourinho, com seu plantel gigantesco e cheio de estrelas, e para o bem treinado Liverpool, revelando um talendo além do esperado de Rafa Benitez em organizar seu time. Mudou o núcleo do futebol inglês.
No italiano, a decadência do Milan vai acompanhando a ascensão da Juventus. O grupo, esquema de jogo, até a defesa do Milan parecem ter sentido o golpe dos últimos títulos perdidos [desgraçadamente]. O time oscila muito, entre atuações estelares e pífias. Depende bastante de Kaká e Shevchenko. Do outro lado, tem um time constante, enfadonho e infalível, que ganhou uma nova espinha dorsal (Cannavarro, Emerson, Vieira e Ibrahimovic) com Fabio Capello e se apresenta como candidato a todos os títulos que disputa. A Inter segue sendo o terceiro time e nada mais, porque, embora seu plantel seja amplo e conhecido, é composto de jogadores perdedores e decadentes (salvo Adriano e outros poucos).
A Espanha acompanha a consolidação do Barcelona como dono da Liga, com sua regularidade ofensivista e o talento ímpar, incrível, inigualável de Ronaldinho. Entretanto, quem não se preocupa com o "politicamente correto" ofensivista imposto pela Doutrina brasileira, especialmente pelos escrotos e ruins jornalistas cariocas, enxerga vulnerabilidades claras no time, que pode perder exatamente como perdeu no ano passado: bola longa nas costas dos zagueiros. E isso, filho, tem vários times que sabem fazer e, sim, o Chelsea é um deles. O Madrid, por sua vez, é o próprio espelho da decadência. Precisa de uma nova espinha dorsal, para voltar ao termo que usei em relação à Juventus. Ou se renova, ou vai até o fundo do poço. Robinho e Cicinho foram boas compras, embora insuficientes. E precisam de apoio para começarem a jogar bem.
Seleção do primeiro semestre
Cech (Chelsea); Carragher (Liverpool), Hyppia (Liverpool), Terry (Chelsea) e Maldini (Milan); Vieira (Juventus), Beckham (Real Madrid), Lampard (Chelsea) e Kaká (Milan); Ronaldinho (Barcelona) e Eto'o (Barcelona). Técnico: José Mourinho (Chelsea).
As surpresas
As maiores surpresas da Champions não foram tão surpresas assim: o Benfica e o Villareal. Esse último, contudo, tem um ponto fraco claro: depende visceralmente do grande armador Riquelme. Riquelme, o jogador que o Ricardinho gostaria de ser.
Trilha sonora do post: Black Rebel Motorcycle Club, "Howl".