50 DISCOS IMPERDÍVEIS DOS ANOS 2000 (em quatro posts)
Parte IV - 10-1.
Sejam bem-vindos aos paraíso! Eis os deuses da década:
10. THE CORAL, "MAGIC AND MEDICINE" (2003)
9. SILVERSUN PICKUPS, "CARNAVAS" (2006)
8. SECRET MACHINES, "NOW HERE IS NOWHERE" (2003)
7. THE KILLERS, "HOT FUSS" (2004)
6. RADIOHEAD, "IN RAINBOWS" (2007)
5. WILCO, "A GHOST IS BORN" (2004)
4. THE FLAMING LIPS, "YOSHIMI BATTLES THE PINK ROBOTS" (2002)
3. INTERPOL, "TURN ON THE BRIGHT LIGHTS" (2002)
2. THE STROKES, "IS THIS IT" (2001)
1. RADIOHEAD, "KID A" (2000)
Parte IV - 10-1.
Sejam bem-vindos aos paraíso! Eis os deuses da década:
10. THE CORAL, "MAGIC AND MEDICINE" (2003)
Sim, senhor! Esse álbum desses guris da Inglaterra é a melhor experiência de hippismo e folk psicodélico da década. Sem qualquer concessão comercial, o The Coral apresentou um álbum bastante distante do primeiro (também excelente em suas guitarras mariachis perturbadoras), viajante, chapante, enfim, puramente regado nos anos 60/70 sem qualquer resquício de saudosismo ou nostalgia. Eles soam naturalmente em um "entre-lugar" entre o antigo e o moderno, conseguindo atualizar o estilo de bandas como The Zombies numa riqueza experimental incrível. Disco para ouvir na praia, tranquilo, deixando passar os momentos serenamente. Recomendo fortemente "Liezah", "Gypsie mark blues", "In the forest", "Bill Mccai", entre outras. Depois o The Zutons tentou copiar os caras, mas nem chegou aos pés.
9. SILVERSUN PICKUPS, "CARNAVAS" (2006)
O Silversun Pickups é a perfeita síntese entre dois terrenos fantásticos do rock britânico e norte-americano: de um lado, as guitarras estridentes, rasgadas e turbinadas do Sonic Youth e dos Smashing Pumpkins; de outro, as paredes de guitarras que geram uma "imensidão sonora" dos shoegazers do My Bloody Valentine e Slowdive. Ao fazer confluir essas duas tendências fantásticas, o Silversun Pickups nos entregou uma passagem para o céu -- especialmente aos amantes do instrumento de seis cordas. "Lazy Eye" é uma das maiores canções da década. "Common Reactor", "Melatonin", "Dream at tempo" e outras completam magistralmente esse verdadeiro tratado que recupera e atualiza o rock dos anos 90.
8. SECRET MACHINES, "NOW HERE IS NOWHERE" (2003)
Idiossincrasia do autor, mais uma vez. Insisto: os Secret Machines são uma grande banda subvalorizada. E "Now here is nowhere", seu primeiro álbum (antecedido pelo ótimo EP "September 000"), é marcante no seu estilo grandioso e repleto de ambição -- com influências de Flaming Lips, Grandaddy, Mercury Rev, Pink Floyd, Spiritualized, Explosions in the Sky e outros -- ." First wave intact", "The road leads where its lead", "You are chains" e "Nowhere again" são espetáculos de músicas, regadas na mais sincera guitarra, excelente vocal e virtuose na bateria. Um álbum poderoso que bebe nas fontes do rock progressivo, pós-rock e indie em geral.
7. THE KILLERS, "HOT FUSS" (2004)
Uma "usina de singles", como certa vez li na internet; não pode ter definição melhor "Hot fuss". Brandon Flowers e sua banda recuperam sonoridades bastante discutíveis -- New Order e Queen -- para fazer um DISCAÇO, cheio de canções grudentas e para ser ouvidas no mais alto volume. Não haverá jukebox dos anos 2000 sem "Mr. Brightside" ou "Somebody told me", outra dona de pistas desse século. Isso sem falar da minha favorita dos Killers, dona de um dos riffs mais espetaculares da década: "Smile like you mean it". Não há como resistir esse riff culhudo sem dar um sorriso e agradecer aos deuses pelo rock.
6. RADIOHEAD, "IN RAINBOWS" (2007)
Eles. Não precisa de muita explicação: é só a maior banda do mundo fazendo um grande disco. Sem muitos acréscimos experimentais, sem retornar a um estilo nostálgico; simplesmente executando com perfeição tudo que deve ser feito. Depois de trabalhos mais experimentais -- "Kid A", "Amnesiac", "Hail to the Thief" e "Com Lag", além do solo "The Eraser" do Thom Yorke -- o Radiohead "pousa" novamente na Terra para nos presentear canções como "Reckoner", o reggae-dream-pop "House of Cards", a stoner "Bodysnatchers", a virada de "Weird Fishes/Arpeggi", além da eletrônica "All I need". Tudo é perfeito aqui -- como sempre.
5. WILCO, "A GHOST IS BORN" (2004)
Depois de ficar viciado em analgésicos e passar por clínica de reabilitação, Jeff Tweedy resolveu experimentar. Experimentar mesmo -- chamando para produzir seu álbum ninguém menos que o sônico Jim O'Rourke. O resultado é que o Wilco abandona o "dad rock", deixando o "bom comportamento" para ingressar na psicodelia, com Jeff tocando muita guitarra e solando como seu mestre Neil Young. Embora não seja virtuose, Tweedy proporcionou solos melodiosos, ousados, longos, eletrificando ao máximo sua sonoridade sem perder qualidade e ainda deixando algumas baladas presentes. Basta ouvir "At least that's what you said". Nada mais é necessário na vida.
4. THE FLAMING LIPS, "YOSHIMI BATTLES THE PINK ROBOTS" (2002)
Falando em psicodelia... Os REIS da psicodelia são realmente os Flaming Lips. Em "Yoshimi battles the pink robots" batem o recorde próprio e apresentam um álbum conceitual que faz confluir a perfeição do pop com a lisergia extrema, em um som absolutamente chapante. Nada, aliás, mais adequado aos Flaming Lips do que esse adjetivo. Com elementos eletrônicos, belas tiradas de violão, melodias esplêndidas e letras cômicas, os Flaming Lips nos trazem um disco perfeito do início ao fim, sem qualquer música ruim, destacando as ótimas "Yoshimi battles the pink robots pt 1 e pt 2", "Ego tripping at the gates of hell", "In the morning with magicians" e as lindíssimas "Are you hypnotist?" e "It's summertime". Disco bom demais -- puro LSD.
3. INTERPOL, "TURN ON THE BRIGHT LIGHTS" (2002)
Poucas bandas novas -- talvez só Strokes e Libertines, de repente Monkeys e Franz -- tiveram tantos fãs nessa década como o Interpol. Com toda justiça. A acusação de plágio do Joy Division não resiste a uma breve audição desse álbum magnânimo, repleto de guitarras densas que se deslocam em longas travessias ao lado de um baixo arrepiante. Ouvir "Turn on the bright lights" é mergulhar uma uma longa viagem em que se cruzam instrumentos e lançam o ouvinte em uma dimensão de imersão total, ficando os temas grudados no cérebro para sempre. Não há como não se apaixonar por canções maravilhosas como "PDA", "NYC", "Stella was a diver and she's always down", "Roland" e "The New". Quando vemos, já estamos tomados pelas guitarras que viciam em "doses cavalares". Com influências que passam por Echo and the Bunnymen, Joy Division e o pós-rock, o Interpol é sim original e cunhou seu próprio estilo para essas e as décadas que seguem. Não há como resistir à pujança de "Turn on the bright lights".
2. THE STROKES, "IS THIS IT" (2001)
Alguém viu por aí um caminhão que passou e atropelou a década? Não foram poucos os adjetivos que recebeu "Is this it" quando apontou no mercado. "Salvação do rock", entre outros. Com toda razão. Há alguns anos o rock não via algo tão consistente em pouco mais que quarenta minutos e com o básico. Respirando na estética dos anos 60/70 do Television, Velvet Underground e mesmo dos Ramones, os Strokes reeditam o rock direto que acaba sendo a tradução dessa própria década. "Is this it" é um petardo único e certeiro, que atinge diretamente a veia do ouvinte. "Someday" e "Last Nite" foram explosões que atingiram até o público alheio ao rock; fora elas, "The Modern Age", "Hard to explain" e "Alone, together" já viraram clássicos definitivos. Não resista; os Strokes são MESMO o negócio.
1. RADIOHEAD, "KID A" (2000)
Totalmente previsível. Não há lista que se preste que não coloque "Kid A" em primeiro lugar na década por uma simples razão: é o melhor álbum da década, e pronto. Com isso, o Radiohead ganha o posto de soberano absoluto dos 90's e 00's, se somarmos na conta "Ok Computer". Precisa dizer mais? Precisa dizer que "Kid A" é o passo adiante que apenas o Radiohead seria capaz de dar depois de uma obra-prima? Precisa dizer que é a exploração experimental de um mundo pós-humano, em que depois da era glacial do consumo as máquinas finalmente venceram e agora são únicas em um mundo paranóico e maluco? Precisa dizer que a desesperança e tecnicismo de "Kid A" é a própria vivência do inumano aperfeiçoada até o limite? Que "Kid A" é um primor técnico de produção e acabamento? Que tudo está no lugar exato? Que canções como "Idioteque", "The National Anthem", "Morning Bell" e "Everything in its right place" são amostras da perfeição? Ou que "Kid A" não é apenas o melhor, mas o melhor álbum feito no primeiro ano da década sem deixar qualquer chance para que qualquer outro amarre seu sapato? Sorry, guys, they're the best. Try again next decade.
Marcadores: Rocks