Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, outubro 19, 2009

50 DISCOS IMPERDÍVEIS DOS ANOS 2000 (em quatro posts)
Parte II - 35-21.

Seguimos com o segundo dos quatro posts.



35. ... AND YOU WILL KNOW US BY THE TRAIL OF DEAD, "SOURCE TAGS AND CODES" (2002)
Guitarras estridentes, melódicas; longas e perfurantes guitarras. O Trail of Dead aperfeiçoa aqui seus discos anteriores e atinge o refinamento máximo para levar a cabo um hardcore potente, regado da sua mais sutil criatividade que deságua em agudos bruscos e ininterruptos. Sem hesitar, o Trail of Dead desce dos céus ao inferno em saltos. Facilmente ensurdecedor, "Source Tags and Codes" é também melancolia e movimento, tudo condensado na preferência da banda em fazer álbuns conceituais e unos.



34. GRIZZLY BEAR, "YELLOW HOUSE" (2007)
Combinação entre bucólico e psicodélico, na linha do folk de Sufjan Stevens, porém com pitadas ainda mais experimentais, variações climáticas espetaculares, arranjos múltiplos e criativos, tudo recheado por melodias que, de tão doces, parecem não se contagiar pelas harmonias malucas, permanecendo acessíveis. Músicas como "On a neck, on a spit", "Marla" e "Colorado" são arrebatadoras.




33. GRANDADDY, "THE SOPHTWARE SLUMP" (2000)
O Grandaddy reaparece na lista com aquele que é o álbum que realmente formatou seu espaço dentro do rock norte-americano, na belíssima síntese entre uma melancolia extremamente humana e elementos robóticos, quase que transmitindo à máquina a tristeza de uma vida já desesperançada no seu desenrolar. A riqueza dos arranjos, regados com a utilização de recursos eletrônicos, torna esse álbum um espécime a ser valorizado pelas décadas que seguirão. Nada fala melhor do que a lindíssima "So you aim towards the sky" ou "Jed, the humanoid", na sua leveza e doçura repletas de tristeza.



32. THE RAVEONETTES, "PRETTY IN BLACK" (2005)
Não resta dúvida que os Raveonettes são lembrados pela influência incontestável do Jesus and Mary Chain sobre o seu trabalho. Aqui, no entanto, as paredes de guitarra que são a marca registrada da banda britânica (J&MC) são suavizadas em detrimento do outro aspecto que identifica o som da dupla dinamarquesa: a inspiração dos anos 50, berço do rock'n'roll, com sua rebeldia juvenil, seu apego à velocidade e aos refrões pegajosos, além de excelentes baladas. Para conferir "Love in a trashcan", "Uncertain times" ou "Red Tan" e não ter dúvidas dessa peculiar banda dos nossos dias.




31. BRIGHT EYES, "DIGITAL ASH IN A DIGITAL URN" (2005)
Apesar de Connor Oberst ter se destacado mais pelo trabalho no folk com violões, sendo precipitamente comparado a Bob Dylan no início da carreira, o álbum que dele mais me marcou foi justamente o que ele arriscou algo diferente, isto é, uma incursão na música eletrônica, congregando sobretudo a influência do trip hop (embora sem a batida típica). Sem entregar facilidades ao ouvinte, o Bright Eyes despeja letras ácidas e melodias quebradiças, desafiando a entrar nesse mundo a partir da toca do coelho ("Down in the rabbit role"). Canções como "Easy/Lucky/Free", "Arc of time" ou "A believe in simpathy" espelham toda qualidade desse álbum.



30. LCD SOUNDSYSTEM, "SOUND OF SILVER" (2007)
Marcado pela quase unanimidade positiva, James Murphy tem pouco a reclamar da década. Sua sonoridade não apresenta exatamente grandes revoluções no âmbito da música eletrônica, mas é segura naquilo que mostra: a influência do minimal techno e do electro levada para as pistas de dança. Músicas como "Us and them", "All my friends" e "Someone great" são verdadeiros energéticos para as baladas dos anos 2000.




29. SONIC YOUTH, "RATHER RIPPED" (2006)

Depois de marcar as décadas anteriores com seus trabalhos seminais ("Goo", "Dirty", "Daydream nation"), os Sonic Youth continuaram despejando álbuns de qualidade, embora certamente já não causando mais tanta surpresa quanto o seu desarranjo causava. Aqui, em "Ratter Ripped", a visceralidade típica do seu som -- que preza certo desconforto no ouvinte -- é levemente limada para alcançar um tom mais limpo e direto. Até o vocal da maior das bad girls do rock -- Mrs. Kim Gordon -- normalmente desafinado e rouco, aqui é mais trabalhado e afinado. "Incinerate", "Turquoise boy", "Sleppin' around" e "Reena" traduzem o melhor Sonic Youth da década.




28. YEAH YEAH YEAHS, "FEVER TO TELL" (2003)
Excessivamente valorizada pela crítica, a banda de Karen O não é exatamente genial. Todo o hype em torno dos discos posteriores, a meu ver, não faz sentido. Mas esse disco tem que ser reconhecido. Trazendo um punk cru até o limite, com a vocalista urrando como uma cadela no cio, "Fever to tell" marcou a década com sua agressividade e sensualidade. Que o digam as tantas bandas que ainda continuam imitando a sonoridade (p.ex., Be your own pet). Sem falar que, depois de acabada a explosão que se configura com as dez primeiras músicas, ainda temos a direito a ouvir a beleza que é "Maps".




27. BLACK REBEL MOTORCYCLE CLUB, "B.R.M.C." (2001)
O primeiro trabalho do BRMC também remete aos Jesus and Mary Chain, assim como os Raveonettes. Aqui, no entanto, o som é mais complexo, melódico e escuro, remetendo por vezes aos shoegazers divinos do My Bloody Valentine. Composições inspiradíssimas como "Love Burns", "Red eyes and tears" e "Awake" traduzem uma banda pesada, densa e sobretudo dona de uma estética "noturna". Um disco para as pistas de dança mais obscuras.




26. KINGS OF LEON, "BECAUSE OF THE TIMES" (2007)
Se nos primeiros dois álbuns o Kings of Leon havia sido tratado por vezes como engodo, uma vez que seria simplesmente uma banda surfanda no onda dos Strokes, aqui a coisa é sem dúvida diferente. As canções fáceis e diretas (p.ex., "The Bucket", "Molly Chambers") dão lugar a sonoridades mais complexas, menos dançantes e mais criativas. Combinando o estilo sulista com um certo toque de arena, aqui os Kings of Leon encontram novo equilíbrio que os lança num patamar acima de outras bandas do "novo rock" que não conseguiram mais do que um ou dois bons singles. Que o digam músicas como "Fans".




25. THE KILLERS, "SAM'S TOWN" (2006)

Tudo indica que esse disco deveria ser uma bomba. Afinal, o Killers não hesita em brincar com a breguice e se inspira em fontes que não me agradam: Bruce Springsteen, Queen, New Order. O resultado, porém, é bem diferente. Ninguém leu tão bem a expressão POWER daquilo que chamamos de "power pop". O Killers traduz sua competência que a todo tempo mede fronteiras com a farofa, mas consegue sair ilesa, em canções como "Bones", "River is wild", "For reasons unknows", "Read my mind" e "When you are young". Basta ouvi-las para sentir o coração pulsando e a vontade de pular.





24. SIGUR RÓS, "TAKK" (2005)

Certa vez descrito como "o canto das baleias brancas", o Sigur Rós é verdadeira osquestra no chamado "pós-rock", uma tendência que privilegia as harmonias sobre as melodias e um instrumental ambicioso como o rock progressivo, ainda que sem as demonstrações de virtuosismo. "Takk" é doce e explosivo, do angelical ao terrível. Canções como "Glósóli", "Milanó" e "Saeglopur" não são apenas pequenos momentos de hedonismo, mas verdadeiras novas experiências sensoriais.




23. CAT POWER, "YOU ARE FREE" (2003)
Cat Power, ou Charlyn Marshall, é uma das vozes femininas mais interessantes do cenário contemporâneo. Dona de uma voz ligeiramente rouca e plácida, tem em "You are free", ao lado de "Moon Pix" (1998), o seu melhor. Esse álbum, embora não recomendado para suicidas, é de uma beleza incrível ao longo da sua execução. Baseadas sobretudo em arranjos de pianos ou violões que entornam a voz fantástica de Marshall, músicas como "Werewolf", "Baby doll" e "Maybe not" são avalassadoras na sua tristeza e expressão de sinceridade.



22. THE NATIONAL, "BOXER" (2007)
Nenhuma grande aventura; ao contrário, apenas o convencional. A aposta do The National é soar como "veludo para os ouvidos". "Boxer" transpira suas músicas, que parecem saídas de uma simpática - mas melancólica - intimidade diretamente do coração. Um álbum típico de uma banda de Nova York: denso, escuro, sombrio. Imagine-se num pequeno boteco escuro, numa madrugada que vai se estendendo, em meio à fumaça de cigarro, alguns drinks e levado por um piano que faz sucederem-se belas canções. Os tons intimistas de "Racing like a pro", "Apartment story", "Fake empire" e "Green Gloves" são de abocanhar qualquer ser humano que não tenha perdido o músculo do lado esquerdo do peito.




21. KASABIAN, "KASABIAN" (2004)
Filho dos Stone Roses e Primal Scream, o Kasabian busca recuperar a sonoridade do início dos anos 90 em um cenário nostálgico dos anos 80. E o primeiro álbum tem farta energia para enfrentar seus concorrentes de pista. Temas como "Processed beats", "Reason is treason", "LSF" e "Cut off" incendeiam no seu embalo contagiante e ritmo ensandecido. Se o Kasabian não é uma novidade em termos criativos, o certo é que pelo menos executa com maestria a sua proposta.

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