Mox in the Sky with Diamonds

sexta-feira, outubro 23, 2009

50 DISCOS RECOMENDADOS DOS ANOS 2000 (em quatro posts)
20-11.

Estamos chegando aos dez primeiros!!!




20. COLDPLAY, "PARACHUTES" (2000)
Apesar dos seus desafetos, certo é que "Parachutes" continua sendo uma referência pela quantidades de ótimas baladas, a maioria delas bebendo no clima "The Bends" (Radiohead). Como não é nenhum pecado copiar a melhor banda do mundo, palmas para o Coldplay. "Parachutes" é o disco que o Travis sonhou a vida inteira em fazer e jamais chegou minimamente perto ("The Man Who" não lambe o sapato desse álbum). Canções como "Everything's not lost", "High speed", "Trouble", "Don't panic", entre outras, marcaram a década. Embora a alguns pareça forçado e mela-cueca, a realidade é que o Coldplay executa seus objetivos como poucos, e há um certo recheio mais sombrio ainda nesse álbum. "Parachutes" é ótimo de ouvir do início ao fim.




19. EXPLOSIONS IN THE SKY, "THE EARTH IS NOT A COLD DEAD PLACE" (2003)
Mais uma vez escrevo sobre eles: será possível traduzir sentimentos com fidelidade sem auxílio das palavras? Depois de ouvirmos esse álbum, começamos a nos perguntar se o contrário não é mais verdadeiro, ou seja, se não seriam as guitarras muito mais fidedignas aos impulsos que sentimos do que algumas letras empilhadas. "The Earth is not a cold dead place" é doce desde o seu título. Traduz experiência sonora que consegue retratar a fragilidade humana como poucas. Os temas, como "Your hand in mine" ou "Six days at the bottom of the ocean", são perfeitos retratos de uma solidão devastadora, no segundo caso, ou de um encontro irrepetível, no primeiro. O certo é que essa sinfonia de guitarras nos põe em êxtase.




18. THE LIBERTINES, "THE LIBERTINES" (2003)
Imitados por muitos, igualados por ninguém. Os Libertines chegaram e saíram como a banda mais importante do "novo rock" inglês. A quantidade de proto-Libertines nas lojas de Londres é incrível, mas isso só se explica pelo talento contagiante da dupla Barat-Doherty que tanta polêmica causou na década. "The Libertines" aperfeiçoa "Up the Bracket" e consegue traduzir a combinação que a banda faz entre Clash e Beatles, banhada no ritmo dos Strokes. Entre tosqueiras e baladas, temos aqui um punhado de singles que marcaram a década e embalaram as pistas de dança: "Can't stand me now", "What did Katie", "What became of the likely lads". Poucos tiveram essa inspiração.




17. DEERHUNTER, "MICROCASTLE" (2008)
Como poderia ser a música pop após o My Bloody Valentine? Deerhunter é a resposta. Sem as guitarras corrosivas que animam a vida dos que gostam de barulho, a criatividade psicodélica do Deerhunter aqui se manifesta a partir de elementos eletrônicos que se sucedem em memoráveis músicas. Continuo ouvindo o álbum até hoje e não acho uma música ruim só. Entre melodias doces e lisergia extrema, "Microcastle" é construído em camadas e mais camadas de pop da melhor qualidade, espelhado em temas como "Nothing ever happened", "Microclastle", "Agarophobia", "Little Kids".




16. GUILLEMOTS, "THROUGH THE WINDOWPANE" (2006)
Talvez os Guillemots estivessem em posto mais alto se não tivesse me frustrado tanto no segundo álbum. "Through the windowpane" foi celebrado nesse blog como melhor álbum de 2006 -- um ano de bons discos -- e continua sendo de excelente audição. Espécie de encontro entre Jeff Buckley e "Kid A", o trabalho é um passeio quase conceitual por canções envolventes e em pleno equilíbrio entre um experimentalismo livre e melodias levemente pops. "Little bear", "We're here", "Trains to Brazil", "Sao Paolo" são canções que marcaram época na sua beleza e criatividade.




15. ARCADE FIRE, "FUNERAL" (2004)
A primeira sensação que vem quando ouvimos o Arcade Fire pela primeira vez é de completo estranhamento. Que tipo de som é esse, meio barroco, confuso, inclassificável? Os canadenses, contudo, têm o dom de se desvencilhar dos preconceitos e atingir audiências improváveis, especialmente após suas brilhantes performances ao vivo. Hoje, "Rebellion (lies)", "Neighborhood # 1" e "Into the back seat" são reconhecidas na sua esquisitice e melodias épicas.




14. OASIS, "DON'T BELIEVE THE TRUTH" (2006)
Melhor (talvez único) trabalho na década de uma das melhores bandas de todos os tempos, "Don't believe the truth" é a marca da maturidade do Oasis, quando a banda, já acenando certa limitação criativa, debruça-se sobre a rock clássico e coloca sobre ele seu próprio estilo (do que "Mucky Fingers", uma bela releitura do Velvet Underground, é demonstração). Seguros, tocando rock direto e contagiante ("The importance of being idle", "A bell will ring", "Turn up the sun"), os Gallagher deixam aqui mais um legado para o estilo, acrescendo mais um item à lista dos seus álbuns que ficam na história.




13. PORTISHEAD, "THIRD" (2008)
Depois de 10 anos de suspense, como seria o álbum do Portishead, uma das principais bandas dos anos 90? Uma decepção, como tudo que vem do Prodigy essa década, algo indiferente, como os discos atuais do Massive Attack, ou um pastiche de si mesmo, como aconteceu como o Garbage? Nada disso. Apesar de parado, o Portishead se mostrou antenado a todas as novidades dos últimos anos e lançou um disco atordoante na sua complexidade, desafiador, cheio de nuances e experimentalismo -- tudo à altura do que sempre foi o Portishead. Da brutal "Machine Gun" à delicada "The Rip", somos chamados ao mundo próprio do Portishead, para o qual a viagem é sempre prazerosa.




12. THE WHITE STRIPES, "ELEPHANT" (2003)
Uma das principais bandas da década, com a estrela indie Jack White, o White Stripes merece a posição simplesmente por ter inventado o riff de "Seven Nation Army", que ficará marcado para sempre na memória de todos ao lado de outros clássicos do rock. "Elephant" é a incursão mais voltado para o blues rock da banda, saindo um pouco da podreira-punk-de-garagem dos outros álbum e procurando outro tipo de composição. "Ball and Biscuit", "I just don't know what to do with myself" e "Hardest button to button" são os privilegiados produtos dessa pequena virada.




11. THE RAPTURE, "ECHOES" (2003)
"Echoes" não é exatamente um primor em nenhum aspecto. Tem defeitos claros na produção, exageros nos vocais, às vezes tosquice em demasia. Só que é o disco MAIS FODA para a pista da década. Nada -- LCD Soundsystem nem chega perto -- se iguala ao embalo de "House of Jealous Lovers", "I need your love" ou "Sister Saviour". É impossível não ouvir e querer dançar imediatamente. Assim como os Strokes são responsáveis por parcela e os Libertines por outra parcela do "novo rock", o Rapture inspirou todas as bandas que cultivaram o electro na década, inclusive o hype frustrado dos Klaxons e a "new rave", -- com o rótulo mais amplo de "dancepunk". Ouvir o Rapture é respirar o ar sujo e libertino das boates de Nova York. Impossível aguentar parado.

Marcadores: