Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, outubro 31, 2005

Cumple-años
Esse ano foi bem melhor e bem pior que o anterior. Pior simplesmente porque fiz imensamente menos festas, sai bem menos e acho que alguns amigos já não me procuram mais por isso. Paciência. Tento conciliar o máximo que posso. Melhor porque finalmente minha vida parece que vai seguir um rumo consistente, podendo fazer algo mais próximo do que gosto: estudar. Também estou indo para a seleção do Mestrado e, dando tudo certo, estarei bem encaminhado. Isso já foi um bom avanço. Ano passado passei o tempo inteiro sem objetivos, entre tragos, *** e conversas de bar, o que é excelente, mas um pouco angustiante. Esse ano acho que equilibrei um pouco as coisas. Li um monte. Um monte mesmo, acho que mais de vinte livros. Na real, quase um por semana. É pra isso que eu nasci. Pra ser um imbecil que tenta te convencer de algo que não acreditas. Ou, simplesmente, pra chorar junto contigo pela burrice dos nossos companheiros de humanidade.


TRÊS NACIONAIS


Kid Abelha, "Pega Vida" (2005).

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O KID ABELHA é, com certeza, uma das bandas mais injustiçadas no cenário brasileiro. Ao contrário de bandas chatíssimas como o Ira! ou mesmo os Titãs atuais, a proposta deles sempre foi simples e objetiva: aproveitar o vocal sensual da Paula Toller, fazendo pop com letras românticas. A crítica sempre foi imbecil em ridicularizar a banda, especialmente as ótimas letras. Coisa de crítico de tico mole. Acertaram a mão inúmeras vezes, inclusive no Acústico MTV, um dos poucos bons nos últimos tempos. Aliás, a partir do disco solo e do Acústico a voz da Paula vem melhorando um monte. É só comparar com o primeiro acústico, aquele ?Meio Desligado?. A melhora é sensível.
Nesse disco, o Kid acerta na mosca: foi buscar, na música mundial, aquela banda que faz o melhor pop (Coldplay), recheou com certos tecladinhos da década de 80 (outra moda, vide Killers ou Bravery) e fundiu com um vocal sexy e letras altamente PICANTES. Essa combinação produz um disco consistente, conciso, simples e certeiro. Fora a porcaria de ?Mãe Natureza?, canções como ?Pega Vida?, ?Poligamia?, ?Eu tô tentando?, ?Eutransoelatransa? e outras são o ponto exato em que o Kid se propõe a chegar. Pop perfeito (new acoustic) + tecladinhos bacanas ou metais discretos + vocal sexy + letras picantes/libertinas = um dos melhores discos nacionais do ano, BEM melhor que aquele monte de roqueiro decadente chorando as pitangas em programas chatos da MTV. Simples, véio. Tão simples quanto o tesão por uma gostosa.


Image Hosted by ImageShack.us Aliás...


Pato Fu, "Toda Cura para Todo Mal" (2005).


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PATO FU é A banda pop-nerd nacional. É a banda dos sonhos do Wonkavision. Tem alguns bons discos, não tão orgânicos, mas com bons hits. Afinal, todo mundo ouviu, uma época da vida, os caras chatos da Pop Rock de tarde, e as canções do Pato Fu tinham algo de não-convencional, mas, ao mesmo tempo, chiclete.
Só o Pato Fu tem autorização pra nomear uma música ? boa, por sinal ? de ?Uh Uh Uh, Lá Lá Lá, ié, ié?. É. Isso mesmo. Mas também tem ?Amendoim?, ?!? e ?Vida Diet?. Um certo humor bobalhão percorre o disco todo. O problema é que, em certo momento, o negócio se repete tanto que tu fica em dúvida se é uma fina ironia ou chatice mesmo. Enfim. O Pato Fu nunca mudará nossas vidas, mas também não está no mesmo nível que CPMerda ou Charlie Bosta, bandas que eu nem perco tempo escutando. Tá, e o disco? É a mesma coisa de sempre. O vocal blasé da Takai e o pop com riffzinhos meio reggaes, um som pra lá de suave. Sarcasmos, bobeiras, piadas, viagens. Assim, da idiota ?Simplicidade? passamos para a boa ?Agridoce?. Isso é Pato Fu. De novo.

Los Hermanos, "4" (2005).

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Incrível eu não ter comentado esse disco antes aqui. Será que eu não comentei mesmo? Enfim. Depois de um disco pop (o homônimo) e dois discos em que flutuavam rock e MPB (os geniais ?Bloco? e ?Ventura?), o LOS HERMANOS decidiu simplesmente chutar (de novo) o balde e lançar seu trabalho mais estranho, diferente. Confesso que me choquei a primeira vez que ouvi. Uma tristeza imensa percorre o álbum. A influência do Wilco referida ? e depois negada ? seria, em todo caso, apenas nisso: o silêncio ectoplasmático de ?A Ghost is Born? percorre o disco.
Moral da história? Os Hermanos continuam sendo a melhor banda nacional e o disco é simplesmente incrível. Dessa vez, a gangorra pendeu para o lado da MPB e os metais (thank?s God) foram deixados de lado, mantendo, simplesmente, arranjos simples, focados em violões e no vocal tristonho das figuras. ?4? não é um disco de rock, é um disco da MELHOR MPB. Ainda sobra um espaço para um certo experimentalismo, como em ?Os Pássaros?, onde eles lembram, de certa forma, um Radiohead/Kid A, pronto para desmontar toda estrutura do arranjo em prol de uma melancolia absurda.
Isso é arte. Inquestionavelmente. A arte não tem compromisso com bandeiras morais ou com movimentos musicais. Por isso, nada de errado em Camelo/Amarante terem abandonado, de um lado, a alegria; de outro, o rock. A duplinha mostrou que seu talento é superior, tem capacidade para lançar músicas simplesmente poderosas como a já citada, ?O Vento?, ?Dois Barcos?, ?Paquetá?, ?Condicional?, etc. ?4? já nasceu para ser clássico.

PS: Atenção, eu finalmente adquiri o cd da Alter Ego. Ouçam antes do próximo post, depois vai vir a resenha e vocês vão ficar choramingando. O site é este aqui. Tem mp3.



Triha sonora do post: Hurtmold, "Música Política para Maradona Cantar".

sexta-feira, outubro 28, 2005

BEM FEITO


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O tal cartaz colado nas ruas de Brasília em que Jorge Bornhausen aparece como Hitler foi merecido. As forças que ele representa, no fundo, estão vinculadas à Ditadura Militar, regime que - incrivelmente ainda respeitado hoje em dia - torturou e matou milhares de brasileiros. Além disso, ter se referido à "raça" petista não foi apenas um deslize verbal: no fundo, é a sanha contra os "esquerdistas", essa raça insuportável que fica contestando as coisas. Pessoas que votam em Bornhausen podem ser trabalhadores honestos, pais de família e religiosos: os mesmos que, na sua patetice crônica, foram as urnas para criar o III Reich na Alemanha. Os mesmos maria-vai-com-as-outras.

Esquerda burra - Parte II

O artigo sobre o Estatuto do Desarmamento escrito pela Luciana Genro na ZH bem reflete o cheiro de mofo que reveste essa esquerda marxista brasileira. Ainda bem que eles se mandaram do PT. A irresignação contra o "monopólio da força" pelo Estado, por exemplo, reflete que não têm qualquer apreço pela democracia. Estado constitucional, pelo jeito, é vocabulário "burguês". Continua aquele projeto socialista. Essa gente, pra mim, é igualzinha à Direita - quer criar "gulags" no Brasil.
Aliás, foi exatamente a mesma coisa na questão da política universitária. Ao enxergarem o Estado com sua visão leninista, esse pessoal só vê uma solução para o problema da universidade: expandir o elefante branco. Aproveitar os incentivos tributários dados para as privadas, cobrando a contrapartida com vagas gratuitas, é "exigência do FMI". Santa burrice.

Sem sentido
A rivalidade acirrada nos últimos dias entre PSDB e PT nada mais espelha do que uma disputa pelo poder. Esses são, claramente, os dois partidos que deveriam se unir e construir um governo centro-esquerda reformista, capaz de modificar as estruturas patrimonialistas do Estado sem, com isso, se aliar a setores políticos inorgânicos (sem ideologia) e, por isso, corruptos.
Ambos os lados dificultam: o PT, com seu discurso de pureza e auto-suficiência, e o PSDB, com vinculação excessiva ao empresariado e aliança com a extrema direita.

Foo Fighters, "In Your Honor" (2005).

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Dave Grohl hoje é uma das figuras mais requisitadas no rock. Tocou com o Queens of the Stone Age, Nine Inch Nails, Garbage, Cat Power, montou um projeto paralelo ao Foo Fighters (Probot, pra tocar metal) e agora vem com esse duplo. O disco tem as várias caras de Ghrol. Flerta com o metal ("In your honor", "Free me"), repete os anteriores ("Best of You" lembra "Times Like These", "No way Back" dá um déja-vu), há alguma coisa de Nirvana ("The Deepest Blues are Back"), encaixa riffs suculentos com uma pegada forte de bateria, com refrões empolgantes ("DOA", "The Last Song"), enfim, todo talento desse grande músico vai ali despido em pancadas, uma atrás da outra, onde a raiz punk-nirvânica combina com uma certa dose pop - a fórmula do sucesso do Foo Fighters, afinal. Tem algo que, com certeza, permeia todo disco: energia. Da grossa. Todas as músicas são cantadas apaixonadamente, como se fosse a última canção do mundo.

Acabou? Não. Segue um disco de músicas acústicas. Ghrol ainda acerta a mão diversas vezes, com baladas consistentes. "Still" abre com uma calmaria e silêncio que me lembrou "Something in the way". "What if I do?" é fantástica, belíssima, uma das melhores baladas dos últimos anos. "Miracle" desce bem, "Another Round" tem uma gaitinha de boca country (aliás, esse é o ano do country, Black Rebel e White Stripes confirmam), "Friend of a Friend" retoma o fluxo Nirvana, "Over and Out" e "On the Mend" são discretas. "Virginia Moon" é a surpreendente bossa nova tocada com Norah Jones, uma revolução no som dos Fighters. Belíssima - e demonstra que o talento de Ghrol transcende o rock. 3/4 dos músicos brasileiros deveriam ouvir para se inspirar, quando resolver tocar bossa. "Cold Day in the Sun" tem Ghrol na bateria e o baterista canta, a música se inspira nas tradições folk/country americanas, "ensolarando" um pouco o segundo disco. Tem a cara do Wilco. Pra terminar, a dedilhada e tensa "Razor". A moral da história só pode ser o óbvio: "In your Honor" sofre do mal do disco duplo, uma série de faixas levemente dispensáveis, mas consegue uma consistência impressionante, composta por excelentes hits como "What if I do", "Virginia Moon", "Best of You", "No way back" e outras.

Trilha sonora do post: Alter Ego, "Épico".

quinta-feira, outubro 27, 2005

Férias
Essas férias não me proporcionam apenas tempo para mais posts. É a alergia ao trabalho que vai me curando. Não suporto burocracia, repetição. Muitas vezes o trabalho é ócio forçado, até. Como um prisão disciplinar, tentando nos enquadrar na rotina do homem-médio, nos aprisionando durante oito horas em instituições orgânicas e prontas para organizar uma lavagem cerebral. Mas semana que vem, para minha decepção, já estarei de volta.
Esses dias têm sido um descanso inestimável, embora prejudicados por uma extrema tensão para escrever o meu projeto de mestrado. O tema será o nosso querido "Direito Penal do Inimigo" e o inimigo como "outro", que não nos identificamos mais.


Spoon, "Gimme Fiction" (2005).

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SPOON é uma banda americana iniciada em 1994, que se juntou às típicas adoradas pelas tribos indies - Pavement, Sonic Youth e assim por diante. Os caras têm cinco trabalhos - alguns EPs, é verdade - e lançaram esse ano essa peça: "Gimme Fiction".
O som é simples, básico, mas extremamente competente. Aos poucos, as melodias, simplíssimas, pops, grudentas, vão se apoderando dos teus ouvidos como se chiclete fossem. O som é variado e bem feito, oscilando entre refrões potentes e riffs bacanas. Na verdade, não tenho nada de muito técnico pra dizer: som é tranqüilo, mas infalível. Como Bruce Lee.
Tentem as ótimas "They never got you", "The Beast and Dragon, adored", "Sister Jack", "The Two sides of Monsieur Valentine". Todas diferentes entre si, mas consistentes nas suas pegadas melódicas, com ótimos refrões, tramas instrumentais bem montadas. Soa criativo sem ser experimental. O álbum é de uma precisão milimétrica.

The Magic Numbers, "The Magic Numbers" (2005).

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Esse pessoal gorducho lançou seu primeiro álbum esse ano. Foram uma das revelações mais hypadas do Reino Unido, ao lado dos Arctic Monkeys (que ainda não ouvi), Bloc Party (chato) e Kaiser Chiefs (chatíssimo).
Ao que interessa: tu ouve "Mornings Eleven" e acha até legal. Bacana. Um pop simplizão, meio bobão, com algum embalo daquelas bandas mistas dos anos 70. "Forever Lost" até engrena um riff bem interessante, pra depois partir para o mesmo vocal coletivo/misto. O final, contudo, salva a música do repeteco. Chegamos em "The Mule". Pera aí, é a mesma emulação daquelas bandas pentelhas/ensolaradas? Em "Long Legs" tu já se dá conta que o problema não é gordura: é bunda-molice. De fato, tu vai percebendo que se trata de uma real INFLUÊNCIA: quer dizer, os caras realmente fazem um som a la The Mamas and The Papas, Pretenders ou Abba. Pior: isso é o máximo que eles chegam. Não, isso não é um pesadelo. São os Magic Numbers. Parecer essas bandas, por si só, já implica dois pés no freio e freio-de-mão puxados. Imagina isso gravado em pleno 2005. Os gordinhos não viram o tempo passar.
Podem dizer que sou mal-humorado, talvez seja mesmo. Mas se tem algo que eu não gosto são essas músicas "ensolaradas", feitas sob encomenda pra quem curte passar a roupa ouvindo música, tipo "Flowers on the window" (Travis) ou "Shiny Happy People" (REM). Idiossincrasia: prefiro música depressiva (Radiohead) ou simplesmente suja (Oasis). Esse disco tem cheiro de confort.

Manifesto dos petistas burros

Como 'garantista', não posso deixar de concordar que Zé Dirceu tem vários trunfos a seu favor. Pelo que acompanhei até agora, só presunções levam a culpa acerca do mensalão a ele. Certamente, fosse juiz, não o condenaria. OUTRA COISA é o juízo ético-político que pode - e deve - a Câmara fazer sobre a sua conduta.

Está na cara que ele se utilizou de métodos stalinistas que vencer resistências no Parlamento e isso atinge um dos pilares da sôfrega democracia brasileira. Como petista, quero vê-lo expulso, sim, do Congresso, e até do partido. Não nego sua contribuição, sua participação no processo democrático, etc., etc., etc. Entretanto, não precisamos mais dessa gente. Precisamos de democratas convictos, que possam implementar reformas - a partir de uma plataforma negociada - de forma limpa, racional, sem clientelismo e corrupção. O petista que realmente entendeu a que veio o partido vota contra Dirceu.

Trilha sonora do post: The Magic Numbers, "I see you, you see me" (não digam que eu não tentei).

quarta-feira, outubro 26, 2005

Equívocos sobre o Desarmamento

O Brasil perdeu uma grande chance de avançar. Não só pela própria perspectiva - óbvia e direta - de reduzir as armas de fogo em circulação, mas também por não ter dado o primeiro passo para fugir de soluções políticas maniqueístas e estereotipadas sobre o problema da violência. A dicotomia "cidadão de bem" vs. "bandido" ganhou força, sendo provável que, daqui pra diante, tenhamos um fortalecimento das alternativas mais autoritárias de combate ao crime.
Acho risível - para não dizer ridículo - essas pessoas que votaram dizendo que não aceitam soluções "paliativas". Ora, existem soluções paliativas para a questão da violência. Toda sociedade tem uma parcela de violência, é impossível eliminá-la. Apenas ideologias mentirosas - como o famigerado "tolerância zero", que agora será propagandeado - se propõe a isso. Normalmente, como ocorreu em NY, são apenas formas veladas de segregação social e, especialmente, racial. Lá, 8 em cada 10 prisões são anuladas, e mais de 80% dos presos são negros pobres. Hum?
Além disso, essa idéia de rejeitar o paliativo é, por si só, besta. A menos que ainda sonhemos com utopias comunistas, o jeito de fazer política, numa democracia liberal, é assim mesmo: passo-a-passo. Soluções reformistas são as melhores e devemos apostar nelas. Por isso, desarmamento não resolve nem resolverá a violência. Era uma solução meramente ocasional, realista, da mesma forma que dar maconha para um viciado em heroína fumar, tentando evitar danos maiores. O velho Nietzsche já falava dessa dimensão trágica do real: tentamos dizer, apolineamente, que não podemos admitir que sejamos assaltados com facas ao invés de pistolas - devemos não ser assaltados. A realidade, entretanto, não permite essa idealização: o trágico existe, o melhor a fazer é tentar reduzir os seus danos.

Editors, "The Back Room" (2005).

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É verdade que o Editors soa como o Interpol, porque ambos soam como Joy Division e Echo. Cheguei a chamar o Editors de redundância. Bandinha formada nos campos britânicos, lançou seu disco de estréia esse ano.
Pra quem acha que pouca coisa tem a ser inventada, o Editors, entretanto, vai soar legal. Enquanto o Interpol do primeiro disco é um emissário das sombras, te lançando numa atmosfera quase noir, e o do segundo é uma mistura dos riffs suculentos, linhas de baixo pesadas e do vocal soturno do primeiro disco com rock de verdade, o Editors parece apostar numa fórmula mais simples. Some boas melodias, vocal Ian Curtis e músicas cantáveis, sem o lado sombrio, e verá que é um álbum que vale a pena. É, digamos assim, mais "pop". Bem melhor que Kaiser Chiefs e Bloc Party, os hypes do ano. Basta conferir as duas primeiras - "Lights" e "Munich" - que tu já verá isso.
Não é dançante, nem tosco. É um álbum com guitarras milimétricas e às vezes até viajantes, baixo forte, arranjos simples, mas bem montados, atitude roqueira e uma certa dose de alternativice que o torna bem bacana. Em suma: ficam atrás do Interpol, mas vale a pena experimentar.

The Rolling Stones, "A Bigger Band" (2005).


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Todo mundo sabe que os Stones já deveriam ter se aposentado. Ou, pelo menos, parado de gravar, tocando só os clássicos dos seus discos mais geniais (e são muitos). Chega uma época que a banda tem duas opções: ou faz apenas shows figurando como lenda (caso do The Who, p.ex.), ou começa a emular a si própria e parecer caricatura (caso adivinha de quem?). O U2, hoje indiscutivelmente a maior banda do mundo, já está entrando nesse dilema. É como o Romário, tchê.
Não estou dizendo que o disco seja ruim. Nem que não tenha músicas excelentes. No way. Mas o que dizer de "Streets of love" para uma banda que gravou "Andie" ou "Wild Horses"? Acho que sou meio ortodoxo. Mas se tratam dos STONES, pôrra!
A tão falada "Sweet neocon", por exemplo, vale pela letra, mas a música, como eu disse, parece uma banda ruim emulando Stones. "She saw me coming", idem. É como imaginar o Oasis daqui a vinte anos emulando "Some might say". Ai. Além disso, o disco é looooooooooongo.
Para os fãs, entre os quais me enquadro, não há dúvida que haverá boas músicas e pronto. Isso nos basta. É o caso de "Rough Justice-Daw", "Let me down slow", "Back of my Hand" (blues envenenado) e outras. Os conservadores, que acham que o rock bom é só o antigo, vão dizer: "taí, os velhinhos ensinando a garotada". Deixa assim.

O SHOW
Às 19h30, lá estava eu com uma garrafinha de ceva, ouvindo "Room on Fire" no meio de uma multidão de assuntos cruzados num apartamento pequeno. Preocupado. Ninguém queria sair. Forcei a barra e finalmente fomos - pôrra, me fizeram perder os segundos essenciais da primeira música do show antológico do Arcade Fire. Filho, tu não pode dizer que foi falta de aviso: eu disse que eles eram demais. Eu disse que eram oito. Eu disse que eles tocavam um monte de instrumentos. Tá certo: não sabia que eles iriam fazer "rotação", mostrando dotes inimagináveis de talento. Mas sabia que o show seria pura inspiração, recheado de construções apocalípticas de canções sentimentais, cantadas por oito estranhos e malucos. Isso foi demais.
Bem bêbado, vi os caras do Strokes entrarem e derramarem rock'n'roll do melhor estilo: suja, cheio de riffs, com alma e tocado às mil maravilhas. As músicas foram tocadas tal qual no álbum, sua execução deixou o surpreendente público - desta vez menos provinciano, sabia as músicas - totalmente enlouquecido. Tocaram músicas de todos os discos, me permitindo uma satisfação imensa, satisfação essa que unicamente foi maltratada pela figura bêbada que me acompanha, que ficava insistindo TODO O TEMPO: "vamos subir na parede, vamos subir na parede", como se, depois de 4666788890 mil latinhas, eu conseguisse ficar trepado numa porra durante mais de vinte e cinco segundos. Bosta.



Trilha sonora do post: The Rolling Stones, "Biggest Mistake".

domingo, outubro 23, 2005

As pessoas que valem a pena
Já disse que sou, ao mesmo tempo, um libertário e um libertino. De um lado, procuro buscar formas e soluções para problemas como a pobreza, a desigualdade, a miséria. De outro, procuro abdicar de conceitos morais intolerantes, que façam juízos de valor fortes sobre a conduta das pessoas, como se tivéssemos autoridade moral para julgar. Porque, como libertário, vejo a injustiça e não me conformo com ela. Como libertino, vejo a hipocrisia e a intolerância e as repudio. São as duas coisas que, desde a adolescência, sempre me atormentaram. De um lado, o cínico indiferente com a injustiça, egoísta, ganancioso, incapaz de se solidarizar. De outro, o puritano intolerante, pronto pra censurar aquele que viola padrões, pronto pra "apontar o dedo" a quem é diferente dele.

Por isso, na minha cabeça só esses dois tipos de pessoas valem a pena. Aqueles que, como o Tio Sylas, Angelina Jolie, Bono Vox, Mandela ou o "Jardineiro Fiel", vão atrás dos seus ideais, rompem barreiras e lutam diretamente contra a injustiça, e aqueles que, rompendo padrões, reconfiguram nossos limites morais, idéia que pra mim encontra alta ressonância em figuras como James Dean, Chaplin, Liam Gallagher, John Lennon, Oscar Wilde, Soninha, Luana Piovani. Pessoas que vão diretamente contra a injustiça e pessoas que denunciam a hipocrisia, o puritanismo. Em termos pragmáticos: pessoas que lutam contra o sofrimento humano. Sofrimento de quem nasceu desigual e de quem quer ser diferente.

Orgias Romanas - Por que não?
Temos a tendência a pensar a história humana como uma flecha que percorre um caminho até chegar a nós mesmos. Uma tendência, p.ex., amplamente advogada pelo marxismo. A história parece um fluxo "consciente", e não contingente. A nós, pós-modernos ateus, não faz qualquer sentido pensar que existe algo na "história" que aponte para nós. Porque, simplesmente, não existe uma "história" enquanto tal. O que existe é uma sucessão de eventos contingentes, que descrevemos segundo a nossa perspectiva.
A pergunta então veio à tona: por que descrevemos o direito romano, e não as orgias? Sob que ângulo o legado romano está no seu direito, e não nos grandes eventos, em que as mulheres dos senadores eram obrigadas a fazer os súditos felizes, como vimos em Caligula? Apenas queremos descrever dessa forma. Não há nenhuma progressão histórica fora da nossa cabeça moderna, escolhemos direito em vez de orgias porque somos burgueses puritanos, mas nada, nada mesmo, torna o direito romano mais interessante que as orgias. Não mesmo.

Como não vai caber tudo, publicado apenas três das resenhas prometidas. As outras vêm no próximo.


Paul Mccartney - "Chaos and Creation in the Backyard" (2005)

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Paul é um carinha especial na vida de quase todos nós, que gostamos de música. Todos atravessamos fases e, em todas elas, fomos contemplados com alguma canção beatle. É o cara que fez TUDO AQUILO.
Por isso tudo se autoriza ao mestre Paul. Até coisas palhíssimas, sem nexo, como "Certain Softness" (que bosta é essa? bolero?). Paul ficou velho, e algumas músicas parecem escritas para o pessoal que ficou velho junto com ele e, com isso, passou a gostar de músicas sem testículos.
Claramente o cara, hoje, compõe o que quer e para fãs. Entretanto, dá para reconhecer em vários momentos a segurança, sutileza, tranqüilidade com que Paul destila elegância britânica, mostrando-se mestre em melodias, com seus refrões pops e contagiantes. Apenas Paul pode compor uma música com o título "English Tea" e parecer, para nós, a fina nata do rock'n'roll. Meu destaque no disco são "Fine Line", com uma boa melodia pop, e "Jenny Wren", que me lembrou "Blackbird". E, engraçado, a música "Anyway" tem as notas exatamente iguais a "People get ready", parceria Rod Stewart/Jeff Beck. E, na faixa escondida, um bom e inesperado experimentalismo, destoante do conjunto.

Franz Ferdinand, "You could have it so much better... with Franz Ferdinand" (2005).


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Tu pode até achar que os caras são hypados, bichas ou copiões. Mas ninguém pode negar que o Franz faz aquilo que quer BEM: misturas riffs crus com batidas descontínuas e dançantes. O disco é cheio de "Take me outs", oscilações entre levadas roqueiras com robotismo pronto pra pista.
Como disse o Scream&Yell, é o próprio disco da geração "zap". Nenhuma melodia se mantém parada, há uma alternância de ritmos e riffs, em compasso que faz sacolejar. Isso ninguém tira deles. "Do you want to", "The Fallen" e outras já nasceram pra vencer - e vender (o que, convenha-se, não tem nada de errado). As novidades são a balada "Fade Together" e a beatle "Eleonor Put your Boots On" , que ganham certo contorno "cool" com o sotaque scottish que permeia o som das figuras. Recomendo ouvir na noite, pra animar a festa, com um bom Johnny Walker ao lado pra se entorpecer.
O FF foi aprovado no seu segundo trabalho.

Elbow, "Leaders of the Free World" (2005).


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Eu não posso negar que o Elbow é uma banda talentosa. Os caras são os verdadeiros herdeiros do rock progressivo, ou, simplesmente, do rock de talento. Eu já disse - e repito - que, não sei por quê, mas os caras me lembram imensamente o Emerson, Lake & Palmer, talvez até pela voz do cara. Por tudo isso, receberam uma cacetada de boas críticas em seu terceiro disco.
A seu favor, ainda, que definitivamente não se enquadram no "new acoustic", rótulo que nivela bandas boas (Coldplay), médias (Travis, Keane, Thirteen Senses), ruins (Doves, Athlete) e medíocres (Starsailor). Não. Não é isso.
Não dá pra negar que "Leaders of the free world", por exemplo, é uma música excelente. Bem arranjada, compacta, até empolgante. Esse pessoal tem a manha. Já tinham acertado a mão, por exemplo, com "Fallen Angels", no disco anterior.
Entretanto, pra mim o que sobra no Elbow falta, por exemplo, no Libertines, e vice-versa. Enquanto o primeiro tem apuro técnico, arranjos excelentes, criatividade sonora, o segundo tem o calor do rock, o improviso, a contestação. Falta, no Elbow, uma certa "atitude" rock'n'roll, uma idéia contestatória, iconoclasta. Tudo é muito frio, planejado, perfeito demais. Tu poderia dizer que são contraditórios. Não creio. Basta ouvir Pink Floyd ou Radiohead pra te convencer disso.



Trilha sonora do post: The Verve, "Weeping Willow".

quarta-feira, outubro 19, 2005

Estatuto do Desarmamento - Prevenção ou Repressão

Tinha decidido não escrever sobre o Estatuto, ante a erupção vulcânica de opiniões e sites sobre o tema. Tenho pouco a acrescentar e acho que os inteligentes já decidiram, embora alguns contra as suas próprias convicções.
O que eu queria dizer - e não é novidade - é que muito da discussão é inóspita e impertinente.
Discutir - como tem gente discutindo DOS DOIS LADOS - se o cidadão pode andar armado, por exemplo, é um equívoco. O Estatuto já veda completamente a posse de armas e isso não está em discussão no referendo. Cuidado, então, com o que lemos. Nenhum John Wayne pode sair aí pela rua destilando tiros para salvar garotas inocentes de estupradores e homicidas. Isso já é proibido.
A discussão se restringe à comercialização de armas e munição. Só.
Acho que o que está mal explicado é a concepção político-criminal que subjaz aos argumentos dos participantes do debate. Porque, afinal, fomos chamados para votar uma matéria político-criminal.
De um lado, estão aqueles mais inclinados para estratégias repressivas, entendendo que o cidadão tem o direito de se defender e, por isso, a proibição da comercialização das armas irá impedi-los de dar uma resposta ao ato criminoso, na hora "h". Seus detratores exibem estatísticas de que a resposta armada geralmente é ineficaz, muitas vezes redundando em conseqüências piores do que seria o crime em si. A isso a única resposta que até agora eu vi foi a de um direito universal, legítimo, inalienável, de portar arma para a auto-defesa, da família e da propriedade.
De outro lado, estão aqueles que apostam em solução preventiva para o delito, no sentido de que a fabricação da arma de fogo, por si só, já incha o mercado e, com isso, dá mais armas para crimes serem cometidos. Além disso, as armas podem causar acidentes domésticos graves. Seus detratores afirmam que as armas poderão vir do tráfico e que somente se desarmarão os "cidadãos de bem". Os acidentes seriam apenas uma pequena exceção. A resposta a isso é dada novamente com estatísticas: 76% das armas usadas em crimes são de origem legal (portanto, fabricadas e comercializadas no Brasil) e que, por isso, o efeito da arma legal é cair na mão do criminoso.
A opção, portanto, será entre uma estratégia preventiva, que aposta na redução de danos (menos armas fabricadas, menos armas em circulação, menos delitos com armas) e, de outro lado, uma estratégia repressiva (é preferível ter arma e poder se defender a apostar na diminuição das armas). Uma tenta "evitar" e a outra "combater" o delito.
A par dessas razões funcionais, existe um duelo moral, em que de um lado estão aqueles que dividem a sociedade em "bandidos" e "cidadãos de bem", entendendo que vivemos uma espécie de guerra civil em que o Estado falha na segurança, cabendo ao cidadão cuidar da sua auto-tutela; de outro, estão os que vêem a arma de fogo como algo ruim por si mesmo, com a única finalidade de matar, e que a idéia de progresso moral nos levaria a, tendencialmente, eliminá-la.
Minha opinião, como já disse, parece desnecessária. Os inteligentes saberão de que lado votar.


Esquadrão madrilenho
Pela primeira vez, depois de algumas temporadas, o Madrid entrou sem a exuberância de favorito. Depois de duas temporadas sem títulos, a moçada se acalmou e resolveu admitir que o time precisa ser remontado.
Eu já disse aqui várias vezes: uma sucessão de técnicos inexperientes e o centro da marcação - Makelele - prejudicou a estrutura do time.
Entretanto, os últimos jogos têm me animado. O Madrid ainda não tem bala na agulha pra enfrentar Chelsea ou Juventus, mas vem num crescente considerável. Raúl teve um bom crescimento, voltando a fazer gols e mostrar categoria. Guti vem se mostrando um grande meia, com passe excelente e boa visão de jogo. Mas o destaque, sem dúvida, vem sendo Beckham, com seus lançamentos, cruzamentos e chutes de longa distância com precisão única, ímpar e perfeita. Considerável evolução.

Brasileirão
Incrível esse Paysandu. Faz dois campeonatos que os caras apanham, apanham, apanham no início do campeonato e, no final, se recuperam e ficam na Primeira. Incrível. Isso que tem o PIOR técnico do mundo: o ignorante, tosco e arrogante Carlos Alberto Torres.
Além de Flamengo e Brasiliense, que vem mantendo um patamar de instabilidade sem recuperação, Juventude, Botafogo, Coritiba e São Caetano vem em declínio significativo, podendo cair. Vasco tem um time fraco, mas tenho uma intuição que não cai. Renato, por incrível que pareça, é um bom técnico.

Heber Roberto Lopes?

Free Image Hosting at www.ImageShack.us Além de feio, ainda é ruim e pode ser ladrão

O tal Nagib Fayad disse na CPI dos Bingos que Heber Roberto Lopes estaria envolvido no esquema. Não duvido. SEMPRE achei, afirmei e reafirmei que ele é o PIOR árbitro em atividade no Brasil. É inconcebível a quantidade de erros que ele comete nas partidas. Em TODAS.


Próximo

No próximo post, falo sobre alguns discos lançados nesse ano, especialmente os do Paul Mccartney, Rolling Stones, Spoon, Foo Fighters, Editors e Elbow.

Trilha sonora do post: The Kills, "Rodeo Town".

Idiossincracias

Tem muita coisa na vida que me escapa como um fio perpassando os dedos. Não sou um cara normal, sem dúvida. Tampouco quero ser.

A questão não é essa. Não é a dor-de-cabeça da ressaca, nem o estado semi-vegetal. Não. Também não é a Angelina Jolie que eu não tenho no meu colo, nem a Sharon Stone pelo menos no âmbito de visão. Não são os dias entediantes que vão passando, um após o outro, como repetições de um mesmo requiém com o mesmo fim: morte.

Image Hosted by ImageShack.us Nem ela, nem ninguém


Não fica pensando que eu tenha uma resposta pra isso. A contingência é boa, se a gente parar de ficar a amaldiçoando. Depois de um longo tempo de roteiros, roteiros, roteiros, resolvi aderir ao Oswald de Andrade e concordar: "o Romantismo acabou. As mulheres também peidam". E pronto. Nossa vida é um punhado de nada, bichos perdidos nas alfândegas da existência.

O ser humano tende a ver a si próprio como um ser diferente: haveria uma espécie de linha divisória entre nós e os animais. Nada mais ilusório. Somos apenas bichos sedentos de fome e instinto, prontos para abocanhar o mais fraco. Não fosse assim, já teríamos desaparecido há séculos.

Meu maior inimigo é a insistência em se considerar todas as coisas como sólidas, quando, na verdade, não passam de invenções derrotistas, recalques eternizados, injustiças consolidadas. A moral nunca fez e hoje faz menos ainda sentido. Nossas restrições, puritanismos e preconceitos são o aval da bestialidade. Não existe argumento sólido contra a libertinagem.

Não é a pouca bebida ou a rotina, é, simplesmente, a angústia de saber que estamos todos voltados para o fim e pronto - seremos por ele engolidos.

Tudo isso nos torna insignificantes e, sobretudo, prepotentes na nossa pequenez.



Trilha sonora do post: Funkadelic, 'Hit and Quit it'.

segunda-feira, outubro 17, 2005

Flaming Lips liberta!

POUCAS coisas são tão entendiantes na vida quanto trabalhar, especialmente quando o trabalho acaba virando uma sova burocrata, quando as tuas opiniões vão murchando e tu vai te transformando num mero boneco disciplinado pela grã-Instituição que te incumbem venerar.

É um processo de fossilização.

Pois bem, meus caros. Tem uma coisa boa nisso tudo e ela é a possibilidade de tu colocar os fones de ouvidos e se libertar. Esquecer do antro que está no teu entorno, das pessoas chatas e entendiantes que permeiam a tua existência por preciosas - e longas - horas diárias. Quase-infinitas. A minha estratégia, ultimamente, tem sido ouvir FLAMING LIPS.


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Esses dois discos aí vem tornando as minhas tardes algo mais agradável, mais palatável, eu diria. Enquanto tu atura o teu colega matando trabalho, as figuras falando Verdades sobre tudo, com a sabedoria de girinos, enquanto tu lê aquela petiçãozinha que deveria estar escrita em papel higiênico - em respeito à folhas A4 -, Mr. Wayne Coyne inventa coisas que te fazem rir, tipo "Guy who got a headache and accidentally saves the world" ou "Christmas at the zoo".

E tu ri. Porque, além do som ser pra-lá-de-Bagdá, algo como um "rock pirotécnico", as letras são doidas de doer. Enquanto as guitarras disparam riffs e engrenam viradas monstruosas, o vocal desafina pra cantar as coisas mais doidas que tu possa imaginar. O som pode ser a maior paradeira até uma agressividade doentia. Arranha os ouvidos. E ainda tem loucura na letra. Em "She don't use jelly", por exemplo, eles cantam: "i know a girl who thinks of ghosts / she'll make ya breakfast / she'll make ya toast / she don't use butter / she don't use cheese / she don't use jelly / or any of these / she uses vaseline / vaseline / vaseline". Já que tu não tem whisky ou mescalina ao lado, vai no cafezão mesmo enquanto ouve os caras.

E ai relaxa e goza. Foda-se o trabalho. Nada como o bom e velho rock'n'roll pra nos animar.

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Trilha sonora do post: The Flaming Lips, "Placebo Headwound".