Idiossincracias
Tem muita coisa na vida que me escapa como um fio perpassando os dedos. Não sou um cara normal, sem dúvida. Tampouco quero ser.
A questão não é essa. Não é a dor-de-cabeça da ressaca, nem o estado semi-vegetal. Não. Também não é a Angelina Jolie que eu não tenho no meu colo, nem a Sharon Stone pelo menos no âmbito de visão. Não são os dias entediantes que vão passando, um após o outro, como repetições de um mesmo requiém com o mesmo fim: morte.
Não fica pensando que eu tenha uma resposta pra isso. A contingência é boa, se a gente parar de ficar a amaldiçoando. Depois de um longo tempo de roteiros, roteiros, roteiros, resolvi aderir ao Oswald de Andrade e concordar: "o Romantismo acabou. As mulheres também peidam". E pronto. Nossa vida é um punhado de nada, bichos perdidos nas alfândegas da existência.
O ser humano tende a ver a si próprio como um ser diferente: haveria uma espécie de linha divisória entre nós e os animais. Nada mais ilusório. Somos apenas bichos sedentos de fome e instinto, prontos para abocanhar o mais fraco. Não fosse assim, já teríamos desaparecido há séculos.
Meu maior inimigo é a insistência em se considerar todas as coisas como sólidas, quando, na verdade, não passam de invenções derrotistas, recalques eternizados, injustiças consolidadas. A moral nunca fez e hoje faz menos ainda sentido. Nossas restrições, puritanismos e preconceitos são o aval da bestialidade. Não existe argumento sólido contra a libertinagem.
Não é a pouca bebida ou a rotina, é, simplesmente, a angústia de saber que estamos todos voltados para o fim e pronto - seremos por ele engolidos.
Tudo isso nos torna insignificantes e, sobretudo, prepotentes na nossa pequenez.
Trilha sonora do post: Funkadelic, 'Hit and Quit it'.