O tempo traz serenidade
Quando leio hoje na Folha de São Paulo o Prof. Roberto Mangabeira Unger, da Universidade de Harvard, declarar que devemos realizar um "crescimento sem dogmas", de forma que já começa a admitir o esquema assumido pelo Governo [política econômica conservadora + aprimoramento da infra-estrutura + choque social (aí incluída educação)], tudo começa a parecer melhor.
Quando leio hoje na Folha de São Paulo o Prof. Roberto Mangabeira Unger, da Universidade de Harvard, declarar que devemos realizar um "crescimento sem dogmas", de forma que já começa a admitir o esquema assumido pelo Governo [política econômica conservadora + aprimoramento da infra-estrutura + choque social (aí incluída educação)], tudo começa a parecer melhor.
Finalmente a minha defesa do Governo começa a ser pensada por outras cabeças: nesse momento mundial do capitalismo, em que o mercado goza de onipotência e os Estados extrema vulnerabilidade, é melhor optar por uma via mais conservadora na economia e azeitar o restante. Esse é o caminho seguido por Lula, e creio que seja um caminho certo.
Por outro lado, o PT, lamentavelmente, continua se definindo como "socialista", sem conseguir se desvencilhar de parte da sua herança marxista. O melhor é admitir logo um viés social-democrata com fortes iniciativas sociais, democracia deliberativa, defesa dos direitos humanos, desenvolvimento sustentável e programas de renda mínima, como vem fazendo o Governo.
Ou seja, por incrível que pareça, os intelectuais estão atrasados.
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Por outro lado, o PT, lamentavelmente, continua se definindo como "socialista", sem conseguir se desvencilhar de parte da sua herança marxista. O melhor é admitir logo um viés social-democrata com fortes iniciativas sociais, democracia deliberativa, defesa dos direitos humanos, desenvolvimento sustentável e programas de renda mínima, como vem fazendo o Governo.
Ou seja, por incrível que pareça, os intelectuais estão atrasados.
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The Fratellis
Não bastasse ser uma delícia esse clipe do The Fratellis -- banda que se propõe imaginar como seria o rock se os Beatles não tivessem existido -- ainda me lembro das danceterias roqueiras -- especialmente Roxy e Metro -- em Londres, em que as minas pulavam faceirícimas cantando essa melodia pra lá de boa.
tararãtararãtarararãtararãtarã...
Cliquem aí e vejam o clipe, enquanto eu espero o youtube colocar o vídeo no blog.
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Lojas de CDS
Passei MUITO tempo da minha viagem contemplando as paisagens das prateleiras da HMV, Virgin Megastore e Fopi, as maiores lojas de cds de Londres. E é tão simples!
O que os consumidores querem? Simples: MUITOS cds e BARATOS. E é isso que elas oferecem. Não precisa de cafezinho, sala de leitura, atendentes cults, marketing e o diabo a quatro. O que o consumidor quer é esse binômio: MUITOS cds e BARATOS. Dificilmente se paga mais que 5 pounds por um álbum.
Claro, ainda dei a sorte de, um dia, ver a banda The Apartment [em princípio, mais uma estilinho Libertines, Monkeys, etc.] na Fopi, mas o essencial é simplesmente o esquema básico.
E as revistas? São boas, com todos os lançamentos e boas reportagens, além de também serem baratas, mais ou menos 3,50 pounds. As melhores são a Q e a Uncut, mais densas e encorpadas. A Mojo é destinada ao público mais velho, com reportagens sobre bandas mais antigas. E a NME é realmente lixo, com matérias superficiais e hypes furados [por todos, o maldito The Gossip, com aquela gorda maldita que não sabe cantar se esganiçando]. E é incrível: o Lúcio Ribeiro copia até o estilo das chamadas. Mas não vou perder meu tempo e do leitor com isso.
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Babel
Alexandro Iñarritu e Paul Haggis são diretores que têm algo a dizer sobre o nosso mundo. Um mundo em que o Outro passou a ser desumanizado, coisificado, em que a comunicação se exauriu e passamos a viver em bolhas isoladas, numa espécie de Babel do individualismo.
Nesse ponto, Crash e Babel têm muitas semelhanças. Entretanto, para variar, estou por concordar com o Pablo Villaça, do www.cinemaemcena.com.br, que analisou com precisão o filme.
Babel se mostra convincente e poderoso em certos momentos, mas acaba se perdendo em algo que nunca havia preocupado Iñarritu antes: o desfecho. 21 Gramas, outro grande filme, termina catastroficamente, e aí talvez resida sua grandeza. Babel se perde um pouco nesse ponto.
Além disso, a grandiloqüência do projeto -- um diálogo entre pelo menos quatro culturas bastante distintas [mexicana, marroquina, estadunidense e japonesa] -- acaba tornando um pouco forçado o eixo que liga uma narrativa a outra, qualidade indiscutível dos já citados Crash e 21 Gramas.
Dito isso, apesar das críticas, Babel é um ótimo filme, que talvez tenha sido, realmente, a melhor película de 2006, certamente o ano mais fraco da década para o cinema.
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Física Quântica ou Esoterismo?
Depois do sucesso de Quem somos nós?, começam a saltitar por aí filmes "baseados" na física quântica. Eles visam a atingir o mesmo público do citado: pessoas com tendência ao esoterismo focadas na idéia de "pensamento positivo" e coisas do gênero, provavelmente ministrantes de palestras motivacionais na área da administração [diga-se de passagem, uma das mais fracas áreas do conhecimento atual].
Vi uns 15 minutos de "O Segredo", que trata de tema semelhante, e pouco ou nada se falou de física quântica. Fala-se simplesmente de lei da atração e teorias conspiratórias, tudo totalmente fora do foco científico.
É preciso sinalar: a ciência não é relativa e tem seus próprios critérios. O que nós precisamos não é "relativizar" a ciência ao sujeito, não é conceber o mundo como uma criação da minha própria mente, nem nada do gênero desse "pós-modernismo de almanaque". O que nós precisamos é colocar a ciência no seu respectivo lugar, ou seja, continuaremos pesquisando cientificamente remédios para o câncer, mas quando falamos de clonagem, p. ex., usar argumentos puramente científicos é recortar o fenômeno e eliminar parcela da realidade -- as implicações éticas. Nesse caso, a ciência não é a única resposta e é isso significam posições de filósofos como Martin Heidegger, Theodor Adorno ou Jacques Derrida.
Física quântica não é carnaval.
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Política e Polícia
No contexto atual de violência no Brasil, ninguém em juízo normal seria capaz de se manifestar contrário ao policiamento ostensivo.
É óbvio que precisamos de mais polícia, mais vigilância e sensação de segurança.
Agora, é preciso uma vírgula especial nessa relação: o que o Secretário Ennio Bacci está fazendo não é simplesmente colocando mais policiais nas ruas. Ele está, isso sim, dando um alvará para as polícias definirem seus alvos e metódos.
Isso é particularmente perigoso levando em consideração que o Brasil, inacreditavelmente, ainda mantém uma polícia MILITAR, como se fosse necessário os milicos fiscalizarem, em caráter ostensivo, os cidadãos. Notem que em 99% dos países tal polícia é CIVIL, o que a aproxima mais da comunidade e proporciona diálogo, treinamento adequado e comportamento compatível com as situações que exigem tolerância e serenidade. Esse resquício do regime militar é difícil de agüentar, e a Governadora eleita por vocês já disse, respondendo pergunta sobre eventual ação sobre inocentes: "o importante é que os criminosos não fiquem soltos".
Cada Governo sabe da sua prioridade, e cada um vota no Governo que acha melhor.
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Trilha sonora do post: The Cinematics, "Break".