O Oportunista José SerraRespeito José Serra. Acho um dos melhores quadros do PSDB, bem melhor que os fascistóides Alckmin e Yeda, por exemplo. No entanto, o que me assusta nele é sua ambição. Seu desejo de ser presidente é tão forte e evidente que ele acaba tropeçando feio. Já nessas eleições, na disputa do Alckmin, mostrou ser um cara ressentido e vingativo [afinal, praticamente não apoiou o correligionário, que lhe venceu as pseudo-prévias]. Aliás, tomou medidas extremamente polêmicas quando assumiu, "fritando" mais uma vez seu antecessor. Não hesitou em se candidatar ao Governo do Estado apenas como um trampolim para a Presidência, tal como havia feito com a Prefeitura de SP. Tudo isso ficou claro no seu discurso de posse -- no qual, surpresa!, a discussão se voltou totalmente para a política econômica FEDERAL, sem qualquer menção à situação do Estado. É não saber disfarçar, mesmo.
Essa sede de poder mais uma vez se manifestou, agora com PAC. As críticas de Serra parecem realmente estranhas. Será que ele quer tirar a autonomia do Banco Central? Quer mexer no câmbio a canetadas? O PAC trouxe exatamente uma "maior intervenção do Estado na economia", coisa que ele pregava. Mas que mais intervenção quer Serra? Talvez o partido queridinho do mercado acabe carregando seu maior inimigo, e nem saibamos disso. Não que o mercado seja algo a se prezar -- ao contrário -- mas é inevitável nesses tempos de Globalização, em que os capitais fluem livremente.
Aparentemente, o que houve foi um golpe precipitado de Serra: ao disparar contra o PAC de forma direta e incisiva, parece mostrar que a sua cabeça está, como sempre esteve, no Planalto e em 2010. Pobres paulistas.
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A perfeita definição do que espero do pop
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A coluna do Álvaro Pereira Jr. sobre a música pop na Folhateen de segunda-feira está tão boa, tão boa, que vou reproduzi-la aqui.
Escuta aqui
FAZ DEZ anos que o Radiohead lançou "OK Computer", descrito na última edição da revista inglesa "Uncut" como "um blockbuster experimental". Uma reportagem especial de oito páginas celebra a data.Repetindo: blockbuster, aquele sucesso que arrasa quarteirões. E, ao mesmo tempo, experimental. Como assim? Quem, na época, acompanhava o Radiohead, sabia que não havia muito para onde a banda avançar dentro dos parâmetros "tradicionais" do rock. Seu álbum anterior, "The Bends", já mostrava domínio completo do formato de canções melodiosas tão característico do rock inglês. As letras, inteligentes, já falavam de claustrofobia, das cidades, de horizontes distópicos. Ou seja, Thom Yorke já era Thom Yorke (mas a produção ainda não estava 100% nas mãos de Nigel Godrich, que fez "OK Computer", o que talvez explique muita coisa)."OK Computer" provou que era possível ir além. Que havia espaço para experimentações eletrônicas. Que as letras podiam ser ainda mais complexas. E que ser ousado não significa, necessariamente, virar as costas para o grande público.No cinema, vejo a dupla Alejandro González Iñárritu (diretor) e Guillermo Arriaga (roteirista) como representantes da mesma vertente que não contrapõe experimentalismo a sucesso, nem complexidade a apelo popular. São deles "Amores Brutos" (2000), "21 Gramas" (2003) e "Babel" (2006).Seus filmes têm roteiros intrincados, violentas rupturas temporais. Mas são filmados/escritos sem desprezar as emoções. Conseguem fazer do desconforto do espectador uma sensação positiva, que se traduz no desejo de querer entender histórias aparentemente desconexas.Esse é o desafio que proponho, jovem leitor, se um dia você lidar com audiências de massa: o de ser popular sem ser óbvio, emocionar sem ser piegas, ser claro mas não didatista, ser experimental mas compreensível, buscar o novo dominando a tradição. Quem sabe um dia você componha um "OK Computer", quem sabe um dia você filme um "Babel". Estarei na platéia.
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From Texas
Não. Não é de George W. Bush que vou falar. Nem do fato de que, na contramão de resto dos EUA, o Texas continua utilizando a pena de morte. Nem mesmo das significativas similaridades entre o povinho do RS e do Texas.
Vou falar da parte boa do Estado.
Ao lado do Nova Yorke, que nos brindou, nos anos 2000, os mágicos Strokes e Interpol, as pauleiras de Liars e Yeah Yeah Yeahs, além dos dançantes The Rapture e LCD Soundsystem [atenção, leitores desavisados, o tal "new rave" nada mais é do que reprodução do surto electro-punk, ou simplesmente dance-punk, de NY], é do Texas que vem a fina flor do rock americano.
Além do sombrio e ótimo I love you but I've choosen darkness -- cheio de climatizações pós-punk -- e do Spoon -- pérola do indie pop --, temos as preferidas da Casa: Explosions in the Sky, magos da guitarra que nos conduzem a temas exuberantes em harmonias pós-rock, densos e emocionantes, os Secret Machines, de quem é desnecessário falar muito mais, dada a preferência que lhes concedo, na sua combinação original de dream pop, rock progressivo [leia-se: Pink Floyd] e pós-punk, e finalmente o meu novo vício -- ... and will you know us by the trail of dead, os épicos absolutos que transitam em TODOS OS ESTILOS do rock, desde Beach Boys até Sonic Youth.
Ao menos alguma coisa tinha que sair boa de lá, né?
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Idlewild
Punk e pop em perfeita harmonia A banda escocesa que ganhou destaque nesse blog -- Warning/Promisses esteve no topten de 2005 - lança novo disco, "Make Another World", vazado na Internet e com lançamento previsto para fevereiro de 2007.
O disco não é um empilhada de radio songs como seu anterior, que sugava toda verve pop da banda e transformava em canções cantaroláveis, de refrões grudendos, sem abrir mão de arranjos guitarreiros, algo próximo do Snow Patrol. Aqui, o som parece retornar à energia anterior: guitarras velozes, energia punk e refrões marcantes, tudo do básico e do melhor, como sempre quis o Idlewild.
Se não é tão sólido quanto "Warning/Promisses", "Make Another World" pelo menos carrega bastante energia, e apesar de um "miolo" menos inspirado, os temas que abrem e fecham o disco os carregam com folga. "In competition for the worst t" é abertura melódica, direta e punk, mostrando que o Idlewild tem muita energia; "Once in your life", por outro lado, é um trabalho de guitarras a ser batido em seu solo e melodia. Primoroso.
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Cooper Temple Clause, "Make this your own"
Cartolinha emo? Ah, tá explicado! Outro lançamento, que, contudo, em nada me atraiu. Se "Damaged" e "homo sapiens" são pauladas interessantes, soando como o The Hives, no sentido de uma eletrificação extrema [Nirvana] dos Kinks, as faixas restantes acabam se resumindo a dois desastres: eletrônica vagabunda, soando como o tecnopop dos anos 90 [leia-se: o lixo extremo da
new wave que desembocou no início da década], ou baladas absolutamente insípidas e radiofônicas, que dar constrangimento a todos aqueles que não admiram o rock farofa e os clichês do rock.
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Trilha sonora do post: Idlewild, "If it takes you home".