Mox in the Sky with Diamonds

quarta-feira, janeiro 03, 2007

Pílulas Musicais

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Crianças, o segundo disco do Bloc Party, que ainda não ouvi, é o primeiro dos lançamentos de 2007 a chamar atenção da mídia musical. Esse feriado voltei a ouvir "Silent Alarm", um álbum em geral aclamado e que esteve em quase todas as listas de 2005 -- veja-se no Plugitin!, onde este blogueiro foi provavelmente o único a não arrolar entre os melhores -- e continuo, basicamente, com a mesma opinião: um disco apenas mediano.


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É verdade que o álbum tem cinco singles absolutamente MATADORES: "Like eating glass", "Helicopter", "Positive Tension", "Banquet" e a melhor de todas, que não tinha ainda dado a devida atenção: "She's hearing voices". São temas sensacionais, em que o refino post-punk da banda vai bem combinado com uma levada dançante à moda Strokes, com o acréscimo do vocal desesperado e cru de Kele Okereke. O problema é que, depois da sexta música, o disco despenca vertiginosamente, ficando todos os elementos que deram luz às primeiras canções soterrados por uma ausência de punch, como que tentando ser o Interpol do primeiro álbum sem a mínima precisão.

Em conclusão, por isso, mantenho o meu conceito em relação ao Bloc Party: banda de estréia mediana, com um punhado de bons singles, mas sem nada de espetacular. Que venha o segundo álbum.
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Outro disco do feriado: Muse, "Showbiz" (1999). Considerava um discaço. O Muse parecia ser uma radicalização dos rocks mais guitarreiros do Radiohead em "The Bends" (um caminho que a banda de Thom Yorke, definitivamente, deixou de lado): barulhenta, ousada, grandiloqüente e talentosa.


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O que não deixa de ser verdade, até certo ponto. No entanto, apesar de o álbum de estréia da banda iniciar com as duas pauladas "Sunburn" e "Muscle Museum", irretocáveis na sua densidade e violência, aos poucos vai se perdendo na voz de Matt Bellamy, que realmente faz lembra o Freddie Mercury não pelo seu timbre, mas pelo exagero quase caricato ao cantar. Com isso, digerido depois de algum tempo, de disco clássico "Showbiz" passou a estréia mediana.

Fiz esse pequeno retorno para reavaliar "Black Holes and Revelations", o quarto álbum da banda, e o primeiro a não descer bem neste blogueiro, que mereceu severas críticas por aqui em 2006, embora seja controverso e, por isso, mereça interesse.
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Nem tudo foi ruim, contudo. Voltei a ouvir, depois de um tempo afastado, o disco de estréia homônimo do The Coral (2002), e realmente aqueles piás são geniais. Esqueça o pequeno hype "next big thing" provocado pela NME uns anos atrás. Essa banda não está preocupada com esse lixo nem com seus leitores de merda. O disco é uma combinação de guitarras de spaghetti western com psicodelia extrema, adotando uma estrutura harmônica variável e quase caótica, revezando riffs matadores e vocais [corais?] alucinantes, em verdadeira salada mista apreciável.

O que diferencia o The Coral em ousadia e coragem em relação à maioria das bandas surgidas pós-2000 é o ritmo neojazzista adotado, totalmente livre de fixidez e formado de um modo que parece improvisado, quebrado, um verdadeiro caos sonoro.

Na realidade, o som do The Coral é tão próprio e típico que é difícil acreditar que se trata de uma banda atual. Seu som parece perdido nos meados das décadas de 60/70, de um velho oeste perdido em meio ao mundo hippie, mas sem remeter diretamente A NADA daquela época. Simplesmente, parece ser antiga, sem precisar imitar as outras [entenderem, Wolfmother e Jet, como se faz?].
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Talentosa AFÚ, essa banda, que ainda tem o clássico "Magic and Medicine" para explodir o melão dos viciados em música.
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Trilha sonora do post: Radiohead, "Palo Alto".