UM DESAFIO PARA MANO MENEZES
Poucas pessoas duvidam, hoje em dia, da capacidade de Mano Menezes como treinador. Trazendo "inovações" dos sistemas táticos europeus, Mano destacou-se desde a chegada pela organização dos seus times, cujo posicionamento é muitas vezes decisivo para vencer as partidas.
Ano passado, quando tinha uma excelente matéria-prima à mão, Mano lapidou a equipe para jogar no sistema 4-2-3-1, ou 4-5-1, mais simplificadamente. Com Jeovânio à frente da área e Lucas a seu lado, podendo avançar, e uma linha à frente que contava com Léo Lima, à direita, Tcheco no centro e Hugo, o mais avançado, na esquerda, Mano desenhou um esquema que lhe rendeu um ataque voraz, com muitos meias chegando, e nenhum prejuízo defensivo. Com esse time, o Grêmio não foi campeão brasileiro por detalhe.
Mas o ano seguinte não foi moleza. A Direção deixou a maior parte dos atletas que formavam um time titular sólido e um plantel respeitável irem embora, inclusive um dos principais destaques, Hugo. Com isso, Mano foi obrigado a retirar leite de pedra. Para minha surpresa, conseguiu reavivar o esquema 4-5-1 colocando, à frente de Gavilan [ou Edmilson] e Sandro [já que Lucas não jogou grande parte do primeiro semestre], Tcheco e Diego Souza, que se alternavam entre centro e direita, e Carlos Eduardo, completando o trio praticamente solto na esquerda. Juntamente com Lucio, este último formava um lado esquerdo veloz e pronto para ultrapassagem, que constituía o ponto forte da equipe.
O que acontece? Lúcio e Carlos Eduardo, que eram o lado ofensivo mais forte da equipe, são vendidos. Os problemas, que já existiam no time vice-campeão da Libertadores, se multiplicaram.
Sandro caiu de rendimento imensamente, não conseguindo recuperar a consistência após a lesão. Gavilan teve de sair da equipe, para abrir vaga de estrangeiro para Hidalgo. Kelly, que substitui Tcheco, não tem a postura e serenidade do capitão, muito mais leve e, ao mesmo tempo, fraco. Diego Souza não joga mal, mas está longe de atuações esplêndidas de tempos atrás.
A realidade é que Mano Menezes precisa reiventar seu sistema tático. Está claro que o Grêmio tem problemas seríssimos em fazer gols. A razão disso é um imenso buraco entre os meias e o atacante solitário, seja ele Tuta ou Marcel. Sem Carlos Eduardo, a situação piorará mais ainda. A bola só chega à frente com chutões ou cruzamentos, exigindo do pivô que produza mais do que sabe. É preciso que Mano reconheça que o esquema que funcionava perfeitamente ano passado, com uma aproximação massacrante dos meias ofensivos, hoje é ineficaz para o ataque. Diego Souza e mais tarde Tcheco não se aproximam suficientemente, nem tem essa característica, do centroavante. São meias que chegam de trás.
O preocupante é que, com o grupo que o Grêmio tem, não vejo muitas possibilidades. Rodrigo Mendes,que já era contestável anos atrás, agora é uma incógnita. Mano precisa de um atacante de aproximação certeiro, urgente. Do jeito que está, a Direção está jogando no lixo uma equipe pronta para ir para a Libertadores, já que -- presumo -- os dirigentes devem ter aberto mão do título há tempos, desde que contrataram lentamente reforços que estavam caindo de maduros.
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MADRID
O Madrid se reforçou bizarramente para essa temporada.
Primeiro, dispensou dois ótimos jogadores que contava: Cicinho e Emerson. É impressionante a incapacidade dos espanhóis de abstrair um milímetro para enxergarem que o primeiro não deve absolutamente nada ao festejado Daniel Alves, por quem se oferecem milhões. Daniel é, como Cicinho, bom de apoio. Cicinho, para essa função, é um jogador simplesmente formidável. Serviria no mínimo como reserva do Sérgio Ramos, a quem colocaram na nova função. Emerson dispensa comentários.
Pepe e Metzelder, digamos, são bons reforços. Zagueiros, afinal. Drenthe é uma aposta holandesa e Gabriel Heinze é um jogador que joga menos do que dizem, mas não compromete. Imagino que a defesa titular seja: Casillas; Ramos, Cannavaro, Pepe e Heinze.
Entre os volantes, falta o Emerson. Ficou com Diarra e Gago, além do junior De la Red e Guti, que vem se destacando nas últimas temporadas e mostra que tem futebol para ser titular, para quem acompanha os jogos e noticiários espanhóis sem preconceito. Tem um bom passe e organiza o jogo. À frente, o veterano Raúl, Robinho e as contratações holandesas Robben e Sneijder, além do Júlio Baptista. No ataque, Van Nistelrooy e, na reserva, o fraco Soldado. O time então será, provavelmente: Diarra, Guti (Gago), Robinho, Raúl e Robben; Nistelrooy.
Vamos ver o que acontecerá. Acho que Emerson fará falta, assim como Cicinho. O técnico é o duvidoso Schuster, com nenhum currículo. Continuo achando que, em 2007, dá Barça.
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Trilha sonora do post: The Rapture, "Syster Saviour".