Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças
Fui ver e gostei. É um filme bem montado, criativo, coerente, inovador. O que mais chama a atenção em Kaufmann não é a sua profundidade ou a capacidade de trazer grandes temas aos filmes, mas sim a sua marca pessoal, seu estilo inconfundível, sua maneira de colocar quadros dentro de quadros, de explorar idéias malucas aleatórias e manipulá-las com destreza. Foi assim em "Quero ser John Malkovich", o roteirista foi um titereiro da idéia louca de "entrar no outro". E foi assim em "Adaptação", quadro sobre quadro empilhados, até construirmos que o roteiro é sobre ele mesmo escrevendo o roteiro, uma espécie de metalinguagem maluca e obsessiva da sua própria idéia.
Kaufmann é Kaufmann, talvez por isso seja bem diferente do resto de Hollywood.
Mais um da série "todo mundo já viu" - As Invasões Bárbaras
- Aqui o caso é outro. É um filme que instiga a reflexão. Não só pela pequena ciscada antropológica (que deu nome ao filme) sobre a queda das Torres, mas por invocar o próprio papel dos intelectuais, o reflexo da libertação sexual, as drogas, as relações humanas. Mas, de qualquer forma, o protagonista do filme está aqui, ao nosso lado, pertence a todos nós, hoje ou futuramente: a morte.
- No final, o autor ainda belisca a questão da eutanásia.
- Não, não vi "O Declínio do Império Americano". Ainda não.
Uma passada na Livraria e.... o irresistível
- Tudo bem, já tinha terminado "A Boa-Fé no Direito Privado", livro pesado, técnico, duro, precisava mesmo comprar outros livros. Evidentemente que não me agüentaria, ainda que estivesse apenas fazendo hora o início do filme.
- E lá foram: "Filosofia no Tempo de Terror", entrevista com dois dos mais importantes filósofos vivos - Jürgen Habermas e Jacques Derrida - sobre o papel da filosofia em relação a queda das Torres Gêmeas.
- Também os mais leves: "Refabulando Esopo", do inteligentíssimo Donaldo Schüler, uma cabeça única aqui no RS. Donaldo é uma das boas cabeças da província, como um Prof. Ostermann, um Luis Fernando Veríssimo. E adoro as fábulas do Esopo. Além desse, "High Fidelity", o já clássico livro de Hornby, que dispensa comentários.
JEEP - um disco clássico
- Desde a primeira vez que ouvi os vocais de Kelly Jones, já sabia que iria gostar da banda. Faz parte dos "clube dos roucos do vocal" - Rod Stewart, Liam Gallagher e tantos outros. Just Enough Education to Perform é o melhor disco deles. O álbum começa com " Vegas Two Times", um rockão com guitarras marteladas e o vocal roucão a todo volume; passa por "Lying in the sun", ótima balada, dedilhada, vocal choroso, ritmo pegajoso; "Mr. Writter" é a minha favorita, tem uma batida constante, um vocal melódico, um refrão ótimo; "Step on my old size nines" também é ótima, clima desplugado, gaitinha de boca, levada country rock; "Have a Nice Day" é a próxima, e tem ótimos backing vocals; "Nice to be out" e "Watch them fly sundays" seguem o mesmo ritmo, simplicidade instrumental e baking vocals competentes; "Everyday I think of money" é um dos pontos altos do vocal, com as guitarras bem discretas deixando Kelly interpretar; "Maybe" e "Caravan Holiday" são a seqüência, mantendo o mesmo estilo; "Rooftop" traz um pouco de efeitos, batida rock um pouco mais pesada.
- Stereophonics é rock'n'roll, sem dúvida, bem menos indie que os Strokes ou os Stripes, mas cru como eles, com uma levada um pouco mais country. O disco todo segue esse linha de instrumental clássico, muita guitarra dedilhada, vocal rasgadíssimo e clima tranqüilo oscilando entre o country e o rock. Bom álbum.
Sobre saúde e neurose
- Nada contra quem come salada, controla o colesterol ou não come sobremesa todos os dias. O que me aterroriza é a neurose coletiva que vivemos na nossa sociedade em torno do tema "saúde". Essa neurose tem dois eixos: primeiro, diagnosticar todos os males sociais como "doença", por exemplo, o consumismo, o mau humor, etc.; segundo, evitar o uso de toda e qualquer substância que abrevie a vida.
- Em relação ao primeiro, não creio que esses fenômenos sociais possam ser "doenças". A medicalização é um mal em si, o uso de remédios e outras substâncias não é um fato natural. Estamos vivendo numa sociedade viciada, o consumo de drogas ilícitas é bem menor do que o das drogas lícitas. Em suma, somos todos drogados.
- O segundo é o pior. Me pergunto: pra quê viver até os cem anos se não posso tomar um trago, fumar um cigarro, comer um churrasco? Nosso medo da morte é razão de uma histeria coletiva: passamos a não nos importar mais com a qualidade da vida, apenas com a sua quantidade. Não, eu vivo até 60, 70, 80 anos, mas fiz tudo que quis. Outros não tomaram leite ou comeram fritas porque descobriram que tiraria algo dos seus 120 anos de monotonia.
E o Brasil....
- Foi emocionante, embora estivesse bêbado, ver o golaço de Adriano. Num balanço precário, ninguém foi mal, mas ganhariam vaga: Júlio César (seguro), Juan (muito bem, combativo, bem posicionado), Luisão (esteve bem), Alex (é um grande jogador) e Adriano (matador). Luis Fabiano, G. Nery, Edu, Maicon, Mancini, Diego e outros ficaram na mesma. E Kleberson e Renato subiram um pouco. No meu conceito, claro.
- Depois rolou o DVD do Coldplay e eu.... só queria dormir, mas ninguém sai quando rola uma seqüência do nível: "Yellow", "The Scientist", "Clocks", "In my Place".
- Por sinal, o Plein, técnico do Grêmio, podia aprender algo com o Parreira: a repetição e uma idéia tática bem definida faz um bom time.
Última Besteirinha
- Ah, consegui um toque "polifônico" no celular de 12:51!!! Igualzinho! Foi 3 reais, mas já valeu isso e a compra do celular novo.
Trilha sonora do post: Ryan Adams, "Eazy Hearts".
Fui ver e gostei. É um filme bem montado, criativo, coerente, inovador. O que mais chama a atenção em Kaufmann não é a sua profundidade ou a capacidade de trazer grandes temas aos filmes, mas sim a sua marca pessoal, seu estilo inconfundível, sua maneira de colocar quadros dentro de quadros, de explorar idéias malucas aleatórias e manipulá-las com destreza. Foi assim em "Quero ser John Malkovich", o roteirista foi um titereiro da idéia louca de "entrar no outro". E foi assim em "Adaptação", quadro sobre quadro empilhados, até construirmos que o roteiro é sobre ele mesmo escrevendo o roteiro, uma espécie de metalinguagem maluca e obsessiva da sua própria idéia.
Kaufmann é Kaufmann, talvez por isso seja bem diferente do resto de Hollywood.
Mais um da série "todo mundo já viu" - As Invasões Bárbaras
- Aqui o caso é outro. É um filme que instiga a reflexão. Não só pela pequena ciscada antropológica (que deu nome ao filme) sobre a queda das Torres, mas por invocar o próprio papel dos intelectuais, o reflexo da libertação sexual, as drogas, as relações humanas. Mas, de qualquer forma, o protagonista do filme está aqui, ao nosso lado, pertence a todos nós, hoje ou futuramente: a morte.
- No final, o autor ainda belisca a questão da eutanásia.
- Não, não vi "O Declínio do Império Americano". Ainda não.
Uma passada na Livraria e.... o irresistível
- Tudo bem, já tinha terminado "A Boa-Fé no Direito Privado", livro pesado, técnico, duro, precisava mesmo comprar outros livros. Evidentemente que não me agüentaria, ainda que estivesse apenas fazendo hora o início do filme.
- E lá foram: "Filosofia no Tempo de Terror", entrevista com dois dos mais importantes filósofos vivos - Jürgen Habermas e Jacques Derrida - sobre o papel da filosofia em relação a queda das Torres Gêmeas.
- Também os mais leves: "Refabulando Esopo", do inteligentíssimo Donaldo Schüler, uma cabeça única aqui no RS. Donaldo é uma das boas cabeças da província, como um Prof. Ostermann, um Luis Fernando Veríssimo. E adoro as fábulas do Esopo. Além desse, "High Fidelity", o já clássico livro de Hornby, que dispensa comentários.
JEEP - um disco clássico
- Desde a primeira vez que ouvi os vocais de Kelly Jones, já sabia que iria gostar da banda. Faz parte dos "clube dos roucos do vocal" - Rod Stewart, Liam Gallagher e tantos outros. Just Enough Education to Perform é o melhor disco deles. O álbum começa com " Vegas Two Times", um rockão com guitarras marteladas e o vocal roucão a todo volume; passa por "Lying in the sun", ótima balada, dedilhada, vocal choroso, ritmo pegajoso; "Mr. Writter" é a minha favorita, tem uma batida constante, um vocal melódico, um refrão ótimo; "Step on my old size nines" também é ótima, clima desplugado, gaitinha de boca, levada country rock; "Have a Nice Day" é a próxima, e tem ótimos backing vocals; "Nice to be out" e "Watch them fly sundays" seguem o mesmo ritmo, simplicidade instrumental e baking vocals competentes; "Everyday I think of money" é um dos pontos altos do vocal, com as guitarras bem discretas deixando Kelly interpretar; "Maybe" e "Caravan Holiday" são a seqüência, mantendo o mesmo estilo; "Rooftop" traz um pouco de efeitos, batida rock um pouco mais pesada.
- Stereophonics é rock'n'roll, sem dúvida, bem menos indie que os Strokes ou os Stripes, mas cru como eles, com uma levada um pouco mais country. O disco todo segue esse linha de instrumental clássico, muita guitarra dedilhada, vocal rasgadíssimo e clima tranqüilo oscilando entre o country e o rock. Bom álbum.
Sobre saúde e neurose
- Nada contra quem come salada, controla o colesterol ou não come sobremesa todos os dias. O que me aterroriza é a neurose coletiva que vivemos na nossa sociedade em torno do tema "saúde". Essa neurose tem dois eixos: primeiro, diagnosticar todos os males sociais como "doença", por exemplo, o consumismo, o mau humor, etc.; segundo, evitar o uso de toda e qualquer substância que abrevie a vida.
- Em relação ao primeiro, não creio que esses fenômenos sociais possam ser "doenças". A medicalização é um mal em si, o uso de remédios e outras substâncias não é um fato natural. Estamos vivendo numa sociedade viciada, o consumo de drogas ilícitas é bem menor do que o das drogas lícitas. Em suma, somos todos drogados.
- O segundo é o pior. Me pergunto: pra quê viver até os cem anos se não posso tomar um trago, fumar um cigarro, comer um churrasco? Nosso medo da morte é razão de uma histeria coletiva: passamos a não nos importar mais com a qualidade da vida, apenas com a sua quantidade. Não, eu vivo até 60, 70, 80 anos, mas fiz tudo que quis. Outros não tomaram leite ou comeram fritas porque descobriram que tiraria algo dos seus 120 anos de monotonia.
E o Brasil....
- Foi emocionante, embora estivesse bêbado, ver o golaço de Adriano. Num balanço precário, ninguém foi mal, mas ganhariam vaga: Júlio César (seguro), Juan (muito bem, combativo, bem posicionado), Luisão (esteve bem), Alex (é um grande jogador) e Adriano (matador). Luis Fabiano, G. Nery, Edu, Maicon, Mancini, Diego e outros ficaram na mesma. E Kleberson e Renato subiram um pouco. No meu conceito, claro.
- Depois rolou o DVD do Coldplay e eu.... só queria dormir, mas ninguém sai quando rola uma seqüência do nível: "Yellow", "The Scientist", "Clocks", "In my Place".
- Por sinal, o Plein, técnico do Grêmio, podia aprender algo com o Parreira: a repetição e uma idéia tática bem definida faz um bom time.
Última Besteirinha
- Ah, consegui um toque "polifônico" no celular de 12:51!!! Igualzinho! Foi 3 reais, mas já valeu isso e a compra do celular novo.
Estou tentando escrever todas as terças, pelo menos.
Trilha sonora do post: Ryan Adams, "Eazy Hearts".