Mox in the Sky with Diamonds

quarta-feira, março 26, 2008

GRANDE NOVIDADE
A Zero Hora noticia, agora com vídeo [êta fetiche contemporâneo pela imagem! - Debord e Baudrillard estavam certos], noticia que um preso assaltava aos fins de semana, apesar de estar em regime aberto.
Grande novidade.
As pessoas "de bem" acreditam que, sabe-se lá por quais razões, o preso irá interiorizar a pretensa [e, para eles, sempre insuficiente] disciplina do Presídio. Acham que porque uma pessoa foi presa ela irá deixará de cometer crimes.
Quem não é ingênuo sabe que não é assim. Numa cultura como a brasileira, que se organiza sem o mínimo padrão de justiça, o criminoso selecionado pelo Poder Punitivo simplesmente não tem culpa para interiorizar. De um lado, porque sabe que destino teria ao seguir uma vida dentro dos padrões da licitude. De outro, pela absurda seletividade do controle penal, que se dirige especialmente aos pretos e pobres, deixando o sistema político, por exemplo, invulnerável. Por fim, a prisão é tudo, menos lugar de disciplina e interiorização de normas. Ao contrário do propósito utópico e até violento prevista na LEP, de providenciar a ressocialização, a prisão tem justamente o efeito inverso: dessocializa.
Alguns sabem disso. Então sua preocupação é que o criminoso fique preso em regime fechado o tempo inteiro. Bem, mas e quando sair? Tem que sair?
Na realidade, o que querem é que ele suma da suas vidas. Desapareça. Para isso, uma neutralização inicial. Depois, de preferência "bandido bom é bandido morto". O Outro, nesse caso, é totalmente insuportável. O problema se agrava em um ciclo vicioso. Os grupos de poder ["a sociedade"] querem só mais punição. O sistema se retroalimenta. A prisão agrava mais a dessocialização, mas não pensamos em soluções diversas.
Terminaremos com uma espécie de extermínio em massa dessas populações? O sonho fascista parece nos perseguir. Espero que consigamos desmentir o Anjo de Klee, que vê uma catástrofe seguida por outra no rastro da nossa história, como dizia Benjamin. O panorama é preocupante.

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