LÍDER - "INACREDITÁVEL" NOVAMENTE?
Nem o gremista mais otimista esperava que o Grêmio estivesse liderando o campeonato a essa altura do campeonato, se questionado antes de o torneio começar. O fato é que estamos, sim.
Ao que parece, Roth vai aprendendo com seus erros e evoluindo. Esse processo de evolução não começou no Grêmio, mas no Vasco, como já registrara há tempos. Chegou e conseguiu montar um espinha dorsal no time do Grêmio, mas resvalou feio quando o cinto apertou e a torcida começou a vaiar. Teve, contudo, bom poder de reação e parece não estar disposto a cometer os mesmos erros. Prova disso é que, apesar da chegada de Souza - que veio para ser titular e será, porque tem bola pra isso -- não desmanchou o esquema que fez engrenar e é capaz de fazer todos os atletas jogarem.
O princípio máximo do futebol moderno é esse: uma equipe bem estruturada é sempre uma equipe candidata a títulos. A bem estruturada significa: com defesa, meio campo e ataque. Parece óbvio? É, mas às vezes o óbvio é esquecido. O caso do Fluminense, por exemplo, é exemplar: tinha um excelente poderio ofensivo, mas, apesar de bons nomes, sua defesa era uma peneira. Para um torneio tiro-curto como a Libertadores, até pode funcionar, embora improvável. Para o Brasileiro, não. O mesmo ocorre com o Palmeiras. Boas equipes são equipes equilibradas, que atacam e defendem com muitos jogadores a partir de um meio campo congestionado, sem deixar a bola chegar à intermediária. Chelsea (recuando os pontas), Manchester (adiantando os zagueiros), Barça (idem) e Liverpool (adiantando os meias) foram equipes que venceram assim, encurtando o campo e esmagando o adversário. Os melhores Grêmios desse século, de 2001 e 2006, foram assim. E assim creio ser a melhor forma de jogar.
O Grêmio encurta o campo (como notou Wianey) adiantando Réver e Thiego e, logo em seguido, colocando na linha do meio campo Paulo Sérgio e Anderson Pico. Essa estratégia funciona muito bem fora de casa, surpreendendo o adversário. O risco é a bola nas costas da zaga, que tem sido amortecida com eficiência por Pereira (em ótima fase), mérito do sistema de três zagueiros. Com isso, Rafael Carioca e William Magrão podem avançar e não têm que carregar piano, jogando como volantes europeus (no meio de campo, e não na cabeça da área). O primeiro tem técnica admirável, controle de bola e visão de jogo. O segundo tem arranque, ultrapassagem e chute. O time caminha para uma compactação defensiva admirável, conseguindo, realmente, ter cinco jogadores no meio de campo, e não na defesa, como jogam os 3-5-2 improvisados no Brasil.
Na frente, Tcheco é verdadeiro maestro, preenchendo com consistência o meio-campo e armando. Marcel é o pivô, segurando a bola e sendo essencial na bola aérea. Se os juízes estão marcando menos faltas (para Aloísio eles marcavam todas, ano passado), Marcel tem que partir para o jogo mais agressivo. Recomendo que emprestem umas fitas de Drogba, Ronaldo e Adriano para ele ver como os brutos, como ele, se livram os defensores europeus, já que lá essas faltam também não são apitadas. Perea, por fim, deve crescer. É esforçado, mas muito inconstante e pode ser quem perca a posição no time para Souza, formando-se um 3-6-1 perigoso (o meio pode acabar distante do ataque, já que Marcel não tem velocidade). Tem ainda Reinaldo - de estrela fulgurante - cobiçando sua vaga, além do esquecido Soares (que, ao que parece, perdeu a vaga inclusive para André Luiz).
Agora é seguir humildemente a trajetória. Espero que Roth siga persistente e não invente, porque seguindo suas intuições básicas ele já transformou o Grêmio em equipe sólida ofensiva e defensivamente.
PS: Escalação no Gre-Nal sul-americano: Victor; Jean, Thiego e Everton; Felipe, Makelele, Orteman, Souza e Helder; Soares e Reinaldo.
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