Mox in the Sky with Diamonds

quarta-feira, setembro 05, 2007



Quando o cara lê uma coisa dessas, dá vontade de desistir.

SPOON, "GA GA GA GA GA" (2007)


Banda que vem de Austin, Texas, terra do Trail of Dead, Secret Machines, I love you but I've choosen darkness e Explosions in the Sky, os Spoon nos proporcionam mais um álbum refrescante.
Mais consistente e grudento que "Gimme Fiction" (2005), que resenhei à época, "Ga Ga Ga Ga Ga" investe menos no lo-fi e muito mais em melodias inspiradíssimas, com batidas chicletudas, capazes de fazer qualquer um bater o pé ou o joelho por baixo da mesa. "You got yr. cherry bomb", "Rthm and soul", "The underdog" e "Finer Feelings" são exatamente isso. A exceção fica por conta da mais experimental e atordoante "The ghost of your lingers", que parece cumprir o papel que "Pam Berry" tem no álbum dos Shins.
Mas se tiver que guardar apenas um momento, se tu queres uma provinha antes de baixar, se fosse para escolher um single, certamente escolheria "Don't you Evah" -- uma delícia de indie pop para balançar a cabeça [nada a ver com os rockzinhos brit de pista], embalada, grudenta, delícia.
"Ga Ga Ga Ga Ga" é isso: linhas de baixo gorduchas, guitarras prontas a aconchegar melodias cheias de ritmo, vocal comportado, mas competente, e produção limpa. Tudo nos conformes de um indie pop descontraído.

THE CORAL, "ROOTS AND ECHOES" (2007)



O The Coral parece ser uma daquelas bandas que caiu na própria armadilha: ao lançar dois discos brilhantes, aparentemente vai ter que correr muito atrás deles para alcançá-los. "Roots and Echoes" segue a trilha de "The Coral" (2002) e "Magic and Medicine" (2003), mas ainda está um pouco atrás.
Há ecos [...] do rock-mariachi-psicodélico do primeiro álbum ["Who's gonna find me", "Remember me", "In the rain"], assim como do folk-chapado do segundo ["Fireflies", "Cobwebs"] além de canções inspiradas que parecem beber na fonte do pop sessentista, das quais a bela "Jacqueline" é, sem dúvida, a mais representativa. Mas também "Put the sun back" e "Not so lonely", que parecem sacadas de alguma banda esquecida dos anos 60, sem soar pastiche de nada.
Os melhores momentos são os dois últimos temas, "She's got a reason" e "Music at night", deliciosas melodias que fazem o The Coral soar como das bandas mais interessantes surgidas no cenário pós-2000: uma espécie de caldeirão onde se jogam The Doors, spaghetti westerns, violões, pop sessentista e folk-hippie-psicodélico.
Um disco que, se não alcança o brilhantismo de seus antecessores, é melhor que a maioria dos lançamentos que estamos vendo por aí.

SAPATO NOVO
Que beleza essa música, hein?

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EMIR SADER É "ESQUERDA" OU UM MORTO-VIVO?
Quando leio, no site da editora Boitempo, que Emir Sader será um dos conferencistas de um debate com o nome "A história absolverá Fidel Castro?" me dá náuseas.
Aparentemente, tem gente que fica rodeando cadáveres e os tratando como gente viva.
Acreditar que "a história" absolve alguém significa acreditar na "História". Ou seja, acreditar na possibilidade, cujo maior responsável é o filósofo George Friedrich Hegel (1770-1831), de que exista um sentido e uma filosofia da história -- de que a história seja uma "totalidade". É esse sentido, do qual nos aproximaríamos ao longo do tempo, que julgaria Fidel Castro. Sader, como marxista que é, segue o ensinamento de Hegel.
A filosofia da história é a principal responsável pelo suporte teórico dos totalitarismos. Quando não existe futuro aberto, mas um plano fechado que apenas esperamos acontecer, tudo passa a ser justificável para implementar esse "projeto". É assim como foram construídos os gulags e Auschwitz.
Uma esquerda que vale a pena acreditar é aquela que, antes de tudo, deixa pensar o Novo. E, para pensá-lo, não podemos engessar o tempo. Não existe sentido na história. Só responsabilidade. E, nesse ponto, Fidel irá ser para sempre o personagem ambivalente que é hoje: um libertador de Cuba, que fez uma revolução justa para expulsar elites podres e a exploração norte-americana, de um lado; e um ditador sangüinário, que se recusou a implementar mecanismos democráticos e continua fuzilando seus adversários políticos, de outro.
"A História" não absolve ninguém, só a história dos marxistas -- a mesma dos gulags.

CELSO ROTH
Estou longe de ser um entusiasta de Celso Roth. Nas suas passagens pelos times do Sul, quando posso observar suas decisões técnicas e táticas, acho-o muitas vezes equivocado e -- sim -- excessivamente defensivista. Exageradamente. Com a agravante de não conseguir conquistar títulos com seu futebol "pragmático".
No entanto, tenho que reconhecer que, ouvindo suas entrevistas nos últimos tempos, desde que assumiu o comando do Vasco, aparentemente ele aprendeu a lição de sucessivos fracassos e parece um técnico mais equilibrado, sincero e disposto ao diálogo. Do estilo carrancudo e disciplinador a um estilo mais descontraído e polido. Talvez agora consiga se firmar entre os melhores do Brasil. Talvez.

GRÊMIO
As duas últimas convincentes vitórias do Tricolor não devem iludir ninguém: o time não é bicho. Acontece que o nível técnico do Brasileirão está tão baixo que até dá para cobiçar a Libertadores, mesmo tendo como como opções de ataque Rodrigo Mendes, Ramon, Tuta e Marcel. Lamentavelmente, a Direção gremista parece exigir que Mano Menezes tenha que parir um filho em todas as competições. Depois de vender o Lucas [ok] e Carlos Eduardo [por que, afinal?], as reposições são duvidosas. Serve de alento, pelo menos, que estamos suficiente bem armados na defesa. Em caso de lesão de Tcheco ou Diego Souza, no entanto, nem quero pensar.
Saudades do Renato Moreira.
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Trilha sonora do post: Los Hermanos, "Pois é".