A BLINDAGEM DO FUTEBOL
Às vezes irrita a implicância que a imprensa tem com os dirigentes de futebol. Mas, reconheça-se, boa parte das críticas são totalmente procedentes.
O futebol movimenta rios de dinheiro. No entanto, chovem cartolas eleitos autocraticamente, conselhos omissos, transações escusas, medo da democracia. No Grêmio, recentemente, tivemos um Presidente gagá eleito por aclamação por um conselho omisso.
Chamo atenção para isso diante da notícia que Joseph Blatter ameaça a Espanha de sanções graves -- como a exclusão da Eurocopa e dos clubes espanhóis das competições continentais -- caso o Governo permaneça pressionando a Federação para que realize novas eleições.
Visualizem: o Governo pressiona por novas eleições; ou seja, simplesmente quer a democratização, algo que o Brasil deveria fazer também.
A pressão na FIFA mostra, entretanto, que o futebol já se blindou como máfia internacional.
CELSO ROTH
Os defensores de Celso Roth que me perdoem, mas ainda tem muito a provar. É um treinador com longa trajetória e, até hoje, possui apenas títulos não-significativos: campeonatos regionais e uma Copa Sul [pelo Grêmio]. Depõe contra ele a ausência de qualquer título nacional, coisa que Tite, por exemplo, ou o próprio Vagner Mancini, tinham. Roth, além disso, não pode reclamar: treinou alguns dos maiores times do país. Apesar disso, eu mesmo o elogiei recentemente.
Fora isso, surpreende que alguns dirigentes do Grêmio falem de "ofensivismo" ou de estilo "faceiro". É surpreendente, aliás, que as pessoas permaneçam presas nesse dualismo burro entre ofensivismo e defensivismo.
Equipes vencedoras são equipes compactas; equipes perdedoras, desorganizadas. O caráter mais ou menos ofensivo de uma equipe é dado pela qualidade dos jogadores de ataque. Se o técnico dispõe de opções, deve usá-las. O que caracteriza uma equipe como vencedora não é se é "defensiva", mas se ela está bem compactada. Felipão, tido por muitos como defensivista, venceu a Copa do Mundo jogando praticamente em um 3-4-3, tendo escalado, até as quartas, Juninho Paulista na segunda função do meio campo. Mourinho, outro tido como retranqueiro, jogou com três atacantes suas duas primeiras temporadas no Chelsea, até a chegada de Ballack. O Barcelona, recentemente, venceu a Championsleague derrotando de forma esmagadora Chelsea, Milan e Arsenal, jogando numa formação com apenas um volante e três atacantes. O Manchester United, que atualmente vem jogando o melhor futebol do mundo, joga com Anderson de segundo volante, e, dali para diante, com quatro jogadores extremamente agressivos na frente [Ronaldo, Giggs, Tevez, Rooney]. Falam, por fim, da "tradição" do Grêmio, como se Paulo Nunes, Jardel e Arílson não tivessem sido absolutos protagonistas naquela equipe de 1995 pra frente.
A antinomia futebol ofensivo versus futebol defensivo é coisa de quem não vê as possibilidades no futebol. As possibilidades, como fez Tite em 2001 e Mano em 2006, de montar uma equipe compacta, que saiba se defender, de preferência desde o primeiro atacante, e saia com velocidade e muitos jogadores para o ataque.
Mais uma vez a "Assessoria de Futebol" mostra que não entende do riscado.
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