RESSENTIMENTO ENVENENA POLÍTICA GAÚCHA
NADA É MAIS desalentador do que o quadro político da próxima eleição no RS. Depois do desastre parcialmente encoberto pelo jornalismo marrom do Estado, a tentativa de reeleição da Dama de Ferro só pode ser mais um indício do seu forte desequilíbrio mental. O neomalufismo do "rouba, mas faz" parece que não irá vingar por aqui. Além disso, o "feito" não é tão palpável quanto a construção de vias públicas ou obras populares, mas um abstrato "déficit zero" que não só não significa nada, como inclusive representa algo atrasado após a crise dos mercados financeiros desse ano. Apesar do jornaleco ainda insistir do "equilíbrio fiscal" e na "gestão" como principais fatos políticos (compartilhando o que se chamava de "neoliberalismo"), é nítido que a política do Governo Federal e do Governo Obama, por exemplo, já remam contra essa maré. O jornaleco nem percebeu que não só a população nunca esteve aí para essas bobagens, mas que mesmo elas estão defasadas com nosso momento atual de um governo indutor de crescimento apoiado por 80% da população. O discurso, apoiado pelo empresariado fã-do-Manhattan-Institute gaúcho, perdeu tanto a força que hoje soa como um girar no vazio, sem capacidade de despertar o contágio de quem seja. Como compensação, a mídia marrom busca então ressuscitar campanhas neocons, como a de ojeriza às drogas e da volta à disciplina na escola. Tudo como num repeteco monótono de fatos velhos na história.
Tristes, no entanto, são as alternativas. Depois do fracasso da ARENA no poder (representada inclusive com o exército na pasta de segurança), com a radicalização à extrema direita, tudo indica que será o velho MDB, nosso PMDB, que sairá vencedor nas próximas eleições. Mais uma vez teremos as velhas oligarquias voltando ao poder, com dois candidatos (Rigotto e Fogaça) com perfil anódino, medíocre, prontos a fazer um governo de greve dos acontecimentos como o dos últimos 8 anos em Porto Alegre e o anterior à Yeda no Estado. Como é possível que não enxerguemos como não estamos indo para frente com a hegemonia dessa oligarquia que só troca a cabeça de chapa? Como não enxergar que o voto em Fogaça, por exemplo, é um voto fanático antipetista, incapaz de uma reflexão sobre a qualidade do seu candidato? Quem tem coragem de defender um governo que só acomoda aliados e seus CCs e mantém a cidade totalmente parada nesses últimos 4 anos em que o Brasil cresceu como não crescia há quase 20?
Tudo isso ganha a pedra de toque com a opção que temos. O fato de o PT estar mais uma vez propondo Tarso Genro como candidato é símbolo da falência da esquerda gaúcha em se reciclar. Tarso, Olívio, Olívio, Tarso -- é só o que temos? Como o PT acha que será capaz de romper o teto (e piso) dos 33% da população que o apóia? Com os mesmos candidatos? Quando o PT sairá do papel meramente reativo de discursar contra o "neoliberalismo" e a corrupção e indicar que está traçando novos caminhos, inclusive revendo suas posturas? Tarso é o sinônimo da falta de imaginação do PT gaúcho, que não se contenta em perder todas as últimas eleições; precisa perder mais uma. Essa esquerda -- que, em todo caso, é melhor que a direita -- traduz a caricatura de tudo aquilo que se põe na esquerda: abuso de chavões e clichês, comportamento xiita, empreguismo de companheiros, discurso mofado e incapacidade de renovação. Antigamente, tinha chance de eleger se fizesse, como fez em 1998, uma correta leitura do cenário gaúcho: a única força capaz de se aliar ao "socialismo" do PT no cenário gaúcho, contrapondo-se ao anticomunismo que alimenta MDB e ARENA, era o "brizolismo", tendo sido o PDT que garantiu a quantidade de votos necessária para suplantar Britto. No entanto, o próprio PT tratou de afundar o "brizolismo" ao recrutar os pedetistas (Dilma entre eles) sem devolver os cargos e, com isso, jogar o PDT gaúcho para a direita. A aliança que Tarso pretende fazer não tem nada a ver com esse pacto "ideológico" que poderia dar uma base substancial a uma candidatura de esquerda no Estado; é a pura e simples repetição do fisiologismo do Governo Federal para o âmbito estadual, com o "pragmatismo" introduzido no PT desde 2002.
O que destrói a política gaúcha é o ressentimento: sempre se sentindo injustiçado no plano nacional, o gaúcho pensa a política de forma reativa, culpando o restante pelo seu fracasso. Enquanto o Brasil anda para frente, com os melhores resultados sócio-econômicos dos últimos 20 anos, o RS anda para trás, não tendo recuado mais apenas porque acabou se beneficiando menos do que o possível do crescimento brasileiro. O gaúcho tem ódio demais, está sempre destilando preconceito e ressentimento, bastando para isso acompanhar nossa mídia marrom. e suas "cartas do leitor". Não consegue tocar adiante, se abrir, pensar o novo. Está fixado numa sede de vingança que implica a paralisia geral de todos.
Para repensar a esquerda gaúcha, é preciso que olhemos firmemente para nossa cultura e que, sem qualquer medo de profanar o sagrado, possamos fazer novo uso dela, enfatizando os aspectos bons e polarizando os ruins. Um(a) outro(a) candidato(a) seria necessário(a) para fazer o papel que Marina Silva desempenhará no Estado: enfrentar as oligarquias rurais, implementar uma gestão preocupada com o meio ambiente, criticar os preconceitos culturais , afirmar os direitos humanos e reavivar, por exemplo, um dos legados mais interessantes do brizolismo, que era a defesa da educação.
Tristes, no entanto, são as alternativas. Depois do fracasso da ARENA no poder (representada inclusive com o exército na pasta de segurança), com a radicalização à extrema direita, tudo indica que será o velho MDB, nosso PMDB, que sairá vencedor nas próximas eleições. Mais uma vez teremos as velhas oligarquias voltando ao poder, com dois candidatos (Rigotto e Fogaça) com perfil anódino, medíocre, prontos a fazer um governo de greve dos acontecimentos como o dos últimos 8 anos em Porto Alegre e o anterior à Yeda no Estado. Como é possível que não enxerguemos como não estamos indo para frente com a hegemonia dessa oligarquia que só troca a cabeça de chapa? Como não enxergar que o voto em Fogaça, por exemplo, é um voto fanático antipetista, incapaz de uma reflexão sobre a qualidade do seu candidato? Quem tem coragem de defender um governo que só acomoda aliados e seus CCs e mantém a cidade totalmente parada nesses últimos 4 anos em que o Brasil cresceu como não crescia há quase 20?
Tudo isso ganha a pedra de toque com a opção que temos. O fato de o PT estar mais uma vez propondo Tarso Genro como candidato é símbolo da falência da esquerda gaúcha em se reciclar. Tarso, Olívio, Olívio, Tarso -- é só o que temos? Como o PT acha que será capaz de romper o teto (e piso) dos 33% da população que o apóia? Com os mesmos candidatos? Quando o PT sairá do papel meramente reativo de discursar contra o "neoliberalismo" e a corrupção e indicar que está traçando novos caminhos, inclusive revendo suas posturas? Tarso é o sinônimo da falta de imaginação do PT gaúcho, que não se contenta em perder todas as últimas eleições; precisa perder mais uma. Essa esquerda -- que, em todo caso, é melhor que a direita -- traduz a caricatura de tudo aquilo que se põe na esquerda: abuso de chavões e clichês, comportamento xiita, empreguismo de companheiros, discurso mofado e incapacidade de renovação. Antigamente, tinha chance de eleger se fizesse, como fez em 1998, uma correta leitura do cenário gaúcho: a única força capaz de se aliar ao "socialismo" do PT no cenário gaúcho, contrapondo-se ao anticomunismo que alimenta MDB e ARENA, era o "brizolismo", tendo sido o PDT que garantiu a quantidade de votos necessária para suplantar Britto. No entanto, o próprio PT tratou de afundar o "brizolismo" ao recrutar os pedetistas (Dilma entre eles) sem devolver os cargos e, com isso, jogar o PDT gaúcho para a direita. A aliança que Tarso pretende fazer não tem nada a ver com esse pacto "ideológico" que poderia dar uma base substancial a uma candidatura de esquerda no Estado; é a pura e simples repetição do fisiologismo do Governo Federal para o âmbito estadual, com o "pragmatismo" introduzido no PT desde 2002.
O que destrói a política gaúcha é o ressentimento: sempre se sentindo injustiçado no plano nacional, o gaúcho pensa a política de forma reativa, culpando o restante pelo seu fracasso. Enquanto o Brasil anda para frente, com os melhores resultados sócio-econômicos dos últimos 20 anos, o RS anda para trás, não tendo recuado mais apenas porque acabou se beneficiando menos do que o possível do crescimento brasileiro. O gaúcho tem ódio demais, está sempre destilando preconceito e ressentimento, bastando para isso acompanhar nossa mídia marrom. e suas "cartas do leitor". Não consegue tocar adiante, se abrir, pensar o novo. Está fixado numa sede de vingança que implica a paralisia geral de todos.
Para repensar a esquerda gaúcha, é preciso que olhemos firmemente para nossa cultura e que, sem qualquer medo de profanar o sagrado, possamos fazer novo uso dela, enfatizando os aspectos bons e polarizando os ruins. Um(a) outro(a) candidato(a) seria necessário(a) para fazer o papel que Marina Silva desempenhará no Estado: enfrentar as oligarquias rurais, implementar uma gestão preocupada com o meio ambiente, criticar os preconceitos culturais , afirmar os direitos humanos e reavivar, por exemplo, um dos legados mais interessantes do brizolismo, que era a defesa da educação.
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