Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, setembro 28, 2009

ERRO INDIVIDUAL PREJUDICOU O GRÊMIO

SEI QUE HÁ muitos amigos insatisfeitos com Paulo Autuori e a postura do Grêmio. Eu não vejo da mesma forma. Basta ouvir Autuori para ver que está acima de pelo menos 90% dos técnicos nacionais. Quem deveria assumir seu lugar? Renato Gaúcho? Geninho? Nelsinho? Joel Santana? Vadão? Cuca? Leão? Bonamigo? A maioria desses treinadores oscila entre vários fracassos e um ou outro trabalho bem sucedido, geralmente por sorte de ter um elenco que encaixa, mas têm sérias limitações que não cansam de aparecer. Já Autuori pode irritar por não compartilhar dos ideais gremistas (garra, raça, imortalidade), mas é bom treinador. Seu estilo, no entanto, é oposto ao de Celso Roth: enquanto este tira todo gás da sua equipe no início, geralmente disparando na tabela, a tendência dos times do Autuori é crescer com o tempo, mais lentamente. O Grêmio já mostra isso.
Quando Autuori assumiu, o Grêmio não conseguia ficar com a bola mais que um minuto. O time só conseguia dar três ou quatro toques e ou perdia a bola, ou alçava para os atacantes. A principal - e única - jogada era a bola aérea lançada em diagonal na área, aproveitando a altura dos zagueiros ou, no final, do Maxi Lopes. Era um time com um buraco gigante no meio-campo. Agora o Grêmio toca a bola bem, tem organização e consistência. Mas paga um preço por isso. Enquanto o esquema de Roth funcionava fora de casa, quando jogávamos encolhidos e escapávamos em contra-ataques ou roubadas de bola no ataque, agora não conseguimos nos impor como precisamos para sustentar o estilo mais elaborado de jogo. O time que joga em casa fica com a bola; isso favorecia o esquema de Roth e dificulta o de Autuori. Apesar disso, as últimas partidas foram bem superiores às anteriores.
A razão do crescimento é uma: Fábio Rochemback. Ainda está jogando pouco e está acima do peso, mas sua entrada melhorou significativamente o meio-campo, substituindo o ineficaz Túlio, que fragiliza a marcação. Com Rochemback, ganhamos mais força no meio e isso permitiu soltar mais Tcheco e Souza, que ficavam desorientados entre marcação e armação fora de casa. Era visível que faltavam volantes; não é à-toa que sustentei várias vezes que deveríamos ter trazido Emerson. Aliás, uma boa direção teria trazido Paraíba, Emerson e Gilberto, e nosso time teria outra cara. Adílson não é ruim, mas ainda não se posiciona bem e tem muita dificuldade no ataque. Precisa melhorar, para a próxima temporada, seu chute de longa distância.
O Grêmio perdeu o jogo por uma falha individual de Thiego, que é fraco demais. Concordo com Autuori em não responsabilizar individualmente; se fosse treinador, faria o mesmo. Mas é visível que o lance foi tosco demais, que Thiego não tem mais condições no Grêmio. A "falta de pegada" que vários reclamaram se deveu ao calor de 40ºC em Goiás. Os jogadores estavam mortos. Aliás, se reclama de Autuori isso; é simples, a pegada não é treinador que determina, basta aos jogadores se esforçarem mais. Não precisa o técnico mandar o volante "pegar" o meia. Ele que vá lá e faça.
Em todo caso, sonhos para esse ano acho difícil. Melhor é apostar no crescimento da equipe para o ano que vem.

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