MORALISMO NÃO ADIANTA
JÁ ESCREVI por aqui que uma coisa é a desonestidade casual, o resvalo, a fragilidade e fraqueza humana. Outra é a Totalidade, a transformação desse casual em sistêmico, total, inumano, técnico. O Marquês de Sade foi o grande arauto desse pensamento que se mistura com a crueldade, como escreveram Adorno e Horkheimer naquele clássico. Esse é o mal que perdura e que, na sua plenitude, multiplica em infinitas vezes os pequenos saques do cotidiano que abastecem todos os dias o noticiário jornalístico. Uma esquerda consciente deveria ser uma esquerda menos preocupada em investigar minúcias e reabastecer o discurso moralista e mais em contestar o roubo sistêmico, a injustiça transparente, a naturalização da estrutura perversa em que vivemos.
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