Mox in the Sky with Diamonds

sexta-feira, março 06, 2009

PT - UM PARTIDO PERDIDO

A ÚNICA DEFINIÇÃO POSSÍVEL para o PT hoje em dia é essa: "perdido". É um partido sem rumo, sem cara e mais nu que os demais. É mais nu justamente porque - ao contrário da grande maioria - não pretende se assumir como fisiológico mas, ao mesmo tempo, vacila em propor qualquer intenção programática.
O PT é, hoje, um partido decomposto. Oscila entre o fisiologismo sindical e o quixotismo pré-Muro de Berlim. Entre Delúbio Soares e Emir Sader. Não consegue apreender os méritos do Governo Lula e apresentar um sucessor. O resultado é uma candidata sem expressão, praticamente tapa-buraco, que não tem nenhum prestígio político e não deixa grandes esperanças.
O PT está distante do Governo Lula. Na eterna indefinição entre assumir-se "lulista" ou manter a plataforma tradicional. Não quer correr o risco de assumir o "lulismo" na sua integralidade: de um lado, pelo defeito crônico da corrupção e do fisiologismo; de outro, pela incapacidade de renovar-se enquanto esquerda e assumir nova orientação ideológica, distante do "socialismo" e todo marxismo encardido que acompanha. Com isso, flutua indefinidamente entre os dois, como um barco sem rumo. A ausência de candidatos ao Governo do Estado e à Presidência é o reflexo límpido desse beco sem saída, da dificuldade de renovação dos atores e da limitação do quadro partidário.
Desejaria uma renovação completa do PT. De um lado, para assumir postura clara contra o fisiologismo e a corrupção, expurgando dos seus quadros todos os carrapatos sindicalistas que são a contrapartida pobre da política como negócio. De outro, tirando a hegemonia discursiva dos quixotes do socialismo marxista, delirantes na paranóia anti-midiática e incapazes de falar de temas contemporâneos básicos como violência, meio ambiente, educação e esfera pública. Para isso, talvez fosse necessário fundar outro partido, porque os quadros petistas não apontam para nenhum desses tópicos. Salvo, talvez, petistas sem poder [e por isso muitos ex-petistas] como Marina Silva, Marcos Rolim, Fernando Gabeira, Eduardo Suplicy. [O PSol certamente não é esse lugar - mas apenas caricatura do PT.]
Mais caricato que isso é só a suposta "nova cara" do PT, composta por candidatos vazios e sem convicção que se elegem na base publicitária. Nossa Maria do Rosário - que eu gostava até a última eleição - é uma boa visão desse PT vazio e oco, agarrado à popularidade de Lula e incapaz de assumir posições fortes, mas para além da ideologia rasteira tradicional.
O PT ainda é essa fratura entre a fisiologia com a cara de Silvinho Pereira, Delúbio Soares, José Dirceu, e o quixotismo-xiita de Raul Pont, Emir Sader, Tarso Genro. Por isso, não tem alternativas à presidência. Talvez Barack Obama e sua visão do contemporâneo pudesse ser uma inspiração do PT, pois inclusive se preocupa com a redistribuição de renda. Talvez um dia o PT tenha cara não de Emir Sader, mas de Jurandir Freire Costa ou Juremir Machado da Silva. Talvez.
Por enquanto, o PT está anacrônico demais.
.
[Porém, se falei dessa forma do PT, é porque acho os outros partidos ainda piores. Dentre as opções, ainda me parece a menos pior. Ainda prefiro - eca - votar em Dilma Roussef que José Serra, ou ler Emir Sader que Reinaldo Azevedo. Meus amigos antipetistas votaram na Yeda e não creio que estejam muito satisfeitos com o resultado...]

Marcadores: