Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, novembro 24, 2008

VERGONHA!

DESDE QUE TOMEI CONHECIMENTO da tabela do Grêmio nas últimas rodadas, previa a possibilidade de derrota para o Vitória como plausível. O Grêmio não podia era ter perdido pontos para Goiás e Figueirense dentro de casa, 5 pontos que hoje nos colocariam na mesma pontuação que o São Paulo e, portanto, em primeiro. Esses foram os tropeços indesculpáveis do ano.
Não dá, no entanto, para admitir o que aconteceu em Salvador. Fui o primeiro a escrever que o Grêmio deve renovar com Roth - e reitero. Acredito que a campanha superou as expectativas e fomos, de regra, muito bem. E acredito que a equipe tem - fielmente - a CARA do técnico, para bem e para mal.
Para bem porque, quer queira-se ou não, o Grêmio é um time estruturado, chegou nas cabeças ao longo de todo campeonato, tem boa defesa e é disciplinado. Todas boas características de Roth. Ao contrário do que prega o senso comum, Roth não é (mais) defensivista, não joga recuado e nem tem paixão por volantes brucutus e zagueiros toscos. O Grêmio joga ofensivamente, com dois volantes técnicos e o 3-5-2 é para atacar. Roth por diversas vezes fez substituições quase malucas para atacar, quase nunca para defender. Quem diz que Roth é defensivista é burro ou, no mínimo, vesgo. Até o insuspeito - e genial - Tostão afirmou que o Grêmio joga no 3-5-2 para atacar. Roth tem o mérito de levar times tecnicamente limitados (o Grêmio tem apenas 2 jogadores com técnica acima da média, Souza e Tcheco) ao topo da tabela.
No entanto, o Grêmio também é Roth "para mal". É um time que, como o técnico, não luta, se deprime, se deixa cair. Não teve sequer uma partida "heróica" no ano. Contra o Palmeiras, ocorreu uma superioridade técnica e tática, nada de heroísmo e superação. O Grêmio foi melhor equipe mesmo. Como seu treinador, que parece depressivo e sem indignação nas entrevistas, o Grêmio, quando sofre gols, se abala e deprime. Aconteceu ontem e no Gre-Nal. Não tem poder de reação. Não tem a tradicional fibra tricolor. Não é capaz de transformar o jogo em "batalha". Seus volantes são técnicos, mas apáticos. Não são capazes de dar uma botinada no adversário para parar o jogo e fazer correr sangue nas veias dos demais. Tcheco, o grande Tcheco, fica nervoso e muitas vezes vai para cima do árbitro, mas raramente pega e bola e xinga os companheiros, chamando a responsabilidade para si. E é ele que comanda a equipe - de forma absoluta. O Grêmio é um time "caído", que ou se impõe tecnicamente, ou se abate conformado com a derrota. O time é resignado demais. Depressivo. Não é capaz de fazer brotar aquela energia sobrenatural que às vezes aparecia com Mano - como nos Aflitos, nos 4 a 4 com o Fluminense e em algumas outras ocasiões.
O que acontece com Celso Roth que - como Felipão - consegue levar times limitados ao topo da tabela, mas quando está prestes a abocanhar o sucesso acaba entregando o ouro? Por que Roth não se solta mais, não xinga mais, não fica mais vermelho de raiva? O semblante dele é sempre de uma tristeza resignada, de uma espécie de conformismo com um fracasso trágico que se anunciava desde o início. Como pode? O que falta de motivação e psicologia para ele aprender a agarrar o sucesso? É um técnico bem superior a Abel Braga, Joel Santana, Oswaldo de Oliveira, Geninho e outros medalhões que andam por aí; no entanto, esses já tem o título nacional que ele ainda não tem no currículo. Por que Roth não sabe ganhar? Não sei. Acho que uma terapia faria bem ao treinador.
Mantenho que o Grêmio deve renovar com Roth, que ergueu o time e com dois ou três reforços pode fazer outra bela campanha ano que vem. No entanto, não acredito em título. Só vi o Grêmio ganhar o título com superação - atitude que a equipe de Roth definitivamente não tem. Acho que faremos mais uma boa campanha na Libertadores e no próximo Brasileirão, mas não creio em títulos. Falta a "Hora H" para esse time do Grêmio e seu bom treinador, que se encolhem diante da adversidade, ao invés de crescer e fazer o sangue explodir nas veias. A derrota foi vergonhosa porque o Grêmio perdeu uma quantidade imensa de gols (o que talvez sinale que o técnico deva treinar mais o ataque também), inclusive uma jogada lastimável de André Luiz no segundo tempo que, tendo Marcel sozinho no meio da área, resolveu enrolar e driblar (?) até perder a bola. O jogo era nosso. A vitória era fácil. No entanto, a depressão e resignação entregou a vitória, numa atitude de perdedor. Se eu fosse técnico ou dirigente, teria quebrado todo o vestiário e xingado de todos os palavrões do mundo os jogadores CAGÕES que se entregaram a esse timeco do Vitória.
Aliás, que coisa feia a mágoa e o ressentimento de Mancini, que atitude pequena. Sua declaração "fiquei feliz pela vitória, não por ter tirado o título do Grêmio" não esconde nada de quem crê minimamente em psicanálise e sabe que, nesse tipo de situação, o "não" simplesmente inexiste - ele simplesmente nega para afirmar. Não dá para acreditar que entregamos o jogo para um ressentido desses.

Marcadores: