NO RESTAURANTE
Ele gostava de tocar teclado. Trabalhava duro, dia após dia, alimentava bem seus filhos e terça-feira à noite lecionava catequese para pequeninos da sua cidadezinha. Beijava na testa a mulher quando saia todas as manhãs para trabalhar na sua loja de materiais de construção, dizendo “até a noite, mãe!” e levando, logo em seguida, seus filhinhos para o colégio.
Aos domingos, pra relaxar, tocava teclado no restaurante da estrada, quase sempre lotado. Na maioria do tempo, nem precisava pressionar as teclas, uma vez que o som vinha daquelas musiquinhas que ficam na memória do aparelho. Alternava canções para louvar a Deus e agradecer pela vida boa com algumas mais safadinhas, até quem sabe um bom Roberto Carlos, quando queria realmente aprontar.
No final, conversava no microfone com os amigos da cidade, alertando para os perigos que sofrem os jovens de hoje e como é importante a família educar bem seus filhos. Essa juventude que se mete com drogas e velocidade precisa de educação dos pais, de fé em Deus, de pais mais atuantes. Suas duas filhas (tinha dois meninos também), ao final, vestidas com um bonito vestidinho branco com rendas nas pontas, com os cabelos trançados e bochechas ruborizadas dirigiam-se até ele e davam dois beijinhos, recebendo palmas de toda platéia que, enquanto isso, comia suas carnes e massas. Ele até se oferecia para tocar seu teclado de graça em festas de família.
A comunidade aplaudia feliz e todos voltavam para casa mais unidos, prontos para a semana estafante que se seguiria.
Ninguém entendeu porque, naquele dia, ele jogou o teclado no chão e começou a chorar.
Ele gostava de tocar teclado. Trabalhava duro, dia após dia, alimentava bem seus filhos e terça-feira à noite lecionava catequese para pequeninos da sua cidadezinha. Beijava na testa a mulher quando saia todas as manhãs para trabalhar na sua loja de materiais de construção, dizendo “até a noite, mãe!” e levando, logo em seguida, seus filhinhos para o colégio.
Aos domingos, pra relaxar, tocava teclado no restaurante da estrada, quase sempre lotado. Na maioria do tempo, nem precisava pressionar as teclas, uma vez que o som vinha daquelas musiquinhas que ficam na memória do aparelho. Alternava canções para louvar a Deus e agradecer pela vida boa com algumas mais safadinhas, até quem sabe um bom Roberto Carlos, quando queria realmente aprontar.
No final, conversava no microfone com os amigos da cidade, alertando para os perigos que sofrem os jovens de hoje e como é importante a família educar bem seus filhos. Essa juventude que se mete com drogas e velocidade precisa de educação dos pais, de fé em Deus, de pais mais atuantes. Suas duas filhas (tinha dois meninos também), ao final, vestidas com um bonito vestidinho branco com rendas nas pontas, com os cabelos trançados e bochechas ruborizadas dirigiam-se até ele e davam dois beijinhos, recebendo palmas de toda platéia que, enquanto isso, comia suas carnes e massas. Ele até se oferecia para tocar seu teclado de graça em festas de família.
A comunidade aplaudia feliz e todos voltavam para casa mais unidos, prontos para a semana estafante que se seguiria.
Ninguém entendeu porque, naquele dia, ele jogou o teclado no chão e começou a chorar.
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