Mox in the Sky with Diamonds

quinta-feira, novembro 06, 2008

MUITO MAIS QUE RAÇA

JOHN MCCAIN, apesar de pertencer ao partido de gente desprezível como George W. Bush e Dick Cheney, canalhas que fabricam guerras, usam métodos fascistas, revertem dinheiro dos cofres públicos para os mais ricos e incentivam um pensamento tacanho e provinciano, além de violento, sempre me pareceu um cara de bom caráter. Mais digno que seus colegas, apesar da tropeçada (ou nem tanto) que foi a nomeação da fanática-débilóide Sarah Palin. McCain mostrou classe no seu discurso de despedida. Mas enfatizou demais a questão racial.
É claro que há sim questões raciais importantes. Um país que tinha leis racistas há só 50 anos e continua com representantes da mentalidade KKK nos grotões eleger um candidato negro é algo especial. E também resultado das ações afirmativas, que muito atrito geraram, mas agora parecem sinalizar o seu final em uma era "pós-racial". Para isso, entretanto, foi necessário desequilibrar a forma para corrigir o conteúdo, que era de desigualdade. Um dia, quem sabe, chegamos lá no Brasil.
O que Obama representa, já escrevi isso aqui embaixo, é a decorrada do pensamento neocon e, sobretudo, UMA REAÇÃO CONTRA O CINISMO POLÍTICO. O cinismo é, hoje em dia, a principal estratégia do poder. Um poder que não se mascara; antes, ri grotescamente de si mesmo. Um poder que consegue fazer o cinismo dilacerar as mais inteligentes mentes numa espécie de indiferença absoluta, uma "risada da Totalidade" na interpretação menos caridosa do "amor fati" de Nietzsche.
O lema de campanha era "YES, WE CAN". Poderia ser completado: sim, nós podemos vencer o cinismo. Nós podemos eleger alguém decente. Nós podemos sair da apatia. Nós podemos ir além de Clinton e Bush. Nós podemos voltar a ter aquela ingenuidade infantil da esperança, sem a qual a vida de torna uma tragédia opaca em que a vida é "danificada", a vida sem sentido dos personagens de "American Beauty". Foi esse assenhoramento do tempo que significou ""Yes, we can".
Because we can.

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