Mox in the Sky with Diamonds

sábado, setembro 13, 2008

DECLÍNIO TRICOLOR

A DERROTA PARA O GOIÁS, além de inesperada, era inadmissível. Era hora de o Grêmio pontuar para poder enfrentar os dois rivais mais temíveis - Palmeiras e Cruzeiro - em condições confortáveis, uma vez que será longe do Olímpico. Mas não apenas por isso. A realidade é que o último grande jogo em alto nível do tricolor foi contra o Flamengo, apesar da derrota. Foi a última partida jogada de forma exuberante, com os jogadores correndo o campo inteiro, marcação cerrada e implacável, fazem os flamenguistas desgastaram-se até a última gota de suor para conseguir a vitória. Depois disso, o rendimento do Grêmio minguou até chegar ao ponto em que estamos. Os jogos contra o Náutico, Vasco e Fluminense mostraram a equipe apenas na linha mediana, sem a fome que a caracterizava no primeiro turno e surpreendia a todos.
Por que declinamos?
Primeiro, pela razão mais natural. A primeira colocação tem o duplo efeito de, a um só tempo, provocar uma corrida mais voraz dos adversários, focando atenção no líder, e uma descontração deste, que espera se manter naturalmente no primeiro posto. Tudo isso foi visível na última parte: o time do Grêmio foi indolente em campo, especialmente se compararmos com partidas em que esmagávamos o adversário no seu campo e jogávamos da intermediária oposta até o gol. A marcação-pressão reduz a pouco hoje em dia. Tudo isso se agrava se o que fazia o tricolor vencer era exatamente a garra do time, pois tecnicamente não era absolutamente superior aos demais, contando apenas com dois jogadores de exceção (Rafael Carioca e Tcheco, depois também Souza). O Grêmio era uma equipe de operários que, correndo incessantemente o campo inteiro e marcando sem pausa, obtinha resultados surpreendentes. A posição consolidada de primeiro lugar por mais de dez rodadas parece ter afrouxado o time.
A segunda pode ser surpreendente. Wianey já tinha a mencionado essa semana. A realidade é que o ingresso de Souza acabou desestabilizando o time. Se havia uma "mecânica" perfeita - expressão preferida de Roth - o ingresso do habilidoso meia acabou quebrando a mecânica, necessitando de uma adaptação "plástica" que está difícil de obter. O Grêmio anterior a Souza era totalmente delimitado: os três zagueiros, Rafael Carioca à frente com seu toque de bola, posicionamente e técnica, Magrão com velocidade, perseguição e arranque, e Tcheco complementando de forma grandiosa, correndo pelo campo inteiro. Os alas preenchiam o meio pelos lados, Perea jogava solto movimentando-se e Marcel fazia o pivô. Cada um tinha suas claras funções, ofensiva e defensivamente. Afora a queda de rendimento do Pico, que nos privou de uma ala (pois Helder não existe), o certo é que o ingresso de Souza acabou confundindo as funções e quebrando a harmonia.
Não quero, com isso, acusar Roth de erro. Ele estava certo. Mas "o certo" estava errado. Roth foi bem até aqui, inclusive no jogo de hoje. Sua tarefa, agora, não é mais montar um esquema, mas manter a sua "mecânica" hígida e motivar suficientemente os jogadores para que continuem jogando como jogaram no primeiro turno, "no limite". Sem estarmos nesse limite, não vamos levar.


Marcadores: