Mox in the Sky with Diamonds

segunda-feira, junho 30, 2008

GRE-NAL PREVISÍVEL

Estava apostando no empate. Era previsível que o Inter crescesse um pouco com o treino de Tite e o Grêmio não teria condições de ultrapassar uma equipe que se defendesse em bloco, neutralizando seus pontos fortes.
Previsível a neutralização do Grêmio. Um técnico como Tite não hesitaria em fazer o certo. Colocou marcação individual em Roger, com cobertura, e com isso neutralizou o único ponto de armação do tricolor. Não dá nem para culpar o camisa 10 do Grêmio. William Magrão não conseguiu jogar (e sua jogada é a ultrapassagem rápida, com conclusão, não o toque nem o drible) e Eduardo Costa, no primeiro tempo, se omitiu. Aliás, faz um tempinho que nosso grande volante anda jogando pouco, tendo decaído seu nível técnico. Os alas, por outro lado, não funcionaram. Helder é fraco fisicamente e, nervoso, não superou o contato. Paulo Sérgio foi uma nulidade completa. Com isso, o Grêmio ficou sem meio campo, tendo que partir para ligação direta com Pereirão dando balão para frente, tentando acionar os pobres Perea e Marcel, que corriam feito baratas tontas.
O erro de Roth -- erro pequeno, no entanto -- foi ter sacado Rafael Carioca, que tem bom passe e ultrapassagem, por William Magrão, deixando o time sem articulação.
Maior erro poderia ter ocorrido no segundo tempo. É impressionante como Roth lida mal com a pressão, se acovarda e inventa. Ontem foi o mesmo. A equipe não conseguia mudar o rumo da partida no segundo tempo, a torcida começou a vaiar e Roth, acuado e sem sua atitude ríspida, inventou novamente, colocando um 4-4-2 em campo. Me assusta o temperamento depressivo de Celso, que o faz encolher nas decisões e adotar soluções bizarras. Quem acompanha minhas críticas ao técnico pode observar: o que critico sempre nele é que, apesar de conseguir formar um "time", com espinha dorsal e consistência tática, em momentos decisivos ele põe tudo a perder, desmontando tudo que construiu.
Roth montou o Grêmio com 3-5-2. É difícil jogar no 3-5-2. Mas ele conseguiu. Os alas no Grêmio são meio-campistas, os stoppers sobem e o conjunto funciona adequadamente. Celso trocou o sistema. Não se troca o sistema durante o jogo. Sistema de jogo é um negócio sério, que determina a postura do time em campo. Pode ser ortodoxia minha, mas só admito trocar, durante o jogo, do 4-4-2 para 4-3-3 (e vice-versa) e de 3-5-2 para 3-4-3 (e vice-versa). São alterações que envolvem a movimentação de apenas um ou dois jogadores, e não do conjunto da equipe.
A mudança de Roth foi, portanto, altamente arriscada, mas, por sorte, deu certo. Rafael Carioca (a quem bastaria ter colocado ao lado de outro ala, por exemplo Felipe ou Pico, para tentar mais ultrapassagem sem desvirtuar o conjunto) e Rodrigo Mendes entrarem bem e o último teve estrela, dando sorte no lance de Renan. Conseguimos o empate na sorte (apesar do gol irregular do Inter) e Celso tem que saber disso.
Por outro lado, está claro que o Grêmio tem limitações evidentes e, sobre isso, Roth pouco pode fazer. O reforço de Tcheco já vai acrescentar bastante, mais um jogador de armação, alternativa ao (futuramente) muito marcado Roger.
Se quer pegar o trem que segue aquele que passou, Roth tem que se acostumar com a pressão: não pode se encolher (adotar seu ar melancólico e derrotista) e nem inventar quando se depara com situação difícil.

Marcadores: