Mox in the Sky with Diamonds

terça-feira, junho 10, 2008

A FORMAÇÃO DO "GABINETE DA CRISE"

A formação do "Gabinete da Crise", com a imprensa mansinha querendo a recuperação do desastre político que é Yeda Crusius (Quem não sabia disso? Quem não sabia que seria assim?) apenas repete aquilo que escrevi por aqui desde o início do ano passado:

De todos os candidatos da eleição do RS, talvez Yeda Crusius (PSDB) era quem me
despertava a maior repulsa, ao lado de Francisco Turra (PP). Tratam-se de legítimos "sweet neocons", para usar a expressão que os Stones cunharam no último álbum.

Mas Yeda foi eleita, e agora é hora de tratar o cenário político gaúcho. O que vem acontecendo no RS, há muito tempo, é a eleição de um mesmo grupo político que põe fantasias diferentes. Desde o Governo Simon, com breve interrupção no Governo do PT (eis um dos porquês de tanta raivosidade na oposição), o mesmo grupo homogêneo governa -- PMDB, PTB, PP, PFL, PSDB e PDT dividem cargos nas Secretarias de Estado. Troca apenas a cabeça da chapa.E como governam? Empurrando com a barriga. Após acomodar as bancadas fisiológicas, normalmente aumentam um ou outro imposto, deixam as corporações policiais mandarem na segurança, fazem acordos com os outros Poderes para manter o status quo, cortam meia dúzia de despesas e mandam a PGE proscrastinar as ações judiciais. Tudo em clima de serena cordialidade e "harmonia" gaúcha. Não sendo o Governo dos petês, tudo está beleza.Qual era a minha esperança? Que a Dama de Ferro rompesse com isso, pelo menos. Se não teremos um Governo com vínculo social, capaz de medidas que caminhassem para a esquerda, pelo menos poderíamos ter um Governo de "tesoura", capaz de enfrentar setores corporativistas e clichês gaúchos (por exemplo, não se aumenta imposto) que nos travam há anos e colocam o Estado em uma crise de vem desde Jair Soares. Enquanto tivermos pensionistas e servidores recebendo 30, 40 mil reais, nunca vamos pra frente. Em nenhum outro Estado é tão claro que a despesa com folha de pagamento de servidores não só é excessiva, como (principamente) mal distribuída.

Inicialmente, o ímpeto antipático de Yeda pareceu mostrar isso. Vejam: conquanto antípota ideológico do Governo, não sou burro. Sem uma elevação da carga tributária e medidas de tesoura, não há como tirar o Estado do atoleiro. Isso significa suportar por três a quatro anos uma violenta carga tributária, que pode ser reduzida ao longo do tempo.Mas o que de fato aconteceu? Yeda foi eleita com uma base e aliados que não tem nada a ver com isso. Yeda se elegeu com o mesmo grupo político que vem nos governando desde Jair Soares, com a breve interruptação do PT (sem entrar no mérito se foi boa ou ruim). Aliás, a própria Yeda mentiu descaradamente nas eleições, ao afirmar que não aumentaria impostos. Ou seja, fez o jogo das suas bases política (aliados) e eleitoral (classe média e alta) para vencer a eleição -- e depois "mudou de idéia".

O que acontece é que o início do Governo tem sido um desastre. E por um motivo bastante óbvio: Yeda é um desastre. Prepotente, arrogante e fascista são adjetivos que combinam com o seu tipo de personalidade autoritária, personalista e pseudotécnica (aliás, essa questão do "técnico" mereceria um post, sobre a "neutralização" da política). Resultado: sua base já se desarticula, secretários se vão antes mesmo de assumirem e, ao que parece, ela estará desgastada em menos de um ano. Ao invés de reviver a idéia de "pacto", que pressupõe negociação, conversa, diálogo, compromisso, Yeda preferiu o estilo do canetaço autoritário, bem ao estilo "dama de ferro".

O que temos agora? Um quadro desastroso de governo sem estrutura, da qual destaco apenas a nomeação vexatória de Enio Bacchi, um total despreparado para o cargo de Secretário da Segurança, que certamente irá comer nas mãos das polícias e, por isso, nada mudará (o que é a pior notícia possível para segurança).

Os irresponsáveis que votaram no "anti" agora carreguem a responsabilidade. Ela é de vocês, queiram ou não.

Com isso, Yeda entrega aos "donos do poder" gaúchos aquilo que lhes pertencia. E deveria ser de todos. Aliás, notaram quem é o representante do PMDB?
Quem se atreve a questioná-la?

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