CELSO ROTH, SIM
Todas as cautelas do mundo devem ser tomadas nos elogios a Celso Roth. O técnico costuma empolgar no início da competição e, ao longo de partidas decisivas, "inventar" coisas novas, recuar em demasia suas equipes ou simplesmente não conseguir fazer seu time reagir. Mas também é injustiça não reconhecer seus méritos.
Roth começou bem sua carreira, empunhando títulos com o Grêmio e imitando o estilo de Felipão, turrão com a imprensa, apreciador de marcação pesada e cabeça-dura nas decisões. Roth, no entanto, teve azar: não teve o mesmo sucesso de títulos de Felipão (que venceu, posteriormente ao Grêmio, p.ex., a Libertadores com o Palmeiras) e seu tempo foi passando, sem que seu estilo difícil fosse se justificando (ao contrário do seu mestre). Depois, não soube se reciclar, como fez Felipão que, hoje em dia, é um técnico de times compactos, não defensivos (vejam a seleção de Portugal, que tinha apenas um só marcador de força no meio, Petit, ou o Brasil de 2002, que jogou a primeira fase com Juninho na segunda função). O momento de Roth passou, assim como vai passando o de Tite, que também teve sua chance e não soube a agarrar, ficando preso aos seus "bruxos".
Será que Roth conseguirá se recuperar no Grêmio? Seu último título data de 2000, com o Goiás, há oito anos. E está há mais de dez anos, pelo menos desde 1996, na ativa. É hora de agarrar a chance. É hora de fazer o trem da história voltar, de embarcar no trem seguinte daquele que passou e já se foi.
Seu início está bom. O Grêmio hoje é um time organizado, e o maior mérito de Roth é ter onze jogadores titulares -- o que é muito difícil, embora pareça simples. Mais: o técnico mostrou que aprendeu a lição do início do ano e não inventou quando teve oportunidade, substituiu seis por meia dúzia (lateral por lateral, meia por meia e atacante por atacante, todos nas respectivas posições, sem improvisão) e manteve o esquema tático que deu consistência à equipe. Até acredito que Bruno Telles, por exemplo, jogue mais que Helder, mas isso é irrelevante.
O que interessa é que, aparentemente, Roth está pronto para finalmente emplacar. Não ficar como "eterna promessa" (como um Denílson dos treinadores), mas afirmar-se, mais velho, revendo os erros que impediram seu sucesso e o tornaram um dos treinadores mais detestados do país.
Se Celso Roth não inventar, mantendo a equipe como está e fazendo apenas alterações necessárias, pode ser que finalmente vença as resistências que sofre e desponte como bom treinador. Até agora, ele foi só um Denílson. Mas os gremistas esperam que ele seja um Mineiro.
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