Mox in the Sky with Diamonds

sexta-feira, março 07, 2008

Senhores Ministros, enquanto nos debatemos com dilemas éticos, milhares estão morrendo."

Com essa frase aparentemente incontestável, um dos blogs da nossa revista "sweet neocon" pretende esgrimir um argumento imbatível.

Mas vamos analisá-la. Será que o fato de existirem inúmeras pessoas morrendo é algo ruim em si mesmo? Ou é algo que existe, desde sempre? A morte é um "mal"? A morte é algo como uma praga, que deveremos eliminar? Vejam que não estamos tratando de morte por ação ou omissão humana, mas pela decorrência de doenças, degerescências que dizem respeito à própria condição de finitude do ser humano.

Desde que a humanidade existe sabemos que pessoas morrem. Que morrem de doenças. E, por vezes, sofrem. O que nossa técnica permite é que tentemos reduzir essas doenças e sofrimentos. A técnica, como já notava Francis Bacon, é sempre algo que modifica e controla a natureza. Trata-se, portanto, de algo distinto do curso natural das coisas. Curso natural que é, evidentemente, a morte.
Parece que só a hecatombe ambiental que se anuncia parece ter despertado o homem para o fato de que os avanços tecnológicos não se dão como se fossem ligados no piloto automático, mas por meio de decisões com conseqüências. E que a natureza não tolera mais nossas máquinas.
No fundo, o projeto da medicina contemporânea é eliminar a morte, porque parte do pressuposto, que nada de científico, de que a morte é um mal. Só que ninguém se deu bem conta disso. Tudo anda como se fosse piloto automático. Precisamos nos dar conta das implicações disso, e que, como transformação que é, a técnica exige, sempre e sempre, uma pauta ética.

PS: Sou favorável à lei como está. Mas os argumentos que alinham de um lado "obscurantistas" e de outros os bem-intencionados pesquisadores são de doer.

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