Mox in the Sky with Diamonds

terça-feira, março 25, 2008

COMO OS ANALÍTICOS SÃO CHAAAATOS

Essa entrevista de Desidério Murcho, um português deslumbrado pela filosofia analítica (inclusive na sua pretensão de ser a única filosofia "séria" -- o que, paradoxalmente, é uma piada) mostra o quanto eles podem ser chaaaatos.
Selecionei dois trechos. A entrevista inteira está aqui:
O que é que o levou a estudar filosofia?
Tinha um forte interesse naquilo que hoje sei que são problemas fundamentais; na altura não sabia que eram problemas fundamentais. Apenas me parecia que o tipo de assunto que me interessava não era estudado noutros cursos. Por outro lado, ao ler algumas passagens das Meditações e do Discurso do Método, de Descartes, no 12.º ano, fiquei fascinado com o rigor do raciocínio, com a profundidade dos problemas, com a lucidez do pensamento. E vi que era isso que eu queria fazer.
-- Imaginem que coisa entediante... um jovem que se apaixona por Descartes! Sério, só conheço gente interessante que se apaixonou, quando jovem, por Platão, Nietzsche ou Kant. Mas Descartes!
Para o Desidério, o que é a filosofia?
O mesmo que é para a maior parte dos filósofos, exceptuando-se apenas alguns antifilósofos que surgiram sobretudo no séc. XX. A filosofia é a tentativa de resolver problemas fundamentais insusceptíveis de serem estudados cientificamente; tentamos resolver esses problemas usando apenas o pensamento, pois tais problemas não são susceptíveis de serem estudados recorrendo a metodologias empíricas. E argumentamos, argumentamos, argumentamos. Ou seja, procuramos incansavelmente saber se as ideias que propomos são boas, ou se têm deficiências, pontos fracos, aspectos que possam ser melhorados.
-- Eis aí a concepção analítica da filosofia. De um lado, bebendo no positivismo lógico, apostando na ciência como fonte primária, da qual a filosofia é subsidiária. Depois, tratando como se tudo fosse simples justaposição de argumentos lógicos. Para mim filosofia, ao contrário, é o quebrar do óbvio, o desbanalizar do banal, o questionar o inquestionável. Provavelmente isso seria interpretado como enrolação. Aliás, coisa de "antifilósofo", como ele próprio definiu quem não pertence ao mundo dos abençoados analíticos.

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