Mox in the Sky with Diamonds

terça-feira, fevereiro 26, 2008

O CAÇADOR DE PIPAS ("THE KITE RUNNER", 2007, EUA)



Filme que se baseia em romance best-seller homônimo, narra a história de um membro de elite afegã que, com invasão dos russos, ainda menino, se vê obrigado a fugir com o pai e ir morar nos EUA. Passado em dois momentos -- na respectiva infância, quando tem como amigo um servo da sua idade que é seu escudeiro nas competições de pipas e, posteriormente, sofre terrível crime -- e, posteriormente, na sua vida adulta, quando traça uma "reparação" ao mal que viu e foi conivente.
Sinceramente, com já duas semanas de distâncias, considero o filme realmente fraco. No início, fiquei chocado com algumas cenas, achei algumas coisas bem retratadas; mas, bem refletido, o filme é pastelão e tudo se encaixa nas categorias do Bem e do Mal. Os russos são maus, os talibãs são malvadões; os EUA são a "Terra da Felicidade". Aplausos! "Viva nossa Guerra!". "Salve George W. Bush e suas bombas!". Tudo muito ingênuo e bobo. De "bom" caiu para "regular".


INFÂNCIA ROUBADA ("TSOTSI", 2005, ÁFRICA DO SUL/REINO UNIDO)



Conhecido como o "Cidade de Deus" africano, na realidade me lembrou mais "Falcão: Meninos do Tráfico", do MV Bill, embora sem ser documentário e baseado em uma (boa) história. Tsotsi carrega toda ambivalência desses adolescentes da classe baixa: ao mesmo tempo que demonstra requintes de extrema crueldade e desprezo pela vida, mostra, de vez em quando, extrema fragilidade e imaturidade, recheado de traumas e vivências cruéis ao seu redor.
É um filme que dá muito o que pensar pela semelhança com a situação brasileira, na qual é mais fácil demonizar esses adolescentes [a torrencial reivindicação da redução da maioridade penal é prova de que esse é o discurso majoritário] do que tentar entender de onde eles são, produto do que são e como, dentro desse "mundo" em que habitam, há de fato poucas oportunidades. Exigir um herói a cada dois nascidos é no mínimo algo hipócrita. Infelizmente, é o que pensa pelo menos 70% da classe média conservadora brasileira.
O filme venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro em 2006.

JUNO ("JUNO", 2007, CANADÁ/HUNGRIA/EUA)



É um filme bacana. Divertido, cativante, dessas comédias em lugar que transitam para o drama. Mas é um filme para quem gosta de Belle and Sebastian. Tipo, o filme é o Belle and Sebastian.
Como eu acho os escoceses banda de bundão, o filme não marca muito. :-)
Aliás, tem uma coisa interessante: o bacanão que depois caga pro lance e vira meio malzão (egoísta, talvez) é um cara que gosta de Sonic Youth.
Nada mal: indie bom (B&S) vs. indie mal (SY).

OSCAR
Sinceramente, hoje em dia o Oscar para mim é quase totalmente irrelevante. Quando vejo que "A Vida dos Outros" ["melhor filme estrangeiro"] perdeu, ano passado, para "Os Infiltrados" ["melhor filme"], e é pelo menos 10 vezes melhor, não dá para levar a sério essa cerimônia apologética de Hollywood.

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