Mox in the Sky with Diamonds

quinta-feira, novembro 13, 2008

THE SECRET MACHINES, "THE SECRET MACHINES" (2008)



TODO MUNDO SABE que o Secret Machines é das preferidas da casa. Como sempre, seu álbum sai sem muito estardalhaço e divulgação e conta com uma recepção moderada da crítica. Preocupava a ausência de Benjamin Curtis, que abandonou a banda, quando ouvi o álbum pela primeira vez.
A praia do Secret Machines é difícil de definir. "Definir é limitar", certa vez escreveu Oscar Wilde, mas para uma resenha é necessário, sob pena de o leitor ficar navegando no vazio das palavras. No primeiro álbum, o espetacular "Now Here is Nowhere" (2004), as influências das Máquinas estavam demarcadas no Pink Floyd, Sonic Youth, My Bloody Valentine, Built to Spill, Spiritualized e no pós-rock em geral (Mogwai, Explosions in the Sky). Combinando riffs agressivos com longas melodias, o álbum era tecido nessa rede ampla que poderia ser resumida na palavra "espacial". Poderíamos até chamar de "space rock". "Ten Silver Drops" (2006), lançado logo após, tinha alguns contornos diferentes, mergulhando mais na praia do "dream pop" dos Flamings Lips, Mercury Rev e Grandaddy e no pós-punk de Echo and the Bunnymen e do Interpol. Os riffs eram agora engrandecidos em tom de "arena", menos repetitivos e martelantes (a repetição era proposital) e mais melódicos e grandiosos. Ambos são discaços.
Nesse terceiro álbum, desta vez simplesmente "The Secret Machines", eles voltam mais parecidos com o NHiN, apostando em riffs mastigados e pesados, sonoridades psicodélicas e peso grandioso. Não é um disco fácil. Demora algumas audições para incorporar definitivamente ao ouvinte. É um som monumental, apocalíptico, gigantesco. Os arranjos são ambiciosos, recheados de teclados e sons diversos, preenchidas por meio de um clima espacial. Definitivamente, os Machines apostam em ser o Pink Floyd do século XXI (um século que já não tem mais paciência - ou tempo - para o Floyd): um Pink Floyd melancólico e grandioso, mas depois de uma clivagem do rock alternativo, que "limpou" os excessos (até a voz rouca e sussurrada lembra um pouco Roger Waters). Algo que estava mais claro que nunca no EP "September 000", um EP que todo fã de Floyd deveria dar uma chance.
Não há grandes solos, mas grandes repetições, as músicas vão ganhando em camadas e mais camadas de complexidade; não há refrões, mas melodias difíceis, quebradiças, cheias de desvios e permeadas pela batida furiosa de Josh Garza, o baterista mais parecida com Bonzo desde o próprio. Da mais fácil "Atomic Heels" à monstruosa "Have I run out" (maior momento floyd é "The walls are starting to crack" - fantástica), tudo se passa em um clima psicodélico de uma viagem conturbada ao mundo do espaço, recheando nossos ouvidos de temas enigmáticos propensos apenas para os bons ouvidos.
Mais violentos, os Secret Machines continuam pisando fundo no acelerador.

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