Mox in the Sky with Diamonds

terça-feira, novembro 04, 2008

BLOC PARTY, "INTIMACY" (2008)



DE TODAS AS BANDAS do "novo rock" (pós-2000), creio que o Bloc Party é a mais superestimada. Depois, por exemplo, de receber nota altíssima de uma revista chata como a Pitchfork com seu "Silent Alarm" (2004), a banda é sempre elevada a patamar de "quase genial" que, em momento algum, alcança. Se o primeiro disco é um torpedo que tem um dos "Lados A" mais poderosos da década - e tem -, o "Lado B", assim como seu segundo álbum "A Weekend in the City" (2007), são fracassos vertiginosos. Tentam atirar em um experimentalismo com toques de pós-punk e só acertam o saco do ouvinte, de tão entediante que são as músicas (à exceção de uma ou duas que seguem a dinâmica guitarra-pegada dos bons momentos).
"Intimacy" é mais uma ousadia dessa banda que se superestima. Será que o Bloc Party acha que pode ser o Radiohead dos anos 2000? Talvez. Não são. Nem provavelmente serão. Mas, vamos lá, o disco até que vale a pena.
Se a fórmula antiga era revezar entre riffs dançantes com vocais agressivos de estourar a pista(melhores momentos: "Hellicopter", "She's hearing voices", "Like eating glass", "Banquet", "Song for clay (disappear here)") com modorrentas imitações do Joy Division, Interpol e Echo and the Bunnymen ainda mais experimentais (todas as outras), agora a fórmula parece se concentrar em um recurso pouco utilizado: a música eletrônica. Já presente perifericamente nos outros álbuns (embora "Silent Alarm" tenha ganho uma versão "remixed" quase tão boa quanto o original), aqui ela é o elemento principal utilizado.
E vai bem o Bloc Party nesse aspecto. "Ares", "Mercury", "Trojan Horse" e outras são ótimas canções de rock eletrônico, bebendo nos Chemical Brothers até não poder mais (o loop de bateria de "Ares" poderia gerar processo de plágio). Trocando a confusão instrumental e perda de foco do último álbum por uma decisiva incursão na cozinha eletrônica (acompanhada de riffs rasgantes que lembram o DFA79), o Bloc Party convence mais do que antes. Pelo menos é menos entediante. Assim, o álbum tem apenas poucos momentos chatos (são poucas as baladas e nem todas ruins) e vários de pilhadeira geral, o que significa potencializar as qualidades e restringir ao mínimo os maus momentos (sempre presentes).
Pode ter o Bloc Party encontrado um novo caminho? É bem possível. Mas, apesar disso, a banda de Kele Okereke está longe da genialidade uma vez profetizada.



Bloc Party, "Mercury"

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