Mox in the Sky with Diamonds

quarta-feira, julho 16, 2008



DEERHUNTER, "MICROCASTLE" (2008)
Depois de um disco elogiado pela crítica ("Cryptograms" - 2007), mas ligeiramente experimental e duro de penetração, o Deerhunter parece encontrar nesse seguimento o perfeito ponto médio entre as belas melodias e a psicodelia que remete a Flaming Lips, Blonde Redhead, Mercury Rev e outros baluartes do chamado "dream pop".
"Microcastle" é obra consistente do início ao fim, não contendo sequer uma música ruim e conseguindo formar um todo orgânico ligado de modo consistente. O disco atravessa diversos climas e ritmos, mas mantém estrutura de combinar melodias suaves e quase pops com um ambiente etéreo e experimental, navegando em viagens sinestésicas que não se perdem em devaneios, bem focadas que estão.
É preciso o atingimento desse ponto médio que faz o álbum chamar tanta atenção quanto, por exemplo, chamou "23", do Blonde Redhead, ano passado. Os vocais são profundas vozes angelicais mergulhados em ambiente onírico e colorido, passeando entre a paz, a velocidade, a embriguez e a fúria. Belíssimo trabalho.




JOAN AS POLICE WOMAN, "TO SURVIVE" (2008)
Ocupando o mesmo espaço de songwritters como Feist, Regina Spektor ou Cat Power, por exemplo, Joan conjuga os mesmos elementos que fazem elas boas e ruins. Ao mesmo tempo que consegue fazer canções dilacerantes, recheando da mais amarga melancolia alguns versos e soando como uma verdadeira navalha que corta o coração, Joan as Police Woman não consegue ultrapassar a monoritmia e banalidade que acabam recaindo muitos dos temas dos artistas integrantes do estilo. Sua semelhança com Feist, nesse sentido, é nítida. Enquanto PJ Harvey ("White Chalk" - 2008) ou Cat Power ("You are Free" - 2004) conseguiram transformar seus álbuns em obras consistentes, ousando ir até o fundo do poço, Joan as Police Woman parece ter o mesmo compromisso de Feist em fazer músicas pseudo-jazzísticas que "animam" o elevador, o consultório do dentista ou o aparelho de CD da moça que gosta de Ana Carolina e Seu Jorge. Quando sai do tom melancólico e parte para o ataque, Joan as Police Woman desliza feio e tropeça no banal, soando insossa como a sua companheira canadense.
Em compensação, "Start of my Heart" é, certamente, uma das músicas mais poderosas que ouvi nos últimos tempos. É doce, triste e profunda como apenas uma mulher pode expressar.
A música é tão boa, tão boa, que eu vou colocar aqui para vocês baixarem. É só clicar aqui.

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