QUEM QUER ESTUDAR O CRIME TEM QUE ESTUDAR CRIMINOLOGIA
Vejam a notícia abaixo. Beleza. Nenhum problema.
Eu só gostaria de saber se eles também vão mapear o cérebro de quem comete sonegação fiscal, violência intra-familiar, evasão de divisas, corrupção no serviço público ou "gateia" a net do vizinho. Também vai ser engraçado explicarem a diferença entre homicídios no Brasil, na Espanha e na Suécia por problemas cerebrais.
É o problema de todas as perspectivas etiológicas: recusam enxergar a seletividade do controle penal e continuam procurando o "gene" do crime. Biólogos, ultrapassem a década de 70!
Estudo vai mapear cérebro de homicidas
Foto Jefferson Bernardes/Preview. com
M.C.Z., 18, com cinco passagens pela Fase, no seu alojamento
Eu só gostaria de saber se eles também vão mapear o cérebro de quem comete sonegação fiscal, violência intra-familiar, evasão de divisas, corrupção no serviço público ou "gateia" a net do vizinho. Também vai ser engraçado explicarem a diferença entre homicídios no Brasil, na Espanha e na Suécia por problemas cerebrais.
É o problema de todas as perspectivas etiológicas: recusam enxergar a seletividade do controle penal e continuam procurando o "gene" do crime. Biólogos, ultrapassem a década de 70!
Estudo vai mapear cérebro de homicidas
Foto Jefferson Bernardes/Preview. com
M.C.Z., 18, com cinco passagens pela Fase, no seu alojamento
Projeto de universidades gaúchas examinará mais de 50 menores infratores para investigar base biológica da violência
Grupo vai analisar aspectos genético, psicológico, social e cerebral de adolescentes; secretário da Saúde do RS é um dos mentores do projeto
RAFAEL GARCIAENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
Grupo vai analisar aspectos genético, psicológico, social e cerebral de adolescentes; secretário da Saúde do RS é um dos mentores do projeto
RAFAEL GARCIAENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE
"Eu estava sozinho na rua. Não tinha recurso. Ninguém queria me dar serviço. O que queriam me dar não dava dinheiro. Comecei a traficar, roubar, matar." A história de D.S., de 17 anos, interno da Fase (Fundação de Atendimento Socio-Educativo, antiga Febem gaúcha) parece ser comum entre as dos mais de 50 adolescentes homicidas que vão ter seus cérebros mapeados por um aparelho de ressonância magnética num estudo em Porto Alegre, no ano que vem.
Cientistas da PUC-RS (Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e da UFRGS (Universidade Federal do RS) querem saber se o que determina o comportamento de um menor infrator é sua história de vida e se há algo físico no cérebro levando-o à agressividade.
"Algo que sempre foi negligenciado foi o entendimento da violência como aspecto de saúde pública", diz Jaderson da Costa, neurocientista da PUC-RS que coordenará os trabalhos de mapeamento cerebral. A idéia é entender quais pontos são mais relevantes dentro da realidade brasileira na hora de determinar como se produz uma mente criminosa.
Para isso serão avaliados também aspectos genéticos, neurológicos, psicológicos e sociais de cada pesquisado. Serão examinados dois grupos: um de internos da Fase e outro de meninos sem passado de crime, para efeito de comparação. O projeto vai olhar para questões sociais, mas o foco é mesmo o fundo biológico da questão.
"Estamos nos baseando em trabalhos que já existem mostrando que há um período crítico no início da vida e que se uma criança é maltratada entre o 8º e o 18º mês ela adquire comportamento alterado na idade adulta", diz um dos mentores do projeto, o secretário de Estado da Saúde do Rio Grande do Sul, Osmar Terra, aluno de mestrado de Costa. "Decidi no ano passado retomar a neurociência como uma opção de vida; minha opção não é fazer política até morrer", diz.
Cabeça de agressor
Para os cientistas, um ambiente de desenvolvimento inadequado pode mesmo "fabricar" um psicopata: pessoa que despreza regras de convívio social e é desprovida de sentimentos de empatia e afeto.
O papel do mapeamento cerebral por ressonância magnética na pesquisa é tentar entender a manifestação física de problemas como esse. O trabalho que inspira Costa nessa área é um artigo do grupo do neurocientista português António Damasio publicado em 1999. O estudo mostra que meninos que sofreram lesões no córtex pré-frontal -região do cérebro próxima à testa- tinham sérios problemas de sociabilidade após crescer.
"A aquisição de convenções sociais complexas e de regras morais se estabelece precocemente" , diz Costa. "Essas lesões podem resultar mais tarde numa síndrome parecida com a psicopatia." O cientista quer saber se, independentemente de lesões, meninos cronicamente violentos tenham atividade reduzida em alguma região do córtex pré-frontal, área cerebral ligada a tarefas mentais que envolvem juízo moral. "Não queremos que isso sirva como roupa sob medida para explicar todos os casos, mas pode explicar boa parte", diz.
Traumas e psicopatia
Na avaliação psicológica que complementará o estudo, três questionários serão aplicados. Um deles avalia se houve traumas na infância dos pesquisados, outro avalia o histórico de vida familiar e escolar. "Um terceiro tenta identificar se há ou não um traço de psicopatia ou comportamento violento extremo", explica Ângela Maria Freitas, psicóloga da PUC-RS que integra o projeto. O DNA dos meninos também será analisado.O projeto de Costa e Terra ainda está sendo analisado por um comitê de ética da PUC-RS, e os cientistas se dizem confiantes de que a aprovação sairá para início dos trabalhos em março de 2008. O custo da empreitada, avaliado por Terra em cerca de R$ 120 mil, será coberto com doações da siderúrgica Gerdau para a pesquisa, afirma o secretário da Saúde.
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PS: Mais uma coisa: vejam como os cientistas continuam presos no determinismo e, por conseqüência, no esquema sujeito-objeto. Heidegger, Norbert Elias, alguém nos ajude!
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Trilha sonora do post: Sonic Youth, "Sugar Kane".